Não existe
desobsessão sem
base na
renovação
A terapia
espírita é a do
convite ao
enfermo para a
responsabilidade,
convocando-o a
uma autoanálise
honesta,
de modo a que
ele possa
eliminar em
definitivo suas
incursões nas
voragens dos
desvios morais
O Espiritismo
explica que na
loucura a causa
do mal é
interior e é
preciso procurar
restabelecer o
organismo ao
estado normal.
Na obsessão, a
causa do mal é
exterior e é
preciso
desembaraçar o
doente de um
inimigo
invisível
opondo-lhe, não
remédios, mas
uma força moral
superior à sua.
"A experiência
prova que, em
semelhante caso,
os exorcismos
não produziram
jamais nenhum
resultado
satisfatório, e
que antes
agravaram do que
melhoraram a
situação. Só o
Espiritismo,
indicando a
verdadeira causa
do mal, pode dar
os meios de
combatê-lo."
(1)
Obviamente sem
os exorcismos
das apometrias
inócuas e outras
práticas
fantasiosas de
desobsessão que
ocorrem nos
Centros
Espíritas
tragicamente
administrados.
Aprendemos com
os Benfeitores
que é preciso,
de certa
maneira, educar
moralmente o
Espírito
obsessor; por
conselhos
inteligentes,
pode-se fazê-lo
melhor e
determinar-lhe
declinar
espontaneamente
ao tormento da
vítima, e então
esta se liberta.
Todavia, não se
pode esquecer
que os
obsessores são
hábeis e
inteligentes,
perfeitos
estrategistas
que planejam
cada passo e
acompanham as
presas por algum
tempo,
observando suas
tendências, seus
relacionamentos,
seus ideais.
Identificam seus
pontos
vulneráveis
(quase sempre
ligados ao
desencaminhamento
sexual) e os
exploram
pertinazes.
Para a escola
psiquiátrica,
obsessão é um
pensamento, ou
impulso,
persistente ou
recorrente,
indesejado e
aflitivo, e que
vem à mente
involuntariamente,
a despeito de
tentativa de
ignorá-lo ou de
suprimi-lo.
Psiquiatras que
não admitem nada
fora da matéria
não podem
entender uma
causa oculta;
mas quando a
academia
científica tiver
saído da rotina
materialista,
ela reconhecerá
na ação do mundo
invisível que
nos cerca e no
meio do qual
vivemos, uma
força que reage
sobre as coisas
físicas, tanto
quanto sobre as
coisas morais.
Esse será um
novo caminho
aberto ao
progresso e a
chave de uma
multidão de
fenômenos mal
compreendidos do
psiquismo
humano.
A obsessão
apresenta
caracteres
diversos, desde
uma simples
influência moral
até a
perturbação
completa do
organismo
Sob o enfoque
espírita,
obsessão é a
ação persistente
que um mau
Espírito exerce
sobre um
indivíduo.
Apresenta
caracteres muito
diferentes, que
vai de uma
simples
influência moral
sem sinais
exteriores
sensíveis até a
perturbação
completa do
organismo e das
faculdades
mentais. Quanto
à subjugação
obsessiva
(2),
representa um
constrangimento
físico sempre
exercido por
Espíritos
bastante
vingativos e que
pode ir até à
mortificação do
livre-arbítrio.
Ela se limita,
muitas vezes, a
simples
impressões
incomodativas,
mas disso
resultam, muitas
vezes,
movimentos
psicomotores
desordenados,
atitudes
incoerentes,
crises, palavras
inadequadas ou
injuriosas, as
quais aquele que
dela é alvo tem
consciência por
vezes de todo o
ridículo, mas da
qual não pode se
defender. "Esse
estado difere
essencialmente
da loucura
patológica, com
a qual se
confunde
erradamente,
porque não há
nenhuma lesão
orgânica; as
causas sendo
diferentes, os
meios curativos
devem ser
outros.
Aplicando-lhe o
procedimento
ordinário das
duchas e dos
tratamentos
corporais,
chega-se, muitas
vezes, a
determinar uma
verdadeira
loucura, aí onde
não havia senão
uma causa
moral." (3)
Esse desarranjo
psicoespiritual
deverá ser
eliminado do
Orbe, no
instante em que
o lídimo exemplo
do amor for
experimentado e
disseminado em
todas as
direções,
consoante Jesus
consubstanciou e
vivenciou até a
agrura da morte,
e prosseguindo
desde os tempos
apostólicos até
os dias atuais.
O Espiritismo,
desvendando a
intervenção dos
Espíritos
endurecidos no
mal em nossas
vidas, lança
luzes sobre
questões ainda
desconsideradas
pelas ciências
materialistas
como de causa
psicopatológica.
E, óbvio, não
descartando a
possibilidade da
anomalia
psicossomática,
a Doutrina
Espírita faz
conhecer outras
fontes das
misérias
humanas,
mantidas pela
fragilidade
moral dos seres.
A obsessão de
vários graus se
constitui de
tratamento de
longo curso e
depende do
paciente
Reconhecemos que
o uso dos
fármacos
antidepressivos
estabelece a
harmonia química
cerebral,
melhorando o
humor do
paciente, no
entanto, agem
simplesmente no
efeito, uma vez
que os
medicamentos não
curam a obsessão
em suas
intrínsecas
causas; apenas
restabelecem o
trânsito das
mensagens
neuroniais,
corrigindo o
funcionamento
neuroquímico do
SNC (sistema
nervoso
central).
Sócrates já
afirmava "se os
médicos são
malsucedidos,
tratando da
maior parte das
moléstias, é que
tratam do corpo,
sem tratarem da
alma. Ora, não
se achando o
todo em bom
estado,
impossível é que
uma parte dele
passe bem".
(4)
Se diante dos
nossos fracassos
momentâneos
costumamos
olvidar,
sistematicamente,
a paciência e
equilíbrio, a
oração e a
vigília, então é
urgente
estabelecer o
momento para
introspecção,
nos arcabouços
da mente, a fim
de que venhamos
fazer em nós
mesmos as
correções
prementes.
Nessas situações
cotidianas,
costumamos
entronizar a
ideia de
obsessão,
possessão,
subjugação
supondo-nos
"vítimas"
(5) de
entidades
perseguidoras. A
questão, no
entanto, não se
restringe
somente à
influenciação
espiritual dos
inimigos que se
nos embute na
frequência
psíquica, mas,
sobretudo, diz
respeito a nós
próprios.
A obsessão de
vários graus se
constitui de
tratamento de
longo curso, por
muito delicado e
complexo, e o
resultado ditoso
depende da
renovação
espiritual do
paciente, na
razão em que
desperte para a
seriedade da
conjuntura
aflitiva em que
se encontra.
Simultaneamente,
a solidariedade
fraternal,
envolvendo ambos
enfermos em
orações e
compaixão,
esclarecimentos
e estímulos para
o futuro
saudável,
conseguem romper
o círculo
vigoroso de
energias
destrutivas,
abrindo espaço
para a ação
benéfica, o
intercâmbio de
esperança e de
libertação.
Em qualquer
processo
obsessivo a
parte mais
importante
do tratamento
está reservada
ao paciente
Muitas vezes
procurado pelos
obsidiados, o
Cristo penetrava
psiquicamente
nas causas da
sua inquietude,
e, usando de
autoridade
moral, libertava
tanto os
obsessores
quanto os
obsidiados,
permitindo-lhes
o despertar para
a vida animada
rumo à
recuperação e à
pacificação da
própria
consciência.
Porém, é muito
importante
lembrar que
Jesus não
libertou os
obsidiados sem
lhes impor a
intransferível
necessidade de
renovação
íntima, nem
expulsou os
perseguidores
inconscientes
sem
fornecer-lhes o
endereço de
Deus.
Em qualquer
processo de
ordem obsessiva,
a parte mais
importante do
tratamento está
reservada ao
paciente. Sua
fixação em
permanecer no
desequilíbrio
constitui
entraves de
difícil remoção
na terapia do
refazimento. A
terapia espírita
é a do convite
ao enfermo para
a
responsabilidade,
convocando-o a
uma autoanálise
honesta, de modo
a que ele possa
eliminar em
definitivo suas
incursões nas
voragens dos
desvios morais.
Esforcemo-nos,
pois, pela
vigília
constante e
orando para que
nos libertemos
da vergasta das
obsessões, no
firme propósito
de modificação
de hábitos e
atitudes
negativos,
ingressando no
seio dos valores
enobrecedores da
vida pela
efetiva mudança
de
comportamento.
Fontes:
1. Kardec,
Allan. O Livro
dos Médiuns, Rio
de Janeiro:
Editora FEB,
2001 e Revista
Espírita,
fevereiro, março
e junho de 1864.
A jovem
obsidiada de
Marmande.
2. A subjugação
obsessiva, o
mais
ordinariamente,
é individual;
mas, quando uma
falange de
Espíritos maus
se abate sobre
uma população,
ela pode ter um
caráter
epidêmico. Foi
um fenômeno
desse gênero que
ocorreu ao tempo
do Cristo; só
uma poderosa
superioridade
moral podia
domar esses
seres
malfazejos,
designados então
sob o nome de
demônios, e
devolver a calma
às suas vítimas.
[Uma epidemia
semelhante
castigou por
vários anos uma
aldeia da
Haute-Savoie,
conforme relata
a Revista
Espírita, abril
e dezembro de
1862; janeiro,
fevereiro, abril
e maio de 1863:
Os possessos de
Morzines.]
3. Kardec,
Allan. O Que é o
Espiritismo,
Cap. II, Escolho
dos Médiuns, Rio
de Janeiro:
Editora FEB,
2003.
4. Kardec,
Allan. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Resumo da
doutrina de
Sócrates e de
Platão, item
XIX, Rio de
Janeiro: Editora
FEB, 2001.
5. Os chamados
obsessores, na
maioria das
vezes, são de
fato nossas
vítimas reais do
passado.