A prática da mediunidade requer do médium comportamento digno
1. Em qualquer trabalho ao qual se pretenda imprimir seriedade é preciso estabelecer um método, com regras definidas, para se alcançar o objetivo visado. No caso da mediunidade, e em particular do desenvolvimento mediúnico, esta realidade mostra-se ainda mais marcante.
2. A atividade mediúnica, por constituir um elo entre o plano material e o plano espiritual, envolve uma série de fatores diretamente ligados ao médium, ao seu comportamento e às suas condições físicas, mentais e espirituais, a reclamarem sensibilidade, acuidade, conhecimento e experiência do medianeiro, indispensáveis ao bom êxito do empreendimento.
3. Além disso, como a atividade mediúnica à luz da Doutrina Espírita está sempre ligada a uma atitude moral elevada, exige-se do aspirante à prática da mediunidade um comportamento moral compatível com a natureza do trabalho a que se propõe.
4. Afirma Kardec que o desejo natural de todo aspirante a médium é poder confabular com os Espíritos das pessoas que lhe são caras, ignorando que a comunicação com determinado Espírito apresenta muitas vezes dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante. Convém, por isso, que no começo ninguém se obstine em chamar determinado Espírito, pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem mais facilmente.
No intercâmbio mediúnico, a sintonia de sentimentos e pensamentos é essencial
5. Do que foi dito, conclui-se que só terão êxito na atividade mediúnica as pessoas que se submeterem a uma severa e perseverante disciplina, o que deverá ser buscado desde os primeiros contatos com a mediunidade e nos métodos aplicados nas reuniões de estudo e educação mediúnica. Outro ponto importante a destacar é este: Todo médium que deseje não ser joguete da mentira deve procurar as reuniões sérias e aceitar agradecido, e mesmo solicitar, o exame crítico das comunicações que receba.
6. Em seu livro “No Invisível” Léon Denis menciona algumas regras básicas que devem nortear as reuniões mediúnicas. Em primeiro lugar, ensina Denis, os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores probabilidades de êxito, porque no intercâmbio mediúnico é essencial que exista sintonia de sentimentos e pensamentos entre os encarnados e os desencarnados que participam das reuniões. Obviamente, a sintonia é mais fácil de alcançar, sobretudo em nível elevado, com um número menor de participantes, que ele sugere entre 12 e 14 pessoas.
7. A renovação frequente da assistência compromete ou pelo menos faz que demorem os resultados, porque não é difícil entender que em uma reunião em que os frequentadores se alteram com muita frequência não são criadas as condições básicas para que a sintonia se faça e haja homogeneidade e clima de confiança entre os participantes, inexistindo, por conseguinte, ambiente propício à segura manifestação mediúnica.
8. Outro ponto destacado por Léon Denis diz respeito ao local e ao horário das reuniões. Convém que o grupo se reúna em dias e horários fixos e no mesmo lugar. Essa é, para o notável escritor francês, uma regra básica de organização e de método, decorrente do fato de que o trabalho mediúnico é uma atividade permanente e não temporária, que exige definição prévia do local e do horário para que haja, por parte do plano espiritual, a preparação necessária ao êxito do trabalho.
O candidato a médium deve desenvolver um trabalho de interesse coletivo
9. A perseverança é outro atributo fundamental a uma equipe mediúnica destacado por Léon Denis. Evidentemente, aborrece muitas vezes passar longo tempo na expectativa infrutífera dos fenômenos. Entendamos, porém, que uma ação insensível, lenta e progressiva realiza-se no curso das sessões, porque a concentração das forças necessárias não se efetua senão depois de repetidos esforços em tentativas e ensaios. No ministério do intercâmbio com os sofredores desencarnados, a nossa concentração não deve objetivar uma realização estática, inoperante, sem o resultado ativo do socorro aos que respiram conosco a psicosfera ambiente. O médium trabalha intensamente no curso das reuniões e não apenas quando transmite uma comunicação.
