Nossas tendências
instintivas são uma
reminiscência do
passado
1. O esquecimento do
passado, que é
considerado a mais
séria objeção oposta
à lei de
reencarnação, dá
ensejo aos seus
antagonistas de
proporem indagações
como estas:
·
Se o homem viveu
antes, por que não
se lembra de suas
existências
anteriores?
·
Se não se lembra das
existências
passadas, como pode
aproveitar a
experiência
adquirida nelas?
·
Se não recorda o que
fez ou o que
aprendeu no passado,
cada existência não
seria para ele qual
se fosse a primeira?
Não estaria ele,
desse modo, sempre a
recomeçar?
2. Allan Kardec
dá-nos em “O Livro
dos Espíritos”, em
linguagem clara e
concludente, uma
explicação lógica e
uma resposta
convincente às
referidas
indagações.
3. Não temos durante
a existência
corpórea, reconhece
Kardec, lembrança
exata do que fomos e
do que fizemos nas
anteriores
existências, mas
possuímos disso a
intuição, sendo as
nossas tendências
instintivas uma
reminiscência do
passado. Não fossem
a nossa consciência
e a vontade que
experimentamos de
não reincidir nas
faltas já cometidas,
seria difícil
resistir a tais
pendores.
4. A
aptidão para essa ou
aquela profissão, a
maior ou menor
facilidade nessa ou
naquela disciplina,
as inclinações
interiores – eis
elementos que não
teriam justificativa
se não existisse a
reencarnação. Com
efeito, se a alma
fosse realmente
criada junto com o
corpo da criança, as
pessoas deveriam
revelar igual
talento e idênticas
predileções, mas não
é isso que vemos. Os
que têm filhos sabem
muito bem quão
diferentes eles são,
conquanto criados no
mesmo ambiente e
recebendo os mesmos
estímulos.
O esquecimento do
passado atesta a
bondade do Criador
5. No esquecimento
das existências
anteriores,
sobretudo quando
foram amarguradas,
há efetivamente algo
de providencial e
que atesta a bondade
e a sabedoria do
Criador. Tal como se
dá com os
sentenciados a
longas penas, todos
nós desejamos apagar
da memória os
delitos cometidos e
felizes ficamos
quando a sociedade
não os conhece ou os
relega ao
esquecimento.
6. A
razão desse desejo é
fácil de explicar.
Freqüentemente –
ensina o Espiritismo
– renascemos no
mesmo meio em que já
vivemos e
estabelecemos de
novo relações com as
mesmas pessoas, a
fim de reparar o mal
que lhes tenhamos
feito. Se
reconhecêssemos
nelas criaturas a
quem odiamos, talvez
o ódio despertasse
outra vez em nosso
íntimo, e ainda que
tal não ocorresse,
sentir-nos-íamos
humilhados na
presença daquelas a
quem houvéssemos
prejudicado ou
ofendido.
7. É preciso ter em
conta ainda um outro
dado: o esquecimento
do passado ocorre
apenas durante a
existência corpórea.
Volvendo à vida
espiritual, mesmo
que não recobremos
de imediato a
lembrança das
existências
passadas,
readquirimos
informações
suficientes que nos
situem perante as
pessoas do nosso
círculo. Não existe,
portanto,
esquecimento, mas
tão-somente uma
interrupção
temporária das
nossas recordações.
Livres da
reminiscência de um
passado certamente
importuno, podemos
viver com mais
liberdade, como se
déssemos início a
uma nova história.
8. Suponhamos ainda
que, em nossas
relações, em nossa
família mesma, se
encontre um
indivíduo que nos
deu, outrora,
motivos reais de
queixa, que talvez
nos tenha arruinado
ou desonrado, e que,
arrependido,
reencarnou-se em
nosso meio, a fim de
reparar suas faltas.
Se nós e ele
lembrássemos as
peripécias do
passado, ficaríamos
na mais embaraçosa
posição, que em nada
contribuiria para a
renovação das
atitudes.
9. Basta essa ordem
de raciocínios para
entendermos que a
reminiscência das
existências
anteriores
perturbaria as
relações sociais e
constituiria um
tropeço real à
marcha do progresso.
Há razões de ordem
científica que
explicam o
esquecimento do
passado
10. Léon Denis e
Gabriel Delanne
dão-nos as razões de
ordem científica
pelas quais as
lembranças do
passado não podem
ocorrer ao se dar a
nova encarnação do
Espírito.
11. Segundo Denis,
em conseqüência da
diminuição do seu
estado vibratório, o
Espírito, cada vez
que toma posse de um
corpo novo, de um
cérebro virgem,
acha-se na
impossibilidade de
exprimir as
recordações
acumuladas em suas
vidas precedentes.
12. Delanne
esclarece que o
perispírito toma, ao
encarnar, um
movimento vibratório
bastante fraco para
que o mínimo de
intensidade
necessário à
renovação de suas
lembranças possa ser
atingido.
13. Podemos, pois,
concluir em poucas
linhas:
·
O esquecimento do
passado e, por
conseguinte, das
faltas cometidas não
lhes atenua as
conseqüências.
·
O conhecimento delas
seria, porém, um
fardo insuportável e
uma causa de
desânimo para muitas
pessoas.
·
Se a recordação do
passado fosse geral,
isso concorreria
para a perpetuação
dos ressentimentos e
dos ódios.
·
A existência
terrestre é, algumas
vezes, difícil de
suportar, e o seria
ainda mais se, ao
cortejo dos nossos
males atuais,
acrescentássemos a
memória dos
sofrimentos e dos
equívocos passados.
Respostas às
questões propostas
1. Se o homem viveu
antes, por que não
se lembra de suas
existências
anteriores?
R.: O esquecimento
do passado se dá
graças à bondade e à
sabedoria do
Criador. Tal como
ocorre com os
sentenciados a
longas penas, todos
nós desejamos apagar
da memória os
delitos cometidos e
felizes ficamos
quando a sociedade
não os conhece ou os
relega ao
esquecimento. Como
freqüentemente
renascemos no mesmo
meio em que já
vivemos e
estabelecemos de
novo relações com as
mesmas pessoas,
apagar
momentaneamente a
recordação dos
nossos atos concorre
de maneira
extraordinária para
o estabelecimento de
novas relações com
as referidas
pessoas, fato que
seria muito difícil
em face da lembrança
viva de ocorrências
desagradáveis
havidas no passado.
2. Se não se lembra
das existências
passadas, como pode
aproveitar a
experiência
adquirida nelas?
R.: Se não temos
durante a existência
corpórea lembrança
do que fomos e do
que fizemos nas
anteriores
existências,
possuímos disso a
intuição, sendo as
nossas tendências
instintivas uma
reminiscência do
passado. A aptidão
para essa ou aquela
profissão, a maior
ou menor facilidade
nessa ou naquela
disciplina, as
inclinações
interiores – eis
elementos que não
teriam justificativa
se não existisse a
reencarnação.
3. Se não recorda o
que fez ou o que
aprendeu no passado,
cada existência não
seria para ele qual
se fosse a primeira?
Não estaria ele,
desse modo, sempre a
recomeçar?
R.: Aparentemente
sim, mas o
conhecimento
acumulado, as
experiências
vividas, o
aprendizado
realizado no passado
dão-nos uma base a
partir da qual as
aptidões e o talento
se manifestam. Os
pais sabem muito bem
quão diferentes são
seus filhos,
conquanto criados no
mesmo ambiente e
recebendo os mesmos
estímulos. Enquanto
uns avançam no
estudo e muitas
vezes superam os
próprios
professores, há os
que apresentam
dificuldades enormes
no aprendizado, o
que demonstra que
trazem bagagens
diferentes, tanto no
campo intelectual
quanto no campo
moral.
4. A
reminiscência das
existências
anteriores
perturbaria ou
melhoraria as
relações sociais?
R.: Se em nossas
relações, e mesmo em
nossa família,
houver um indivíduo
que nos deu,
outrora, motivos
reais de queixa, que
talvez nos tenha
arruinado ou
desonrado, e que,
arrependido,
reencarnou-se em
nosso meio, a fim de
reparar suas faltas,
é evidente que a
lembrança do passado
em nada contribuirá
para a renovação de
nossas atitudes.
Igual raciocínio
aplica-se na
situação oposta,
quando nós, por
hipótese, tenhamos
sido o verdugo de
nossos próprios
familiares. Basta
essa ordem de
raciocínios para
entendermos que a
reminiscência das
existências
anteriores
perturbaria as
relações sociais e
constituiria um
tropeço real à
marcha do progresso.
5. Existem razões de
ordem científica
para que o Espírito,
ao reencarnar-se,
esqueça o seu
passado?
R.: Sim. Léon Denis
e Gabriel Delanne
falam disso em suas
obras. Segundo
Denis, em
conseqüência da
diminuição do seu
estado vibratório, o
Espírito, cada vez
que toma posse de um
corpo novo, de um
cérebro virgem,
acha-se na
impossibilidade de
exprimir as
recordações
acumuladas em suas
vidas precedentes.
Delanne esclarece
que o perispírito
toma, ao encarnar,
um movimento
vibratório bastante
fraco para que o
mínimo de
intensidade
necessário à
renovação de suas
lembranças possa ser
atingido. Eis
fatores que
constituem
impedimento real a
que a lembrança das
existências passadas
se torne possível.
Bibliografia:
O
Livro dos Espíritos,
de
Allan Kardec,
questões 392 a 394.
O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
de Allan Kardec,
capítulo V, item 11.
O que
é o Espiritismo,
de Allan Kardec, pp.
114, 116 e 117.
A
Reencarnação,
de
Gabriel Delanne,
págs. 305 e 306.
A
Evolução Anímica,
de
Gabriel Delanne,
pág. 175.
Depois da Morte,
de
Léon Denis, págs.
145 e 146.
O
Problema do Ser, do
Destino e da Dor,
de
Léon Denis, pág.
182.