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Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita  Inglês  Espanhol
Programa IV: Aspecto Filosófico

Ano 2 - N° 82 - 16 de Novembro de 2008

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br

Curitiba, Paraná (Brasil)  

As provas da reencarnação 
 

Apresentamos nesta edição o tema no 82 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.

Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue.

Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate

1. Quais são as principais provas de que a reencarnação existe?

2. A chamada “regressão de memória” serve de alguma forma para comprovar a reencarnação?

3. Que importância têm na comprovação da reencarnação as revelações contidas nos ditados mediúnicos?

4. Como o Espiritismo explica a existência dos chamados meninos prodígios?

5. Os críticos do Espiritismo afirmam que a reencarnação leva o indivíduo à indolência, porque o que não se faz hoje pode-se fazer futuramente. É correto esse pensamento?

Texto para leitura 

A regressão de memória é uma das provas da reencarnação

1. As evidências de que a reencarnação é um fato baseiam-se essencialmente no seguinte:
 

I. Na regressão da memória às existências passadas, que pode efetuar-se por força de sugestão ou da recordação espontânea de existências anteriores, sem que se identifique uma causa que a justifique. Neste último caso, a recordação pode dar-se tanto no sono comum como no estado de vigília, como os casos pesquisados, entre outros, pelos professores H. N. Banerjee e Ian Stevenson [1].
 

II. Na revelação obtida por meio da mediunidade, em que Espíritos transmitem revelações sobre existências anteriores próprias ou de terceiros.
 

III. No fato das idéias inatas e da existência dos meninos prodígios, assunto que continua a abalar as bases científicas da hereditariedade.

2. Secundariamente, não como prova de sua existência, mas como indício óbvio de sua antigüidade no pensamento humano, a reencarnação é também ensinada por diversas escolas religiosas – notadamente as orientais – e filosóficas. Pitágoras, por exemplo, foi um dos seus defensores mais ardorosos.

3. Alguns fatos registrados nos anais da história merecem ser aqui lembrados, por constituírem testemunhos importantes em favor da realidade da reencarnação: 

·       Juliano, o Apóstata, lembrava-se de ter sido Alexandre da Macedônia.

·       O poeta Lamartine declara em sua “Viagem ao Oriente” ter tido reminiscências muito claras de suas existências passadas.

·       O escritor francês Mery recordava-se de ter combatido na guerra das Gálias e também na Germânia, quando então se chamara Minius.

·       O sensitivo Edgar Cayce, em transe mediúnico, revelava fatos de existências anteriores das pessoas que o procuravam e dele mesmo. Cayce afirma que numa existência imediatamente anterior fora John Bainbridge, nascido nas Ilhas Britânicas em 1742. 

A reencarnação é também provada pelas revelações espíritas 

4. Pela regressão da memória obtida tanto por meio da hipnose, como pela simples sugestão, método que é usado largamente por terapeutas diversos, têm sido obtidas grandes e numerosas evidências da reencarnação. 

5. O psiquiatra inglês Denys Kelsey relata em seu livro “Muitas Existências”, escrito em parceria com sua esposa, o caso de um cliente, profissional liberal de meia-idade, afligido por persistente e invencível inclinação homossexual. Depois de aplicar os métodos clássicos da psicanálise, sem nenhum resultado, numa sessão de hipnose, já pela décima quarta consulta, o paciente começou a descrever episódios de uma existência vivida entre os hititas [2], quando, na qualidade de esposa de um dos chefes da época, acostumada ao luxo, exercera grande poder sobre o marido. Quando a beleza física se foi e o marido deixou de interessar-se por ela, o choque emocional foi muito forte para a sua natureza apaixonada. Tentando atrair terríveis malefícios sobre seu esposo, ela pediu a um sacerdote de Baal que o amaldiçoasse; mas acabou assassinada, levando para o Além toda a frustração da sua humilhante posição de esposa orgulhosa e desprezada. Ao que parece, deduziu o Dr. Kelsey, o episódio estava repercutindo na existência atual, na qual a mesma pessoa experimentava inclinação homossexual.  

6. Como exemplos de provas da reencarnação por meio de ditados mediúnicos, Gabriel Delanne, em seu livro “A Reencarnação”, cita vários casos. Eis um deles, que lhe foi relatado pelo Sr. E. B. de Reyle, por meio de uma carta: “Em agosto de 1886, fizemos uma sessão de evocação, no curso da qual se apresentou, a princípio pela tiptologia, e depois, a nosso pedido, pela escrita medianímica, uma entidade que meus pais perderam, ainda de pouca idade... Assegurava esperar, para reencarnar-se, o nascimento do meu primeiro filho, especificando que seria rapaz e viria dentro de 18 meses. Não se esperava uma criança. Ora, em fevereiro de 1888, nascia o nosso filho mais velho, que recebeu o nome de Allan, na data prevista, com o sexo predito”.   

