Espírito não é um
ser imaterial, mas
incorpóreo
1. Em resposta à
questão no
82 de O Livro dos
Espíritos, os
imortais disseram, a
respeito da natureza
do Espírito, que o
vocábulo
imaterial não
seria o mais
apropriado para
defini-lo.
Incorpóreo, sim,
esse seria o termo
mais exato, porque o
Espírito, sendo o
resultado de uma
criação, há de ser
alguma coisa. A
substância que o
constitui é,
contudo, tão etérea
que escapa
inteiramente ao
alcance dos nossos
sentidos.
2. Em face da
informação acima,
deduz-se que as
sensações e
percepções dos
Espíritos são
diferentes, conforme
seu grau evolutivo e
o estado de
encarnação ou
desencarnação em que
se encontrem. É
preciso, portanto,
para melhor
compreender as
nuanças desse fato,
lembrar as condições
em que vivem os
Espíritos no plano
carnal e no plano
espiritual, como
adiante veremos.
3. Há no homem três
elementos: 1o.
a alma ou Espírito,
princípio
inteligente, sede do
senso moral; 2o.
o corpo material,
invólucro grosseiro,
de que o Espírito se
reveste
temporariamente, em
cumprimento de
certos desígnios
providenciais; 3o.
o perispírito,
envoltório fluídico
semimaterial, que
serve de ligação
entre a alma e o
corpo.
4. Durante a vida
corpórea, o corpo
recebe impressões
exteriores e as
transmite ao
Espírito por
intermédio do
perispírito. As
percepções e
sensações ficam, por
causa disso,
sensivelmente
reduzidas,
porquanto, isolado
na concha milagrosa
do corpo, o Espírito
está reduzido em
suas percepções aos
limites que se fazem
necessários. Por
exemplo, ninguém,
salvo em casos
especiais, tem
acesso fácil às
lembranças de suas
existências
passadas.
5. Afirma Emmanuel
que a esfera
sensorial funciona,
para o Espírito, à
maneira de câmara
abafadora. Visão,
audição, tato
padecem enormes
restrições. O
cérebro físico é
como um gabinete
escuro,
proporcionando-lhe
ensejo de
recapitular e
reaprender.
Conhecimentos
adquiridos e hábitos
profundamente
arraigados aí jazem
na forma estática de
intuições e
tendências.
Logo após a
desencarnação,
muitos ignoram esse
fato
6. No plano
espiritual, a
situação se modifica
inteiramente. Ensina
o Espiritismo que,
por ocasião da
morte, o perispírito
se desprende mais ou
menos lentamente do
corpo e, por isso,
durante os primeiros
minutos após a
desencarnação, o
Espírito não
encontra explicação
para a situação em
que se acha. Crê não
estar morto, porque
se sente vivo. Vê a
um lado o corpo
material e sabe que
lhe pertence, mas
não compreende que
esteja separado
dele. Essa situação
dura enquanto haja
ligação entre o
corpo e o
perispírito.
7. Esse fato leva
muitas vezes o
Espírito a ter
sensações de dor,
frio, calor e a
sentir, algumas
vezes, até os vermes
corroerem o seu
corpo físico em
decomposição. Ora,
sabemos que os
vermes não lhe roem
o perispírito, do
mesmo modo que ele
não está mais
sujeito às sensações
físicas de frio,
calor e dor. É que,
não sendo completa a
separação entre o
corpo e o
perispírito, existe
uma repercussão
moral que transmite
ao Espírito
ocorrências dessa
natureza.
8. Inúmeras vezes já
não existe ligação
entre o corpo e o
perispírito, pois o
primeiro já se
decompôs, e no
entanto a lembrança
e a sensação do fato
ocorrido repercutem
por muitos anos,
mantendo a impressão
de que aquele fato
se dá na atualidade.
9. Há, por outro
lado, Espíritos
detentores de maior
grau de evolução que
se tornam
inacessíveis às
sensações
mencionadas. Seu
perispírito menos
denso e as
percepções mais
apuradas não
permitem que se dê a
repercussão de
sensações
tipicamente
materiais.
Muitos sofrimentos
são ocasionados por
nós mesmos
10. Os sofrimentos
deste mundo – ensina
Kardec – independem,
algumas vezes, de
nós, mas em muito
maior número são
devidos à nossa
vontade. Remontemos
à origem deles e
veremos que a maior
parte dos nossos
sofrimentos são a
conseqüência de
causas que
poderíamos ter
evitado.
11. Quantos males,
quantas doenças,
quantas aflições não
deve o homem aos
seus excessos, à sua
ambição, numa
palavra: às suas
paixões? Aquele que
vivesse com
sobriedade, que de
nada abusasse, que
fosse sempre simples
nos gostos e modesto
nos desejos, a
muitas tribulações
se forraria. Dá-se o
mesmo com o
Espírito. Os
sofrimentos por que
passa são sempre a
conseqüência da
maneira por que
viveu na Terra.
12. Certamente, no
plano espiritual,
não sofrerá mais de
gota, nem de
reumatismo, mas
experimentará outros
sofrimentos que nada
ficam a dever
àqueles. Seu sofrer
resulta dos laços
que ainda o prendem
à matéria. Quanto
mais livre estiver
da influência desta,
menos sensações
dolorosas
experimentará. Está,
pois, nas suas mãos
libertar-se de tal
influência desde a
vida atual.
13. Domando suas
paixões animais; não
alimentando ódio,
nem inveja, nem
ciúme, nem orgulho;
não se deixando
dominar pelo
egoísmo;
purificando-se,
nutrindo bons
sentimentos,
praticando o bem;
não ligando às
coisas deste mundo
importância que não
merecem – o
Espírito, ainda que
revestido do
invólucro corporal,
já estará depurado,
já estará liberto do
jugo da matéria e,
sendo assim, quando
deixar esse
invólucro, não mais
lhe sofrerá qualquer
influência.
Respostas às
questões propostas
1. É correto dizer
que o Espírito é um
ser imaterial?
R.: Não. Na questão
no 82 de
O Livro dos
Espíritos está
dito, a respeito da
natureza do
Espírito, que o
vocábulo
imaterial não
seria o termo mais
apropriado para
defini-lo.
Incorpóreo, sim,
esse seria o termo
mais exato, porque o
Espírito, sendo o
resultado de uma
criação, há de ser
alguma coisa. A
substância que o
constitui é,
contudo, tão etérea
que escapa
inteiramente ao
alcance dos nossos
sentidos.
2. As sensações e
percepções dos
Espíritos variam de
indivíduo para
indivíduo?
R.: Sim. As
sensações e
percepções dos
Espíritos variam de
acordo com seu grau
evolutivo e o estado
de encarnação ou
desencarnação em que
se encontrem.
3. O estado de
encarnado amplia ou
reduz as percepções
do Espírito?
R.: Reduz as
percepções aos
limites que se fazem
necessários. É por
isso que ninguém,
salvo em casos
especiais, tem
acesso fácil às
lembranças de suas
existências
passadas.
4. Por que o
Espírito
desencarnado tem
sensações, como as
de dor e de frio,
típicas dos
indivíduos
encarnados?
R.: É que, não
estando completa a
separação entre o
corpo e o
perispírito, existe
uma repercussão
moral que transmite
ao Espírito
ocorrências dessa
natureza. Há ainda
casos em que já não
existe ligação entre
o corpo e o
perispírito, pois o
primeiro já se
decompôs, e no
entanto a lembrança
e a sensação do fato
ocorrido repercutem
por muitos anos,
mantendo a impressão
de que aquele fato
se dá na atualidade.
5. Os sofrimentos
por que passamos
podem ser evitados?
R.: Os sofrimentos
deste mundo
independem, algumas
vezes, de nós, mas
em muito maior
número são devidos à
nossa vontade.
Remontemos à origem
deles e veremos que
a maior parte dos
nossos sofrimentos
são a conseqüência
de causas que
poderíamos ter
evitado. Quanto a
esses, portanto,
pode-se dizer que é
possível, sim, ao
ser humano
evitá-los.
Bibliografia:
O
Livro dos Espíritos,
de
Allan Kardec, itens
82 e 257.
O
Livro dos Médiuns,
de
Allan Kardec, item
54.
Roteiro,
de
Emmanuel, pág. 15.