A influência
moral do médium
nas comunicações
(Parte 1)
Segundo os
ensinamentos
espíritas, se o
médium, do ponto
de vista da
execução, não
passa de um
instrumento,
exerce, todavia,
influência muito
grande, sob o
aspecto moral
Por mais que nos
dediquemos a
estudar, para
melhor
compreensão da
Mediunidade,
ainda muito
pouco sabemos a
respeito desse
maravilhoso dom
com que a
Soberana
Sabedoria do
universo nos
contemplou para
as mais altas e
salutares
tarefas de ordem
Espiritual.
Porém, à medida
que vamos sendo
esclarecidos,
sobre sua
utilização de
maneira
proveitosa para
o nosso
crescimento como
Espíritos
Imortais que
somos, melhor
podemos
percebê-la,
senti-la e
presenciar seus
efeitos, para
entender que
achamo-nos ainda
nas preliminares
de suas questões
tão complexas,
não obstante a
Mediunidade
datar de todos
os tempos,
outorgada por
Deus a todos os
seus filhos.
Assim, pinçamos
dentro de uma
vasta
literatura,
sobre esse tão
belo tema,
algumas linhas
que possam nos
trazer um pouco
mais de
esclarecimento,
no propósito
maior de
contribuir para
que nos tornemos
dignos
tarefeiros da
área mediúnica,
buscando servir
cada dia mais e
melhor,
tornando-nos
instrumentos
úteis na lavoura
do Mestre de
Nazaré,
espalhando em
nossa volta a
claridade do
amor em forma de
caridade aos
mais
necessitados.
Começamos pela
obra O Livro
dos Médiuns,
onde recolhemos
os ensinamentos
que seguem:
226. O
desenvolvimento
da mediunidade
guarda relação
com o
desenvolvimento
moral dos
médiuns?
"Não; a
faculdade
propriamente
dita se radica
no organismo;
independe do
moral. O mesmo,
porém, não se dá
com o seu uso,
que pode ser
bom, ou mau,
conforme as
qualidades do
médium."
Aquele que vê
claro e tropeça
é mais
censurável do
que o cego que
cai no fosso
Sempre se há
dito que a
mediunidade é um
dom de Deus, uma
graça, um favor.
Por que, então,
não constitui
privilégio dos
homens de bem e
por que se veem
pessoas indignas
que a possuem no
mais alto grau e
que dela usam
mal?
"Todas as
faculdades são
favores pelos
quais deve a
criatura render
graças a Deus,
pois que homens
há privados
delas. Poderias
igualmente
perguntar por
que concede Deus
vista magnífica
a malfeitores,
destreza a
gatunos,
eloquência aos
que dela se
servem para
dizer coisas
nocivas. O mesmo
se dá com a
mediunidade. Se
há pessoas
indignas que a
possuem, é que
disso precisam
mais do que as
outras, para se
melhorarem.
Pensas que Deus
recusa meios de
salvação aos
culpados? Ao
contrário,
multiplica-os no
caminho que eles
percorrem;
põe-nos nas mãos
deles. Cabe-lhes
aproveitá-los.
Judas, o
traidor, não fez
milagres e não
curou doentes,
como apóstolo?
Deus permitiu
que ele tivesse
esse dom, para
mais odiosa
tornar aos seus
próprios olhos a
traição que
praticou."
Os médiuns, que
fazem mau uso
das suas
faculdades, que
não se servem
delas para o
bem, ou que não
as aproveitam
para se
instruírem,
sofrerão as
consequências
dessa falta?
"Se delas
fizerem mau uso,
serão punidos
duplamente,
porque têm um
meio a mais de
se esclarecerem
e o não
aproveitam.
Aquele que vê
claro e tropeça
é mais
censurável do
que o cego que
cai no fosso."
Visto que as
qualidades
morais do médium
afastam os
Espíritos
imperfeitos,
como é que um
médium dotado de
boas qualidades
transmite
respostas
falsas, ou
grosseiras?
"Conheces,
porventura,
todos os
escaninhos da
alma humana?
Demais, pode a
criatura ser
leviana e
frívola, sem que
seja viciosa.
Também isso se
dá, porque, às
vezes, ele
necessita de uma
lição, a fim de
manter-se em
guarda."
Um médium jamais
é tão perfeito
que não possa
ser atacado por
algum lado fraco
Por que permitem
os Espíritos
superiores que
pessoas dotadas
de grande poder,
como médiuns, e
que muito de bom
poderiam fazer,
sejam
instrumentos do
erro?
"Os Espíritos de
que falas
procuram
influenciá-las;
mas, quando
essas pessoas
consentem em ser
arrastadas para
mau caminho,
eles as deixam
ir. Daí o
servirem-se
delas com
repugnância,
visto que a
verdade não pode
ser interpretada
pela mentira."
Será
absolutamente
impossível se
obtenham boas
comunicações por
um médium
imperfeito?
"Um médium
imperfeito pode
algumas vezes
obter boas
coisas, porque,
se dispõe de uma
bela faculdade,
não é raro que
os bons
Espíritos se
sirvam dele, à
falta de outro,
em
circunstâncias
especiais;
porém, isso só
acontece
momentaneamente,
porquanto, desde
que os Espíritos
encontrem um que
mais lhes
convenha, dão
preferência a
este."
Qual o médium
que se poderia
qualificar de
perfeito?
"Perfeito, ah!
bem sabes que a
perfeição não
existe na Terra,
sem o que não
estaríeis nela.
Dize, portanto,
bom médium e já
é muito, por
isso que eles
são raros.
Médium perfeito
seria aquele
contra o qual os
maus Espíritos
jamais ousassem
uma tentativa de
enganá-lo. O
melhor é aquele
que,
simpatizando
somente com os
bons Espíritos,
tem sido o menos
enganado."
Se ele só com os
bons Espíritos
simpatiza, como
permitem estes
que seja
enganado?
"Os bons
Espíritos
permitem, às
vezes, que isso
aconteça com os
melhores
médiuns, para
lhes exercitar a
ponderação e
para lhes
ensinar a
discernir o
verdadeiro do
falso. Depois,
por muito bom
que seja, um
médium jamais é
tão perfeito que
não possa ser
atacado por
algum lado
fraco. Isto lhe
deve servir de
lição. As falsas
comunicações,
que de tempos a
tempos ele
recebe, são
avisos para que
não se considere
infalível e não
se ensoberbeça.
Porque o médium
que receba as
coisas mais
notáveis não tem
que se gloriar
disso, como não
o tem o tocador
de realejo que
obtém belas
árias movendo a
manivela do seu
instrumento."
Quais as
condições
necessárias para
que a palavra
dos Espíritos
superiores nos
chegue isenta de
qualquer
alteração?
"Querer o bem;
repulsar o
egoísmo e o
orgulho. Ambas
essas coisas são
necessárias."
As qualidades
morais do médium
exercem
influência
capital sobre a
natureza dos
Espíritos
Uma vez que a
palavra dos
Espíritos
superiores não
nos chega pura,
senão em
condições
difíceis de
encontrarem
preenchidas,
esse fato não
constitui um
obstáculo à
propagação da
verdade?
"Não, porque a
luz sempre chega
ao que a deseja
receber. Todo
aquele que
queira
esclarecer-se
deve fugir às
trevas e as
trevas se
encontram na
impureza do
coração.
"Os Espíritos,
que considerais
como
personificações
do bem, não
atendem de boa
vontade ao apelo
dos que trazem o
coração manchado
pelo orgulho,
pela cupidez e
pela falta de
caridade.
"Expurguem-se,
pois, os que
desejam
esclarecer-se,
de toda a
vaidade humana e
humilhem a sua
inteligência
ante o infinito
poder do
Criador. Esta a
melhor prova que
poderão dar da
sinceridade do
desejo que os
anima. É uma
condição a que
todos podem
satisfazer."
227. Se o
médium, do ponto
de vista da
execução, não
passa de um
instrumento,
exerce, todavia,
influência muito
grande, sob o
aspecto moral.
Pois que, para
se comunicar, o
Espírito
desencarnado se
identifica com o
Espírito do
médium, esta
identificação
não se pode
verificar, senão
havendo, entre
um e outro,
simpatia e, se
assim é lícito
dizer-se,
afinidade. A
alma exerce
sobre o Espírito
livre uma
espécie de
atração, ou de
repulsão,
conforme o grau
da semelhança
existente entre
eles. Ora, os
bons têm
afinidade com os
bons e os maus
com os maus,
donde se segue
que as
qualidades
morais do médium
exercem
influência
capital sobre a
natureza dos
Espíritos que
por ele se
comunicam. Se o
médium é
vicioso, em
torno dele se
vêm grupar os
Espíritos
inferiores,
sempre prontos a
tomar o lugar
aos bons
Espíritos
evocados. As
qualidades que,
de preferência,
atraem os bons
Espíritos são: a
bondade, a
benevolência, a
simplicidade do
coração, o amor
ao próximo, o
desprendimento
das coisas
materiais. Os
defeitos que os
afastam são: o
orgulho, o
egoísmo, a
inveja, o ciúme,
o ódio, a
cupidez, a
sensualidade e
todas as paixões
que escravizam o
homem à
matéria. ¹
(Fonte: O Livro
dos Médiuns,
Capítulo XX.)
Cada alma se
envolve no
círculo de
forças vivas que
lhe transpiram
do “hálito”
mental
Passamos agora a
alguns
ensinamentos
contidos no
Livro: Nos
Domínios da
Mediunidade,
pelo Espírito
André Luiz,
psicografia de
Chico Xavier.
Capítulo I
Indubitavelmente
– concordava o
Assistente Áulus
– a mediunidade
é problema dos
mais sugestivos
na atualidade do
mundo.
Aproxima-se o
homem terreno da
Era do Espírito,
sob a luz da
Religião Cósmica
do Amor e da
Sabedoria e,
decerto, precisa
de cooperação, a
fim de que se
lhe habilite o
entendimento.
Sobre Áulus,
informa-nos
André Luiz:
Interessava-se
pelas
experimentações
mediúnicas,
desde 1779,
quando conhecera
Mesmer, em
Paris, no estudo
das célebres
proposições
lançadas a
público pelo
famoso
magnetizador.
Reencarnando no
início do século
passado,
apreciara, de
perto, as
realizações de
Allan Kardec, na
codificação do
Espiritismo, e
privara com
Cahagnet e
Balzac, com
Théophile
Gautier e Victor
Hugo, acabando
seus dias na
França, depois
de vários
decênios
consagrados à
mediunidade e ao
magnetismo, nos
moldes
científicos da
Europa. No mundo
espiritual
prosseguiu no
mesmo rumo,
observando e
trabalhando em
seu apostolado
educativo.
Dedicando-se
agora à obra de
espiritualização
no Brasil, e
isto há mais de
trinta anos,
comentava,
otimista, as
esperanças do
novo campo de
ação, dando-nos
a conhecer a
primorosa
bagagem de
memória e
experiências de
que se fazia
portador.
Áulus leva André
Luiz e Hilário
para ouvirem a
palestra do
Instrutor
Albério, em
vasto recinto do
Ministério das
Comunicações,
que entre outros
ensinamentos
lhes disse:
“... Cada mundo
possui o campo
de tensão
electromagnética
que lhe é
próprio, no teor
de força
gravítica em que
se equilibra, e
cada alma se
envolve no
círculo de
forças vivas que
lhe transpiram
do “hálito”
mental, na
esfera de
criaturas a que
se imana, em
obediência às
suas
necessidades de
ajuste ou
crescimento para
imortalidade.
“Cada planeta
revoluciona na
órbita que lhe é
assinalada pelas
do equilíbrio,
sem ultrapassar
as linhas de
gravitação que
lhe dizem
respeito, e cada
consciência
evolve no grupo
espiritual a
cuja
movimentação se
subordina”.
Filhos do
Criador, d’ Ele
herdamos a
faculdade de
criar e
desenvolver,
nutrir e
transformar
“Somos, pois,
vastíssimo
conjunto de
Inteligências,
sintonizadas no
mesmo padrão
vibratório de
percepção,
integrando um
Todo,
constituído de
alguns bilhões
de seres, que
formam por assim
dizer a
Humanidade
Terrestre...
“... Filhos do
Criador, d’ Ele
herdamos a
faculdade de
criar e
desenvolver,
nutrir e
transformar.
“Naturalmente
circunscritos
nas dimensões
conceptuais em
que nos
encontramos,
embora na
insignificância
de nossa posição
comparada à
glória dos
Espíritos que já
atingiram a
angelitude,
podemos arrojar
de nós a energia
atuante do
próprio
pensamento,
estabelecendo,
em torno de
nossa
individualidade,
o ambiente
psíquico que nos
é particular...
“... Nossa mente
é, dessarte, um
núcleo de forças
inteligentes,
gerando plasma
sutil que, a
exteriorizar-se
incessantemente
de nós, oferece
recursos de
objetividade às
figuras de nossa
imaginação, sob
o comando de
nossos próprios
desígnios.
“A ideia de um
“ser” organizado
por nosso
espírito, a que
o pensamento dá
forma e ao qual
a vontade
imprime
movimento e
direção.
“Do conjunto de
nossas ideias
resulta a nossa
própria
existência...
“... Segundo é
fácil de
concluir, todos
os seres vivos
respiram na onda
de psiquismo
dinâmico que
lhes é peculiar,
dentro das
dimensões que
lhes são
características
ou na frequência
que lhes é
própria. Esse
psiquismo
independe dos
centros
nervosos, de vez
que, fluindo da
mente, é ele que
condiciona todos
os fenômenos da
vida orgânica em
si mesma...
“... Examinando,
pois, os valores
anímicos como
faculdades de
comunicação
entre os
Espíritos,
qualquer que
seja o plano em
que se
encontrem, não
podemos perder
de vista o mundo
mental do agente
e do recipiente,
porquanto, em
qualquer posição
mediúnica, a
inteligência
receptiva está
sujeita às
possibilidades e
a interpretações
dos pensamentos
que é capaz de
produzir.”
(A conclusão
deste artigo
será publicada
na edição da
próxima semana.)
Referências:
1) O Livro dos
Médiuns,
Capítulo XX.
2) Nos Domínios
da Mediunidade,
pelo Espírito
André Luiz,
Psicografia de
Chico Xavier.