O Consolador: De
onde surgiu seu
interesse pela
temática sobre
crianças
hiperativas?
Esse meu
interesse surgiu
quando descobri
que minha filha
caçula não tinha
um comportamento
neurotípico.
Para conviver
com ela precisei
estudar muito,
conhecer seu
comportamento,
saber quem
realmente era
ela, para não
ignorá-la, nem
rotulá-la. Era
um desafio
buscar essa
descoberta, mas
eu sabia que era
um Espírito
muito querido
que retornava.
O Consolador:
Como foi a
descoberta da
hiperatividade
em sua própria
filha?
Alguns
especialistas
diziam que ela
era autista e
hiperativa.
Outros, que
tinha asperger,
uma forma leve
de autismo, e
outros não
conseguiam dar
um diagnóstico.
Isso me levou a
procurar grupos
de estudos
formados por
profissionais da
saúde e da
educação e por
pais, nos
Estados Unidos,
Inglaterra e
Espanha, onde os
estudos nessa
área estavam
mais adiantados.
Nessa época,
também fui
buscar
informações no
livro
Autismo, uma
visão espiritual,
do Hermínio
Miranda.
O Consolador: E
como ocorreu o
processo de
desenvolvimento
de métodos para
a educação da
menina?
Esse processo
partiu do
princípio de que
a escola
tradicional não
sabia lidar com
ela. Por
exemplo: ela só
foi falar aos
três anos e
meses depois
começou a ler
sozinha, de
forma compulsiva
e sem qualquer
orientação dos
adultos. Ela
sempre foi muito
independente.
Trazia um
conhecimento da
vida espiritual
muito grande,
falava de
reencarnação e
sempre teve um
sentimento de
justiça
aguçadíssimo.
Era desapegada
de coisas
materiais. E o
que complicava
ainda mais seus
relacionamentos
na escola era
que ela
procurava
argumentar isso
com a turma. Dá
para ter uma
idéia do que
isso
representava na
sala de aula?
Tinha uma
necessidade
muito grande de
aprender, mas a
escola não era o
seu lugar, como
ela mesma sempre
dizia. Por isso,
busquei
inspiração em
Pestalozzi para
educá-la em
casa, somando a
sua metodologia
com as
informações
atualizadas que
obtinha via
internet, com
esses grupos de
estudos.
O Consolador:
Por que resolveu
transformar sua
experiência em
livros e
palestras?
O acúmulo de
informações que
vinham das mais
variadas fontes,
todas com
credibilidade
comprovada, me
levaram a uma
reflexão muito
séria sobre a
necessidade de
compartilhar
aquilo tudo com
tantas mães
desesperadas por
não saberem o
que fazer com
seus filhos em
situações
semelhantes. Foi
quando criei o
Projeto FloreSer.
Um dos meus
incentivadores
nesse período
foi o próprio
Hermínio
Miranda, que em
uma
correspondência
me falava da
minha maior
conquista que
era resgatar a
minha filha e
também dizia
para continuar
com meu
trabalho. Ele
dava muita
importância para
a divulgação da
minha
experiência e
isso me levou a
incluir o tema
nas minhas
palestras,
quando também
comecei a ser
solicitada para
dar cursos e
seminários sobre
o assunto. A
repercussão foi
tanta que decidi
sintetizar parte
desses estudos
no livro
Crianças
Esquecidas,
com referências
pedagógicas e
fontes de
pesquisa para
quem precisa
lidar com essas
situações.
O Consolador:
Quais são seus
livros
publicados?
Meu primeiro
livro foi
Acordes do
Coração,
Editora Sirius,
1998. É um livro
autobiográfico
onde procuro
narrar alguns
episódios dessa
minha busca de
autoconhecimento,
em forma de
reflexões e
exercícios, a
partir do meu
dia-a-dia.
Diário da
Meditação,
Editora Sirius,
1999, veio em
seguida,
inspirado por
meu mentor que
me levou a
viagens
espirituais,
numa verdadeira
mensagem de paz
e harmonia e
como testemunho
de que não
estamos sós e
nem vivemos só
uma vez.
Crianças
Esquecidas,
Editora Sirius,
2007, como já
disse, faz parte
do Projeto
FloreSer. O
livro ajuda a
conviver com as
diferenças.
Nele, procurei
fazer uma
síntese do que
consegui e do
que existe de
mais avançado
nas pesquisas
sobre a mente
das crianças de
hoje. Isso,
junto com os
estudos e
ensinamentos
sobre as formas
de agir em casa
e na escola. É
um conjunto de
estudos
sintetizados que
têm na sua base
as referências
pedagógicas de
Kardec,
Pestalozzi e
outros
educadores com
visão
espiritualista.
O Consolador: Há
outras obras
inéditas? Quais
são?
Meu próximo
livro tem como
título
Pedagogia das
Diferenças e
deverá ser
lançado em
breve, pela
Mythos Editora.
É onde narro
minha
experiência e
meus passos,
como mãe que foi
se informar para
lidar com a
filha
superdotada e os
resultados dessa
vivência tão
rica e
gratificante que
transformou
minha vida.
Nesse livro
procuro mostrar
que qualquer
pessoa que se
dedique à
verdadeira
educação,
desprovida de
preconceitos e
velhas tradições
e com visão de
um mundo em
transformação,
pode conseguir
os mesmos
resultados.
O Consolador:
Nas palestras,
quais as
repercussões? Há
depoimentos de
outras mães?
Muitos. As
repercussões
podem ser
medidas
exatamente com
essa procura de
mães e
professores, em
todas as nossas
palestras e
cursos e nos
e-mails que
recebo
diariamente do
Brasil e do
exterior de
pessoas querendo
informações
sobre essas
questões e sobre
o nosso
trabalho. Sinto
claramente e de
forma cada vez
mais intensa que
na nossa
mensagem há uma
identificação
muito grande com
a ansiedade
dessas mães,
pais e avós que
não sabem como
lidar com essas
crianças. O mais
importante é que
ao darem seus
depoimentos
essas pessoas se
sentem
confortadas em
saber que existe
uma solução
diferente do
comportamento
tradicional. Na
verdade,
acredito que a
grande maioria
já sabia disso
antes de
conversar
comigo, mas não
tinha
conhecimento dos
mecanismos que
levam às
soluções que
estão acima das
posturas
ultrapassadas.
Essas mães sabem
que os velhos
métodos não
resolvem as
situações que
elas estão
enfrentando, mas
também não sabem
o que fazer. As
dificuldades
aumentam pelo
fato de não
serem
compreendidas
nessa tarefa,
justamente pela
mesmice, pela
uniformização
imposta pela
sociedade atual
que resiste, mas
que está sendo
transformada
pela nova
geração, já
citada
exaustivamente
na literatura
espírita,
inclusive pelo
próprio Kardec.
O Consolador: Em
sua visão, como
a Doutrina
Espírita orienta
esse processo
educativo?
Como já vinha
dizendo, estamos
vivendo num
mundo em
vertiginoso
processo de
transformação
que tem uma
ligação muito
estreita com o
que Kardec
chamou de nova
geração.
Precisamos
compreender
essas crianças
“diferentes” que
não são outras
senão aquelas
que Kardec já
anunciava, há
mais de 150 anos
e que viriam
para consolidar
essas mudanças
para um novo
mundo. Sem essas
informações fica
difícil
desenvolver um
sistema de
aprendizagem que
exige, acima de
tudo, uma visão
nova, despojada
dos valores
materialistas e
de sucesso a
todo custo, mas
que se preocupe,
principalmente,
com a qualidade
de vida dessas
crianças. A
Doutrina
Espírita é
fundamental,
como também são
imprescindíveis
os estudos e a
dedicação,
envolvendo toda
a família, em
torno desse
projeto
educacional. E
esse aprendizado
tem que ser
compartilhado.
Temos que fazer
aquilo que
Hermínio Miranda
me disse em um
de seus e-mails,
que é levar
essas
informações
àqueles que
ainda não fazem
essa leitura
espiritual
quando se
deparam com
essas síndromes.
Só assim, ainda
nos dizeres de
Hermínio,
estaremos
colaborando para
que um dia se
remova o véu que
a ciência
materialista não
tem como fazer.
O Consolador: As
idéias
defendidas são
provenientes de
pesquisas? De
que autores?
Na verdade já
são quase 15
anos que venho
estudando as
questões que
envolvem
educação
inclusiva,
dificuldades de
aprendizagem,
autismo,
asperger,
hiperatividade,
déficit de
atenção e altas
habilidades/superdotação.
É um trabalho
que exige
pesquisas e
comparações
sobre estudos e
obras de
diversos
autores, mas que
se soma aos
depoimentos de
mães e
professoras que
souberam lidar
com essas
crianças e que
vêm obtendo
sucesso nessa
área,
transferindo
essas
experiências
para outras
pessoas. É o que
fazemos no
Projeto FloreSer,
reconhecido por
autoridades no
assunto como o
professor
Russell Barkley,
pesquisador do
Departamento de
Psiquiatria da
Suny Upstate
Medical
University de
Nova Iorque,
autor de vários
livros sobre
TDAH e
considerado o
mais importante
pesquisador e
conferencista
internacional
nessa área.
Nosso projeto é
citado por
Barkley em seu
livro
“Transtorno de
Déficit de
Atenção/Hiperatividade
– TDAH”, da
editora Artmed,
como referência
no Brasil nessa
área.
Recentemente
tivemos nosso
trabalho
destacado pelo
editor do jornal
da Sociedade
Autística
Nacional do
Reino Unido que
nos convidou
para colaborar
com artigos
sobre o assunto.
Trata-se da
sociedade
fundada pela
psiquiatra Lorna
Wing, a maior
pesquisadora do
autismo no
mundo.
O Consolador: E
como lidar, no
Centro Espírita,
com essas
diferenças de
comportamento
entre as
crianças nas
aulas de
evangelização
infantil?
Como já
dissemos, a
educação nos
dias de hoje não
pode mais ser
aquela que
herdamos dos
nossos pais e
avós. A Doutrina
Espírita ensina
que educar é
muito mais do
que simplesmente
ensinar boas
maneiras e que
trabalhar as
diferenças
passou a ser
fundamental. Se
a própria
doutrina nos diz
isso, temos que
levar essa nova
visão para as
aulas de
evangelização
infantil, mesmo
porque é nessa
fase que a
criança começa a
despertar para
os valores da
vida. Assim,
elas vão
aprendendo desde
o início que as
pessoas não são
iguais e
precisam ser
vistas e
tratadas da
forma como elas
são, respeitando
suas
individualidades.
Convivendo com
as diferenças,
essas crianças,
“diferentes” ou
não, estarão se
preparando para
viver melhor
neste mundo em
transformação.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Gostaria de
falar um pouco
mais sobre o
nosso projeto. O
FloreSer é uma
organização sem
fins lucrativos.
Além de cursos e
palestras, temos
um trabalho de
atendimento a
pais e
educadores, onde
procuramos
fornecer
informações e
orientações que
permitem
identificar
essas síndromes
para ajudar na
educação e
formação dessas
crianças. Temos
um site e um
boletim diário
em português,
inglês e
espanhol,
distribuído no
Brasil e
exterior. Para
quem se
interessar nosso
endereço na web
é:
http://projetofloreser.blogspot.com/.