Na mesma linha
de raciocínio,
Jesus – a maior
referência que
temos em termos
de amor, pureza
e grandeza –
também afirmou
que não veio
destruir a lei,
mas dar-lhe
cumprimento.
Como afirma
Kardec, esse
dar-lhe
cumprimento
quer dizer
desenvolvê-la,
dar-lhe seu
verdadeiro
sentido e
apropriá-la ao
grau de
adiantamento dos
homens (1).
Não é preciso
dar exemplo,
pois a vida e os
atos morais e
ensinos de Jesus
são muito
claros.
Todavia, o que
se percebe é que
vultos da
grandeza de
Madre Teresa,
Chico Xavier ou
Irmã Dulce
seguem pelo
mesmo caminho.
(2)
São Espíritos
maduros,
conscientes,
experimentados
e
|
|
Chico
Xavier |
|
essencialmente
exemplificadores
da Lei de Amor,
que outra não é
senão a da
caridade. A
mesma caridade –
que, diga-se,
está muito além
da esmola e mais
nos
relacionamentos
– que inspirou
Vicente de
Paulo, Francisco
de Assis e
outros
expressivos ou
anônimos nomes
que viveram e
vivem suas vidas
no sentido de
aliviar,
beneficiar,
amparar e
atender às
necessidades de
seus irmãos de
caminhada. |
|
O desprendimento
desses vultos, a
obediência a que
se submetem, a
humildade – e ao
mesmo tempo
firmeza – e
resignação, que
demonstram e
vivem, falam
mais que mil
palavras do
sentido e
consciência
íntimas já
adquiridas no
objetivo de
vivenciarem o
amor. Afinal,
quando indagado
sobre o maior
mandamento da
Lei, a resposta
do Mestre da
Humanidade
fo i clara:
“Amareis o
|
Senhor vosso
Deus de todo o
vosso coração,
de toda a vossa
alma e todo o
vosso espírito;
é o maior e o
primeiro
mandamento. E
eis o segundo,
que é semelhante
àquele: amareis
vosso próximo
como a vós
mesmos. Toda a
lei e os
profetas estão
contidos nesses
dois mandamentos”,
conforme anotou
Mateus. |
Jesus é o
inspirador dos
que dignificam
nossa
condição
humana
Por outro lado,
a síntese da Lei
de Amor,
expressa no
“Fazei aos
homens tudo o
que quereis que
eles vos façam,
porque é a lei e
os profetas”, na
anotação de
Mateus, e no
“Tratai todos os
homens da mesma
forma que
quereríeis que
eles vos
tratassem”, no
registro de
Lucas,
igualmente
seguem no mesmo
sentido desse
amor, atenção e
cuidados para
com o próximo,
sem esquecer que
o mesmo proceder
deve ser
aplicado a nós
mesmos, o que
não é vaidade,
mas expressão
também de amor,
uma vez que
devemos da mesma
forma nos
respeitar e
amar.
Tais
considerações
nos levam de
volta aos
exemplos citados
no início do
presente
capítulo. Que
motivações
levaram Irmã
Dulce e Madre
Teresa a agir
como agiram? Que
força é essa que
as movimentavam
em favor dos
pobres e
desvalidos,
esquecidos,
enfermos e
abandonados? Da
mesma forma,
Chico Xavier –
inspirador no
Brasil das
iniciativas em
favor dos pobres
– granjeou
respeito
nacional.
Esses exemplos,
entre tantos
outros que podem
ser citados –
inclusive os
anônimos –
seguem no mesmo
sentido: atender
às necessidades,
buscar aquele
que sofre para
amenizar-lhes as
dificuldades,
estender o olhar
compassivo da
compaixão,
oferecer a mão
amiga, a palavra
estimuladora e
de carinho e,
essencialmente,
amar, como
recomenda a Lei
Divina e ensinou
o Mestre da
Humanidade.
Aliás, vale
dizer, Jesus é o
Supremo
Inspirador
desses nobres
vultos que
dignificam nossa
condição
humana.
As extensas
filas de pessoas
que buscam sopa
em diferentes
instituições –
de variadas
denominações
religiosas no
Brasil –, que se
acumulam para
receberem a
cesta de Natal,
que buscam os
bazares de
roupas usadas e
doadas, que
necessitam do
socorro médico e
odontológico
gratuito, que se
beneficiam dos
cursos
profissionalizantes
igualmente
gratuitos, ou
ainda do corte
de cabelo, entre
outras ações
voluntárias, de
diferentes
iniciativas,
vêm-nos dizer
dessa força
solidária,
inspirada pelo
amor, que move
tanta gente em
toda a parte.
Aqui falamos do
Brasil, mas não
é outra a força
que move a Cruz
Vermelha
Internacional,
entre tantas
outras ONGs
espalhadas pelo
planeta.
A solidariedade,
inspirada do
amor, move-se...
O amor é, aliás,
o responsável
pelas Santas
Casas de
Misericórdia,
Casas São
Vicente de
Paulo, asilos,
orfanatos,
creches, APAEs,
entre tantas
iniciativas, em
suas origens,
ainda que
sujeitas à
burocracia,
exigências e
necessidades de
nosso tempo. É o
amor, esse
agente eficaz
capaz de superar
obstáculos e
inspirar tais
ações. É que a
solidariedade,
inspirada do
amor,
move-se...
Por isso, o
Espírito Lázaro
(3)
enfatiza: “(...)
A Lei de Amor
substitui a
personalidade
pela fusão dos
seres e aniquila
as misérias
sociais. (...)”.
Ora, esse
aniquilar das
misérias sociais
(convido o
leitor a ampliar
o significado da
expressão
miséria social,
que, óbvio, não
se resume à fome
ou à miséria
material) é
justamente a
iniciativa, ou
as iniciativas,
de amenizar as
dificuldades
alheias. E os
vultos citados
no presente
capítulo foram
mestres em nos
ensinar como
fazê-lo,
exemplificando,
especialmente
através do
desprendimento e
da compaixão,
esse ir ao
encontro das
dificuldades
alheias.
No capítulo XI
de O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
item 9, o
Espírito Fénelon
também afirma:
“(...) para
praticar a lei
de amor, tal
como Deus a
entende, é
preciso que
chegueis,
progressivamente,
a amar todos os
vossos irmãos,
indistintamente
(...) Deus o
quer, e a lei de
amor é o
primeiro e o
mais importante
preceito de
vossa nova
doutrina, porque
é a que deverá,
um dia, matar o
egoísmo, sob
qualquer forma
que ele se
apresente
(...)”.
Na elaboração da
presente
abordagem é
preciso um
esforço enorme
para resistir ao
desejo de fazer
outras
transcrições,
tamanha a
monumental
beleza do
capítulo XI do
citado livro que
Kardec intitulou
Amar o
próximo como a
si mesmo.
As considerações
do Codificador e
as mensagens
selecionadas e
incluídas no
subtítulo
Instruções dos
Espíritos
fazem do
capítulo um
precioso
documento para
bem entendermos
essa notável Lei
do Amor.
Interessante
porque no mesmo
capítulo há
abordagens
também sobre a
caridade para
com os
criminosos que
se ampliam no
capítulo
seguinte, o
número XII,
intitulado
Amai os Vossos
Inimigos,
igualmente com
valiosas
considerações e
mensagens sobre
vingança, ódio e
ainda os
inimigos
desencarnados.
É que o amor não
se esgota!
Por isso não é
por acaso que o
capítulo XIII,
na sequência,
aborda Os
infortúnios
ocultos,
O óbolo da
viúva, A
caridade
material e a
caridade moral,
A Beneficência
e A Piedade,
entre outros
subtítulos.
Note-se que tudo
segue no sentido
da caridade,
tudo para nos
ensinar que
precisamos
respeitar,
entender e
auxiliar o
próximo, apesar
de seus
equívocos e
dificuldades,
mesmo porque
todos nós
igualmente
necessitamos de
tudo isso.
Fora da caridade
não há salvação
Kardec usou esse
título para o
capítulo XV da
terceira obra da
Codificação do
Espiritismo, já
referida no
presente
capítulo.
Abrindo o
capítulo com a
conhecida
Parábola do Bom
Samaritano, o
Codificador
afirma em suas
considerações
iniciais, no
item 3, que
“Toda a moral de
Jesus se resume
na caridade e na
humildade, quer
dizer, nas duas
virtudes
contrárias ao
egoísmo e ao
orgulho. (...)”.
Da mesma forma
utilizou-se da
1ª Epístola aos
Coríntios, cap.
XIII, v. de 1 a
7 e 13, de
Paulo,
justamente
abordando a
caridade, que,
segundo o
Apóstolo, “(...)
é paciente; é
doce e
benfazeja; a
caridade não é
invejosa; não é
temerária e
precipitada; não
se enche de
orgulho; não é
desdenhosa; não
procura seus
próprios
interesses; não
se melindra e
não se irrita
com nada; não
suspeita mal;
não se regozija
com a injustiça,
mas se regozija
com a verdade;
tudo suporta,
tudo crê, tudo
espera, tudo
sofre (...)”.
Allan Kardec
faz-nos, então,
refletir
seriamente sobre
a virtude
excelente da
caridade, em
considerações
oportuníssimas
que o leitor
encontra no item
8 do citado
capítulo XV e
premia o
estudioso com a
mensagem ditada
pelo próprio
Paulo em 1860,
justamente com o
título Fora
da Caridade não
há salvação,
autêntica
bandeira do
Espiritismo.
Na referida
mensagem, que
encerra o
capítulo, que
devemos
constantemente
ler, reler,
divulgar e
estudar, lemos o
seguinte:
“(...) Nada
exprime melhor o
pensamento de
Jesus, nada
resume melhor os
deveres do
homem, do que
esta máxima de
ordem divina: o
Espiritismo não
podia provar
melhor a sua
origem do que
dando-a por
regra, porque
ela é o reflexo
do mais puro
Cristianismo;
com um tal guia
o homem não se
perderá jamais.
Aplicai-vos,
pois, meus
amigos, em
compreender-lhe
o sentido
profundo e as
consequências, e
em procurar, por
vós mesmos,
todas as suas
aplicações.
Submetei todas
as vossas ações
ao controle da
caridade, e
vossa
consciência vos
responderá; não
somente ela vos
evitará fazer o
mal, mas vos
levará a fazer o
bem: porque não
basta uma
virtude
negativa, é
preciso uma
virtude ativa;
para fazer o bem
é preciso sempre
a ação da
vontade; para
não fazer o mal
basta,
frequentemente,
a inércia e
negligência
(...)”.
O incomparável
Sermão da
Montanha
Não poderia
concluir o
capítulo sem
referir-me ao
incomparável
Sermão da
Montanha.
Tamanha é sua
expressão, de
orientação e
conforto, que
ele não pode ser
esquecido. Ao
contrário, deve
e precisa ser
estudado para
estar conosco
nas lutas
internas e
externas de
nosso caminho
evolutivo. Pois
que diretamente
ligado à
caridade,
inclusive para
conosco mesmo,
precisa aqui ser
lembrado com
ênfase, ainda
que
rapidamente.
Muitas obras
foram escritas e
inspiradas pelo
seu valioso
conteúdo, de
autores
encarnados e
desencarnados.
Desejamos,
todavia, sugerir
aos leitores o
conhecimento de
algumas obras
específicas,
muito valiosas
por si só no
entendimento
desse conforto
expresso no
inesquecível
Sermão da
Montanha:
-
O Segredo
das
Bem-Aventuranças,
de José
Lázaro
Boberg,
Editora EME.
Uma obra
notável, de
quase 400
páginas,
dividida em
sete partes
e que
fornece
substancioso
estudo ao
leitor. Não
deixe de
conhecer;
-
A Voz do
Monte,
de Richard
Simonetti,
Editora FEB.
O conhecido
e lúcido
autor, com
sua
costumeira
didática,
oferece
valioso
estudo,
destacando
trechos do
texto
original;
-
Jerônimo
Mendonça e
Chico
Xavier: A
fórmula da
felicidade,
Editora
Mythos. De
autoria de
Jamiro dos
Santos
Filho, a
obra compara
o Sermão da
Montanha
como a única
Fórmula da
Felicidade,
revelada por
Chico a
Jerônimo;
-
Diversos
livros da
consagrada
autora Therezinha
Oliveira, de
Campinas. A
fecunda
autora tem
vários
livros
publicados
sobre
estudos do
Evangelho.
Sugerimos
pesquisa por
nome de
autor, por
tratar-se de
estudiosa
muito
dedicada e
com ótimos
trabalhos
publicados
pela Editora
CEAK.
Notas:
(1)
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
capítulo I, item
3.
(2)
Os exemplos de
Madre Teresa,
Chico Xavier e
Irmã Dulce
oferecem
material vasto
para estudos e
reflexões em
torno dessa
virtude
extraordinária,
que é a
caridade, fruto,
sem dúvida, da
Lei de Amor,
estabelecida
pelo Criador e
apresentada à
Humanidade por
Jesus de Nazaré,
o modelo e guia
de todos nós.
(3)
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
capítulo XI,
item 8.
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