Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente ou a nosso chamado
1. Em “O Livro dos Médiuns”, Kardec faz acerca do tema evocações as considerações que se seguem.
2. Os Espíritos – diz o Codificador – podem comunicar-se espontaneamente ou acudir ao nosso chamado, isto é, vir por evocação. Há quem julgue não ser conveniente evocá-los, porque nem sempre há certeza de que o Espírito comunicante seja o que foi evocado. Os que assim pensam propõem que os Espíritos se comuniquem sempre espontaneamente, porque, agindo dessa forma, provariam melhor sua identidade, o que é um erro. O fato de se evocar ou deixar que a comunicação se faça espontaneamente nada tem a ver com a identificação do comunicante, porque pode ocorrer mistificação tanto num caso quanto noutro.
3. A questão das evocações espíritas precisa, no entanto, ser analisada com critério e bom senso, porque há vantagens e desvantagens nas comunicações provenientes de evocações e nas ocorridas espontaneamente. Evidentemente, as comunicações espontâneas nenhum inconveniente apresentam quando se está senhor dos Espíritos e há certeza de que os maus não tomarão a dianteira. Nas reuniões dedicadas ao atendimento a Espíritos sofredores, a espontaneidade é uma prática regular.
4. Quando se deseja comunicar com determinado Espírito, é de toda necessidade evocá-lo; pelo menos essa era a ideia do Codificador, que esclarece não haver, para esse fim, nenhuma fórmula sacramental. Quem pretender indicar alguma fórmula pode ser tachado, sem receio, de impostor, visto que para os Espíritos a forma nada vale. Uma condição, porém, indispensável é que a evocação seja feita em nome de Deus, ou seja, seriamente, não levianamente.
Como regra geral, todos os Espíritos podem ser evocados
5. É essencial, quando se queira chamar determinados Espíritos, que o médium comece por dirigir-se somente aos que ele sabe serem bons e simpáticos e que podem ter motivo real para atender ao apelo, como os parentes e amigos.
6. Frequentemente, observa Kardec, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se objetiva obter dos Espíritos respostas precisas a questões circunstanciadas.
7. Os médiuns – lembra ainda Kardec – são geralmente mais procurados para evocações de caráter particular do que para comunicações de interesse geral. Eles não deveriam, porém, aceder a tais pedidos, senão com muita reserva, quando feitos por pessoas de cuja sinceridade não estiverem seguros. Além disso, é preciso evitar sua participação nas evocações movidas por simples curiosidade ou interesse, sem intenção séria por parte do evocador, afastando-se de tudo o que possa transformá-los em agentes de consultas, em ledores da buena dicha.
8. Como regra geral, todos os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala espírita, podem ser evocados, tanto os bons quanto os maus, tanto os que desencarnaram faz pouco tempo quanto os que viveram em épocas mais remotas, tanto os vultos ilustres quanto os indivíduos obscuros. Isso não significa, porém, que eles possam ou queiram responder ao nosso chamado. Independentemente de sua vontade, a permissão para se comunicarem pode lhes ser recusada por uma potência superior, havendo mesmo situações em que se achem impedidos de fazê-lo, por motivos que nem sempre nos é dado conhecer.
Emmanuel não aconselha a evocação direta em caso algum
9. As principais causas que impedem ou dificultam aos Espíritos atender às evocações que lhes são dirigidas são estas: (a) quando o Espírito evocado está envolvido em missões ou ocupações de que não pode afastar-se; (b) se o Espírito estiver encarnado, especialmente quando isso se dá em planetas inferiores à Terra; (c) quando o Espírito se encontra em locais de punição e não tem permissão para daí se ausentar; (d) quando o médium, por sua natureza ou aptidão, não consegue entrar em sintonia mediúnica com o Espírito evocado.
10. Evocar ou não um Espírito é questão que precisa, portanto, ser bem avaliada, tendo sempre em mente a finalidade a que ela se presta. Toda evocação, bem como toda manifestação espontânea, deve visar a um fim útil. Quando um Espírito é evocado pela primeira vez, convém designá-lo com alguma precisão e evitar, nas perguntas que lhe sejam feitas, as fórmulas secas e imperativas, fato que poderá afastá-lo. As fórmulas de tratamento devem ser afetuosas ou respeitosas, conforme o Espírito evocado. Importante também, em todos os casos, que o evocador lhe dê prova da sua benevolência.
11. No trato com os Espíritos, especialmente com relação aos evocados, as perguntas devem ser formuladas com clareza, precisão e sem ideia preconcebida, se o evocador pretende obter respostas categóricas. É importante ainda que o evocador especifique franca e abertamente o ponto visado, sem subterfúgios.
12. Quase 80 anos depois da publicação d´O Livro dos Médiuns, Emmanuel examinou o tema das evocações na questão 369 do seu livro O Consolador, psicografado por Francisco Cândido Xavier, na qual asseverou: “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum”, expressando o ponto de vista de que, no trato da mediunidade, devemos ser espontâneos. Na mesma questão ele explica por que Allan Kardec a utilizou largamente, embora se saiba que o Codificador também admitiu as comunicações dadas espontaneamente nas reuniões por ele presididas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. No livro Conduta Espírita, cap. 25, obra psicografada pelo médium Waldo Vieira, André Luiz reafirmou a proposta feita por Emmanuel, recomendando-nos seja abolida, em nosso meio, a prática da evocação nominal das entidades.
Respostas às questões propostas