O caso do czar Alexandre
Kardec fez, na
Revista
Espírita de 1866,
pp. 167 a
171,
interessantes
observações a
propósito de uma
tentativa de
assassinato de
que fora vítima
o czar Alexandre
da Rússia
(foto). No
momento do
atentado, um
jovem camponês
chamado Joseph
Kommissaroff
interveio,
evitando que o
crime fosse
consumado.
Eis o que Kardec
escreveu sobre o
assunto:
1) Muitos
atribuirão ao
acaso o
surgimento do
jovem camponês
na cena do
crime. O acaso,
porém, não
existe. Como a
hora do czar não
havia
|
|
chegado, o moço
foi escolhido
para impedir a
realização do
crime, pois as
coisas que
parecem efeito
do acaso estavam
combinadas para
levar ao
resultado
esperado.
|
2) Os homens são os
instrumentos
inconscientes dos
desígnios da Providência
e é por eles que ela os
realiza, sem haver
necessidade de recorrer
para tanto a prodígios.
3) Se o jovem
Kommissaroff tivesse
resistido ao impulso
recebido dos Espíritos,
estes se valeriam de
outros meios para
frustrar o crime e
preservar a vida do
czar.
4) Uma mosca poderia
picar a mão do assassino
e desviá-la do seu
objetivo; uma corrente
fluídica dirigida sobre
seus olhos poderia
ofuscá-lo e assim por
diante. Mas, se tivesse
soado a hora fatal para
o imperador russo, nada
poderia preservá-lo.
Levado o caso a uma
sessão espírita
realizada na casa de uma
família russa residente
em Paris, o Espírito de
Moki, por meio do Sr.
Desliens, explicou que
mesmo na existência do
mais ínfimo dos seres
nada é deixado ao acaso.
Os principais
acontecimentos de sua
vida são determinados
por sua provação; os
detalhes, influenciados
por seu livre-arbítrio.
Mas o conjunto da
situação foi previsto e
combinado
antecipadamente por ele
e por aqueles que Deus
predispôs à sua guarda.
A escolha das provas
O livre-arbítrio quando
estamos na erraticidade,
ou seja, antes do
processo reencarnatório,
consiste na escolha do
gênero de existência e
da natureza das provas,
dois itens fundamentais
na chamada programação
reencarnatória tão em
voga em nossos dias e
que a doutrina espírita
esmiúça nas questões
258, 262 e 872 d’
O Livro dos Espíritos.
Duas únicas exceções à
tese da escolha são
referidas pelos
Espíritos Superiores. A
primeira, quando o
Espírito em sua origem
não tem experiência
suficiente para
exercê-la. A segunda,
quando, por sua
inferioridade ou
má-vontade, não está
apto a compreender o que
lhe é mais profícuo.
Deus pode, então,
impor-lhe uma existência
sem ouvi-lo, mas o Pai
sabe esperar e não
precipita jamais a
expiação.
Confirmando o ensino
contido na obra
fundamental da doutrina
espírita, Kardec
consignou na
Revista Espírita de 1866,
pp. 182 a 188, as
informações que se
seguem:
1) Ao deixar a Terra,
conforme as faculdades
ali adquiridas, os
Espíritos buscam o meio
que lhes é próprio, a
menos que, não podendo
estar desprendidos,
estejam na noite, nada
vendo nem ouvindo.
2) Quando se prepara
para reencarnar, o
Espírito submete suas
ideias às decisões do
grupo a que pertence. O
grupo discute o assunto,
pesquisa, aconselha.
3) O Espírito pode,
então, aconselhado,
esclarecido,
fortificado, seguir, se
quiser, seu caminho,
ciente de que terá na
jornada terrena uma
multidão de Espíritos
invisíveis que não o
perderão de vista e o
assistirão.
4) Cada pessoa tem no
mundo uma missão a
cumprir. Seja em grande
escala, seja em escala
menor, Deus pedirá a
todos contas do óbolo
que lhes foi entregue.
5) Nesse sentido, o
dever dos espíritas é
muito grande, porque o
dom que lhes foi
concedido é um dos
soberanos dons de Deus.
Sem se envaidecer por
isto, devem os espíritas
fazer todos os esforços
para merecê-lo.
6) Que ninguém reserve
apenas para si esse
talento, mas que o
ofereça a todos os
irmãos, trabalhando na
seara espírita, sob a
assistência dos Bons
Espíritos, a qual jamais
lhe faltará.
7) Instruir os
ignorantes, assistir os
fracos, ter compaixão
dos aflitos, defender os
inocentes, lamentar os
que estão no erro,
perdoar aos inimigos –
eis as virtudes que
devem crescer em
abundância no caminho do
verdadeiro espírita.
O planejamento da
reencarnação
|
A planificação
para a
reencarnação é
quase infinita e
obedece a
critérios que
decorrem das
conquistas
morais ou dos
prejuízos
ocasionais de
cada candidato.
Na generalidade,
assevera Manoel
P. de Miranda em
Temas da
Vida e da Morte,
existem
estabelecidos
automatismos que
funcionam sem
maiores
preocupações por
parte dos
técnicos em
renascimento, e
pelos quais a
grande maioria
dos Espíritos
retorna à carne,
assinalados
pelas próprias
injunções
evolutivas.
|
Ao lado desse
automatismo das leis da
reencarnação, há
programas e labores
especializados para
atendimento de
finalidades específicas.
Os candidatos em nível
médio de evolução, antes
de serem encaminhados às
experiências terrenas,
requerem a oportunidade,
empenhando nisso os
melhores propósitos e
apresentando os recursos
que esperam utilizar, a
fim de granjear a bênção
do recomeço, na bendita
escola humana.
Examinados por hábeis e
dedicados programadores,
que recorrem a técnicas
especiais de avaliação
das possibilidades
apresentadas, são eles
submetidos a demorados
treinamentos, de acordo
com o serviço a
empreender, com vistas
ao bem-estar da
Humanidade, após o que
são selecionados os
melhores, o que reduz a
margem de insucesso. Os
que não são aceitos,
voltam a cursos de
especialização para
outras atividades,
especialmente de
equilíbrio, com que se
armam de forças para
vencer as más
inclinações defluentes
das existências
anteriores que se
malograram, bem como
para a aquisição de
valiosas habilidades que
lhes repontarão,
futuramente, no corpo
como tendências e
aptidões.
De acordo com a ficha
pessoal do candidato, é
feita,
concomitantemente,
pesquisa sobre aqueles
que lhe podem oferecer
guarida, dentro dos
mapas cármicos,
providenciando-se
necessários encontros ou
reencontros na esfera
dos sonhos, ou
diretamente, quando for
um plano elaborado com
antecedência, no qual os
membros do futuro clã
convivem, primeiro, na
erraticidade, de onde
partem já com a família
adredemente
estabelecida.
A influência da lei de
causa e efeito
O direito de programar a
própria reencarnação nos
é conferido por uma lei:
a que concede aos seres
humanos o
livre-arbítrio, a
liberdade de escolha e
de conduta, que Kardec
estuda minuciosamente em
suas obras. O
livre-arbítrio sofre,
porém, limitações por
força de uma outra lei:
a lei de causa e efeito,
segundo a qual cada um
de nós recebe da vida o
que dá à vida, visto que
a semeadura é livre, mas
a colheita é
obrigatória.
Vê-se, pois, que o
comportamento do homem
afeta de maneira
rigorosa a programação
de sua vida. São de duas
classes – adverte Manoel
P. de Miranda em
Temas da Vida e da Morte
– as causas que
influem na existência
humana: as próximas,
ocasionadas na
encarnação presente em
que a pessoa se
movimenta, e as
remotas, que
procedem das ações
pretéritas.
As causas próximas,
situadas na presente
existência, geram novos
compromissos que, se
negativos, podem ser
atenuados de imediato
por meio de atitudes
opostas, e, se
positivos, ampliados na
sua aplicação. O
tabagismo, o alcoolismo,
a toxicomania, a
sexolatria, a glutoneria,
entre outros fatores
dissolventes e
destrutivos, são de
livre opção, não
incursos no processo
educativo de ninguém.
Aquele que se vincula a
qualquer deles
padecer-lhe-á,
inexoravelmente, o
efeito prejudicial.
O tabagismo responde por
cânceres de várias
procedências, na língua,
na boca, na laringe, e
por inúmeras afecções e
enfermidades
respiratórias,
destacando-se o terrível
enfisema pulmonar. O
alcoolismo é gerador de
distúrbios orgânicos e
psíquicos de inomináveis
consequências, gerando
desgraças que de
forma nenhuma deveriam
suceder. É ele o
desencadeador da
loucura, da depressão ou
da agressividade, na
área psíquica, sendo o
responsável por
distúrbios gástricos,
renais e,
principalmente, pela
irreversível cirrose
hepática.
O livre-arbítrio no
estado de encarnado
Feita a programação
reencarnatória no estado
de erraticidade, o
livre-arbítrio consiste,
depois que estamos
encarnados, na faculdade
que temos de ceder ou
resistir aos
arrastamentos, às
tentações e às
influências a que somos
voluntariamente
submetidos. Muitos
cedem, poucos resistem.
É nisso que o papel da
educação e o período da
infância são
fundamentais ao ser
humano, como Kardec
adverte no item 872 d’
O Livro dos
Espíritos.
Estamos, pois, em nossa
existência corpórea,
sujeitos a mudanças, por
força do livre-arbítrio
que Deus nos outorgou.
Muitos matrimônios
precipitados nascem
disso, porque uma pessoa
pode perfeitamente
envolver-se com outra
pessoa, fora da sua
programação
reencarnatória, podendo
daí até mesmo nascer
filhos. O fato não
significa que os filhos
venham por acaso.
Significa apenas que os
protetores e amigos
espirituais aproveitam
toda oportunidade, mesmo
as equivocadas, para
semear o bem. O filho
que nasce de uma ligação
dessa natureza possui,
evidentemente, ligações
com um dos pais.
Os matrimônios
precipitados geralmente
têm vida muito curta. A
razão é simples: se nos
programados existe toda
uma equipe de mentores e
amigos do casal ajudando
para que as coisas deem
certo, nos outros nem
sempre isso ocorre.
Existem ainda os casos
de reprogramação, em
que, para atender a uma
emergência, pode ser
dado novo rumo à
história de uma pessoa.
Exemplos disso,
inúmeros, encontramos
nas obras de André Luiz.
Um dos casos é quando o
esposo se suicida,
deixando mulher e filhos
sem o arrimo necessário
ao cumprimento de suas
tarefas. Um segundo
matrimônio na vida dessa
mulher pode
perfeitamente ser
estabelecido, com a
ajuda dos protetores
espirituais. Eis aí uma
hipótese até comum de
reprogramação da
existência corpórea.
A experiência de Otávio
O
exemplo
seguinte,
extraído
do cap.
7 do
livro
Os
Mensageiros,
obra de
André
Luiz
psicografada
por
Francisco
Cândido
Xavier,
mostra o
que pode
acontecer
na vida
de uma
pessoa
que se
rebela
ante o
programa
traçado.
É o que
ocorreu
com
Otávio,
cuja
existência
foi de
absoluto
fracasso.
Após
contrair
dívidas
enormes
em outro
tempo,
Otávio
havia
sido
recolhido
por
irmãos
dedicados
de
"Nosso
Lar",
que se
revelaram
incansáveis
para
com
ele.
Preparou-se, |
|
|
então, durante
trinta anos
consecutivos,
para voltar à
Terra em tarefa
mediúnica,
desejoso de
saldar suas
contas e
elevar-se na
senda da
perfeição. O
Ministério da
Comunicação
favoreceu-o com
todas as
facilidades e,
sobretudo, seis
entidades amigas
movimentaram os
maiores recursos
em benefício do
seu êxito.
|
O matrimônio não estava
nas suas cogitações; seu
caso particular assim o
exigia. Não obstante
solteiro, deveria
receber aos vinte anos
os seis amigos que muito
trabalharam por ele em
"Nosso Lar", que
chegariam ao seu círculo
como órfãos. No início,
ele enfrentaria
dificuldades crescentes;
depois viriam socorros
materiais, à medida que
fosse testemunhando
renúncia,
desprendimento,
desinteresse por
remuneração.
Aos treze anos de idade,
Otávio ficou órfão de
mãe, espírita desde a
juventude, e aos quinze
começaram os primeiros
chamados da esfera
superior. O pai casou-se
segunda vez e, apesar da
bondade e cooperação que
a madrasta lhe oferecia,
Otávio colocou-se num
plano de falsa
superioridade em relação
a ela, passando a viver
revoltado, entre queixas
e lamentações
descabidas.
Levado a um grupo
espírita de excelente
orientação evangélica,
faltavam-lhe as
qualidades de
trabalhador e
companheiro fiel. Nutria
desconfiança com relação
aos orientadores
espirituais e revelava
acentuado pendor para a
crítica dos atos
alheios. E tanto
duvidou, que os apelos
espirituais foram
levados à conta de
alucinações. Um médico
lhe aconselhou
experiências sexuais e,
aos dezenove anos,
Otávio entregou-se
desenfreadamente ao
abuso do sexo, fato que
o afastou gradativamente
do dever espiritual.
O pai desencarnou quando
ele contava pouco mais
de vinte anos. Dois anos
depois, a madrasta foi
recolhida a um
leprosário, deixando na
orfandade seis crianças,
que Otávio abandonou
definitivamente, sem
imaginar que lançava
seus credores generosos
de "Nosso Lar" a um
destino incerto. Mais
tarde, casou-se e
recebeu como filho uma
entidade monstruosa
ligada a sua mulher,
criatura de condição
muito inferior à sua.
Seu lar passou a ser um
tormento constante até
que desencarnou, mal
tendo completado 40
anos, roído pela
sífilis, pelo álcool e
pelos desgostos, sem
nada haver feito de útil
para o seu futuro
eterno.
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