A doutrina da reencarnação estimula o progresso coletivo e individual 

7. Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores: “Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, o das línguas, do cálculo, etc.?” Os Espíritos responderam: “Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas de que ela não tem consciência. Donde queres que venham tais conhecimentos? O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem”.  Nessa citação encontramos mais uma prova da reencarnação: a das idéias inatas. A História nos revela inúmeros exemplos de gênios, de sábios, de homens valorosos cujos pais, ou mesmo seus filhos, não foram grandiosos como eles.  

8. Alguns desses Espíritos foram na Terra o que costumamos chamar de meninos prodígios, cujo talento conseguiu pôr em dúvida as leis da hereditariedade. Evidentemente, o Espiritismo não nega a hereditariedade física ou genésica, mas repele a idéia de que exista uma herança moral ou intelectual transmissível de pais para filhos. De fato, sabemos que vários sábios nasceram em meios obscuros, como é o caso de Augusto Comte, Espinosa, Kleper, Kant, Bacon, Young, Claude Bernard etc., enquanto homens de valor tiveram como descendentes pessoas comuns ou mesmo medíocres. Péricles, por exemplo, procriou dois tolos. Sócrates e Temístocles tiveram filhos indignos de seus nomes, e os exemplos não param por aí, porque são muitos e conhecidos.   

9. Ante as provas mencionadas, a tese da reencarnação mostra ser uma doutrina renovadora, porque estimula o progresso individual e, conseqüentemente, o coletivo. A reencarnação revela-nos o que fomos, o que somos e o que seremos, e constitui o instrumento por excelência da lei do progresso e da aplicação da lei de causa e efeito.  

10. A doutrina das vidas sucessivas – ao contrário da crença de que somos condenados a uma pena eterna depois de uma única oportunidade na vida – satisfaz, pois, todas as aspirações de nossa alma, que exige uma explicação lógica do problema do destino. E, o que é inegavelmente mais importante, ela se concilia perfeitamente com a idéia de que existe uma Providência divina, ao mesmo tempo justa e boa, que não pune nossas faltas com suplícios eternos, mas que nos enseja, a cada instante, o poder de reparar nossos erros, elevando-nos na escala evolutiva graças aos nossos próprios esforços.

 

[1] Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia (EUA),autor do livro “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”,   relata nessa obra experiências de pessoas que recordam espontaneamente episódios de existências anteriores, espécie de fenômenos a que se deu o nome de “memória extracerebral”. 

[2] Os hititas habitaram a Síria setentrional por volta de 1900 a.C. 
 

Respostas às questões propostas 

1. Quais são as principais provas de que a reencarnação existe? 

R.: As evidências de que a reencarnação é um fato baseiam-se essencialmente no seguinte:  I. Na regressão da memória às existências passadas, que pode efetuar-se por força de sugestão ou da recordação espontânea de existências anteriores, sem que se identifique uma causa que a justifique. II. Na revelação obtida por meio da mediunidade, em que Espíritos transmitem revelações sobre existências anteriores próprias ou de terceiros. III. No fato das idéias inatas e da existência dos meninos prodígios, assunto que continua a abalar as bases científicas da hereditariedade.

2. A chamada “regressão de memória” serve de alguma forma para comprovar a reencarnação? 

R.: Sim, sobretudo quando o fato contido na revelação for comprovado por meio de uma pesquisa imparcial, como as realizadas por Ian Stevenson e Banerjee. 

3. Que importância têm na comprovação da reencarnação as revelações contidas nos ditados mediúnicos? 

R.: Dependendo das condições em que são dadas e da idoneidade moral do médium, sua importância é muito grande. 

4. Como o Espiritismo explica a existência dos chamados meninos prodígios? 

R.: O talento e os conhecimentos que essas crianças revelam sem estudo prévio na atual encarnação são mera conseqüência de uma lembrança do passado, do progresso anterior da alma, de que evidentemente elas não têm consciência. O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem. 

5. Os críticos do Espiritismo afirmam que a reencarnação leva o indivíduo à indolência, porque o que não se faz hoje pode-se fazer futuramente. É correto esse pensamento? 

R.: Obviamente, não. A reencarnação é, em verdade, uma doutrina renovadora, porque estimula o progresso individual e, conseqüentemente, o coletivo, ao revelar-nos o que fomos, o que somos e o que seremos. E, o que é inegavelmente mais importante, ela nos mostra que existe uma Providência Divina, ao mesmo tempo justa e boa, que não pune nossas faltas com suplícios eternos, mas que nos enseja, a cada instante, o poder de reparar nossos erros, elevando-nos na escala evolutiva graças aos nossos próprios esforços.
 

Bibliografia:

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 219 e 222.

A Reencarnação, de Gabriel Delanne, págs. 178, 234, 235, 236, 266 e 310.

Reencarnação e Imortalidade, de Hermínio C. Miranda, págs. 125, 126, 239 e 242.

Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, de Ian Stevenson.

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita