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Ano 3 - N° 112 – 21 de Junho de 2009

 


As religiões ditas cristãs
e suas contradições


Tem causado alvoroço, especialmente nos Estados Unidos, a série de obras com que o professor Bart D. Ehrman vem questionando a autenticidade da Bíblia e sua origem supostamente sagrada.

Bart Ehrman reside na cidade de Chapel Hill, nos Estados Unidos, onde leciona e chefia o Departamento de Religião da Universidade da Carolina do Norte. Criado na Igreja Protestante, que professou durante grande parte de sua vida, ele deixou de formar nas fileiras do Cristianismo para tornar-se agnóstico, fato que explicou recentemente em entrevista à revista Época nos seguintes termos: “... deixei a cristandade não por conta dos meus estudos históricos sobre a Bíblia, mas por não conseguir mais acreditar que poderia haver um deus no comando deste mundo cheio de dor e sofrimento”.

Em 2007, em discurso na Universidade de Stanford, ele reportou-se às inconsistências textuais do Novo Testamento. No ano seguinte, publicou o livro O Problema com Deus: As respostas que a Bíblia não dá ao sofrimento. Este ano lançou a obra Jesus, Interrupted , ainda sem tradução em nosso idioma, na qual revela as contradições existentes na Bíblia, as quais, no seu entendimento, provam que esse livro não foi enviado por Deus à Humanidade, como pensam e dizem católicos e protestantes.

Para Ehrman, é possível destacar no Novo Testamento duas contradições.

A primeira: O apóstolo Paulo diz que a pessoa chega a Deus apenas pela fé, e não pelo que faz. No capítulo 24 de Mateus, no entanto, lemos que as boas ações levam ao reino dos céus. “Essas duas visões – diz ele – são excludentes em um assunto determinante, que é a salvação.”

A segunda: Há no livro visões diferentes sobre quem era Jesus. No evangelho de João, Jesus é Deus, mas nos textos atribuídos a Marcos, Mateus e Lucas não há nada sobre isso. No evangelho de Mateus fica claro que ele acredita que Jesus é um ser humano, e que é o Messias. “A Igreja – observa Ehrman – acabou juntando essas duas visões, de que ele é humano e divino, e criou um conceito que não está escrito nem em João e nem em Mateus.” (Leia sobre a obra e o pensamento de Bart Ehrman a reportagem especial que integra a presente edição.)

Percebe-se, à vista de tais ideias, como faz falta à compreensão da vida e dos textos bíblicos o conhecimento da Doutrina Espírita.

Em 1864, na introdução de seu livro O Evangelho segundo o Espiritismo, o Codificador do Espiritismo escreveu: “Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral só são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido. Essa chave está completa no Espiritismo, como já o puderam reconhecer os que o têm estudado seriamente e como todos, mais tarde, ainda melhor o reconhecerão. O Espiritismo se nos depara por toda a parte na antiguidade e nas diferentes épocas da Humanidade. Por toda a parte se lhe descobrem os vestígios: nos escritos, nas crenças e nos monumentos. Essa a razão por que, ao mesmo tempo que rasga horizontes novos para o futuro, projeta luz não menos viva sobre os mistérios do passado”.

Negando a lei da reencarnação e ignorando o mecanismo da lei de causa e efeito, as religiões que se dizem representantes do pensamento cristão não oferecem aos seus adeptos meios para compreensão do que é a vida e de quais são os verdadeiros objetivos de nossa passagem pela Terra, com o que fica realmente difícil entender por que a dor e o sofrimento imperam no globo em que vivemos.

As questões levantadas pelo escritor americano já foram, no entanto, examinadas e equacionadas por Kardec há mais de 150 anos, e admira que notícias disso não tenham chegado ao conhecimento de pessoas como Bart Ehrman, a quem a chave do conhecimento espírita faria, indiscutivelmente, imenso bem.

 


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