ainda
criança. Filho
mais velho,
começou a ajudar
a mãe na tiragem
de água do poço
e no transporte
de roupas sujas
e limpas. Aos 12
anos, já
residindo com a
família na
cidade de
Viladouro,
conseguiu
emprego na
estrada de ferro
São Paulo-Goiás
como praticante
de telégrafo. Em
1921 já
trabalhava na
Companhia
Paulista de
Estrada de
Ferro,
aposentando-se
no ano de 1953.
Desembarcou em
Bauru em 1942 e
passou a
colaborar com o
Centro Espírita
Amor e Caridade,
onde conheceu a
dificuldade
pelas quais
passavam as
famílias
carentes. Em
1946 fundou a
Sociedade
Beneficente
Cristã, hoje
Fundação
Espírita
Sebastião Paiva
que desenvolve
largo trabalho
em prol do
semelhante. Em
1948 juntou-se
ao “Seo Paiva” o
Sr. Roberto
Previdello, que
se tornou seu
grande amigo e
colaborador. Em
1960 compraram
100 alqueires de
terra da fazenda
Val de Palmas e
construíram uma
casa para
abrigar 120
meninos, um
prédio para
escola e praça
de esportes,
além de piscina.
A lista de
benfeitorias à
sociedade
prestadas por
Sebastião Paiva
e Roberto
Previdello é,
como se vê,
extensa, e para
ser narrada com
fidelidade seria
preciso escrever
um livro. As
realizações
tomaram
proporções
enormes e hoje
são 89
funcionários e
voluntários que
se desdobram em
desvelo para
atender crianças
e idosos que
ainda vivem na
instituição.
Foi para falar
sobre sua
história de vida
que “Seo Paiva”
nos recebeu
gentilmente e
concedeu esta
entrevista
comemorativa de
seus 100 anos
bem vividos de
amor ao
próximo.
O Consolador:
Atualmente
quantas pessoas
são atendidas na
Fundação
Espírita
Sebastião Paiva?
No momento temos
30 crianças e
160 idosos
internos.
O Consolador:
Nos quadros da
Fundação
Espírita
Sebastião Paiva
há muitos
colaboradores?
Temos 89
funcionários e
vários
voluntários.
O Consolador:
Podemos ter
ideia do
investimento que
vocês fazem aqui
nas crianças e
idosos?
Em media
investimos R$
600,00 por mês
em cada criança
e R$ 800,00 nos
adultos. Quando
falamos em
investimento
queremos dizer
das necessidades
que crianças e
idosos têm e que
temos de suprir,
como, por
exemplo, roupas,
alimentação,
remédios etc.
O Consolador:
Quando começou
esse trabalho em
favor do
semelhante?
Começamos nossas
atividades em 1º
de janeiro de
1946, e desde
então
trabalhamos
ininterruptamente.
O Consolador:
Quais são as
recordações do
senhor dessa
época?
Lembro que
antigamente eu
ia à padaria e
sempre que via
alguém
necessitado
recolhia e o
encaminhava à
nossa
instituição.
Havia muitas
pessoas que
chegavam de fora
e necessitavam
de emprego, não
só das fazendas,
mas pessoas que
vinham do Norte
do país. Então
nós as
ajudávamos a
conseguir
emprego. Era
muita gente,
crianças,
jovens,
adultos...
O Consolador: O
senhor também
fundou na cidade
de Dois Córregos
o Lar Tito e
Paiva. É isso
mesmo?
Sim, eu e meu
companheiro
Ângelo Rico –
seu apelido é
Tito - fundamos
em 1936 a
Sociedade
Espírita de
Assistência
Social, cuja
finalidade era
distribuir
alimentos às
famílias
necessitadas.
Nos dias de hoje
a entidade ainda
funciona e tem o
nome de Lar Tito
e Paiva.
O Consolador:
Nesses 100 anos
de proveitosa
existência
física o senhor
deve ter visto
muitas coisas.
Por isso, a
pergunta é: Há
algo ainda hoje
que o deixa
indignado?
Sim, a injustiça
social.
O Consolador: O
senhor é
espírita?
Sim.
O Consolador:
Como se deu seu
contato com a
doutrina
codificada por
Allan Kardec?
Ainda bem jovem,
li um livro
chamado “Do
Calvário ao
Infinito”
(obra
psicografada
pela médium
Zilda Gama, de
autoria do
Espírito de
Victor Hugo).
Achei a doutrina
espírita lógica
e, a partir de
então, isso
mudou minha
mentalidade,
pois encontrei
nela – Doutrina
Espírita – uma
forma prática de
prestar
solidariedade às
pessoas.
O Consolador: Na
época em que
começou seu
trabalho o
Espiritismo não
tinha a
aceitação social
que tem nos dias
de hoje. O
senhor percebeu
ou sentiu na
pele algum tipo
de preconceito
por ser
espírita?
Não, nunca.
O Consolador: E
a sociedade
bauruense,
sempre respondeu
bem à Sociedade
Beneficente
Cristã, hoje
denominada
Fundação
Sebastião Paiva?
Sim, a sociedade
bauruense sempre
nos respondeu
positivamente.
Tive um grande
amigo que muito
colaborou com
nossas obras:
Roberto
Previdello
(desencarnado no
ano de 2003)
que muito nos
auxiliava aqui.
Realizamos
muitas coisas
juntos.
O Consolador:
Vocês tiveram e
têm grande
amizade...
Sim, como já
disse,
trabalhamos
muito tempo
juntos.
O Consolador:
Algum fato
curioso
envolvendo
vocês?
Sim, vários, mas
há um de que não
me esqueço.
Certa vez eu
sentia muitas
dores no peito e
fui tomar passe.
Foi então que
uma entidade
espiritual, por
intermédio da
médium, disse:
“Você vai
continuar na
Terra, quem vem
para a
espiritualidade
é o seu amigo”.
E foi justamente
isso que
ocorreu, pois
logo depois
Roberto
Previdello ficou
doente e
desencarnou.
O Consolador:
Ficamos sabendo
que muitas moças
que cresceram
aqui se casaram.
Sim, casamos 25
moças.
O Consolador:
Elas retornam
para visita?
Sim, sempre vêm
nos visitar.
O Consolador:
Acredito ser
isso uma das
grandes alegrias
suas.
Sim, são grandes
as alegrias, mas
também o que me
alegra é o fato
de ser útil e
poder contribuir
com o
semelhante.
O Consolador: O
senhor tem algum
sonho?
Sonho em
contribuir para
o
desaparecimento
da fome e do
desemprego, o
que nossa
instituição já
vem realizando
há tantos anos.
Sonho para que a
política melhore
a vida do povo.
Há muito
desperdício, e
quando isso
ocorre o povo
sofre.
O Consolador:
Sua mensagem
final aos nossos
leitores.
Desejo que se
lembrem de que a
existência
física é
efêmera, por
isso procurem
levar vida
comedida e
regrada, sem os
apegos
demasiados à
matéria e,
também, pensem
no futuro e
trabalhem pelo
semelhante.