mantido pelo
Centro Espírita
Amor e Caridade,
assunto que ele
examina na
entrevista
abaixo.
O Consolador:
Como conheceu o
Espiritismo?
Entre meu
primeiro
contato, como
conheci e o
início na
doutrina, posso
apresentar três
situações
diferentes e
interessantes,
em que cada uma
merece uma
história à
parte. Para
simplificar,
direi que meu
primeiro contato
com o
Espiritismo foi
através da
leitura do livro
Ave Cristo,
por volta do ano
de 1970, quando
era ainda um
garoto. Conheci
a Doutrina
através de
alguns amigos
com os quais fui
convivendo ao
longo da vida e,
principalmente,
por minha esposa
Cristina que é
de origem
espírita. Mas
iniciei-me na
Doutrina no ano
de 1997, após
assistir a uma
palestra de um
dos expoentes do
Espiritismo no
Brasil e por
quem sempre tive
grande
consideração.
O Consolador: Já
que você falou
sobre o livro
Ave Cristo,
diga-nos quais
os livros
espíritas que
você mais
aprecia?
Sou
declaradamente
interessado e
apreciador das
obras básicas da
doutrina, bem
como da Revista
Espírita, na
qual Alan Kardec
relata a base
experimental que
o levou à
Codificação. Mas
também não abro
mão de alguns
romances. Se seu
intento é saber
as obras que
mais aprecio,
digo com
segurança que
são O Céu e o
Inferno e
Paulo e Estêvão.
O Consolador:
Você está como
coordenador de
educação
espírita
infantil do
Projeto
Girassol,
mantido pelo
Centro Espírita
Amor e Caridade
de Bauru.
Quantas crianças
estão
matriculadas
atualmente?
Atualmente,
contamos com 80
alunos
matriculados,
com idade entre
4 e 20 anos, que
frequentam as
aulas de
evangelização
todos os
domingos.
Infelizmente, a
falta de
voluntários não
nos permite
elevar esse
número.
O Consolador:
Conte-nos um
pouco como são
as atividades de
educação
espírita
infantil
desenvolvidas no
domingo com as
crianças do
Projeto
Girassol.
Os conteúdos são
norteados pela
Doutrina
Espírita,
basicamente O
Livro dos
Espíritos e
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
As atividades
desenvolvem-se
principalmente
levando-se em
conta a faixa
etária do grupo
de alunos. Por
exemplo: entre 4
e 7 anos são
voltadas ao
contato e
percepção
física,
atividades com
modelagem,
pintura, dentre
outras. Para 8 a
10 anos, são
voltadas à
percepção
abstrata.
Música, teatro,
estórias e
também pintura
entram no plano
de ensino. Os
pré-adolescentes
de 11 a 14 anos
têm um trabalho
forte com
atividades
físicas e
percepção de
equipes. Já a
Mocidade
desenvolve um
estudo sobre
Doutrina
Espírita e
aplicação diária
a si mesmo e à
comunidade. Por
isso, para os
jovens há
participação em
todas as
atividades,
inclusive
responsabilizando-se
pela co-condução
da educação, e
isso é muito
importante.
O Consolador:
Sabemos que o
número de
voluntários é
escasso. Como
vocês driblam
esta realidade?
Posso dizer que
temos uma equipe
atuante e com um
núcleo que não
se altera há
aproximadamente
10 anos. Isso
nos dá uma
sustentação em
termos de
qualidade e
continuidade. No
entanto, nossa
equipe já foi
maior. Hoje,
limitamos o
número de
evangelizandos
pela estrutura
de voluntários
de que dispomos.
Precisaríamos de
mais pessoas
para a atividade
evangelizadora.
Contudo, não é
fácil. Se por um
lado o
voluntário não
aparece
frequentemente,
por outro não
podemos abrir
mão dos
requisitos
mínimos para a
atividade.
Assim, com
experiência ou
sem experiência,
levamos em torno
de um ano para
formar um novo
membro
evangelizador.
Estamos
constantemente
solicitando
voluntários. É
um recurso
escasso.
Infelizmente,
muitos
companheiros que
frequentam a
Casa Espírita
são apenas
“frequentadores”.
O Consolador:
Quais os maiores
desafios
encontrados para
levar adiante a
ideia de
transmitir as
noções da
Doutrina
Espírita às
crianças que
vivem em um dos
bairros mais
carentes de
Bauru?
O maior desafio
está em quem
educa e não no
educando. A
Doutrina é de
fácil aceitação
desde que
vivenciada e
praticada e não
apenas pregada.
Por isso, se o
grupo
evangelizador
vivencia a
Doutrina
Espírita,
experienciando-a,
todas as suas
ações são
evangelizadoras
e captadas por
qualquer pessoa
que com ela
entre em
contato. Daí a
necessidade do
firme propósito
e uma conduta
espírita
verdadeira.
O Consolador:
Você tem notado
diferença no
comportamento de
algumas crianças
depois que
começaram a
participar da
educação
espírita
infantil do
projeto? Há
alguma história
ilustrativa para
compartilhar com
nossos leitores?
Sim! Sem dúvida.
Há várias
histórias, desde
aqueles que
deixaram
atividades
relacionadas ao
crime, quanto
aos que
compreenderam a
orfandade, por
exemplo. Seriam
casos
particulares que
não
nos convém tratar.
Mas as
principais
diferenças de
comportamento
que posso
garantir
ocorreram, foram
relativas a
minha própria
pessoa. A
educação
espírita é um
complexo
educativo que
identifica de
maneira bem
clara quem está
efetivamente
sendo
evangelizado: O
grupo todo,
crianças e
voluntários.
O Consolador:
E os jovens da
Mocidade
Espírita, você
pode nos dizer
como está o
conhecimento
doutrinário do
jovem? Ele tem
interesse em ler
e estudar as
obras básicas da
Doutrina
Espírita?
A exemplo do que
acontece com os
adultos, depende
da pessoa. É
impossível
determinar um
padrão. Acredito
que o grau de
conhecimento e o
interesse pelo
estudo estão
intimamente
relacionados com
as dores
pelas quais o
individuo passa
e seu
comprometimento
consigo próprio
em buscar "a
verdade". De
maneira geral,
posso dizer que
todos os jovens
com os quais
trabalhamos
entendem os
princípios
básicos da
doutrina.
Contudo, nem
todos estão
aptos a
parlamentar com
segurança sobre
eles, a exemplo
do que também
acontece
conosco. Mas
também não
podemos deixar
de mencionar que
há aqueles que
estudam e se
propõem ao
debate e, não
raro, nos trazem
grandes
aprendizados.
Mas você me
pergunta sobre o
interesse. E
devolvo a
pergunta: "O que
temos feito nós
para despertar o
interesse dos
jovens pela
doutrina?"
Muitas vezes,
por comodidade,
deixamos que
decidam por si
próprios quando
adultos. Ora,
eles decidem!
O Consolador:
Então, qual sua
sugestão para
que o movimento
espírita se
aproxime dos
jovens de modo a
fazê-los estudar
o Espiritismo?
Jovem quer ação
e emoção. A
geração pacata
que tudo aceita
e se predispõe a
escutar
caladamente,
morre conosco.
De onde esses
meninos vêm, já
está muito mais
evoluído que
nossa Terra! Não
tenhamos dúvida
de que o planeta
é um rascunho
mal feito do
mundo
espiritual. Os
jovens estão na
casa espírita
para trabalhar.
Eles buscam ação
e emoção. Creio
que nós que de
certa forma os
dirigimos,
precisamos estar
atentos e de
coração aberto
para oferecer
esse espaço a
quem de direito.
E cuidar,
talvez, dos
caminhos a
seguir, porque
no ímpeto o
jovem pode se
tornar mais
vulnerável que
os mais antigos.
Mas isso não é
regra. Para
finalizar, uma
frase que gosto
de repetir
quando me dizem
que a juventude
está perdida.
"Não! A
juventude está
salva!"
O Consolador:
Você é professor
universitário e
sua formação
está intimamente
ligado à
educação. O que
isso agrega em
suas atividades
pertinentes à
doutrina?
A metodologia de
ensino e a
didática
certamente são
instrumentos
importantíssimos
nas atividades
que desenvolvo
perante a casa
espírita, uma
vez que são
atividades
basicamente
voltadas aos
estudos
doutrinários.
Porém o
principal valor
agregado é
exatamente o
oposto: o que a
Doutrina
Espírita agrega
nas minhas
atividades como
professor
universitário.
Esse tem sido o
maior benefício.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Educar a si
mesmo, ensinar
pelo exemplo e
acreditar que o
mundo melhora a
cada dia.
Sejamos
responsáveis no
nosso papel de
co-autores da
obra divina.