Sob qualquer forma, a obsessão exige tratamento difícil
1. O problema da obsessão, sob qualquer aspecto, envolve obsessor e obsidiado. Quase sempre, evocações do passado estabelecem ligação entre o desencarnado e o encarnado. A influência que este último recebe é sutil no início, mas aos poucos o envolvimento cerebral se acentua, até atingir um estágio de verdadeira vampirização, em que obsessor e obsidiado se completam.
2. As causas da obsessão localizam-se, portanto, em processos morais lamentáveis, em que o perseguidor e a vítima se deixaram envolver no pretérito. Reencontrando-se agora e imantados pela lei da Justiça Divina, iniciam-se as trocas mentais, muitas vezes já na vida intrauterina, intercâmbio vibratório esse que se acentua a partir do nascimento, durante a nova encarnação do obsidiado.
3. Sob qualquer forma, desde a mais simples até a subjugação, a obsessão exige tratamento difícil, porque ambos, obsessor e obsidiado, são enfermos do espírito.
4. Na intensificação do processo obsessivo justapõe-se sutilmente, cérebro a cérebro, mente a mente, a vontade dominante sobre a vontade que se deixa dominar, órgão a órgão, através do corpo espiritual. A cada concessão feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença do hóspede, que se transforma em parasita insidioso, estabelecendo, muitas vezes, a simbiose através da qual o poder da vontade dominadora consegue apagar a lucidez do dominado.
Em toda a obsessão, o encarnado conduz em si os fatores predisponentes
5. Em toda a obsessão, o encarnado conduz em si mesmo os fatores predisponentes – os débitos morais a resgatar – que permitem o processo. Encontrando em sua vítima os condicionamentos, a predisposição e as defesas desguarnecidas, disso tudo se vale o obsessor para instalar sua onda mental na mente da pessoa visada.
6. A interferência dá-se por processo semelhante ao que acontece no rádio, quando uma emissora clandestina passa a utilizar determinada frequência operada por outra, prejudicando-lhe a transmissão. O perseguidor age com persistência para que se estabeleça a sintonia mental, enviando seus pensamentos numa repetição constante, hipnótica, à mente da vítima que, invigilante, os assimila, deixando-se dominar pelas ideias intrusas.
7. Na obsessão, ensina Kardec, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o perispírito do encarnado, ficando este constrangido a proceder contra a sua vontade.
8. Perante os obsessores, é imperioso que se cultive a oração com carinho e devotamento. O encarnado tem necessidade da comunhão com Deus por meio da prece, tanto quanto o corpo físico necessita de ar puro para conservar a saúde. Na Terra, somos o que pensamos e permutamos vibrações que se harmonizam com outras vibrações afins. É indispensável, pois, cultivar bons pensamentos a fim de neutralizar as influências negativas dos que nos cercam na experiência diária. No exercício da oração habituamo-nos também a meditar sobre as inadiáveis necessidades de libertação e progresso.
No tratamento da obsessão, é preciso que o obsidiado se ajude
9. Ante os seres perturbadores do mundo espiritual, é preciso cultivar a bondade, abrindo o coração ao perdão e à indulgência, de modo a alcançar fraternidade e compreensão. É necessário, ainda, renovar a disposição íntima para que, ao conversarmos com esses seres de mente em desalinho, por meio do pensamento ou da palavra, saibamos compreendê-los e ajudá-los com amor e humildade.
10. O trabalho incansável pelo bem comum, inspirado no ensino trazido pelos Espíritos superiores, conserva-nos a mente e o coração em Jesus, sintonizados com as esferas mais altas, onde sorveremos as forças para vencer as agressões de que podemos ser vítimas. Orando e ajudando, conservaremos a nossa paz.
11. Quando solicitado a auxiliar um obsidiado, não nos deve faltar paciência e compreensão, bem como a caridade da boa palavra e do passe. É imperioso, entretanto, contribuir para o seu próprio esclarecimento, insistindo para que ele próprio se ajude.
12. Ele deve entender que, com o seu progresso, contribuirá para o aprimoramento do outro ser que, ligado a ele por imposição da Justiça Divina, tem necessidade de evoluir também.
Respostas às questões propostas
1. Onde se localizam as causas da obsessão?
R.: As causas da obsessão localizam-se nos processos morais lamentáveis em que o perseguidor e a vítima se deixaram envolver no pretérito.
2. Por que a obsessão, de ordinário, exige tratamento difícil?
R.: Na obsessão o tratamento é difícil porque obsessor e obsidiado são, ambos, enfermos do espírito.
3. Quais são os fatores predisponentes da obsessão?
R.: Os fatores predisponentes são os débitos morais a resgatar. Encontrando em sua vítima os condicionamentos, a predisposição e as defesas desguarnecidas, disso tudo se vale o obsessor para instalar sua onda mental na mente da pessoa visada.
4. Que atitude é preciso tomar no trato com os obsessores?
R.: Ante esses seres é preciso cultivar a bondade, abrindo o coração ao perdão e à indulgência, de modo a alcançar fraternidade e compreensão. É necessário, ainda, renovar a disposição íntima para que, ao conversarmos com eles por meio do pensamento ou da palavra, saibamos compreendê-los e ajudá-los com amor e humildade.
5. A participação do obsidiado é importante no tratamento da obsessão?
R.: Sim. É preciso que ele próprio se ajude e entenda que, com o seu progresso, contribuirá para o aprimoramento do outro ser que, ligado a ele por imposição da Justiça Divina, tem necessidade de evoluir também.
Bibliografia:
A Gênese, de Allan Kardec, cap. XIV, itens 45 a 49.
Nos Bastidores da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo P. Franco, pp. 31, 38 e 41.
Obsessão/Desobsessão, de Suely Caldas Schubert, pp. 50, 61 e 69.