Ângela Moraes:
“As pessoas têm
sede de
Evangelho”
A autora do
livro
Respostas que a
vida traz
fala sobre sua
obra e destaca
a importância
para nós do
livro O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
que ela chama
'Manual prático
do bem-viver'
|
Ângela Moraes
nasceu na
capital
paulista, viveu
em São José do
Rio Preto (SP) e
há dez anos
reside em Bauru
(SP).
Jornalista,
espírita há 20
anos,
palestrante e
vinculada ao
Centro Espírita
Amor e Caridade
na mesma cidade,
é articulista
desta revista
eletrônica e
editora do
jornal Momento
Espírita, de
Bauru. Com um
livro publicado,
já em segunda
edição, com o
significativo
título
Respostas que a
vida traz,
todo o talento
da jovem
escritora em
transmitir os
ensinos do
Espiritismo
através de
pequenos contos
surge de maneira
muito especial:
o livro traz um
conto para cada
capítulo de O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
numa obra muito
especial. Nas
respostas que
deu à presente
|
entrevista, o
leitor perceberá
a sensibilidade
da escritora. |
O Consolador: De
onde surgiu o
gosto de
escrever
pequenos contos?
Da paixão que
tenho pelos
momentos
pontuais que
acontecem em
nossa vida, mas
que costumam ter
uma profundidade
e significação
ímpar. São
aqueles momentos
cruciais que
muitas vezes
mudam o rumo de
nossa
existência.
Narrá-lo em
profundidade,
com a
sensibilidade de
perceber o que
vai na alma,
requer uma
descrição que
tornaria a
leitura
enfadonha se o
texto fosse
longo. Fora
isso, venho da
formação
jornalística,
que exerce todos
os dias a arte
de falar dez
linhas em
três...
O Consolador:
Como é a
elaboração
desses contos?
Surgem pela
imaginação ou
são construídos
inspirados por
situações reais?
São construídos
a partir de
situações reais.
Se assim não
fosse, não
conseguiria
enriquecer o
momento com os
sentimentos
próprios de quem
passa por aquela
situação, e
acabaria por
perder a
identificação de
quem está também
passando por uma
situação
parecida.
O Consolador:
Como surgiu a
ideia de uma
sequência de
contos na mesma
ordem dos
capítulos de
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
como está
elaborado em seu
recente livro
Respostas que a
vida traz?
Outra grande
paixão que tenho
é pelo livro
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
que eu chamo de
'Manual prático
do bem-viver'.
Nunca a mensagem
evangélica foi
tão bem
esclarecida como
o foi pelas mãos
e a inteligência
pragmática de
Kardec. O
Evangelho é
consolador em
todas as suas
linhas. E a vida
da gente pode
ser dolorosa em
muitos momentos.
Assim, a ideia
foi buscar nele
o alento para os
diferentes
desafios
cotidianos - e
até modernos -
que a vida nos
apresenta.
O Consolador:
Como foi a
repercussão do
lançamento do
livro?
Maravilhosa.
Senti uma
identificação
muito forte da
plateia, nas
palestras que
faço, com alguns
dos personagens
do livro e suas
dificuldades. As
pessoas têm sede
de Evangelho,
têm sede de uma
palavra que as
leve a confiar –
ou a lembrar de
confiar – n'
Aquele que olha
sempre por nós.
No dia-a-dia, a
fé muitas vezes
entra na fila do
almoço pra
fazer, no
serviço, atenção
aos familiares,
supermercado,
banho e, quando
finalmente chega
a vez dela,
estamos tão
cansados que mal
conseguimos
elevar o
pensamento.
Nessa rotina, o
que deveria ser
o sustentáculo
das situações do
cotidiano acaba
ficando para
último plano.
Foi isso que
percebi nas
pessoas: uma
sede de
Evangelho, ou a
sede de ouvir um
pouco sobre
Jesus e seu amor
naquela única
hora da semana
que conseguiu
dedicar ao seu
crescimento
espiritual.
O Consolador: O
que mais a atrai
na obra O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Por quê?
Se O Livro
dos Espíritos
é a mente, O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
é o coração. Não
há situação
nesta vida que o
leitor não
encontre, nele,
uma explicação
lógica e um
consolo. Ele é
prático, é
funcional, é
querido e enche
o nosso coração
de esperança.
Faz-nos lembrar
que Jesus está
muito perto de
nós através da
oração, e não
raras vezes nos
leva a uma
reforma íntima
voluntariamente,
porque nos
mostra qual é o
caminho que nos
levará à paz de
espírito. O
Evangelho é
maravilhoso, é o
livro que todos
deveriam ter na
cabeceira, como
carinhoso amigo
de todas as
horas.
O Consolador: E
a experiência de
escrever na
revista
eletrônica O
Consolador, o
que você diz?
É uma grande
honra participar
de um veículo de
informação
espírita tão
sério e
comprometido
como é a revista
eletrônica O
Consolador,
juntamente com
articulistas de
peso,
credibilidade e
que têm
realizado tanto
na Seara
literária
espírita. É
também uma
iniciativa de
muita coragem e
acredito que um
trabalho e tanto
para o nosso
querido Astolfo
Olegário,
editor, pois
conheço a rotina
de uma redação e
preparar um
periódico
semanal requer
uma dedicação
quase integral.
Em especial,
gosto muito da
seção destinada
à criança, com
histórias de
Célia Xavier
Camargo, de
cunho
moralizante.
Sempre recorro a
ela para buscar
uma nova
historinha pra
contar aos meus
filhos. Gosto
também das
novidades do
meio espírita
sempre
atualizadas a
cada edição,
embora seções de
estudo
doutrinário
também sejam de
suma
importância, na
minha opinião,
principalmente
para resgatar
autores como
Emmanuel e André
Luiz.
O Consolador: O
intenso contato
atual com a
Doutrina
Espírita e o
movimento
espírita
oferecem-lhe que
perspectiva de
visão da
sociedade em que
vivemos?
A Doutrina
Espírita me
ampliou o
entendimento a
respeito da
diversidade.
Consegui
compreender a
importância de
cada religião em
socorro da alma
humana, em seus
diferentes
estágios de
evolução e
discernimento.
Por exemplo,
saltou-me aos
olhos o trabalho
belíssimo de
fortalecimento
da família que
os Testemunhas
de Jeová pregam;
agradeço
intimamente aos
evangélicos o
trabalho
brilhante que
realizam para
tirar pessoas de
vícios pesados
como drogas e
álcool; a
Doutrina
Católica, tão
sensível às
dores suportadas
por Jesus no
mundo, é um
grande passo
para a
proximidade com
a fé e ensina
uma resignação
que muito
contribui para o
amansamento dos
Espíritos mais
rebeldes. Enfim,
a Doutrina
Espírita me
ajudou a
enxergar que,
além das
diferenças que
os homens
postulam, cada
religião traz a
sua contribuição
e que todas elas
estão sob a
égide de Jesus,
governador do
nosso planeta.
Eu não ousaria
falar em
perspectiva
porque penso que
o nosso
entendimento é
muito restrito
em relação aos
planos do
Criador. Embora
sejamos muito
menos violentos
que os bárbaros
de ontem, ainda
temos guerras
cruéis,
econômicas ou
étnicas,
acontecendo em
diferentes
partes do
planeta. Por
outro lado,
nunca a
comunicação nos
convidou a
sermos tão
globalmente
solidários como
hoje, em que a
catástrofe
ocorrida em
outro país nos
possibilita
mover recursos,
sensibilizando-nos
e
aproximando-nos
das dores
alheias. Enfim,
não sou
pessimista em
relação ao
destino da
humanidade, mas
acho sim que o
trabalho a fazer
ainda é muito
longo.
O Consolador: Se
você tivesse que
resumir um conto
numa questão,
como aqui, para
estimular os
leitores ao
conhecimento
espírita, o que
você diria?
São tantas as
possibilidades...,
mas acredito que
a reencarnação é
um dos melhores
exemplos da
justiça e da
bondade divina,
agindo através
das
dificuldades, e
é o que
diferencia a
Doutrina
Espírita das
demais. Talvez
contasse a
história de uma
moça
amorosíssima que
escreveu cartas
aos familiares
através de Chico
Xavier. A moça
havia sido
deficiente
física em sua
última
encarnação, não
tendo
possibilidade de
falar nem de se
mover. Na carta,
ela conta o que
a levou a essa
vivência de
limitações e
também o que o
amor da família
fez por ela,
agora que estava
livre. Esse tipo
de revelação
mostra a beleza
do processo
reencarnatório e
a bondade do
Criador ao dar
uma oportunidade
de redenção
junto a pessoas
que a amaram
tanto.
O Consolador:
Existe um conto
prático que
possa ser
utilizado pelos
leitores na
superação de
dificuldades e
alimentação da
esperança no
dia-a-dia?
A ideia é que
cada conto do
livro seja
prático para
alguém que
esteja passando
por uma situação
semelhante,
encontrando ali
um
direcionamento
do Evangelho
para encontrar
paz e esperança
nos dias que
virão, baseado
no entendimento
da ação da
Providência
Divina na vida
da pessoa. E a
alma humana é
tão rica..., são
tantos
universos... e,
ao mesmo tempo,
somos todos
iguais na dor,
letrados ou não,
ricos ou pobres,
de uma raça ou
de outra, de uma
cultura ou de
outra. Eis a
beleza do
espírito humano,
e o grande
paradoxo.
Prática para
superar as
dificuldades?
Sigamos o
exemplo de
renúncia e
resignação de
Jesus. Ter
esperança?
Aprendamos a
orar com o
coração na palma
da mão, como
Jesus nos
ensinou. Aceitar
um destino
irremediável?
Busquemos Aquele
que torna o
nosso fardo
leve. Viver bem?
Bebamos os
ensinamentos
amorosos e
sábios do Cristo
contidos em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Amigos
espíritas, Jesus
nos abençoe a
todos em nossas
contribuições de
formiguinhas na
grande obra da
Criação. Que Ele
nos dê força
para irmos
adiante, quando
tudo parece nos
puxar para trás;
que Ele nos
ajude a sair da
imaturidade
espiritual,
libertando-nos
do egoísmo; que
Ele nos dê
coragem para
lutar contra
nossas próprias
imperfeições;
que Ele nos
ajude a amar ao
próximo, quando
mal sabemos amar
a nós mesmos.
Que Ele esteja
conosco hoje e
sempre, na
figura doce e
segura de uma
pessoa muito
amada, em cujo
colo possamos
deitar nossa
cabeça, quando
ela pesar de
preocupações.
Confiemos,
amemos,
entreguemos
nossos corações
ao doce e amigo
mestre, e que
sejamos para Ele
ferramenta de
trabalho neste
mundo que ainda
precisa de
tantos operários
do bem. Jesus
nos abençoe.