A fé raciocinada e o tempo de Jesus
A fé raciocinada vem a combater tanto a fé cega, quanto
a razão seca, limitada e materialista. Apesar da conexão
da fé raciocinada com questões espirituais e religiosas,
este artigo argumenta que é preciso ir além e estender
tal tipo de qualidade do ser para outras esferas da
vida, em especial para não ser cego em relação a
importantes fatores que acontecem em nosso mundo e
sociedade. Apesar do pensamento científico ter como base
a pesquisa e o estudo, não é estranho também no mundo
acadêmico certas noções de conhecimento que são tidos
como verdadeiros. São conhecimentos do tipo taken for
granted e que podem trazer prejuízos consideráveis,
em especial quando se tem pressupostos falsos. Assim,
todo bom cientista acaba se tornando um pouco cético em
relação ao conhecimento que ele encontra ‘lá fora’,
quanto ‘dentro de si’. Pelo menos isso é o esperado de
pesquisadores sérios e maduros. De certo modo, todo
espírita deveria ser assim também para manter viva a
tradição do pensamento e da acuidade da pesquisa, sem
cegueiras ou vieses. Tanto as paixões podem cegar, como
também meias verdades, mentiras e conhecimentos
distorcidos em situações complexas e turbulentas.
É essencial lembrar também que, mesmo nos tempos de
Jesus Cristo quando encarnado na Terra, o planeta tinha
como “príncipe” alguém contrário à luz. De acordo com a
passagem de João (12:31): “Agora
é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe
deste mundo”. Em passagem semelhante, o apóstolo
Paulo também observa tal questão: “A
qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque,
se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da
glória” (1 Cor., 2:8). Ou seja, o cenário em um
mundo como o nosso, os donos do poder muitas vezes são
avessos ou indiferentes a Cristo. Por isso, manter a fé
raciocinada é ter a capacidade de olhar para além dos
fatos visíveis e superficiais e conseguir ver além dos
véus da ilusão. É com a fé raciocinada que se pode
analisar e discernir o certo do errado. Ou como está
expresso no 1º salmo: “Feliz o homem que não segue as
ideias dos maus” e consegue discernir o certo do errado.
Em outras palavras, se há um enredo, cenário e
instituições manipulados por espíritos poderosos para
manter a consciência humana estagnada antes mesmo da
vinda de Jesus Cristo, ter uma fé raciocinada é ter a
capacidade de sair da armadilha, de uma visão pequena,
limitada e preparada para confundir os incautos. Orai e
vigiai com a fé racionada. Orai e vigiai tanto com o
coração, quanto com a razão. Para ser de Cristo por
inteiro, é preciso evitar as armadilhas do mundo e
perceber que há muitos “pega ratões”, lobos em pele de
cordeiro, seja para o corpo, o espírito e a consciência.
Assim, com este olhar crítico e, ao mesmo tempo,
caridoso, é possível alcançar certo nível a ponto de
vivenciar a libertação através da verdade (João 8:32).