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Ano 5 - N° 207 - 1° de Maio de 2011

PAULO NETO 
paulosnetos@gmail.com

Belo Horizonte, MG (Brasil)

 
 

Possessão: há a posse física do encarnado?

Parte 2 e final
 

Prosseguindo na citação dos textos de Kardec constantes do capítulo XIV do livro A Gênese, eis o complemento do item 48 do capítulo citado:

São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e muitos casos de loucura não derivam de outra causa. Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras consequências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária.

Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das misérias humanas, o Espiritismo indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência. (1)

49. - São as mais das vezes individuais a obsessão e a possessão; mas, não raro são epidêmicas. Quando sobre uma localidade se lança uma revoada de maus Espíritos, é como se uma tropa de inimigos a invadisse. Pode então ser muito considerável o número dos indivíduos atacados. (2)

Vê-se, portanto, que Allan Kardec não deixa de registrar numa obra básica o seu novo posicionamento diante do tema possessão. Infelizmente, assim como a Revista Espírita, o livro A Gênese não é quase lido pelos espíritas; poucos se aventuram a lê-lo; com isso, o entendimento fica equivocado, quando se afirma que não há possessão física, com base em posição anterior de Kardec, posição essa que foi mudada diante dos fatos que lhe foram apresentados.

Tomamos a liberdade de sugerir à FEB – Federação Espírita Brasileira, que, nas obras citadas - O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e A Gênese -, registre isso em notas de rodapé, visando alertar ao leitor sobre a mudança de entendimento por Kardec.

Um outro fator que não podemos deixar de chamar à atenção é o fato de que, para Kardec, possessão não significa necessariamente uma obsessão, como muitos de nós acreditamos; para ele é apenas um fato no qual certos Espíritos, literalmente, “tomam posse” do corpo do médium, podendo tais Espíritos ser bons ou maus, conforme o caso. É isso o que ficou claro, para nós, quando da leitura dos itens 47 e 48, acima transcritos. 

5) Fev./1869 – Revista Espírita 

Na narrativa de Kardec a respeito de um Espírito que não acreditava ter morrido, mas apenas sonhando, podemos encontrar mais alguma coisa sobre o assunto de que estamos tratando. Vejamos:

Na sessão da Sociedade de Paris, de 8 de janeiro, o mesmo Espírito veio se manifestar de novo, não pela escrita, mas pela palavra, em se servindo do corpo do Sr. Morin, em sonambulismo espontâneo. Ele falou durante uma hora, e isso foi uma cena das mais curiosas, porque o médium tomou a sua pose, seus gestos, sua voz, sua linguagem ao ponto que aqueles que o tinham visto o reconheceram sem dificuldade. [...]

Numa outra reunião, um Espírito deu sobre este fenômeno a comunicação seguinte:

Há aqui, uma substituição de pessoa, uma simulação. O Espírito encarnado recebe a liberdade ou cai na inação. Digo inércia, quer dizer, a contemplação daquilo que se passa. Ele está na posição de um homem que empresta momentaneamente a sua habitação, e que assiste às diferentes cenas que se realizam com a ajuda de seus móveis. Se gosta mais de gozar da sua liberdade, ele o pode, a menos que não haja para ele utilidade em permanecer espectador.

Não é raro que um Espírito atue e fale com o corpo de um outro; deveis compreender a possibilidade deste fenômeno, então que sabeis que o Espírito pode se retirar com o seu perispírito mais ou menos longe de seu envoltório corpóreo. