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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 2 - N° 70 - 24 de Agosto de 2008

 

Ensinamento vivo

 

Após as aulas, Carlinhos voltava para casa quando, andando por uma rua de grande movimento, viu um homem caído na calçada.

Condoído da situação do mendigo, Carlinhos desejou fazer alguma coisa para ajudar.

Mas, como? Era pequeno e ninguém lhe dava atenção.

Tentou despertar o pobre maltrapilho, mas ele não se mexeu.

Assustado, o garoto tentou pedir ajuda aos transeuntes, mas todos estavam apressados, sem lhe dirigirem um olhar sequer.

Um tanto desanimado, Carlinhos viu um sacerdote que se aproximava e encheu-se de esperança. Abordou o religioso, suplicando:

— Padre, ajude este pobre homem que está passando mal!

O sacerdote lançou um olhar indiferente ao mendigo e respondeu:

— Infelizmente, não posso. Tenho o tempo contado. Dirijo-me à igreja onde deverei rezar uma missa dentro de poucos minutos.

E assim dizendo, seguiu seu caminho, deixando o menino muito desapontado.

Não demorou muito, Carlinhos viu um senhor simpático que se aproximava, sobraçando alguns livros.

Enchendo-se de coragem, pediu:

— O senhor, que deve ser um homem bom e que deve ler muito, a julgar pelos livros que carrega, poderia auxiliar este pobre homem?

O estranho olhou o infeliz estirado na calçada, e, ajeitando os óculos, retrucou:

— Não posso. Estou a caminho da biblioteca onde devo entregar-me a importantes estudos. Além disso, ele não tem nada que um

café bem forte e sem açúcar não cure. Está bêbado!  

Friamente, sem se preocupar com a aflição do garoto, continuou seu caminho, apressado.

Carlinhos estava quase desanimando quando viu sua professora de Evangelização Infantil, vindo em sua direção. Com ânimo renovado, o menino correu ao seu encontro, afirmando satisfeito:

— Graças a Deus que a senhora apareceu, tia Marta. Veja, este pobre homem precisa de ajuda urgente!

A professora aproximou-se, fitando o infeliz que continuava caído na calçada. Depois, olhando o relógio disse, compungida:
 

— Gostaria de poder ajudar esse coitado, Carlinhos, mas infelizmente estou indo para casa e preciso preparar o jantar. Estava justamente a caminho do supermercado onde deverei comprar o necessário antes que feche.

Ao ouvir essas desculpas, o garoto não conteve o desapontamento. Seus olhos se umedeceram e murmurou mais para si mesmo:

— Será que esse pobre homem não encontrará também um bom samaritano?

Surpresa, a professora perguntou:

— O que disse?

— Sim, tia Marta. Lembra-se da Parábola do Bom Samaritano que a senhora contou no último domingo? Pois é! Estou aqui há bastante tempo e ninguém atende às minhas súplicas. Já passou até um sacerdote, um professor, e ninguém quis socorrê-lo.

Fez uma pausa e, fitando a professora com os olhos grandes e lúcidos, questionou:

— Será que não vai aparecer um bom samaritano, como na parábola que Jesus contou?

Profundamente tocada pelas palavras do garoto, a professora respondeu, envergonhada:

— Tem razão, Carlinhos. Precisamos fazer alguma coisa por este homem.

Ela pensou um pouco e lembrou-se que, não longe dali, existia um pronto-socorro.

Decidida, telefonou e, não demorou muito, uma ambulância recolhia o mendigo, encaminhando-o para atendimento.

Marta foi com o menino até o hospital, onde o médico examinava o paciente. Algum tempo depois. O doutor informou:  

— Felizmente ele chegou a tempo. Está doente e num estado de fraqueza tão grande que, se não fossem vocês, teria morrido. Agora receberá o tratamento necessário ao seu restabelecimento. Já está tomando soro e, medicado, logo deverá ficar bom.

Cheios de alegria, Marta e Carlinhos se abraçaram. Combinaram, depois, que todos os dias viriam visitar o novo amigo no hospital.

Emocionada, a professora afirmou:

— Graças a você, Carlinhos, hoje nós agimos como verdadeiros cristãos! 

                                                                  Tia Célia 
 

(Adaptação da Parábola do Bom Samaritano, Lucas 10:30 a 37.)
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita