O Consolador:
Você está há
muitos anos como
uma das
coordenadoras da
MEAC – Mocidade
Espírita Amor e
Caridade.
Quantos jovens
fazem parte
desse grupo e
como ele é
dividido?
Sim, participo
da MEAC desde
2000.
Encontramo-nos
para estudar a
Doutrina
Espírita todos
os sábados às
17h no CEAC.
Dividimo-nos por
idade, porquanto
o grupo é muito
heterogêneo.
Então, a
Mocidade é
formada por 3
salas: a que
abrange os
jovens de 12 a
14 anos, a sala
com jovens de 15
a 17 anos, e por
fim a sala com
jovens de 18
anos ou mais.
Não impomos
limite de idade
para
participantes da
MEAC, e criamos
a sala dos
jovens com menor
idade para já
recepcionarmos
os que saem da
Evangelização
sem deixar
espaço, ou seja,
para que o
jovem, se assim
quiser, dê
continuidade aos
seus estudos
doutrinários,
encontrando
oportunidade pra
isso na fase da
adolescência. O
jovem, ou mais
precisamente, o
Espírito nessa
faixa etária
encontra portas
abertas para
nossos grupos de
estudo em
qualquer idade
carnal em que se
encontrar. Basta
ter vontade de
conhecer e de
fazer amigos,
pois, mais que
grupo de estudo
somente, somos
um grupo de
amigos que
estudam juntos.
O Consolador:
Você nasceu em
família
espírita.
Conhecer a
doutrina desde
cedo a ajudou em
alguma coisa
pertinente ao
seu trabalho à
frente da
mocidade
espírita?
Ajudou e muito,
já que havia
recebido uma
base sólida de
conhecimentos e
minha criação
foi toda pautada
em princípios
cristãos e
doutrinários.
Assim, continuei
só sendo eu
mesma e
aproveitando as
oportunidades de
crescimento que
este trabalho me
deu e tem-me
dado. Por um
período de minha
participação
como monitora da
MEAC apliquei
estudos a jovens
que principiavam
na Doutrina, que
chegavam à
Mocidade em
busca de
conhecimento e
para sanar
dúvidas
pertinentes a
morte,
mediunidade,
passe, justiça
Divina etc. Tive
certa facilidade
intelectual com
esses estudos,
entretanto, ao
mesmo tempo,
pude perceber
que, por ser já
espírita desde
cedo, isso não
me propiciou
“saber mais”, e
aprendi com
esses jovens
muitas coisas,
ou seja, juntei
meu conhecimento
pretérito à
vontade de
aprender deles e
construímos um
conhecimento
mútuo.
O Consolador:
Quais são os
projetos para a
juventude
espírita para os
próximos meses?
Desde que
iniciei nunca
tinha vivido um
momento de
tantas
colheitas, e
explico o
porquê. O
trabalho com a
juventude é
feito por
jovens, e estes
jovens
trabalham,
estudam, prestam
vestibular,
mudam de cidade,
namoram etc.
Sendo assim,
jovens que se
propõem a
trabalhar pelo
movimento
espírita não são
tão fáceis de
encontrar e por
muitos anos
fomos poucos,
levando com toda
a garra e
perseverança um
trabalho que
exigiu bastante
de nós. Mas hoje
há uma nova
safra de jovens,
Espíritos que
estão chegando
para ajudar,
somar e
enxergamos isso
com muita
nitidez, pois
eles são muitos.
Com isso,
estamos
investindo em
encontros e
estudos que
tratam do tema
autoconhecimento,
educação,
liderança,
responsabilidade,
tudo que envolva
e dê suporte
teórico e
amoroso a estes
trabalhadores da
juventude do
futuro. No mês
de julho, dias
17 e 18,
acontecerá um
encontro de
jovens em Bauru,
a 1ª Prévia da
COMJESP
(Confraternização
de Mocidades e
Juventudes
Espíritas do
Estado de São
Paulo), em que
será escolhido o
temário para o
encontro
estadual que
ocorrerá em
abril de 2011 em
Guarulhos-SP.
Nos dias 11 e 12
de setembro
acontecerá em
Lençóis
Paulista-SP o
12º EME
(Encontro de
Mocidades da
Regional Bauru),
cujo tema
abordará
liderança e
autoconhecimento.
Fora estes
encontros
intermunicipais,
estaduais e até
seccionais, os
jovens se
encontram
semanalmente
para estudar nas
próprias
mocidades. Hoje
em Bauru existem
apenas 3
mocidades,
infelizmente.
Número
extremamente
pequeno em face
do número de
casas espíritas
existentes na
cidade. A
maioria das
casas prioriza a
evangelização
infantil, sem
dar continuidade
a isso
posteriormente
na mocidade. Sem
maiores
críticas,
tentamos
entender a razão
disso, haja
vista que os
jovens é que
sustentarão a
própria casa no
futuro bem
próximo, sem os
diretores dessas
casas atentarem
para essa
questão no hoje.
Quem participou
ou participa de
alguma mocidade
espírita tem um
sentimento de
gratidão, isso
porque nessa
fase existencial
o Espírito passa
por muitas
confusões, sendo
essa a época do
encontro consigo
mesmo e com toda
sua bagagem, o
que traz consigo
dúvidas,
revoltas, medos,
angústias,
aspirações
várias. O que
melhor para este
jovem que a
Doutrina
Espírita para
esclarecer,
consolar? E o
que melhor para
este jovem que
amigos que
buscam a mesma
coisa que ele:
crescer e
entender por que
estão aqui
encarnados? A
Mocidade é
bálsamo de luz e
amor no mar de
informações e
cobranças que o
Espírito na fase
juvenil traça.
Incentivar a
existência do
grupo de jovens
na casa Espírita
é, portanto, tão
essencial quanto
a existência da
própria casa, em
minha opinião.
O Consolador:
Você tem viajado
muito pelo
Estado de São
Paulo em
encontros de
mocidades
espíritas. Como
estão os jovens
espíritas? Andam
motivados? Estão
estudando a
doutrina? Têm
assumido
compromissos em
relação ao
Espiritismo?
Tenho visto
muitos jovens
interessados em
estudar,
compreender,
pesquisar,
participar. A
motivação deles
surge na
proporção direta
da felicidade
que traz o
esclarecimento
propiciado pela
Doutrina
Espírita. Este
esclarecimento
consolador se dá
de muitas
formas, com os
próprios
estudos, com o
trabalho, com a
amizade e com
tudo que isso
traz e que não
se traduz em
palavras. Neste
contexto,
envolver-se,
comprometer-se
com o trabalho é
mera
consequência, e
quando estes
jovens se dão
conta já estão
trabalhando e
muito pelo
movimento. Desde
encontros
estaduais a
intermunicipais
tenho visto em
todas as cidades
jovens
motivados, mais
do que em
qualquer outra
época. No mês de
maio tivemos um
encontro de
monitores em
Americana-SP,
que teve mais de
100 jovens
líderes de
mocidade e
grupos de estudo
do Estado de São
Paulo todo
estudando sobre
Educação. Um
jovem que sai de
uma cidade
distante no
Estado para ir
para outra em
busca de se
aperfeiçoar,
estudar,
interagir, para
assim motivar
outros jovens
quando voltar à
sua mocidade, é
motivado,
certamente.
O Consolador: Os
dirigentes
espíritas têm
deixado as
portas abertas
aos jovens para
que eles assumam
tarefas de
direção e
coordenação?
De uns tempos
para cá temos
sentido as
portas mais
abertas sim,
apesar de ainda
sentirmos uma
certa
insegurança
desses
dirigentes em
nos atribuírem
algumas
responsabilidades
maiores, pois,
até mesmo sem
perceberem,
certas vezes nos
rotulam como
muito
inexperientes
para assumir
certas funções e
concluí-las “ao
agrado”. De uns
anos para cá
temos trabalhado
arduamente,
assumindo postos
de maior
responsabilidade
e fazendo
acontecer, com
organização,
muitos eventos e
trabalhos no
movimento, onde
só jovens estão
envolvidos.
Então, por mais
que não
diretamente com
esta finalidade,
nossas
realizações
fizeram com que
a visão que os
dirigentes têm
dos jovens fosse
um pouco
modificada para
melhor. Ainda
temos um caminho
a percorrer, e
nosso maior
desafio nem é o
de que acreditem
mais em nós, mas
que acreditemos
em nós mesmos
apesar da
descrença de
alguns.
Superando tais
dificuldades e
vivenciando a
doutrina dentro
do movimento
doutrinário,
estamos
crescendo e
criando muitos
frutos bons, que
são os jovens de
agora que nos
usam como
exemplo e norte
para dar
seguimento a
este trabalho,
que não para e
cresce cada vez
mais.
O Consolador: Em
sua opinião o
que o movimento
espírita pode
fazer para
trabalhar mais
ao lado da
juventude?
Na verdade, nós
sempre
trabalhamos ao
lado uns dos
outros, jovens e
adultos, pois
trabalhamos pela
mesma causa. Mas
o que faria com
que
trabalhássemos
juntos,
fraternalmente
falando, seria a
quebra de
preconceitos de
ambas as partes.
Se nos
esforçássemos
por visualizar a
realidade de que
somos todos
Espíritos em
aprendizado, que
os jovens não
são só
empolgação,
impulsividade,
irresponsabilidade
e inexperiência;
nem os adultos
são só
inflexibilidade,
rabugice,
autoritarismo e
prepotência,
tudo seria mais
fácil. Na
verdade, tanto
jovens quanto
adultos têm suas
dificuldades,
suas
facilidades, e
todos nós
estamos na Terra
para crescer. Em
obediência à Lei
de Sociedade,
creio que
facilitaria todo
o processo
interior de cada
um a quebra
destes
preconceitos
para que juntos
trabalhássemos
em prol de nós
mesmos e da
Doutrina que nos
dá suporte. Sem
preconceito fica
mais fácil
confiar,
tolerar,
compreender,
trabalhar em
união.
O Consolador: Ao
longo desses
anos quais foram
suas maiores
alegrias?
Difícil
descrever, pois
tive muitas
alegrias. O
encontro com
amigos tão
queridos, o
aprendizado
enorme com os
estudos de que
participei,
tanto como
monitora quanto
como
participante.
Para
exemplificar,
ano passado fiz
parte da
comissão
organizadora da
46ª COMENOESP
que se realizou
em Bauru. As
dificuldades
internas e
externas que
encontrei foram
enormes, mas
quando, no
primeiro dia do
encontro, após
um ano contínuo
de trabalho e
superação, vi
todos os jovens
no salão
assistindo à
palestra do
Edgar Miguel,
percebi que tudo
tinha valido a
pena. E ao
observar o olhar
brilhante de
todos aqueles
jovens, eu
chorei, chorei
de alegria e
gratidão, por
ter tido a
oportunidade de
ajudar a
proporcionar
aquele momento a
todos eles e por
ter-me superado
a cada obstáculo
que me foi
colocado. Senti
alegria quando
fui ao meu
primeiro
encontro de
mocidades, no
ano de 2001,
onde vislumbrei
um mundo de
possibilidades
de aprendizado e
consolo que me
era
proporcionado.
Difícil
descrever a
alegria que se
sente ao ver que
você, apesar das
dificuldades
inúmeras para
enxergar que
será melhor,
entende que pode
ser melhor sim,
pois terá todo o
amparo pra isso.
Senti alegria
quando, no ano
passado, os pais
dos jovens foram
à mocidade para
participar de um
encontro de
“Pais e Filhos”,
e sem pudores
fizeram um
teatro
interpretando os
seus filhos e,
colocando-se no
lugar deles,
sentiram como é
ser seus
próprios filhos,
o que certamente
auxiliou na
harmonização
destes seres em
seus lares.
Senti alegria
quando no ano
passado a Neli
Del Nero nos
convidou para
participar da
comissão
organizadora da Feiramor
(Feira anual da
cidade de Bauru
em que os
centros
espíritas
organizam-se
para arrecadarem
fundos
destinados às
suas atividades)
e confiou em
nosso trabalho.
Senti alegria
quando percebi
que tinha mais melhores
amigos
que qualquer
outra pessoa que
conhecia, que
cada pessoa que
encontrei nesse
trabalho me
ajudou a ser
quem eu sou
hoje. Senti
alegria quando
percebi que
alguns jovens me
tinham como
exemplo a
seguir. Senti
alegria quando
fui chamada para
responder a
estas questões,
pois alguém pode
se servir de
minha fala e se
sentir melhor e
mais esperançoso
em relação a si
mesmo ou a seus
filhos. Sinto
alegria todos os
dias por fazer
parte deste
trabalho. Por
trabalhar por
mim e por muitas
pessoas
enfrentando as consequências de
insistir em
crescer. Em todo
trabalho, não
existe só
alegria, mas
neste as
alegrias superam
as tristezas e
digo com certeza
que faria tudo
de novo desde o
início, sendo
que no inicio de
tudo nem sabia
que ganharia
muita coisa.