Sem o livre-arbítrio
o homem seria uma
máquina
1. O livre-arbítrio
relativo é, segundo
o Espiritismo,
apanágio do ser
humano, cujo
exercício no orbe
terráqueo estará
também submetido a
determinadas
circunstâncias de
acordo com o mapa de
serviços a ser
desenvolvido pelo
reencarnante. Esse
mapa é delineado
pelo Espírito em
harmonia com as
opiniões dos seus
guias espirituais,
antes mesmo de se
iniciar o processo
reencarnatório.
2. As condições
sociais, as
moléstias, os
ambientes viciosos,
o cerco das
tentações, os
dissabores são
circunstâncias da
existência humana.
Entre elas, porém,
está presente sua
vontade soberana.
Ele pode, pois,
nascer em um
ambiente de miséria
e dificuldades,
buscando vencer por
sua perseverança no
trabalho e triunfar
das deficiências
encontradas; pode
suportar as
enfermidades com
serenidade e
resignação; pode ser
tentado de todas as
maneiras, mas só se
tornará um criminoso
se quiser.
3. Livre para agir,
o homem tem
liberdade de
escolher o tipo de
vida que queira
levar. As dores, as
dificuldades, as
vicissitudes da vida
constituem provas ou
expiações que ele
deve enfrentar como
conseqüência do uso
indevido, incorreto,
do livre-arbítrio em
existências e
vivências passadas.
4. O pensamento
espírita é bastante
claro: “Se o homem
tem liberdade de
pensar, tem
igualmente a de
obrar”. Sem o
livre-arbítrio ele
seria uma máquina. E
isso resulta de um
fato simples: a
liberdade é condição
necessária à
evolução do ser
humano, que, sem
ela, não poderia
construir seu
destino.
5. À primeira vista,
a liberdade do homem
parece muito
limitada no círculo
de fatalidades que o
encerra:
necessidades
físicas, condições
sociais, instintos
ou interesses
diversos. Mas,
considerando a
questão mais de
perto, vê-se que
esta liberdade é
sempre suficiente
para permitir que a
alma quebre esse
círculo e escape às
forças opressoras.
6. Liberdade de
escolha e
responsabilidade são
correlativas no ser
e aumentam com sua
elevação moral. É a
responsabilidade do
homem que faz sua
dignidade e
moralidade. Sem ela,
não seria ele mais
que um autômato, um
joguete das forças
ambientes. A noção
de moralidade é,
aliás, inseparável
da de liberdade. O
homem é, portanto,
livre, mas
responsável pelo que
faz; pode, assim,
realizar o que
deseje. Estará,
porém, ligado
inevitavelmente ao
fruto de suas
próprias ações.
Quanto mais livre o
Espírito, mais
responsável será
7. Segundo a Escola
Clássica, o homem
dotado de
inteligência e
livre-arbítrio é
penalmente
responsável, porque:
a) tem a faculdade
de analisar e
discernir; b) tem o
poder de livre
deliberação. A
sociedade tem,
portanto, o direito
de punir o
criminoso, porque
este desfruta de
vontade própria para
delinqüir ou não.
8. De acordo com a
Escola
Antropológica, o
homem age por força
das funções
somático-medulares,
glandulares ou
cerebrais. Assim, o
crime não é
resultado da livre
vontade do
delinqüente, mas de
fatores biológicos,
idéia que diverge da
Escola Clássica.
9. A
Escola Crítica,
Eclética ou
Sociológica afirma:
a) o crime resulta
não da livre vontade
do delinqüente, como
querem os clássicos;
b) nem da imposição
de reflexos
biológicos, herdados
ou adquiridos, como
querem os
antropologistas, mas
exclusivamente de
fatores sociais.
10. O Espiritismo
tem visão própria
acerca do assunto.
Seus conceitos
essenciais
afinam-se, de alguma
sorte, com as
diversas escolas,
indo, porém, mais
além, em face da lei
de reencarnação.
11. Esclarece-nos o
Espiritismo que: a)
pelo uso do
livre-arbítrio
construímos o nosso
destino, que poderá
ser de dores ou de
alegrias; b) quanto
mais livre é o
Espírito, mais
responsável será; c)
a fatalidade ou o
determinismo que
afetam sua vida
derivam da escolha
das provas que o
Espírito fez antes
de reencarnar.
12. Se existe
escolha das provas
antes do
renascimento
corporal, o Espírito
estabelece para si
uma espécie de
destino. Disso se
conclui que o
livre-arbítrio não
tem uma medida
absoluta, mas
relativa.
Somos constrangidos
a colher o resultado
de nossas obras
13. Inúmeros são os
exemplos da falência
do indivíduo pelo
uso indevido do
livre-arbítrio.
Vejamos alguns e
suas conseqüências,
extraídos da obra
Encontro Marcado,
págs. 160 a 163, de
autoria de Emmanuel.
14. Com relação à
posse de bens
materiais, o homem é
livre para reter
quaisquer posses que
a legislação humana
lhe faculte, mas se
abusa delas, criando
a penúria dos
semelhantes,
encontrará nas
conseqüências disso
a fieira de
provações com que
aprenderá a acender
em si mesmo a luz da
abnegação.
15. Com relação ao
estudo, o
homem é livre para
ler e escrever,
ensinar ou estudar
tudo o que quiser,
mas se coloca os
valores da
inteligência em
apoio do mal,
deteriorando a
existência dos
companheiros com o
objetivo de acentuar
o próprio orgulho,
encontrará nas
conseqüências disso
a fieira de
provações com que
aprenderá a acender
em si mesmo a luz do
discernimento.
16. Com relação ao
trabalho, o
homem é livre para
abraçar as tarefas a
que se afeiçoe, mas
se malversa o dom de
empreender e de
agir, prejudicando o
próximo, encontrará
nas conseqüências
disso a fieira de
provações com que
aprenderá a acender
em si mesmo a luz do
serviço aos
semelhantes.
17. Com relação ao
sexo, o homem
é livre para dar às
suas energias e
impulsos sexuais a
direção que prefira,
mas se transforma os
recursos genésicos
em dor e
desequilíbrio,
angústia ou
desesperação para os
semelhantes, pela
injúria aos
sentimentos alheios
ou pela deslealdade
e desrespeito aos
compromissos
afetivos, encontrará
nas conseqüências
disso a fieira das
provações com que
aprenderá a acender
em si mesmo a luz do
amor puro.
18. Como se vê,
todos somos livres
para desejar,
escolher, fazer e
obter, mas todos
somos também
constrangidos a
colher os resultados
das nossas próprias
obras.
Respostas às
questões propostas
1. O livre-arbítrio
de que desfruta o
homem é relativo ou
absoluto?
R.: Relativo. O
livre-arbítrio
relativo é apanágio
do ser humano, cujo
exercício no orbe
terráqueo estará
também submetido a
determinadas
circunstâncias de
acordo com o mapa de
serviços a ser
desenvolvido pelo
reencarnante.
2. Se o Espírito tem
liberdade de
escolher o tipo de
vida que queira
levar, por que
muitos enfrentam
dores, dificuldades
e dissabores
acerbos?
R.: As condições
sociais, as
moléstias, os
ambientes viciosos,
o cerco das
tentações, os
dissabores são
circunstâncias da
existência humana. A
escolha depende,
pois, das
necessidades e
carências do
indivíduo, que pode
nascer em um
ambiente de miséria
e dificuldades com o
propósito de provar
a si mesmo que é
capaz de vencer tais
vicissitudes com
perseverança e
trabalho.
3. Existe correlação
entre livre-arbítrio
e responsabilidade?
R.: Sim. Liberdade
de escolha e
responsabilidade são
correlativas no ser
e aumentam com sua
elevação moral. É a
responsabilidade do
homem que faz sua
dignidade e
moralidade. Sem ela,
não seria ele mais
que um autômato, um
joguete das forças
ambientes.
4. Que ensina o
Espiritismo acerca
do destino?
R.: Esclarece-nos o
Espiritismo que pelo
uso do
livre-arbítrio
construímos o nosso
destino, que poderá
ser de dores ou de
alegrias. A
fatalidade ou o
determinismo que
afetam sua vida
derivam da escolha
das provas que o
Espírito fez antes
de reencarnar. Com a
escolha das provas
antes do
renascimento
corporal, ele
estabelece para si
uma espécie de
destino.
5. “A semeadura é
livre, mas a
colheita é
obrigatória.” Esta
máxima evangélica
encontra confirmação
nos ensinamentos
espíritas?
R.: Sim. Conforme o
Espiritismo, todos
somos livres para
desejar, escolher,
fazer e obter, mas
todos somos também
constrangidos a
colher os resultados
de nossas próprias
obras.
Bibliografia:
O
Livro dos Espíritos,
de
Allan Kardec,
questões 843, 844 e
872.
O
Problema do Ser, do
Destino e da Dor,
de
Léon Denis, pág.
342.
No
Mundo Maior,
de
André Luiz,
psicografado por
Francisco Cândido
Xavier, págs. 140 a
153.
O
Pensamento de
Emmanuel,
de Martins Peralva,
págs. 199 a 201.
Encontro Marcado,
de
Emmanuel,
psicografado por
Francisco Cândido
Xavier, págs. 160 a
163.
Palavras do Infinito,
de Humberto de
Campos, psicografado
por Francisco
Cândido Xavier,
págs. 94 e 95.