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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 4 - N° 202 - 27 de Março de 2011

 

Nova oportunidade

 

Há muitos anos atrás existiu um homem chamado Jorge que era dono de muitas terras. 

Jorge tinha dois filhos já crescidos e desejava que aprendessem a trabalhar no campo. Por isso, levava-os para a lavoura, ensinando-lhes como trabalhar. 

Chegou um dia em que o pai chamou seu filho mais velho e, levando-o a um bom pedaço de terra, disse-lhe: 

— João, meu filho, você agora está em condições de tocar sozinho uma gleba.  

Então, com os braços abertos mostrando-lhe o terreno à frente, comunicou: 

— Este terreno é seu. Agora você  é o responsável por ele. Cuide bem dele. Plante-o e o resultado da colheita será todo seu.   

O filho, surpreso e agradecido, abraçou o pai. 

— Obrigado, meu pai.   

A partir desse dia, no entanto, como ninguém o chamasse para se levantar, João passou a perder a hora. Estava sempre atrasado para o trabalho e o trato de terra passou a acusar-lhe a falta de cuidados. João preparou o solo, plantou as sementes, mas, desatento e preguiçoso, não se preocupou em retirar as pragas e ervas daninhas que cresciam no meio da boa semente.  

Por mais que o pai chamasse sua atenção, alertando-o sobre o que lhe competia fazer, João não levava a sério suas tarefas. 

Um dia, quando o pai foi visitar a plantação do filho, seu coração se encheu de tristeza. O mato, mais forte, tomara conta de tudo e abafara a plantação, que acabara perecendo. Bastante contrariado, o pai chamou os dois filhos e disse a João. 

— Meu filho, você mostrou que não é responsável o bastante para trabalhar com a terra que lhe dei. Então, retiro a gleba que lhe havia concedido e entrego-a para seu irmão, David.  

O rapaz mais novo exultou com a notícia. Ele gostava muito de trabalhar e, de modo especial, de lidar com a terra.  

— Obrigado, meu pai. O senhor não se arrependerá.  

Quanto a João, humilhado e revoltado, baixou a cabeça e foi chorar num canto, para que ninguém visse.  

Agora, cheio de tristeza, de longe João via o irmão David no trator a lidar com a terra, plantando e cuidando da lavoura que um dia fora sua e que agora era dele.  

Após algum tempo, o satisfeito David viu coroados seus esforços, com uma colheita boa e farta.  

Sumamente arrependido da sua negligência e reconhecendo que o pai tinha razão, João procurou o pai, humildemente, e disse: 

— Meu pai! Peço-lhe perdão, reconheço que errei. Lamento meu descaso com a terra que o senhor me deu para cultivar. Eu sei que não mereço, mas aprendi a lição. Dá-me uma nova oportunidade e prometo que não se arrependerá.   

O pai, que não esperava senão o reconhecimento do filho pelo erro que cometera, concordou. Levou João até um terreno bem mais longe do que o primeiro, acidentado e cheio de pedras, e, mostrando-o, considerou: 

— Meu filho, você pediu-me uma nova oportunidade, mas o terreno que tenho agora para lhe dar é este. É diferente do outro e você terá bem mais trabalho. Se quiser, ele é seu. 

Em lágrimas, João agradeceu ao pai. Ele realmente havia aprendido a lição. Não estava preocupado com facilidades, mas em realizar o trabalho que o pai esperava dele, em que o primeiro beneficiado seria ele próprio. 

Então, com afinco, João pôs-se a trabalhar. Levantava-se antes do sol nascer, e ia para o campo. Limpou a gleba e retirou as pedras, usando-as para separar o terreno. Depois, revolveu a terra e plantou as sementes. Atento ao desenvolvimento das plantinhas tenras, ele cuidava para que pragas não atacassem a plantação, e arrancava ervas daninhas logo que surgiam, não permitindo que crescessem. 

Quando o pai saía a cavalo e passava por aquele trecho, sentia-se satisfeito ao ver o filho todo suado e sujo, mas no trabalho.   

O resultado dos esforços foi uma colheita farta, que encheu João de alegria.  

Ao reunir a família para comemorar o resultado de toda a safra, todos os membros da família estavam contentes.  O pai abraçou o filho mais velho com imenso carinho, afirmando: 

— Parabéns, meu filho. Você fez um bom trabalho, João! 

Ao que o rapaz respondeu, emocionado: 

— Não, meu pai. Se não fosse o senhor dar-me aquela lição, mostrando-me quanto eu estava errado, jamais conseguiria. Foi necessário que eu reconhecesse quanto havia falhado, para encontrar forças e vencer.  

Abraçando o pai, ele completou: 

— Agora, eu realmente aprendi a gostar de trabalhar, como meu querido irmão David.  

David e a mãe, que ali também estavam, abraçaram-se aos dois, mostrando que ali estava uma família unida.  

Como Jesus nos ensinou, assim também acontece conosco.  Quando não nos mostramos dignos da bênção recebida, o Pai tira daquele a quem concedeu e dá para outro, que terá melhores condições de aproveitá-la. Mas na verdade, não é o Pai quem retira o que havia dado, mas é  o próprio filho que, por descaso, não sabe conservar o que recebeu.  

No entanto, apesar de nossos erros, Deus nos concede sempre novas oportunidades de mostrarmos nossa boa vontade e desejo de melhorar. Porém, as oportunidades  serão sempre novas e nem sempre nas mesmas condições.  

                                                                                    Meimei 


(Mensagem recebida por Célia Xavier de Camargo em 7/3/2011.)



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita