Reencarnação
Há séculos, num carro de esplendores,
Minha vida era a angústia de outras vidas,
Estraçalhava multidões vencidas,
Coroado de púrpura e de flores.
Depois… a morte, os longos amargores…
Depois ainda… a volta a novas lidas,
O berço pobre, o manto de feridas,
A solidão e os prantos redentores.
Volve do rei antigo um réu que espanta,
E o Senhor concedeu-me a lepra santa
Para cobrir-me em chagas benfazejas!…
Mas, hoje, livre enfim de toda algema,
Posso saudar a dor justa e suprema:
— Emissária da luz, bendita sejas!…
Do livro Antologia
dos Imortais, soneto
psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.