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Ano 3 - N° 140 - 10 de Janeiro de 2010

 


De mil passará, mas a 2000 não chegará...


Assunto que vez por outra é tema das produções do cinema, o chamado final dos tempos assustou muita gente às vésperas do ano 2000, tal como teria acontecido, segundo alguns historiadores, por ocasião do ano 1000, fato que deu origem a uma conhecida frase: “De mil passará, mas a 2000 não chegará”.

Naquela ocasião, o resultado da crença no fim do mundo foi um desastre. Ninguém mais quis trabalhar nem estudar; não se começava nenhuma obra nova; as classes abastadas cuidavam de aproveitar a vida, de gozar o mais possível, já que em pouco tempo nada mais existiria...

Chegou, porém, o ano 1000 e nada aconteceu. O Sol continuou a brilhar todos os dias, as estações chegaram a seu tempo e o desapontamento de alguns, ao lado da alegria de muitos, foi marcante. Os indivíduos interessados na perpetuação da crença no fim do mundo arranjaram logo uma desculpa: houvera erro de contagem e o fim do mundo seria no ano seguinte. Passou-se mais esse ano e nada sucedeu. Apareceram então outras pessoas, iludidas ou interesseiras, que declararam que a data de mil anos deveria ser contada a partir da morte de Jesus e não do seu nascimento – e todo mundo teve de esperar mais 33 anos. O tempo correu, vieram os 33 anos de espera, e nada! A Terra continuava a girar como sempre, viva como nunca, apesar das explicações dos sábios da teologia. A profecia do Milênio acabou, por fim, desacreditada, desmoralizada mesmo, e os homens voltaram ao ritmo normal da vida.

Não existe em nenhum lugar dos chamados livros sagrados qualquer alusão à data de extinção de nosso mundo. Tudo o que se fala por aí, em nome das diversas religiões, é mais ou menos a repetição da profecia a que aludimos. Como o mundo não se findou no ano 1000, quem sabe não se findaria no ano 2000? Mas o que existe sobre o assunto não passa de mera hipótese.

Com efeito, conforme o evangelista Marcos, Jesus afirmara, a respeito desse dia ou dessa hora, que “ninguém sabe quando há de ser, nem os anjos do céu, nem o filho, mas só o Pai” (Marcos, 13:32). Assim, caso vá ocorrer um dia a extinção deste planeta, só Deus sabe se isso se dará e quando.

Existe, ademais, outro aspecto a considerar no tocante ao chamado final dos tempos. Segundo as anotações de Mateus, após a descrição das dores, das tristezas e do quadro de desolação geral que se abaterá sobre o planeta, Jesus declarou: “Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e porque abundará a iniqüidade, a caridade de muitos esfriará; mas aquele que perseverar até o fim será salvo. E este Evangelho do reino será pregado em toda a Terra, para servir de testemunho a todas as nações. É então que o fim chegará”  (Mateus, 24:11-14).

Tais palavras significam que o fim do mundo virá quando o Evangelho for pregado em toda a parte. Ora, não tem lógica supor que Deus destruirá a Terra justamente quando ela estiver ingressando no caminho de sua restauração moral pela prática dos ensinamentos evangélicos. E mais: nada há nas palavras do Cristo que sugira a destruição física do planeta, fato que, em tais condições, não se justificaria.

Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, dá à profecia um outro sentido, acorde com os ensinos dos Espíritos superiores acerca da Terra e da vida em outros planetas. Com efeito, a Terra é um planeta ainda bem grosseiro, um mundo de provas e expiações, em que o mal predomina. Abaixo dela, em termos evolutivos, somente os mundos primitivos; acima dela, três categorias de planetas: mundos de regeneração, mundos felizes e mundos celestes. Nosso planeta tem, portanto, um largo destino à sua frente, e a mudança que nele se espera é sua elevação à condição de mundo regenerador, em que as pessoas autorizadas a nele nascer terão dentro de si o germe da doutrina cristã, que ainda dará frutos saborosos e em grande quantidade no planeta em que vivemos.

É, pois, o fim do mundo velho, do mundo governado pelos preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, a que o Cristo aludiu ao dizer: “Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim”.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita