Cláudio Bueno da
Silva:
“Minha proposta
não é doutrinar
pessoas”
O autor do livro
de contos Um
Sorriso como
Resposta
fala sobre seu
trabalho e sobre
os objetivos que
o levam a
escrever
|
Cláudio Bueno da
Silva (foto),
natural de São
Paulo-SP, ora
radicado na
cidade de
Osasco, na
Grande São
Paulo,
contabilista de
profissão, atua
há 33 anos no
Instituto
Obreiros do Bem,
na mesma cidade.
Divulgador da
literatura
espírita, lançou
há pouco seu
primeiro livro –
Um Sorriso
como Resposta –,
publicado pela
Editora Mythos.
Trata-se de uma
obra composta de
contos nos quais
o autor utiliza
trechos da
Revista Espírita
e de outros
livros da
Codificação
Kardequiana, do
que resultaram
textos
comoventes e
muitos
esclarecedores.
Para falar de
seu trabalho, o
confrade
|
concedeu-nos a
seguinte
entrevista:
Como surgiu a
vontade de
escrever contos? |
Sempre gostei do
gênero. O texto
curto, rápido,
dá resposta
imediata ao
leitor. Muito
exigente comigo
mesmo, me desfiz
de muita matéria
que escrevi no
passado. Em
vista das
múltiplas
atividades,
dentro e fora do
movimento
espírita, nunca
considerei a
possibilidade de
interrompê-las
para concentrar
meu tempo a
escrever
histórias com o
compromisso
eventual de
fazer um livro.
De uns anos para
cá, essa
hipótese me
pareceu viável.
Mais maduro,
hoje me dedico
muito à tarefa
de escrever.
E como surge a
vinculação de
cada conto com o
pensamento
espírita?
Uma palavra, uma
frase me basta
para trazer a
ideia. Com um
livro na mão,
muitas vezes,
interrompo de
imediato a
leitura, pego a
prancheta ou vou
direto ao
computador e a
história vai se
construindo. Ora
veloz, ora
pausada. O
pensamento
espírita
normalmente vem
agregado no
desenvolvimento
do texto. Mesmo
quando a
história parece
não ter nenhum
vínculo direto,
busco ilações,
trabalho
caminhos que a
enquadrem àquilo
que pretendo. O
importante é
dizer coisa
séria e útil.
O livro traz
várias citações
da Revista
Espírita como
motivação dos
contos,
tornando-se
importante
veículo de
estímulo para o
estudo daquela
publicação de
Kardec. Como
surgiu a ideia
de vincular a
Revue Spirite
aos contos
que escreveu?
A Revista
Espírita é muito
pouco lida pelos
espíritas,
infelizmente.
Conhecendo um
pouco desse
monumental
laboratório onde
Allan Kardec
experimentou
ideias,
conceitos e
pensamentos que
fazem a
estrutura da
doutrina, vi na
ligação das
histórias com a
Revista uma
forma de
despertar a
curiosidade das
pessoas para
aquela
importante
publicação. Além
do mais, a
palavra de
Kardec que
justaponho aos
contos é um
reforço e uma
fiança
doutrinária aos
seus conteúdos.
Você considera o
conto uma boa
forma de atingir
o leitor? Por
quê?
Em verdade, o
conto talvez não
seja a leitura
predileta do
espírita, que
prefere mais o
romance. No
entanto, há
extraordinários
trabalhos nesse
gênero, como os
de Humberto de
Campos, Hilário
Silva, Jorge
Rizzini, numa
rápida citação,
e muitos
encarnados
também, que
servem
magnificamente
para falar dos
temas espíritas
com eficiência.
De que forma os
livros de contos
podem contribuir
para expansão do
pensamento
espírita?
Vejo no conto a
forma mais
prática e rápida
de que o
escritor
espírita possa
dispor para se
comunicar com o
leitor. Com
histórias curtas
e objetivas, ele
pode emocionar,
fazer rir,
revolver
lembranças,
recordações,
puxar reflexões
nos leitores. E
o mais
importante no
conto espírita:
as ilações
doutrinárias
explícitas ou
sugeridas. O
conto é uma
coisa mágica.
Devido às suas
características
próprias, ele
tem o dom de
fazer o leitor,
a cada nova
história, fechar
o volume e ficar
por alguns
momentos
pensando,
refletindo,
amadurecendo as
ideias,
conversando
consigo mesmo.
Há outros livros
em projeto? Você
tem pesquisado e
escrito mais?
Sim. Tenho
produzido bem,
não tanto quanto
gostaria, pois
nem sempre
depende só da
nossa vontade de
escrever. Leio e
estudo desde
sempre. O estudo
doutrinário e a
cultura
literária fazem
parte do meu
cotidiano. Estou
estudando com um
amigo a
possibilidade de
um livro
lítero-doutrinário,
em parceria.
Ando tecendo
também o que
viria a ser um
romance,
desdobrado em
regiões do
agreste
nordestino. Mas,
por ora, peço a
Deus que dê a
este lançamento
o que achar que
deve.
Como estudioso
espírita, que
aspecto
doutrinário do
Espiritismo você
destaca como
fator de
equilíbrio para
a vida?
Allan Kardec
afirmou que o
Espiritismo é
uma filosofia
com bases
científicas e
consequências
morais. Disse
ainda que sua
força está na
sua filosofia.
Aceito muito bem
isso. O homem
muda, se
transforma,
quando pensa,
quando reflete
filosoficamente.
Depois age
baseado na
convicção que
adquiriu, fruto
do seu trabalho
interior
individual. A
moral dará então
qualidade a
essas ações.
Como filosofia e
moral espíritas
são de boa
natureza, o
indivíduo será
equilibrado se
viver em
conformidade com
esses aspectos.
Os personagens
de seus contos
são imaginados
ou são fruto de
vivências
pessoais ou da
inspiração
mediúnica?
Creio que as
três hipóteses
podem ser
aceitas em
muitos dos meus
textos. No conto
"Repórter de um
diário francês",
por exemplo, a
inspiração foi
muito acentuada,
pois o texto
saiu de um jato,
com poucas
emendas e
naquela hora
podia estar
pensando em
tudo, menos
naquelas
situações.
Depois de
pronto, lendo o
original para
minha esposa,
entrei numa
comoção enorme
que me fez
chorar
convulsivamente.
Outros trabalhos
têm vivência
real misturada à
criação
literária.
Agora, a
inspiração, quem
poderá sabê-la?
Você se
predispõe a
escrever
bem-intencionado,
compenetrado,
ela vem mesmo.
Sempre tem
alguém disposto
a colaborar.
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Quero agradecer
àqueles que me
têm aberto
portas para que
eu possa levar
meu trabalho ao
conhecimento dos
leitores
espíritas e
não-espíritas.
Embora a
temática deste
livro seja
pautada nas
ideias
espíritas, minha
proposta não é
doutrinar
pessoas, apenas
espalhar o rico
e inesgotável
conteúdo
doutrinário
espírita em meio
às histórias, de
forma a deixar
esse material de
reflexão ao
alcance de
todos, cabendo a
cada um
processá-lo ao
seu modo.