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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 4 - N° 204 - 10 de Abril de 2011

 

A chuva

 

O dia estava claro e ensolarado.

O bairro era calmo, quase sem movimento, e as crianças costumavam brincar com os vizinhos na rua.

Nesse dia, Toninho, de seis anos, convidou seus amiguinhos para jogarem bola na rua. Estavam assim entretidos com a brincadeira, quando o tempo começou a fechar. Pesadas nuvens foram surgindo no horizonte, avançando sempre, até que o Sol desapareceu por completo. Tudo ficou escuro. Parecia noite!  

Não demorou muito, grossos pingos de chuva começaram a cair. Raios riscavam o céu, seguidos por trovões ensurdecedores. Os garotos abrigaram-se na varanda da casa de Toninho, esperando que a chuva parasse para poderem retornar ao jogo.  

Enquanto isso, eles conversavam   

trocando ideias sobre a escola, quando começaram a discutir. Era comum isso acontecer, porque Toninho, orgulhoso, gostava de sobressair aos demais, achando que era o mais esperto, o mais inteligente e o mais capaz.

Meia hora depois, o aguaceiro havia cessado e os meninos preparavam-se para voltar ao jogo, mesmo com a rua molhada, quando começaram a ouvir um ruído diferente, como se pedras estivessem caindo sobre o telhado. Logo perceberam a razão.  

Realmente. Eram pedras de gelo que batiam no telhado e caíam no chão. Os garotos nunca tinham visto uma chuva de granizo e ficaram surpresos. Então, esqueceram o desentendimento de há pouco, encantados com a novidade.  

Quando parou de chover pedras, eles correram para o meio da rua pegando-as nas mãos e notando que eram de gelo. Colocaram na boca e viram que era gelo mesmo. E começaram a brincar, fazendo guerra com as pedras, jogando-as uns nos outros, e resolveram ver quem conseguia juntar e “comer” mais pedras de gelo. E iam contando: Uma! Duas! Três!...  

Toninho, sempre se julgando o mais sabido da turma, resolveu agir diferente. Ele pegava as pedras e guardava-as no bolso.  

O Sol voltara a brilhar e o dia ficou lindo de novo. Mais bonito ainda porque agora tudo estava limpo e brilhante: o ar, as plantas, as calçadas, tudo.  

Quando os garotos viram com tristeza que as pedras se derretiam na rua, Toninho estufou o peito e resolveu mostrar aos outros que ele era o mais esperto: 

— Estão vendo como vocês são bobos? Só eu guardei as pedras!...  

Então, enfiando as mãos nos bolsos das calças, procurou agarrar as pedras que tinha guardado com tanto cuidado para mostrar aos amigos, mas nada encontrou. 

Surpreso e decepcionado, pois tinha guardado muito bem as pedras, Toninho percebeu que suas mãos só pegaram em água. 

Retirou as mãos molhadas dos bolsos e, inclinando a cabeça, olhou para si mesmo e viu que suas calças estavam igualmente molhadas. Os demais não contiveram o riso, satisfeitos por verem Toninho humilhado, logo ele que sempre queria ser mais do que os outros. 

O menino permaneceu de cabeça baixa, chateado. No entanto, seu melhor amigo, Felipe, cheio de pena ao vê-lo naquela situação, aproximou-se e disse: 

— Não fique triste, Toninho. Todos nós já erramos também. Todo mundo erra! A cada dia a gente aprende um pouco mais. Aprendi, com minha mãe, que Jesus ensinou a sempre fazermos aos outros o que queremos que os outros nos façam. Assim não tem erro.   

Toninho olhou o amigo que se mostrara tão generoso com ele, e pensou que, se o fato tivesse acontecido com qualquer um dos outros, ele não teria perdido ocasião de ridicularizá-lo. Então, deu-lhe um abraço. 

— Tem toda razão. Obrigado, Felipe.  
 

Depois, Toninho pensou um pouco e, olhando cada um dos amigos, disse: 

— Só agora eu percebi como tenho sido chato com vocês. Peço desculpas por todas as vezes que os magoei. Podem me perdoar? 

Os demais trocaram um olhar de entendimento, depois correram a abraçá-lo.

— Nós somos amigos, Toninho, não é? 

Toninho concordou com um sorriso aliviado e, pegando a bola, convidou: 

— É verdade. Então, vamos continuar o jogo?                 


                   Meimei 


(Texto baseado em fato da vida real, recebido por Célia X. de Camargo em 21/3/2011.)

 



 


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