10. A direção do grupo mediúnico deve ser confiada a uma pessoa digna e que inspire simpatia e confiança. A tarefa de dirigir um grupo exige qualidades raras, extensos conhecimentos e, sobretudo, longa prática no intercâmbio com o mundo invisível. O dirigente da reunião mediúnica deve rejeitar sempre a condição simultânea de dirigente e médium psicofônico, por não poder atender, desse modo, de forma condigna, a um e a outro encargo. Deve observar com rigor o horário das reuniões, evitando realizar sessões mediúnicas inopinadamente, por simples curiosidade ou para atender a solicitação sem objetivo justo.
11. O candidato ao desenvolvimento mediúnico deve frequentar inicialmente, por certo tempo, as reuniões de estudo doutrinário e as de assistência espiritual, também conhecidas pelo nome de reuniões públicas doutrinárias. Quando portador de processo obsessivo, deverá frequentar, preliminarmente, as mencionadas reuniões, além de submeter-se ao tratamento desobsessivo realizado pelo Centro Espírita.
12. Concluindo, devemos todos ter em mente que os que procuram trabalhar no campo da mediunidade precisam ter o propósito de desenvolver um trabalho de interesse coletivo, não exclusivamente pessoal. Para tanto, devem procurar a sintonia com os Espíritos superiores, em busca da inspiração e do fortalecimento de seus bons propósitos, cultivando as virtudes que atraem os bons Espíritos e evitando fazer tudo o que possa afastá-los.
Respostas às questões propostas
1. Que fatores diretamente ligados ao médium são indispensáveis à atividade mediúnica elevada?
R.: Sensibilidade, acuidade, conhecimento e experiência. Além disso, como a atividade mediúnica à luz da Doutrina Espírita está sempre ligada a uma atitude moral elevada, exige-se do aspirante à prática da mediunidade um comportamento moral compatível com a natureza do trabalho a que se propõe.
2. Que posição deve ter o médium com relação às comunicações que receba?
R.: Se não quiser tornar-se joguete da mentira, o médium deve aceitar agradecido, e mesmo solicitar, o exame crítico das comunicações que receba.
3. Por que Léon Denis sugere que sejam integrados por poucas pessoas os grupos dedicados à prática mediúnica?
R.: A razão é que os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que reúnem as maiores probabilidades de êxito, visto que no intercâmbio mediúnico é essencial que exista sintonia de sentimentos e pensamentos entre os encarnados e os desencarnados que participam das reuniões. Obviamente, a sintonia é mais fácil de alcançar, sobretudo em nível elevado, com um número menor de participantes.
4. As atividades mediúnicas regulares devem ter local e horário fixos?
R.: Sim. Convém que o grupo se reúna em dias e horários fixos e no mesmo lugar, porque o trabalho mediúnico é uma atividade permanente e não temporária, que exige definição prévia do local e do horário para que haja, por parte do plano espiritual, a preparação necessária ao êxito do trabalho.
5. Além dos cuidados inerentes à educação da mediunidade, que propósito devem ter os candidatos à tarefa mediúnica?
R.: Eles devem ter o propósito de desenvolver um trabalho de interesse coletivo, não exclusivamente pessoal. Para tanto, devem procurar a sintonia com os Espíritos superiores, em busca da inspiração e do fortalecimento de seus bons propósitos, cultivando as virtudes que atraem os bons Espíritos e evitando fazer tudo o que possa afastá-los.
Bibliografia:
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, itens 238, 239 e 329.
O Livro dos Espíritos,de Allan Kardec, Introdução, item 8.
No Invisível, de Léon Denis, págs. 89, 101, 110 e 111.
Intercâmbio Mediúnico, de João Cléofas (Espírito), psicografado por Divaldo P. Franco, pág. 74.
Conduta Espírita, de André Luiz, psicografado por Waldo Vieira, págs. 19 a 22.
Orientação ao Centro Espírita, opúsculo editado pelo Conselho Federativo Nacional, págs. 30 a 33.
O Evangelho segundo Mateus, capítulo 24, versículo 13.