A moral de Jesus resume-se na caridade e na humildade
1. No dizer de Cairbar Schutel, Jesus foi o maior revolucionário que apareceu no mundo. Espírito incomparável em sabedoria e em virtudes, foi Ele escolhido por Deus para trazer a lei da reforma social à Terra a fim de que possam imperar no lar, na sociedade e nas nações os preceitos de amor recíproco em plena atividade para a evolução da Humanidade. A revolução cristã, segundo Cairbar, “é a execração do ódio e a proclamação do amor; é a bandeira da fraternidade universal, flutuando na Inteligência, sob a paternidade de Deus”.
2. Os princípios essenciais da doutrina cristã acham-se claramente enunciados no Evangelho. Para Jesus, toda a religião, toda a filosofia, numa só palavra, consistem no amor. Sob a suave e meiga palavra do Cristo, impregnada toda ela do sentimento da natureza, sua doutrina se reveste de um encanto irresistível e penetrante. Saturada de terna solicitude pelos fracos e pelos deserdados, glorifica a pobreza e a simplicidade e ensina que a riqueza é um estorvo capaz de impedir os voos da alma e retê-la longe do reino de Deus. A renúncia, a humildade, ao contrário, desatam esses laços e facilitam a ascensão da criatura humana para a luz.
3. A doutrina evangélica atravessou os séculos como a expressão máxima do espiritualismo, o supremo remédio para os males terrestres, a consolação das almas aflitas na travessia da vida, semeada de tantas lágrimas e angústias. A Boa Nova ressuma esperança, pois é a história do homem angustiado que suplica e, na medida em que pede, recebe a resposta de Jesus em forma de socorro lenificador incessante, como uma dádiva de Deus para a libertação do ser.
4. Kardec ensina que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Com efeito, em todos os seus ensinos, o Mestre aponta a caridade e a humildade como sendo as virtudes que conduzirão o homem à eterna felicidade, ao mesmo tempo em que não se cansa de combater o orgulho e o egoísmo.
Jesus indica a caridade como condição absoluta da felicidade futura
5. No tocante à caridade, é bom que se frise, Jesus não se limitou a recomendá-la, mas a colocou claramente e em termos explícitos como a condição absoluta da felicidade futura, do que se conclui que sendo caridosos e humildes estaremos vivenciando o Cristianismo no seu sentido mais amplo, que é a prática da lei do amor.
6. A caridade, como bem sabemos, não se restringe à esmola ou à beneficência, porque ela deve abranger todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais ou nossos superiores. Como explicaram os Espíritos superiores, a caridade, tal como a entendia Jesus, significa benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas:
· Benevolência com todos porque somos todos irmãos e é assim que nosso Pai deseja que nos tratemos.
· Indulgência para com os outros porque, como nós ainda cometemos muitos erros, precisamos também da indulgência alheia.
· Perdão das ofensas porque a atitude contrária ao perdão faz mal àquele que não consegue perdoar.
7. Embora Jesus recorresse quase sempre ao recurso das parábolas, porque nem todos possuíam evolução espiritual necessária para apreender as verdades evangélicas em toda a sua profundidade, o Mestre não deixou dúvida alguma sobre a necessidade da caridade e do amor ao próximo como condições para o ingresso da criatura humana no chamado Reino dos céus.
8. Lembremos, a propósito disso, os ensinamentos que se seguem:
· “Nem todos os que dizem: Senhor, Senhor! entrarão no reino dos céus; mas sim os que fazem a vontade do meu Pai que está nos céus.” (Mateus, 7:21.)
· “Assim, todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática, será semelhante a um homem ajuizado, que constrói sua casa sobre a rocha. Cai a chuva, correm as enxurradas, sopram os ventos que se lançam contra essa casa. Mas ela não desaba, porque está construída sobre a rocha.” (Mateus, 7:24-25.)
· “Portanto, tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei o mesmo também vós a eles: nisso está a Lei e os Profetas.” (Mateus, 7:12.)
· “Então, o rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era estrangeiro e me acolhestes. Estava nu e me vestistes, doente e me visitastes, na prisão e me viestes ver.” (Mateus, 25:34-36.)
O Sermão da Montanha contém a síntese dos ensinos morais do Cristo
9. Não podemos, por fim, deixar de mencionar o Sermão da Montanha, que o evangelista Mateus registrou nos capítulos 5, 6 e 7 do seu evangelho, no qual Jesus compôs, com a simplicidade da sabedoria autêntica e com a profundidade da verdade revelada, uma síntese das leis morais que regem a evolução humana.
10. No Sermão da Montanha deparamo-nos com cinco temas principais:
· o espírito que deve animar os filhos do Reino
· o espírito com que devem eles cumprir as leis e as práticas do judaísmo
· o desprendimento das riquezas
· as relações com o próximo
· a necessidade de entrar no Reino por uma decisão corajosa que se traduza em atos.
11. Gandhi, o inesquecível líder hindu, afirmou certa vez que o Sermão da Montanha é a mais bela página da Humanidade e que por si só preservaria os patrimônios espirituais humanos, ainda que se perdessem os livros sagrados de todas as religiões.
Respostas às questões propostas
1. Quais são as virtudes que, segundo Kardec, resumem a moral ensinada por Jesus?
Kardec ensina que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho.
2. Que importância tem para nós a prática da caridade, segundo os ensinamentos de Jesus?
Jesus não se limitou a recomendar a prática da caridade, mas a colocou claramente e em termos explícitos como a condição absoluta da felicidade futura, do que se conclui que sendo caridosos e humildes estaremos vivenciando o Cristianismo no seu sentido mais amplo, que é a prática da lei do amor.
3. A caridade não se restringe à esmola. Qual é o conceito de caridade na visão dos Espíritos superiores?
Conforme explicação dada pelos Espíritos superiores, a caridade, tal como a entendia Jesus, significa benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
4. Mencione alguma passagem evangélica em que o amor ao próximo e a caridade estejam claramente mencionados por Jesus.
Eis três conhecidas passagens do Evangelho que tratam de forma explícita do assunto referido: 1) “Assim, todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática, será semelhante a um homem ajuizado, que constrói sua casa sobre a rocha. Cai a chuva, correm as enxurradas, sopram os ventos que se lançam contra essa casa. Mas ela não desaba, porque está construída sobre a rocha.” (Mateus, 7:24-25). 2) “Portanto, tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei o mesmo também vós a eles: nisso está a Lei e os Profetas.” (Mateus, 7:12). 3) “Então, o rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era estrangeiro e me acolhestes. Estava nu e me vestistes, doente e me visitastes, na prisão e me viestes ver.” (Mateus, 25:34-36)
5. Que contém o Sermão da Montanha e em qual evangelho ele é apresentado em sua totalidade?
No Sermão da Montanha, que contém uma síntese dos ensinos de Jesus, deparamo-nos com cinco temas principais: o espírito que deve animar os filhos do Reino; o espírito com que devem eles cumprir as leis e as práticas do judaísmo; o desprendimento das riquezas; as relações com o próximo; a necessidade de entrar no Reino por uma decisão corajosa que se traduza em atos. O Sermão está contido por inteiro nos cap. 5 a 7 do Evangelho de Mateus.
Bibliografia:
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulos I e XV.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 886 a 889.
A Bíblia de Jerusalém, publicada por Edições Paulinas.
Cristianismo e Espiritismo, de Léon Denis, pp. 37 a 46.
Pontos e Contos, de Irmão X, psicografado por Francisco Cândido Xavier, p. 21.
O Espírito do Cristianismo, de Cairbar Schutel, pp. 125 a 127.
A Voz do Monte, de Richard Simonetti, p. 12.
Em Torno do Mestre, de Vinícius, p. 229.
Luz do Mundo, de Amélia Rodrigues, psicografado por Divaldo P. Franco, p. 14.