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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 3- N° 104 – 26 de Abril de 2009

KATIA FABIANA FERNANDES
kffernandes@hotmail.com
Londres, Inglaterra (Reino Unido)
 

Odalis Carmenaty Franco:


“Com o estudo do Espiritismo aprendi a ser melhor comigo
e com os outros”
 
 

Nossa entrevistada da semana é Odalis Carmenaty Franco (foto), natural de Holguín, Cuba, que reside em Barcelona, na Espanha, há pouco mais de seis anos. Membro ativo do Centro Barcelonês de Cultura Espírita, Odalis respondeu a todas as questões que lhe foram apresentadas com muita propriedade, além de relatar um pouco da história do Movimento Espírita na Espanha.

Para ela, o Espiritismo é uma filosofia de vida, que pôs em suas mãos as ferramentas necessárias para viver com sabedoria  e  enfrentar  as  circunstâncias

que se lhe apresentam. “Com o Espiritismo – diz ela - tenho aprendido a me conhecer melhor, a ser capaz de deixar ressentimentos; tenho aprendido a me perdoar e a perdoar, a me dar conta dos erros que faço e tentar não tornar a fazê-los.”
 

O Consolador: Que motivo a levou a mudar-se de Cuba para a Espanha?

Vim morar em Barcelona em outubro de 2002. Meu esposo veio antes para estudar, ficou e decidirmos viver aqui.

O Consolador: Qual a sua formação escolar?

Universitária.

O Consolador: Você exerce algum cargo no Movimento Espírita?

Não. Nunca tive nem tenho nenhum cargo no Movimento Espírita.

O Consolador: Em que atividades na Casa Espírita você participa no momento?

Participo nas atividades do Centro Barcelonês de Cultura Espírita e colaboro em tudo o que eu posso.

O Consolador: Quando se deu seu primeiro contato com o Espiritismo?

Meu primeiro contato com o Espiritismo ocorreu em 1998, aqui mesmo em Barcelona, numa viagem que eu fizera antes de me mudar pra cá.

O Consolador: Houve algum fato ou alguma circunstância especial que haja propiciado esse contato?

Antes de mais nada, o fato da viagem, porque para um cubano sair do seu país já é coisa transcendental. Logo depois, meu esposo conheceu alguns livros de Kardec. Um dia, estava  procurando aqui e encontramos “No Invisível”, de Léon Denis, com prólogo do Centro Barcelonês de Cultura Espírita (C.B.C.E.), onde aparecia o endereço do Centro. Fizemos contato com eles e assim começamos a conhecer a Doutrina Espiritista.

O Consolador: Qual foi a reação de sua família?

Meu esposo e eu compartilhamos o estudo do Espiritismo, vamos juntos às atividades do Centro e tentamos compartilhar nossos conhecimentos com o nosso filho. Assim, tem sido muito boa a reação da família. E se você pergunta sobre a família maior, formada pelos meus pais, meus irmãos, minha avó, digo que eles não compreendem muitas coisas, mas respeitam e, além disso, muitas vezes perguntam e se interessam pelo assunto.

O Consolador: Dos três aspectos do Espiritismo - ciência, filosofia, religião - qual o que mais a atrai?

A filosofia.

O Consolador:  Qual dos autores espíritas você gosta mais?  

Allan Kardec e Léon Denis.

O Consolador: Que livros espíritas que tenha lido você acha indispensáveis para o companheiro iniciante?

“Que é o Espiritismo?”, de Allan Kardec, e “Depois da Morte”, de Léon Denis.

O Consolador: Para você o Espiritismo é uma religião?   

Para mim o Espiritismo não é uma religião. No C.B.C.E., concordamos muito com a citação de Allan Kardec, inserida no final do Preâmbulo do “Que é o Espiritismo?: “O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que são possíveis estabelecer com os Espíritos. Como filosofia abarca todas as consequências morais que de ditas relações emanam.” Termina esse Preâmbulo com a definição do Espiritismo mais clara realizada por Kardec: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e o destino dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corpóreo”.

Temos ressaltado a expressão “consequências morais”, pois pensamos que é a que a mais se aproxima da estrutura filosófica do Espiritismo. Além disso, cremos que, se Kardec houvesse desejado se referir a “consequências religiosas”, no lugar de “consequências morais”, havê-lo-ia falado expressamente neste texto; e, se assim houvesse realmente pensado, não definiria o Espiritismo como sendo uma ciência, senão como uma religião.

Esta definição de “Que é o Espiritismo?” tem uma grande importância, pois praticamente é a única que como tal formulou Kardec. Só temos presente outra definição de Kardec no vocábulo Espiritismo, mas que nada opõe à já referida. Ela está no cap. XXXII – Vocabulário Espírita - de “O Livro dos Médiuns”, e reza assim: “Doutrina baseada na crença de que existem os Espíritos e as suas manifestações”.

O Consolador:  Como você vê a questão dos passes magnéticos?

No Centro Barcelonês de Cultura Espírita conhecemos a obra “Mediumnidad” e, no tocante aos passes, achamos acertada a opinião do Sr. Armond, plasmada no capítulo 20 dessa obra: “É por isso que toda exterioridade, todo cenário de que se revista sua aplicação deve ser deixada como inútil. Uma simples imposição de mãos basta muitas das vezes para obter o efeito desejado, porque esse efeito não reside no gesto, na mecânica da aplicação, senão no desejo sincero que tem o operador de aliviar o sofrimento do enfermo”.

O Consolador: Como vê a discussão sobre o aborto e como este assunto é tratado na Espanha?

Na Espanha, o aborto está legalizado há mais de 20 anos e se está iniciando, por parte do atual governo, um processo de revisão dessa lei, para ampliar, provavelmente, os pressupostos e os prazos em que possa se produzir legalmente a interrupção da gravidez.

Pensamos que não seria adequada uma oposição beligerante a essa ou a qualquer outra lei legalmente estabelecida, sempre que se trate de leis que PERMITAM, mas NÃO OBRIGUEM.

Além disso, pensamos que o Espiritismo deve respeitar a capacidade legislativa dos governos democráticos, ainda que as leis promulgadas sejam incompatíveis com o elevado sentimento moral do Espiritismo e de outras filosofias ou religiões. O que podemos fazer, o que devemos fazer desde as fileiras espíritas, é predicar com o exemplo e deixar claro,  tantas vezes quantas sejam possíveis, que a atividade abortiva nada resolve mas complica ainda mais a vida atual e posterior da mãe, do Espírito reencarnante e, na maioria das vezes, das restantes pessoas implicadas nesse lamentável procedimento.

O Consolador: A eutanásia é prática que não tem o apoio da doutrina espírita. Ultimamente surgiu, porém, a ideia da ortotanásia, defendida mesmo pelos médicos espíritas. Qual a sua opinião?

Se entendermos por ortotanásia a defesa do direito a morrer dignamente, sem o uso de meios desproporcionados e extraordinários para manter a vida, e que consiste em deixar que a morte chegue naturalmente, tratando os doentes com os tratamentos paliativos possíveis para se evitar sofrimentos, concordaríamos. Podemos lembrar até, a respeito do assunto, uma frase inserta em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de autoria de São Luís: “Mitigai os últimos sofrimentos tanto como podeis, mas poupai-vos de abreviar a vida, mesmo quando não seja senão por um minuto, porque este minuto pode evitar muitas lágrimas no porvir”.

No C.B.C.E., pensamos que, inevitavelmente, temos que ir um pouco além da recomendação do Espírito de São Luís, pois que se mitigarmos a dor tanto como se possa – como ele recomendava - é praticamente inevitável minimizar a vida do enfermo. Cremos que apesar disso é legal aliviar as dores das enfermidades tanto quanto possível. É provável que essa diminuição de dores possa propiciar a reflexão do enfermo sobre a sua situação mais até do que quando o indivíduo se encontre imerso em contínuas dores.

O Consolador: Você conhece o Movimento Espírita brasileiro?

Não conheço o Movimento Espírita Brasileiro o suficiente, mas, embora a distância, temos um sentimento de certa perplexidade ante a supremacia das obras mediúnicas de estilo novelão sobre as obras de estudo e análises da doutrina.

O Consolador: Como se desenvolve o Movimento Espírita em Cuba e na Espanha?

No meu país natal, que é Cuba, há bastante confusão com respeito ao Espiritismo, e em poucos Centros faz-se um estudo sério da Doutrina. Entre esses lugares onde se estuda com seriedade está a Sociedade Espírita Allan Kardec, de Holguín, de onde tenho o prazer de ser membro, ainda a distancia, porque não perco nunca o vínculo com as pessoas de lá e mantemos uma relação de amizade, de fraternidade. Sempre que podemos colaboramos com algum livro ou algum material que possa ser de utilidade para eles. Quando visitamos Cuba não deixamos de visitá-los e trocar conhecimentos e experiências com eles.

Na Espanha, meu segundo país, podemos dizer que o Movimento Espírita está pouco infiltrado no tecido social, provavelmente por esquecimento dos princípios morais da nossa sociedade, onde se constata uma grande presença do consumismo materialista sobre os valores da espiritualidade. E cremos que assim acontece na Europa toda.

O Consolador: Quando e como se originou o Movimento Espírita na Espanha?

Quanto às origens do Movimento Espírita na Espanha temos que procurar no último terço do século XIX, quando o Sr. José María Fernández Colavida realizou a primeira tradução das obras de Kardec para o idioma espanhol. Assim mesmo, é de ressalvar que em 1861 aconteceu um “Auto de Fé” contra livros espiritistas, como Kardec relata em “Obras Póstumas”. Depois disso, o Movimento expandiu-se de maneira equilibrada na Espanha dando lugar à fundação de muitos Centros e à publicação de numerosos jornais espíritas. O momento culminante foi a celebração do V Congresso Espiritista Internacional em Barcelona, em 1934. Depois, com as terríveis guerras que assolaram a Espanha (1936-1939) e a Europa (1939-1945) e a instauração da ditadura militar, o Espiritismo passou a ser uma ideia duramente reprimida, que somente subsistiu no seio de algumas famílias.

O Consolador: Como vê você o nível de criminalidade e de violência que parece aumentar no Brasil e no mundo e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja alterada?

Acreditamos, tal e como se depreende da ideia espiritista, que o bem é mais importante que o mal e que, tarde ou cedo, o bem sobrepujará no mal. Também é verdade que o ruim é chamativo e escandaloso gerando sempre muitíssima mais expectação que quaisquer obras positivas. Já Kardec expressava essa inquietude em “O Livro dos Espíritos”, na questão  784: “A perversidade do homem é muito grande, e não parece que retrocede sem adiantar, pelo menos desde o ponto de vista moral? “Tu te enganas. Observa bem o conjunto e enxergarás como adianta, pois compreende melhor o que é mau e a cada dia reforma abusos.”

No C.B.C.E., pensamos que a melhor maneira de cooperar na luta contra o mal é o bom exemplo dos espíritas como bons cidadãos, com um comportamento educado, sensato e nobre e, também, com a divulgação – adequada às possibilidades - dos valores promovidos pela moral espírita.

O Consolador: Sobre os problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o Movimento Espírita no mundo?

Provavelmente, além de cogitar dos problemas que enfrenta a sociedade terrena, haveria que considerar em primeiro lugar os problemas que enfrenta o Movimento Espírita. No C.B.C.E. pensamos que, ante as divergências no seio do Movimento Espiritista, ante alguns comportamentos inadequados – às vezes muito inadequados – de alguns espiritistas, deveríamos primar pelo retorno à essência da doutrina codificada por Kardec. Isso deveria supor:

  • Respeito entre todos os espiritistas.
  • Ser consciente de que não se pode concordar com tudo, pelo fato de ser espiritista. Como muito bem exemplifica André Luiz (Opinião Espirita, Capítulo 9, “Estar com todo”): Devermos tratar com benevolência e suavidade a aqueles que não pensam como nós, porém, com intenções de ser agradáveis a eles não podemos aceitar seus preconceitos, enganos ou impropriedades. A Doutrina Espírita está baseada na lógica, sendo por isto que, para ser espíritas, é impossível nos evadirmos dela.
  • Não se deixar tentar por um afã de proselitismo. “Pela minha parte – disse Kardec em O que é o Espiritismo”, Primeiro Diálogo, O Crítico-, não dou forças a ninguém para que se convença. Quando encontro pessoas sinceramente famintas de se instruir, e que me fazem a honra de me pedir esclarecimentos, é para mim um prazer e um dever responder-lhes, na medida dos meus conhecimentos.”
  • Primar, acima de tudo, pelo estudo da doutrina e a análise minuciosa e desapaixonada das comunicações mediúnicas.

Quanto aos problemas da sociedade terrena, os espiritistas temos de colaborar para o melhoramento do clima moral da sociedade como um todo, trazendo nossa modesta contribuição tentando ser cidadãos sensatos, educados e defensores dos valores morais.

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita