Beneficente
“Irmão Mariano
Dias”,
departamento do
Centro Espírita
Humberto de
Campos, onde
atualmente são
atendidas 170
crianças e
adolescentes. Na
entidade, que
funciona como
centro de
educação
infantil, os
jovens recebem
aulas de
pintura, língua
estrangeira,
artesanato,
informática,
bordados, além
de apoio
escolar. Segundo
Cuin, que também
é coordenador
geral da
associação, a
entidade também
presta
atendimento aos
pais das
crianças
assistidas
oferecendo-lhes
cursos de
eletricidade,
hidráulica e
bordados.
O Consolador:
Que cargos ou
funções você já
exerceu no
movimento
espírita ao
longo de sua
vida?
Fundamos a
Mocidade
Espírita no
Centro Espírita
Humberto de
Campos, mas
depois de um
tempo, por
problemas
verificados no
Centro, quando
toda a diretoria
o deixou,
acompanhada de
praticamente
todos os
freqüentadores,
nós da Mocidade
assumimos a
direção e com
enorme
dificuldades e
esforços,
contando
obviamente,com o
socorro
espiritual,
conseguimos
reorganizá-la,
de modo que o
Centro Espírita
Humberto de
Campos segue
suas atividades
até os dias de
hoje.
O Consolador:
Qual atividade
exerce neste
momento?
Sou presidente
do Centro
Espírita
Humberto de
Campos e
coordenador
geral da
Associação
Beneficente
Irmão Mariano
Dias. No campo
da divulgação,
publicamos duas
colunas
espíritas
semanais, uma no
“Diário de
Votuporanga” e
outra no “Jornal
A Cidade”,
também de
Votuporanga. Na
imprensa
espírita,
publicamos
artigos mensais
na “Folha
Espírita”,
artigos
bimestrais na
“Revista
Espírita Verdade
e Luz”, de
Lisboa,
Portugal;
artigos
freqüentes na
revista
eletrônica “O
Consolador” e em
vários sites.
Também
publicamos sete
livros, sendo
que a renda
auferida, embora
pequena, é toda
destinada às
atividades
assistenciais e
de promoção
humana da
Associação
Beneficente
Irmão Mariano
Dias.
O Consolador:
Quando você teve
contato com o
Espiritismo pela
primeira vez?
Através de um
primo, pois
sabíamos da sua
opção pelo
Espiritismo,
enquanto toda a
nossa família
pertencia às
fileiras
católicas. Por
curiosidade nos
aproximamos dele
querendo
informações
sobre a vida
após a morte do
corpo. Na
oportunidade,
isso em 1970,
ele nos
presenteou com
um volume de “O
Evangelho
segundo o
Espiritismo”, de
Allan Kardec, e
um volume do
livro “Vozes do
Grande Além”, de
Espíritos
diversos,
psicografia de
Francisco
Candido Xavier.
A leitura dessas
obras nos
parecia
familiar, algo
que realmente
deveria ser
verdade. Mas o
fato marcante
mesmo foi que o
nosso sonho era
ser jogador de
futebol. Com
dezessete anos
iniciávamos
nossa carreira
na Associação
Atlética
Votuporanguense,
time da cidade
que disputava o
campeonato da 1ª
divisão do
Futebol
Paulista. No
entanto, seis
meses após,
sofremos uma
grave contusão
no joelho
direito, tendo
que ser
submetido a
processo
cirúrgico, sem
sucesso, onde
passamos mais de
seis meses em
tratamento
médico, não
sendo mais
possível
continuar com o
nosso sonho.
Nossa carreira
ficou
interrompida e
uma enorme
frustração nos
levou a
questionar o
porquê dessa
ocorrência.
Depois de muito
procurar, e sem
poder jogar mais
futebol,
começamos a
trabalhar, pois
a necessidade
material
preocupava nossa
família. No
emprego
conhecemos um
senhor muito
generoso, José
Bruno Mattiazzo,
que nos ouviu
algumas vezes,
e, diante da
nossa história,
nos conduziu ao
Centro Espírita
Humberto de
Campos, onde
estamos até
hoje, para
outros desafios,
não mais nos
gramados, mas
diante de tantos
problemas e
dores que
afligem os
corações
humanos.
O Consolador:
Qual foi a
reação de sua
família ante sua
adesão à
Doutrina
Espírita?
Inicialmente foi
de preocupação,
porque corria um
boato falso, em
nossa
comunidade, que
quem se ligasse
a um Centro
Espírita se
fanatizava e
acabava por
deixar tudo de
lado em nome de
uma religião
demoníaca. Mas o
tempo e nossa
perseverança
conseguiram
provar o
contrário. Hoje,
praticamente,
toda a nossa
família é
espírita, tendo
em meus pais,
irmãos, esposa,
filho e nora,
grandes aliados
e colaboradores
das atividades
que exercemos.
O Consolador: Qual
dos três
aspectos do
Espiritismo –
científico,
filosófico e
religioso – mais
o atrai?
Os três são
fundamentais
para que
possamos
compreender o
Espiritismo. O
científico nos
esclarece e
explica os
fenômenos
mediúnicos e sua
abrangência; o
filosófico nos
ensina a forma
correta de
viver, de seguir
pela vida
tirando o máximo
de
aproveitamento
das
oportunidades
que surgem e o
religioso nos
apresenta as
condições para a
necessária e
urgente reforma
moral. O
conhecimento e a
maneira de viver
bem são muito
importantes, mas
o crescimento
interior, a
prosperidade
moral, o
progresso
espiritual, com
o
desenvolvimento
dos sentimentos
do amor e da
fraternidade,
são urgentes e
imprescindíveis,
e isso
conseguimos com
o entendimento e
a prática do
Evangelho do
Cristo. Por isso
temos profunda
admiração pelo
aspecto
religioso do
Espiritismo. Uma
criatura
moralizada será
sempre um homem
de bem onde quer
que esteja.
O Consolador:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
Gosto muito de
Pedro de Camargo
(Vinícius),
Richard
Simonetti, Léon
Denis, Herculano
Pires, dentre
outros.
O Consolador:
Que livros
espíritas você
considera de
leitura
indispensável
àqueles que se
iniciam no
Espiritismo?
O correto é
começar bem: “O
Principiante
Espírita”, “O
Que é o
Espiritismo” e
“O Livro dos
Espíritos”, ou
seja, a obra de
Allan Kardec,
que é de fácil
entendimento e,
a partir de
então, o
estudante terá
plenas condições
de estudar
outras obras,
sem correr o
risco de se
perder em
leituras
enganosas e
equivocadas que
hoje grassam no
meio espírita.
O Consolador:
Se você fosse
para um local
distante, sem
acesso às
atividades e
trabalhos
espíritas, que
livros levaria?
Levaria os
livros de
Kardec, a obra
de André Luiz,
os cinco
clássicos
romances de
Emmanuel, e o
livro “Fonte
Viva”, também de
Emmanuel.
O Consolador:
As divergências
doutrinárias em
nosso meio
reduzem-se a
poucos assuntos.
Um deles diz
respeito ao
chamado
Espiritismo
laico. Para
você, o
Espiritismo é
uma religião?
Sem dúvida, é
uma religião,
pois que nos
apresenta as
lições de Jesus
Cristo com uma
clareza e
abrangência sem
precedentes. O
Espiritismo nada
acrescenta aos
ensinamentos de
Jesus, mas os
explica de tal
forma e com
tanta lógica que
permite a todos
nós acesso fácil
ao seu conteúdo,
criando a
ambiência
desejada para a
tão necessária
reforma moral de
casa um.
O Consolador:
Outro tema que
suscita
geralmente
grandes debates
diz respeito à
obra publicada
na França por J.
B. Roustaing.
Qual é sua
apreciação dessa
obra?
Obra confusa e
totalmente
dispensável.
Nada acrescentou
ao que Allan
Kardec e a
equipe de o
Espírito da
Verdade
apresentaram ao
mundo. Temos
Kardec, Léon
Denis, Herculano
Pires, Bozzano,
Pedro de Camargo
(Vinicius),
Emmanuel, André
Luiz, Manoel
Philomeno de
Miranda, Bezerra
de Menezes,
Humberto de
Campos e tantos
outros luminares
da literatura
espírita que
oferecem
material para
longas e
profundas
meditações. Não
precisamos
correr o risco
de ler o que é
duvidoso, pois
que temos o que
é totalmente
correto e
devido.
O Consolador:
Qual sua opinião
sobre
os passes
padronizados
propostos na
obra de Edgard
Armond, embora
saibamos que no
Brasil prevalece
hoje, quase que
de forma geral,
a simples
imposição das
mãos, tal como
recomendado por
J. Herculano
Pires?
Ficamos com J.
Herculano Pires,
pois as
narrações
evangélicas nos
indicam que
Jesus também
assim fazia,
colocando as
mãos sobre os
necessitados e
os ajudando
fluidicamente. O
passe nasce do
nosso desejo de
ajudar o
próximo,
contando com o
apoio do mundo
espiritual.
Assim não cremos
que deva existir
padrão para a
expressão do
amor e da
fraternidade.
O Consolador:
Como você vê a
discussão em
torno do aborto?
Acha que os
espíritas
deveriam ser
mais ousados na
defesa da vida,
como, aliás, tem
feito a Igreja?
“O Livro dos
Espíritos”, na
questão de nº
358, informa:
“Há sempre
crime, quando se
transgride a lei
de Deus. A mãe
ou qualquer
pessoa cometerá
sempre um crime
ao tirar a vida
à criança antes
do nascimento”.
Portanto,
abortar é tirar
a oportunidade
de um Espírito
vir ao mundo
físico para a
aquisição de
novas
experiências
evolutivas. Nós
espíritas
precisamos, sim,
ousar mais,
obviamente
dentro de um
padrão de
equilíbrio, mas
sem medir
esforços para
evitar, através
dos meios que
estiverem ao
nosso alcance,
que a
legalização do
aborto se
concretize.
Lamentavelmente
o Ministro da
Saúde, Doutor
José Gomes
Temporão,
defende a idéia
de que a
legalização do
aborto virá
resolver um
problema de
saúde pública,
em se referindo
à enorme
quantidade de
abortos que são
feitos às
escondidas.
Perguntamos,
então: Os
tóxicos, hoje
consumidos
largamente, têm
feito grande
número de
doentes e
criminosos e,
por certo, é
também um
problema de
saúde pública e
de segurança.
Deveremos,
então, legalizar
e liberar o uso
da cocaína, do
crack, da
maconha, do
ecstasy e
outros?
Uma lei poderá
tornar o aborto
um procedimento
legal, mas nem
por isso ele
deixará de ser
imoral,
acarretando
terríveis danos
aos praticantes,
pais, médicos,
influenciadores
etc. Nossa luta
deverá ser
sempre pela vida
e nunca pela
morte.
O Consolador:
A eutanásia,
como sabemos, é
uma prática que
não tem o apoio
da Doutrina
Espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Ângelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Surgiu, no
entanto,
ultimamente a
idéia da
ortotanásia,
defendida até
mesmo por
médicos
espíritas. Qual
é sua opinião a
respeito?
O médico estuda
por longo tempo
visando salvar
vidas, aliviar
as dores e o
sofrimento das
criaturas.
Assim, deixar de
medicar um
paciente
terminal, para
que morra
naturalmente, no
mínimo será
omissão de
socorro. A
ciência não
consegue
precisar com
total acerto o
momento em que
um doente sem
cura irá morrer.
Seu drama pode
durar horas,
dias, meses ou
anos. Muitos
casos existem de
pessoas que
resistiram um
tempo muitíssimo
maior do que era
previsto. Dessa
forma, se um
Espírito precisa
passar pela
experiência de
ficar algum
tempo em um
corpo que não
tem mais
condições de
vida, que fique
pelo menos com
um pouco mais de
conforto que a
medicina pode
oferecer. Somos
de opinião que
tudo devemos
fazer em prol da
vida, enquanto
existir a mínima
possibilidade de
alguém
permanecer no
corpo físico,
pois minutos de
reflexão de um
Espírito
atrelado à
matéria poderá
evitar grandes e
longos
aborrecimentos
no futuro.
O Consolador:
O movimento
espírita em
nosso País lhe
agrada ou falta
algo nele que
favoreça uma
melhor
divulgação da
Doutrina?
A Doutrina
Espírita vem
sendo divulgada
com grandes
esforços e a
determinação de
muitos irmãos.
Sempre teremos
mais a fazer e
precisamos
insistir para
melhorar a sua
propaganda, para
que as lições do
Espiritismo
possam chegar a
todas as
criaturas,
ficando como
opção aceitá-las
ou não. Os
recursos
financeiros têm
sido escassos e
o material
humano também
não é abundante,
pois que a
tarefa da
divulgação é
penosa, árdua e
não dispensa a
coragem, a
perseverança, o
idealismo e a
consciência de
passar adiante
aquilo que tanto
bem nos fez e
vem fazendo.
Cremos que o
movimento
espírita vem
realizando o que
pode. Devemos
rogar
imensamente a
Deus por mais
forças para que
as tarefas da
divulgação sigam
seu curso,
crescendo
sempre.
O Consolador:
Como você vê o
nível da
criminalidade e
da violência que
parece aumentar
em todo o País?
Na sua opinião,
como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
Os níveis da
criminalidade e
da violência são
muito
preocupantes, e,
somente a
educação poderá
modificar o
quadro social
que aí está.
Educar para
formar o caráter
das pessoas e
com isso
edificarmos
homens de bem. A
família, que é a
base da
sociedade, não
vem no momento
desempenhado o
seu devido
papel. Os
modismos, as
tolerâncias
perigosas, a
omissão paterna,
a inversão dos
valores morais,
os descasos para
com a disciplina
da prole são
fatores que
comprometem as
criaturas dentro
do lar. Nossos
filhos precisam
também de
educação
religiosa, tanto
quando de
médicos,
dentistas,
roupas,
calçados,
escola.
Precisamos
cuidar do corpo,
mas jamais
esquecer de
cuidar do
Espírito, pois
que reencarnamos
para corrigir
velhos hábitos e
aprendermos
novas lições de
dignidade.
No contexto
social em que
vivemos, podemos
fazer muito para
ajudar no
combate à
criminalidade e
à violência.
Ergamos
instituições
filantrópicas e
de promoção
humana e criemos
oportunidade às
crianças e
jovens que vivem
na penúria. A
computação, a
música, as artes
plásticas, a
dança, o
artesanato e
tantas outras
atividades têm
feito
verdadeiros
prodígios nas
comunidades de
risco. Aos
filhos das
famílias de
melhor renda
demos exemplos
de dignidade,
honradez e
decência. Na
verdade não
existem crianças
ou jovens ruins,
mas sim aqueles
que não
encontram
oportunidades
dignas e, em
decorrência
disso,
escorregam pelos
desfiladeiros do
mal.
O Consolador:
Daqui a quantos
anos você
acredita que a
Terra deixará de
ser um mundo de
provas e
expiações,
passando
plenamente à
condição de um
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra amor
estará escrita
em todas as
frontes e uma
eqüidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
Numa entrevista,
Chico Xavier
afirmou que o
Brasil será o
que os
brasileiros
fizerem dele.
Aproveitando o
mesmo raciocínio
podemos dizer
que a Terra será
o que nós
fizermos dela.
Está em nossas
mãos transformar
o planeta de
expiações e
provas em um
mundo
regenerador.
Obviamente, não
existe uma data
definida para
isso. Tudo vai
depender de
nossos esforços
em promover as
devidas mudanças
íntimas,
substituindo os
defeitos por
virtudes, e
superar o mal
fazendo o bem.
Existem muitos e
graves pontos de
conflito na
Terra. Uma
guerra de
proporção
mundial, por
certo, seria uma
grande
catástrofe e um
atraso evidente
para essa
esperada
promoção.
Façamos nossa
parte,
empreendendo
todos os
esforços
possíveis para
ajudarmos na
construção de
uma sociedade
mais justa e
fraterna, e
estaremos
contribuindo de
forma decisiva
para que a Terra
chegue a ser um
mundo
regenerador.
O Consolador: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando, o
que você acha
que deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
Brasil e no
mundo?
Empenharem-se ao
máximo para que
as valiosas e
profundas lições
de Jesus Cristo
cheguem a todas
as criaturas do
Brasil e do
mundo. Pois
somente será
possível a paz
na Terra se
Jesus,
definitivamente,
morar no coração
de cada homem.
Muitos,
certamente, não
o aceitarão,
outros
permanecerão
indiferentes,
mas uma grande
maioria da
população
mundial, cansada
de tantos
equívocos e
ilusões, fará a
tão desejada
reforma íntima,
“matando o homem
velho que mora
na intimidade
para fazer
nascer o homem
novo”, conforme
nos sentenciou
Paulo de Tarso.
Os dirigentes
espíritas, acima
de tudo, deverão
dar exemplos da
vivência prática
do Evangelho do
Cristo, pois as
palavras
informam, as
letras instruem,
mas os exemplos
convencem e
arrastam
seguidores.