A
PSICOGRAFIA DO
MÉDIUM DIVALDO
FRANCO
(5)
A temática e o
estilo nas obras
do médium
|
Prosseguindo na
análise temática
e estilística
dos livros do
médium Divaldo
Franco (foto), agora
vamos nos ocupar
de outros
Autores
Espirituais.
O Espírito
Manoel Vianna de
Carvalho
(1874‑1926),
nascido em Icó/Ceará,
foi engenheiro
militar,
bacharel em
matemática,
ciências
físicas,
destacando‑se
como um dos
maiores tribunos
do Espiritismo
de seu tempo,
inspirando a
fundação de
vários Núcleos
Espíritas em
diversos Estados
do Brasil. Tendo
abraçado o ideal
espírita desde
os 17 anos, foi
|
também polemista
e um grande
incentivador da
evangelização
infantil e de
jovens, além de
ter igualmente
trabalhado
precocemente
pela causa da
unificação dos
espíritas
brasileiros. Ele
ditou quatro
livros por
Divaldo,
utilizando uma
temática
totalmente
diferente dos
outros Autores
Espirituais,
valendo-se de
inúmeras
citações
históricas,
científicas e
filosóficas de
muita erudição,
expondo seu
pensamento com
reflexões e
linguagem
próprias,
completamente
diferentes dos
outros Autores
Espirituais já
vistos: |
Quando a
filosofia altera
sua estrutura
com Hegel, Marx
e Engels,
estabelecendo a
desnecessidade
da alma para a
interpretação da
vida e a
compreensão do
Universo; no
momento em que
Florens e Cuvier
declaram nunca
haver encontrado
a alma nas
centenas de
cadáveres que
dissecaram; no
instante em que
Broussais,
Bouillaud
zombaram da alma
imortal e
Moleschot,
Büchner e Karl
Vogt afirmam que
o espírito é uma
exsudação
cerebral, surge
Allan Kardec com
a força
demolidora da
lógica e da
razão,
apoiando-se na
linguagem
insuperável dos
fatos, para
afirmar a
Causalidade do
Universo, a
preexistência da
alma ao corpo e
a sua
sobrevivência ao
túmulo,
apresentando uma
ciência ímpar,
resultado de
laborioso
trabalho de
investigação
fundamentada na
experiência e
que resistirá ao
pessimismo, à
perseguição e ao
descrédito.
(Vianna
de Carvalho -
Reflexões
Espíritas,
LEAL/BA, pág.
12.)
Filosofia e
ciência são,
como se vê, os
temas utilizados
pelo Espírito
Vianna de
Carvalho.
Já o Espírito
Joanna de
Ângelis, o Guia
Espiritual do
médium Divaldo
Franco, ditou a
ele mais de
cinquenta
livros, dos
quais cerca de
quinze compõem
uma série
psicológica.
Nessa série
psicológica este
Espírito
discorre com
propriedade a
abordagem ligada
à história da
Psicologia, numa
linguagem
própria e com
várias citações
históricas e
acadêmicas.
Muitos desses
livros são
verdadeiros
Ensaios
Psicológicos e
várias vezes,
pessoalmente,
ouvimos
estudantes de
Psicologia, de
várias cidades
brasileiras,
informando ao
médium Divaldo
que eles estavam
estudando esses
referidos livros
do Espírito
Joanna de
Ângelis na
Faculdade e que
eram
considerados de
extrema
atualidade.
A última
encarnação
conhecida do
Espírito Joanna
de Ângelis
ocorreu em
Salvador/BA,
como Joana
Angélica de
Jesus
(1761‑1822),
religiosa que
auxiliava moças
desamparadas,
desencarnando no
Convento da Lapa
por resistir
pacífica e
heroicamente à
invasão de
tropas
contrárias à
independência do
Brasil.
Joanna de
Ângelis foi uma
das santas
mulheres
que
auxiliavam o
Mestre
Outra encarnação
sua conhecida
ocorreu no
México, como
Sóror Juana Inés
de la Cruz
(1651‑1695),
nascida na
aldeia de San
Miguel Nepantla,
quando aprendeu
a ler aos três
anos. Foi
religiosa,
teóloga, poetisa
e poliglota,
considerada uma
das maiores
intelectuais de
seu tempo,
desencarnando
vítima de uma
peste, contraída
em razão da
assistência que
prestava às
doentes
contaminadas. O
Espírito Joanna
de Ângelis teve
também uma
encarnação
conhecida em
Assis/Itália, no
século XIII,
ocasião em que
teve próximo
contato com
Francisco de
Assis e as
clarissas,
juntamente com
as quais
assistia os
leprosos. Outra
encarnação que
se conhece do
Espírito Joanna
de Ângelis
ocorreu à época
em que viveu
Jesus, quando
ela foi
Joana, a
esposa de Cusa,
despenseiro de
Herodes Ântipas.
Joana foi uma
das santas
mulheres que
auxiliavam o
Mestre, sendo
citada pelo
evangelista
Lucas (8,3 e 24,
10) e descrita
pelo Espírito
Humberto de
Campos, na obra
Boa Nova
(cap. 15),
psicografada por
Chico Xavier.
Joana de Cusa
foi martirizada
no ano 68, por
ser cristã.
Consideremos
alguns trechos
de um de seus
livros só para
dar ao leitor
uma ideia do seu
conteúdo:
O psicólogo
americano
pragmatista,
William James,
classificou os
biótipos humanos
em espíritos
fracos e
fortes,
enquanto Ernesto
Krestchmer,
psiquiatra
alemão,
considerou as
personalidades
de acordo com a
compleição do
indivíduo em
pícnico, ou
pessoa redonda;
atlético, ou
pessoa quadrada;
e o astênico,
pessoa delgada.
Face a tal
conclusão,
afirmou que há
espíritos
esquizoides e
ciclotímicos,
enquanto Carlos
Jung os
considerou
introvertidos e
extrovertidos.
Em todos há uma
ânsia comum: os
fracos
fortalecerem-se,
os
ciclotímicos
harmonizarem-se
e os
introvertidos
exteriorizarem-se.
As psicoterapias
são aplicadas
conforme as
revelações do
inconsciente,
arrancando dos
arquivos do
psiquismo os
fatores que
geraram os
traumas e
determinaram os
conflitos,
interpretando as
ocorrências dos
sonhos nos
estados oníricos
e as liberações
catársicas nas
demoradas
análises.
Somente a
sondagem
cuidadosa dos
arcanos do ser
pretérito enseja
o encontro das
causas passadas,
geradoras dos
problemas
atuais. Uma
análise
transpessoal
libera-o dos
tabus,
inclusive, da
visão distorcida
da realidade,
que deixa de ser
a exclusiva
expressão
terrena, para
transportá-la
para a vida
imortal,
precedente ao
corpo e a ele
sobrevivente,
demonstrando que
o êxito, o
triunfo, o
fracasso, o
insucesso, não
se apresentam
conforme a
proposta social
imediatista,
porém outra mais
significativa e
poderosa.
(Joanna
de Ângelis - O
Ser Consciente,
LEAL/BA, 1ª ed.,
pág. 53.)
O vocabulário e
a temática
utilizados pelo
Espírito Joanna
de Ângelis
nesses livros
são específicos
da ciência
psicológica e já
ensejaram
Seminários e
Congressos
espíritas em
vários Estados
do Brasil e até
mesmo no
exterior, o que
representa, sem
dúvida, uma nova
fase da
literatura
mediúnica, na
qual a
Espiritualidade
passa a atuar
mais diretamente
na realidade
humana.
Fenômeno de
bixenoglossia em
texto de Victor
Hugo
psicografado por
Divaldo
Continuando o
estudo
literário/mediúnico,
é necessário
fazer um
comentário
acerca do
notável poeta,
romancista,
dramaturgo,
político,
jornalista e
orador francês
Victor Hugo,
nascido em 1802
e desencarnado
em 1885,
considerado como
um dos maiores e
mais fecundos
escritores de
todos os tempos.
Desde 1993 está
sendo feita uma
gigantesca
pesquisa sobre
este escritor
francês (com
base nas suas
obras
completas),
comparando-se
suas
características
literárias com
as constantes em
todas as obras
psicografadas
pelo médium
Divaldo Franco.
Divaldo
psicografou oito
obras atribuídas
a esse Espírito.
Foram anotadas
milhares de
características
em comum entre o
escritor Victor
Hugo e o
Espírito Victor
Hugo (metáforas,
hipérboles,
anticreses,
antíteses,
neologismos,
vocabulário, cor
local - isto é,
a ambientação -,
citações em
latim, em
espanhol, em
inglês, o
grotesco, o
burlesco,
onomástico,
peculiaridades
linguísticas,
método enfático,
citações
geográficas,
históricas,
mitologia etc.).
Os resultados
desta exaustiva
comparação
literária já se
vislumbram.
As obras do
Espírito Victor
Hugo por
intermédio de
Divaldo são
romances, isto
é, algo
totalmente
diferente dos
livros poéticos,
de contos,
teológicos, de
crônicas, de
narrações
evangélicas,
familiares e
outros, como
também muito
diverso são o
estilo e a
temática do
Espírito Victor
Hugo, totalmente
distintos dos
estilos e
temáticas dos
outros Autores
Espirituais.
Victor Hugo foi
um latinista
porque ainda na
puberdade ele já
tinha um
conhecimento que
superava o de
seu professor de
latim, e, jovem
ainda, Victor
Hugo já fazia
traduções dos
clássicos
latinos. Nas
obras
psicografadas
por Divaldo
também se
encontram
dezenas de
citações
latinas.
Citaremos só
uma, pois ela
tem o agravante
de que nela se
observa o
fenômeno da
bixenoglossia
(dois casos
simultâneos de
xenoglossia),
pois ao mesmo
tempo em que a
citação foi
escrita em latim
o foi igualmente
em italiano:
- Cor magis tibi
Sena pandit (Siena
t’apre un cuore
più di questa
porta) (Siena te
abre o coração
mais que a sua
porta).
(Párias
de Libertação,
Victor Hugo,
Livro Primeiro,
6, pág. 81.)
Faremos mais
duas citações
(dentre milhares
anotadas), onde
o burlesco (isto
é, satírico) se
mistura com o
metafórico:
Como encarnado,
em Os
Miseráveis,
um dos
principais e
mais famosos
romances do
escritor Victor
Hugo,
encontramos:
- Na presença de
Jeová ele
subiria pulando
com os pés
juntos os
degraus do
Paraíso.
(Os Miseráveis,
Victor Hugo,
Terceira Parte,
Livro Primeiro,
Cap. IX, vol. 3,
pág. 296.)
- Se alguém
conseguisse
sobreviver a um
tiro de canhão
recebido em
pleno peito, não
teria expressão
diferente da de
Fauchelevent
naquele
instante.
(Os Miseráveis,
Victor Hugo,
Segunda Parte,
Livro Oitavo,
Cap. V, vol. 3,
pág. 216.)
Está demonstrado
que o conteúdo
da obra
mediúnica de
Divaldo Franco é
enciclopédico
Observa-se
claramente o
burlesco (o
satírico),
permeado com a
linguagem
metafórica. Nas
obras
psicografadas
por Divaldo
ditadas pelo
Espírito Victor
Hugo,
encontra-se essa
mesma
característica
(o burlesco
metafórico):
- e eu era
também um
cadáver que
respirava.
(Sublime
Expiação, Victor
Hugo, Livro
Primeiro, 6,
pág. 94.)
- Seria o mesmo
que pedir à leoa
faminta que
cuidasse dos
filhotes
recém-nascidos
da gazela.
(Quedas e
Ascensão, Victor
Hugo, Segunda
Parte, 4, pág.
129.)
Podemos lembrar
ainda a
característica
de Victor Hugo
descrever
minuciosamente
os personagens,
material e
psicologicamente,
seu vestuário,
sempre se
valendo das
metáforas:
Em O Corcunda
de Notre Dame,
outra de suas
mais conhecidas
obras, temos:
- estava de pé,
na sombra,
imóvel como
estátua, um
homem vigoroso e
membrudo, de
arnês de guerra
e casaca
brasonada e cujo
rosto quadrado,
fendido por dois
olhos à flor,
rasgado por
enorme boca,
escondendo as
orelhas sob dois
largos anteparos
de cabelos
chatos, sem
testa, tinha
simultaneamente
o que quer que
fosse de cão e
do tigre.
(Notre Dame de
Paris, Victor
Hugo, Segunda
Parte, Livro
Décimo, Cap. V,
vol. 9, pág.
343.)
Nas obras
psicografadas
por Divaldo
ditadas pelo
Espírito Victor
Hugo encontra-se
igualmente esta
mesma
característica
descritiva:
- As calças
muito justas,
presas nas meias
altas que se
fixam com beleza
e a faixa na
cintura, muito
bem ajustada
sobre a camisa
normalmente em
rendas finas e
trabalhadas, são
completadas com
o jaleco
enfeitado e
folgado nas
mangas, para
facilitar a
movimentação do
toureador. O
cabelo preso,
terminado em
delicado rabo de
cavalo curto e
preso, dão ao
conquistador da
arena um porte
elegante, que
impressiona a
massa adoradora.
O sapato
escarpin, bem
ajustado aos
pés, é
complemento
indispensável
para a corrida,
próprio para
facultar a
rápida
movimentação do
verdadeiro passo
de balé.
Complementado
pelo gorro que
raramente vai
posto na cabeça,
o herói está
preparado para a
batalha.
(Quedas e
Ascensão, Victor
Hugo, Primeira
Parte, 2, pág.
40.)
Entrar no
universo hugoano
precisaria ser
algo exclusivo,
para estudar
literariamente
este grande
escritor, agora
em Espírito, ele
que já escreveu
oito romances
pelo médium
Divaldo Franco.
Mas este
trabalho que
está sendo feito
terá sua
oportuna
publicidade e
acreditamos que,
com as citações
feitas, já se
pode ter disso
uma pequeníssima
ideia.
Em um próximo
artigo
continuaremos a
enfocar as
diferenças
temáticas e
estilísticas de
alguns Autores
Espirituais que
ditaram livros
por intermédio
do médium
Divaldo, desta
vez de Autores
Espirituais que
foram
contemplados com
o Prêmio Nobel
de Literatura.
Está,
acreditamos,
perfeitamente
demonstrado que
o conteúdo da
obra mediúnica
de Divaldo
Franco é –
repetimos –
enciclopédico
e incompatível
com a sua
formação
intelectual, ele
que nem o
ginásio cursou.
|
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Para
expressar
sua
opinião
a
respeito
desta
matéria,
preencha
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envie
o
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abaixo. |
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