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Ano 3 - N° 140 - 10 de Janeiro de 2010

WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)

 

Nelson Bastos:

“Cada vez que encontro alguém que cresceu dentro dos nossos trabalhos assistenciais e colocou-se no mercado de trabalho vemos que o esforço valeu a pena”

O presidente do CEAC, uma das mais importantes instituições espíritas do Brasil, fala sobre a casa que dirige e as
atividades por ela desenvolvidas

 

Nelson Bastos (foto), atual presidente do Centro Espírita Amor e Caridade (CEAC), de Bauru (SP), é o nosso entrevistado da semana. Funcionário aposentado do Banco do Brasil, Bastos nasceu e reside em Bauru, embora, por conta de sua atividade profissional, tenha morado em diversos locais do País.

Figura extremamente ativa no movimento espírita, foi com gentileza que ele nos concedeu a presente entrevista, em que fala sobre suas experiências, a construção do novo albergue noturno e os 90 anos do CEAC. 

O Consolador: Como conheceu o Espiritismo? 

Nasci em família espírita, habituando-me, desde pequeno, a assistir a reuniões mediúnicas, inclusive de efeitos físicos. Destaque-se que naquela época estudava-se pouco, ou nada, e centralizavam-se as atividades em reuniões públicas. 

O Consolador: Fale-nos sobre sua trajetória no movimento espírita.

Fiz o catecismo, como se chamava na época a evangelização, no Centro Espírita Vicente de Paulo, na Rua 7, aqui em Bauru. Não frequentei a mocidade, pois aos 10 anos mudei-me para Mato Grosso, hoje do Sul, onde fiquei até os 15 anos, retornando aos 16 para Corumbá (MS), onde fiz o 2º ano do Científico. Aprovado em concurso para o Banco do Brasil, tomei posse em Floriano (Piauí) em agosto de 1962, onde procurei frequentar reuniões em um centro espírita improvisado, pois a doutrina não era bem aceita naquela região. Nesse centro fazíamos, sem qualquer preparo e conhecimento, reuniões mediúnicas públicas. 

O Consolador: O que o Espiritismo representa em sua vida? 

Representa a minha segurança. Através do conhecimento passei a não temer as vicissitudes da vida, encontrando sempre respostas aos meus problemas e força para superá-los. 

O Consolador: Atualmente o senhor está na presidência do Centro Espírita Amor e Caridade na cidade de Bauru. Conte-nos um pouco sobre esta experiência. 

Durante muitos anos pertenci à Diretoria, em cargos diversos, e na última eleição, por problemas estatutários e em vista da ausência de outros candidatos, assumi a presidência do CEAC. O Centro tem uma boa estrutura administrativa, mas os dispêndios são por demais vultosos, embora contemos com diversos convênios com o Poder Público. Estamos, a todo momento, correndo atrás de recursos e, com prazer, dizemos que a sociedade sempre colabora. 

O Consolador: Em sua opinião, quais são os maiores desafios enfrentados pelo dirigente espírita? 

Os desafios são os inerentes aos das casas espíritas: motivação dos frequentadores para estudo, cursos, palestras, seminários etc., criar uma separação entre a caridade e o profissionalismo, até dos voluntários, planejamento a médio/longo prazos etc.  

O Consolador: O CEAC, pelos relevantes trabalhos prestados à comunidade de Bauru e região, situa-se como entidade de referência nacional. Por gentileza, discorra sobre as inúmeras atividades da instituição. Quantos voluntários e funcionários estão engajados nos projetos? 

Colocamo-nos entre as 10 maiores instituições. Temos 6 núcleos de atendimento na periferia: Nova Esperança (Projeto Esperança), Fortunato Rocha Lima (Projeto Girassol), Jardim Ferraz (Projeto Crianças em ação), Parque das Nações (Projeto Crescer), Vila São Paulo (Projeto Colmeia) e Ferradura Mirim (Projeto Seara de Luz), onde implantamos toda uma estrutura voltada para o atendimento de crianças, jovens e familiares, visando à profissionalização e inclusão no mercado de trabalho. Funcionam, também, duas creches situadas na Vila Nova Esperança, com 160 crianças na faixa etária dos 4 meses aos 5 anos e 11 meses, e no Parque das Nações, com 60 crianças na faixa etária dos 3 anos aos 5 anos e 11 meses. Temos o nosso albergue noturno, que atende preferencialmente aos migrantes, e, a partir de março de 2008, instalamos a casa de referência para moradores de rua, onde são atendidas as pessoas sem endereço, sem vínculos familiares, e que habitam embaixo dos viadutos, marquises, casas abandonadas etc.

O Projeto Gestar, na sede e nos núcleos, atende as gestantes com cursos sobre o cuidado com a saúde do bebê, noções de higiene, aleitamento materno etc., com entrega, ao final do curso, de um enxoval. O Grupo Irmão Sheila atende nos hospitais, contando com 400 voluntários, fazendo um trabalho voltado à presença junto aos doentes, contando histórias, ministrando alimentos, mamadeiras, troca de fraldas, banho etc., tudo que um leigo possa fazer para minimizar o tempo de hospitalização. Instalamos junto aos hospitais casas de apoio onde os familiares dos doentes recebem um lanche, possibilidade de descanso, banho etc.

Contamos também com o Projeto Comini, em parceria com a Vara de Execuções Criminais, onde atendemos os familiares das pessoas que cumprem pena, minimizando o problema da discriminação que os familiares sofrem.

Há, ainda, inúmeras atividades desenvolvidas por voluntários, através de equipes que preparam e distribuem alimentação nas regiões periféricas carentes, onde já mantemos núcleos, acima referenciados. Contamos, hoje, com 149 funcionários e cerca de 900 voluntários. 

O Consolador: E as obras do novo albergue noturno, como estão?  

O albergue funciona em prédio bastante antigo, onde também está a sede do CEAC, com uma estrutura dispendiosa e sem condições de grandes alterações. Adquirimos parte de um terreno próximo à Rodoviária e contamos com a doação de outra parte pelo poder público, perfazendo uma área de 2.000 m2, onde iniciamos a construção do prédio em que funcionará o Albergue Noturno. Essa obra está coberta, rebocada, com tubulações hidráulicas e elétricas e mede 453 m2. Desenvolvemos ampla campanha na cidade e contamos com a adesão das entidades de classe, como CIESP, FIESP, Assim, Assinar, Crime, Sinduscon, Sincopetro, além da Câmara de Vereadores, do Senhor Prefeito Municipal e da Polícia Militar. 

O Consolador: A sociedade bauruense vem colaborando com os projetos do CEAC? 

A sociedade tem colaborado com doações em espécie e materiais. Temos contado, também, com a classe empresarial e política. 

O Consolador: Durante tantos anos de labor espírita certamente o senhor teve muitas alegrias e experiências. Pode compartilhar alguma com nossos leitores? 

Houve uma experiência que ficou marcada pela falta de conhecimento. Como disse, em 1962 participei de um grupo mediúnico no Piauí, sem conhecimento e preparo. Um dos frequentadores da plateia ficou mediunizado, tomou nas mãos uma cadeira e ameaçou jogá-la em nós, os componentes da mesa. Foi um Deus nos acuda. Não sabíamos o que fazer. A sala ficava limítrofe da calçada e uma das ideias foi a de abrirmos a porta e empurrar o cidadão para a rua, livrando-nos do incômodo. Felizmente, não fizemos isso. Começamos a rezar, olhando, com os olhos semicerrados, observando, conforme o ditado, o peixe e o gato. As coisas se acalmaram e ficou a lição.

Como momentos alegres tenho tantos que é difícil destacar algum. Cada vez que encontro alguém que cresceu dentro dos nossos trabalhos assistenciais e colocou-se no mercado de trabalho vemos que o esforço valeu a pena. Sem contar com inúmeros companheiros que chegam à casa desorientados, depressivos e, com o convite ao trabalho e orientações, readquirem o entusiasmo e a alegria de viver. 

O Consolador: E quanto aos jovens que formam a mocidade espírita do CEAC – como caminha a juventude? Os jovens estão participativos?  

Estamos lutando para criar uma nova motivação nos jovens para a mocidade. O sistema antigo, e por vezes usado, não atrai mais. O mundo está muito dinâmico e as equipes envolvidas estão buscando fórmulas que possam agregar mais adolescentes. Nada obstante, nossa mocidade conta com um razoável número. 

O Consolador: Sabemos que a Doutrina Espírita pede-nos constante participação, todavia conhecemos também as dificuldades do mundo contemporâneo. Como conciliar os estudos doutrinários e as atividades voluntárias com nosso trabalho profissional, família, amigos e as exigências da atualidade que nos convocam à contínua atualização? 

Tempo sempre foi uma questão de preferência. Contamos todos os dias com 1.440 minutos e, se bem administrados, podemos nos envolver em atividades profissionais, sociais, religiosas, familiares etc. e ainda sobrarão, tirado o descanso, muitos minutos disponíveis. Muitas vezes, no entanto, desanimamos achando que são coisas demais e nos esquecemos que nossa vida deve basear-se no servir, que nos dá, em retorno, a paz e a felicidade que tanto almejamos. 

O Consolador: Suas palavras finais. 

Minhas palavras finais são de agradecimento em poder falar do CEAC e as atividades desenvolvidas. Neste momento dos 90 anos, lembramo-nos com carinho dos que nos antecederam e estendemos nossa prece em favor daqueles que voluntariamente e de forma anônima tornaram e tornam possível a execução dos trabalhos desenvolvidos pela Casa.

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita