Dalva Silva
Souza:
“Lamartine
Palhano Júnior
permanece
conosco”
Um depoimento
sobre a vida e a
obra de um dos
mais brilhantes
pesquisadores do
Espiritismo no
Brasil que, ao
desencarnar no
ano 2000, deixou
uma lacuna
imensa e uma
grande saudade
|
Nossa
entrevistada
desta semana,
Dalva Silva
Souza (foto),
nasceu em Volta
Redonda-RJ, onde
participou de
todos os ciclos
da evangelização
infanto-juvenil
da Associação
Espírita
Estudantes da
Verdade, e
reside desde
1982 em Vitória,
capital do
Espírito Santo,
onde está
vinculada à
Comunidade
Espírita
Esperança e à
Federação
Espírita do
Estado.
Autora dos
livros “Os
Caminhos do
Amor” (FEB);
“Magnetismo
Curador” e
“Imortalidade
dos Poetas
Mortos”, em
coautoria com
Lamartine
Palhano Jr.
(publicados pela
FESPE); “Os
Caminhos da
Liberdade” e
“Conflitos
Conjugais”
|
(publicados pela
FEEES); “Manual
para falar em
público”, em
coautoria com
Leila Brandão e
Cylene Guida
(publicado em
2004 pela
Editora Celeiro,
RJ); “Manual
para Pais e
Professores de
Adolescentes”,
em coautoria com
Leila Brandão
(publicado em
2005 pela
Editora
Celeiro); “A
morte não é bem
assim”, em
coautoria com
Leila Brandão e
Cylene Guida
(publicado em
2008 pela
Editora CELD –
RJ), Dalva
conviveu
diretamente com
o trabalho do
notável
pesquisador
espírita
Lamartine
Palhano Júnior,
como o leitor
poderá ver por
suas respostas
às perguntas que
compõem a
presente
entrevista. |
O Consolador:
Situe o cidadão
Lamartine
Palhano para o
leitor, fazendo
uma síntese
biográfica,
espírita e
profissional do
saudoso
confrade.
Lamartine
Palhano Júnior
foi um dos mais
brilhantes
pesquisadores do
Espiritismo no
Brasil. Nasceu
em Coronel
Fabriciano-MG em
15/12/1946, mas,
desde criança,
vivia em
Vitória-ES. Era
apaixonado pela
Doutrina
Espírita. Aos 18
anos, já
colaborava
ativamente com a
equipe do DIJ da
Federação
Espírita do
Estado do
Espírito Santo,
nos idos de
1964. Sua vida
acadêmica foi
muito produtiva:
graduou-se em
farmácia, tinha
mestrado na área
de bacteriologia
e doutorado em
ciências pela
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro.
Destacaram-se
seus estudos
sobre a
tuberculose e os
artigos que
publicou em
revistas
científicas
internacionais.
Foi professor de
microbiologia e
patologia em
Universidades do
Estado do
Espírito Santo.
O Consolador:
Você o conheceu
pessoalmente?
Conheci Palhano
logo que cheguei
ao Espírito
Santo, em 1982,
nas reuniões de
domingo da Casa
Espírita Cristã
(Vila Velha).
Tornamo-nos
amigos mais
tarde, em 1988,
quando ele
esteve na
Comunidade
Espírita
Esperança
(Vitória), para
o lançamento de
seu livro “A
Verdade de
Nostradamus”.
Nessa
oportunidade,
convidou-me para
participar de
uma pesquisa que
tinha a ver com
minha área de
atuação.
Relatou-me que
estava reunindo
textos poéticos
ditados pelos
artistas
“mortos” a
vários médiuns,
com a finalidade
de elaborar uma
análise
comparada dos
textos. O
objetivo era
mostrar a
permanência de
aspectos do
estilo
individual dos
poetas nas
composições
mediúnicas, o
que, então,
atestaria a
veracidade da
autoria afirmada
pelos médiuns,
comprovando a
sobrevivência da
alma ao fenômeno
da morte.
Entusiasmei-me
com a ideia e
passamos a
trabalhar juntos
nesse e em
outros projetos.
Essa pesquisa
foi, mais tarde,
publicada;
trata-se do
livro “A
imortalidade dos
poetas mortos”.
O Consolador:
Quantos e quais
livros ele
publicou?
É difícil
relacionar todas
as obras,
especificando
ano e editora,
porque são
muitas. Palhano
produziu obras
de cunho
diverso, para
leitores
diferentes,
abrangendo sua
produção desde
os leitores
mirins até o
leitor maduro, o
estudioso e o
pesquisador.
Dentre outras,
escreveu: A
verdade de
Nostradamus;
Rosma, o
Fantasma de
Hydesville;
Eusápia, a
feiticeira;
Transe e
Mediunidade; A
Carta de Tiago;
A Estrela de
Belém; Jesus aos
12 anos; O Sonho
de Aurélio; O
pastorzinho de
Belém: Maria de
Nazaré na voz
dos poetas (em
coautoria com
Walace F. Neves
e Amira Mattar);
Dossiê Jeronymo
Ribeiro e
Fenelon Barbosa
(em coautoria
com Walace F.
Neves); Aos
efésios; Aos
gálatas, A carta
da redenção; O
diário de um
espírita; As
chaves do reino;
Dossiê
Peixotinho;
Evocando os
Espíritos; João
Batista, o
profeta do
Cristo; Laudos
espíritas da
loucura; O livro
da prece; O
significado
oculto dos
sonhos; Reuniões
mediúnicas;
Viagens
psíquicas no
tempo. Três
obras resultaram
de trabalhos de
que participei
com muita
alegria:
Espiritismo,
Religião
natural;
Magnetismo
curador e
Imortalidade dos
poetas mortos.
Alguns desses
livros foram
publicados pela
Lachâtre, outros
pelo CELD.
O Consolador:
Qual a origem
desses livros? O
que o motivou às
publicações?
Palhano tinha
uma grande
motivação para
estudar
continuamente e
compartilhar
conhecimentos.
Penso que essa
foi a origem dos
livros que
escreveu: o
desejo de
compartilhar
tudo o que
aprendia em suas
pesquisas. É
preciso dizer
que isso o levou
a fundar a FESPE
(Fundação
Espírito-Santense
de Pesquisa
Espírita) e o
CIPES (Círculo
de Pesquisa
Espírita do
Espírito Santo),
instituições que
se tornaram
marco da
pesquisa
espírita no
Brasil. Em todo
o tempo que com
ele trabalhei,
pude constatar a
força do seu
idealismo e de
seu amor à
Doutrina. “O
Espiritismo tem
sido uma
bandeira que me
aponta o céu,
tendo ao mesmo
tempo o seu
mastro fincado
na Terra”,
afirmava ele.
O Consolador:
Quais deles você
considera mais
expressivos?
Ele produziu
livros que
atendiam aos
diversos centros
de interesse que
o empolgavam;
não dá para
destacar um na
extensa
bibliografia que
deixou e é
difícil destacar
um aspecto como
mais expressivo
da contribuição
dele ao
movimento
espírita, porque
ele atuava em
muitas frentes:
evangelização,
campanhas,
cursos, visitas
fraternas,
trabalhos
mediúnicos, ação
de
departamentos,
pesquisas,
produção de
artigos e
livros, enfim,
era um grande
trabalhador da
nossa seara.
O Consolador:
Como era o grupo
a que ele se
vinculava e no
qual realizava
suas
experiências?
A Fundação
Espírito-Santense
de Pesquisa
Espírita era uma
instituição
espírita "sui
generis", porque
não era um
centro espírita
ou um instituto,
mas uma
entidade, cujos
objetivos
principais se
endereçavam
exclusivamente à
pesquisa e à
divulgação do
Espiritismo; uma
instituição
fomentadora do
pensamento
espírita em
todos os seus
aspectos,
portanto.
Participamos
ativamente das
atividades da
FESPE, desde a
sua fundação,
Walace Fernando
Neves, Mário
Alberto Pereira
de Castro
júnior, Amira
Mattar Pereira
de Castro, Elza
Valadão Archanjo,
Hélio Bergo,
Maria Yonnita
Feitosa de
Aguiar, Júlio
David Archanjo,
José Eustáquio
Drumond e eu. Em
seus poucos anos
de trabalho,
essa instituição
compôs um
considerável
acervo de
produções dentro
do Movimento
Espírita
Estadual,
Nacional, e
expandiu-se para
o exterior,
tendo em vista
sua participação
no Congresso
Mundial de
Espiritismo em
Madri (novembro
de 1992), quando
a professora
Maria do Carmo
Schneider
apresentou uma
pesquisa sua,
que teve o apoio
da FESPE,
relacionada às
ideias espíritas
na produção
poética de
Victor Hugo e a
tese
“Espiritismo –
Religião
Natural”,
trabalho que
Palhano e eu
elaboramos.
O Consolador:
Qual o aspecto
mais marcante
das pesquisas
que ele
realizava?
Era a coerência
com a base
doutrinária, a
fidelidade ao
pentateuco
kardequiano.
O Consolador:
Cite algum caso
importante da
vida pessoal
espírita de
Palhano.
Palhano passou
um período de
grande
sofrimento, pois
foi acometido de
um câncer que
lhe impôs um
tratamento
difícil, mas
esse período de
dor não o abateu
ou imobilizou;
ao contrário,
foi justamente
nesse período
que ele teve a
ideia de criar
todo o movimento
de pesquisa,
reunindo em
torno de si
pessoas também
motivadas a
realizar esse
trabalho em prol
do Espiritismo.
O Consolador:
Das pesquisas
realizadas, qual
você destaca?
Os trabalhos que
nasceram do
laboratório
mediúnico
montado por ele,
quando foi
Diretor do
Departamento de
Orientação
Mediúnica da
Federação
Espírita do
Estado. Foram
muitos os
livros, mas
creio que se
podem destacar:
Laudos Espíritas
da Loucura,
Viagens
Psíquicas no
Tempo, O Livro
da Prece, Transe
e Mediunidade e
Reuniões
Espíritas.
O Consolador:
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Esse grande
companheiro,
cuja partida
para o Mundo
Espiritual se
deu no ano 2000,
deixou uma
lacuna imensa e
uma grande
saudade, mas
Palhano
permanece
conosco, não só
na extensa
bibliografia que
deixou, como
também nas
mensagens que
frequentemente
nos envia pela
mediunidade de
diferentes
companheiros de
tarefas,
dando-nos
ciência de que,
ultrapassada a
última
fronteira,
entrou em uma
etapa nova de
trabalho e
prossegue em
atividade, agora
sem as
dificuldades e
limites com os
quais se
confrontou aqui
e tão bem soube
superar.
O Consolador:
Suas palavras
finais.