1. Jesus comparou o reino de Deus ao grão de mostarda e também ao fermento. Que mensagem o Senhor quis passar com tais comparações?
2. Que ensinamento se contém na parábola da ceia?
3. Jesus, em três frases diferentes, estabeleceu as condições que devemos preencher para sermos seus discípulos. Que condições são essas?
4. No capítulo 15 do Evangelho narrado por Lucas aparecem encadeadas três parábolas de fundo bastante semelhante – a da ovelha perdida, a da dracma desaparecida e a do filho pródigo. Qual é o sentido das três parábolas?
5. Por que Jesus afirmou que nenhum servo pode servir a dois senhores, nem servir a Deus e a Mamom?
Texto para leitura
35. Muito se pedirá a quem muito for dado - Na sequência, recomendou Jesus: “Não temas, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos. Sabei, porém, isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa. Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais”. Ouvindo essas palavras, Pedro perguntou-lhe: “Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?” Respondeu-lhe Jesus: “Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?” E acrescentou: “Bem-aventurado aquele servo a quem o Senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá. Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis. E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que não a soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”. (Lucas, 12:32 a 12:48.)
36. O Mestre enfatiza que devemos estar atentos - Insistindo na importância da atenção e vigilância, o Senhor disse à multidão: “Quando vedes a nuvem que vem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva, e assim sucede. E, quando assopra o sul, dizeis: Haverá calma; e assim sucede. Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo? E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo? Quando pois vais com o teu adversário ao magistrado, procura livrar-te dele no caminho, para que não suceda que ele te conduza ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te encerre na prisão. Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil”. (Lucas, 12:54 a 12:59.)
37. Jesus adverte para a necessidade do arrependimento - Certa vez, estando presentes ali alguns que falavam dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios, Jesus lhes perguntou: “Cuidai vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis. E aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém? Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis”. E contou-lhes então a parábola da figueira. (Lucas, 13:1 a 13:6.)
38. Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos - Jesus percorria as cidades e as aldeias, ensinando, quando alguém lhe perguntou: “Senhor, são poucos os que se salvam?” O Mestre respondeu-lhe, recomendando: “Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão”. “Quando o pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes a estar de fora, e a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo, ele vos disser: Não sei de onde vós sois; então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas. E ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão e Isaac, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. E virão do oriente e do ocidente, e do norte e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus. E eis que derradeiros há que serão os primeiros; e primeiros há que serão os derradeiros.” (Lucas, 13:22 a 13:30.)
39. Importa caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte - Naquele mesmo dia chegaram uns fariseus, dizendo a Jesus: “Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te”. O Mestre respondeu-lhes: “Ide, e dizei àquela raposa: Eis que eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado. Importa, porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém”. “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.” (Lucas, 13:31 a 13:35.)
Respostas às questões propostas
1. Jesus comparou o reino de Deus ao grão de mostarda e também ao fermento. Que mensagem o Senhor quis passar com tais comparações?
Segundo as palavras de Jesus, o reino de Deus é semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e ele cresceu e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. E é também semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou.
Segundo Carlos Torres Pastorino, em Sabedoria do Evangelho, 5º volume, pp. 114 e 115, a interpretação comum é que Jesus salienta que a vida espiritual, mesmo começando pequenina, cresce enormemente. No campo iniciático, a imagem da semente e do fermento significa que a jornada não é feita por meio de ações externas, mas com o início humilde dentro de si mesmo. O reino dos céus não é o coroamento mundano de valores terrenos, mas o labor oculto (“enterrado, escondido”), o único que pode garantir o crescimento posterior certo e benéfico. Coloquemos a semente, embora pequena, e o fermento, embora pouco, no coração das criaturas, e aguardemos que cada um cresça por si. Saibamos agir em nós e nos outros, com humildade, e ação divina agirá por si mesma. (Lucas, 13:18 a 13:21.)
2. Que ensinamento se contém na parábola da ceia?
Essa parábola pode ser assim resumida: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. E todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei-me e, portanto, não posso ir. Voltando, o servo anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
Muito semelhante à parábola do festim das bodas constante do Evangelho de Mateus, esta narrada por Lucas tem um desfecho diferente, que é associado geralmente à ideia do despertamento, ou seja, o convite do Evangelho é feito a todos, mas nem todos despertaram para sua aceitação e, por isso, recusam o convite, privando-se voluntariamente de “provar a ceia”, isto é, as benesses que os ensinos morais do Cristo nos trazem, como caminho infalível, segundo Kardec, da felicidade esperada. (Lucas, 14:12 a 14:24.)
3. Jesus, em três frases diferentes, estabeleceu as condições que devemos preencher para sermos seus discípulos. Que condições são essas?
A primeira condição é esta: se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, mãe, mulher, filhos, irmãos e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. A segunda: aquele que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. A terceira: qualquer pessoa que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo. Em todas elas, a ideia é a mesma, ou seja, é preciso abnegação, dedicação, desprendimento e renúncia para seguir fielmente o Cristo e suportar todas as dificuldades daí resultantes. (Lucas, 14:26 a 14:35.)
4. No capítulo 15 do Evangelho narrado por Lucas aparecem encadeadas três parábolas de fundo bastante semelhante – a da ovelha perdida, a da dracma desaparecida e a do filho pródigo. Qual é o sentido das três parábolas?
A primeira fala da ovelha que se perdeu, a segunda fala da dracma desaparecida e ambas destacam a alegria imensa que o pastor e a mulher sentiram ao encontrá-las. A terceira parábola fala do filho que retornou à casa paterna, depois de haver dissipado seus bens, e da felicidade com foi recebido por seu pai, apesar da implicância de seu irmão mais velho, que não via motivos para tanta alegria. Uma das explicações do pai, conforme narra a parábola, está neste trecho de sua conversa com o filho mais velho: Era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.
De acordo com a interpretação mais conhecida, as três parábolas assinalam como é importante o despertamento das pessoas para os assuntos realmente relevantes da vida e como Deus, nosso Pai, fica feliz quando algum de seus filhos retorna ao bom caminho. (Lucas, 15:3 a 15:32.)
5. Por que Jesus afirmou que nenhum servo pode servir a dois senhores, nem servir a Deus e a Mamom?
Mamom ou Mamon é um termo utilizado na Bíblia para descrever a riqueza material ou a cobiça, mas nem sempre aparece personificado como uma divindade. A palavra é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom", que significa, literalmente, "dinheiro". Nenhum servo, disse Jesus, pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Com essa imagem, tão clara e lógica, Jesus enfatizou: Não podeis servir a Deus e a Mamom.
A razão é muito simples: os interesses de nosso Pai não são os mesmos de Mamom e vice-versa, pois o desprendimento dos bens materiais é uma das virtudes que fazem com que a alma se eleve, e ninguém ignora os malefícios que advêm da cupidez. (Lucas, 16:13 a 16:15.)