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por Paulo Hayashi Jr.

 

A fé raciocinada e o tempo de Jesus


A fé raciocinada vem a combater tanto a fé cega, quanto a razão seca, limitada e materialista. Apesar da conexão da fé raciocinada com questões espirituais e religiosas, este artigo argumenta que é preciso ir além e estender tal tipo de qualidade do ser para outras esferas da vida, em especial para não ser cego em relação a importantes fatores que acontecem em nosso mundo e sociedade. Apesar do pensamento científico ter como base a pesquisa e o estudo, não é estranho também no mundo acadêmico certas noções de conhecimento que são tidos como verdadeiros. São conhecimentos do tipo taken for granted  e que podem trazer prejuízos consideráveis, em especial quando se tem pressupostos falsos. Assim, todo bom cientista acaba se tornando um pouco cético em relação ao conhecimento que ele encontra ‘lá fora’, quanto ‘dentro de si’. Pelo menos isso é o esperado de pesquisadores sérios e maduros.  De certo modo, todo espírita deveria ser assim também para manter viva a tradição do pensamento e da acuidade da pesquisa, sem cegueiras ou vieses. Tanto as paixões podem cegar, como também meias verdades, mentiras e conhecimentos distorcidos em situações complexas e turbulentas.

É essencial lembrar também que, mesmo nos tempos de Jesus Cristo quando encarnado na Terra, o planeta tinha como “príncipe” alguém contrário à luz. De acordo com a passagem de João (12:31): “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo”. Em passagem semelhante, o apóstolo Paulo também observa tal questão: “A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória” (1 Cor., 2:8). Ou seja, o cenário em um mundo como o nosso, os donos do poder muitas vezes são avessos ou indiferentes a Cristo. Por isso, manter a fé raciocinada é ter a capacidade de olhar para além dos fatos visíveis e superficiais e conseguir ver além dos véus da ilusão. É com a fé raciocinada que se pode analisar e discernir o certo do errado. Ou como está expresso no 1º salmo: “Feliz o homem que não segue as ideias dos maus” e consegue discernir o certo do errado.

Em outras palavras, se há um enredo, cenário e instituições manipulados por espíritos poderosos para manter a consciência humana estagnada antes mesmo da vinda de Jesus Cristo, ter uma fé raciocinada é ter a capacidade de sair da armadilha, de uma visão pequena, limitada e preparada para confundir os incautos. Orai e vigiai com a fé racionada. Orai e vigiai tanto com o coração, quanto com a razão. Para ser de Cristo por inteiro, é preciso evitar as armadilhas do mundo e perceber que há muitos “pega ratões”, lobos em pele de cordeiro, seja para o corpo, o espírito e a consciência. Assim, com este olhar crítico e, ao mesmo tempo, caridoso, é possível alcançar certo nível a ponto de vivenciar a libertação através da verdade (João 8:32).

 
  
    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita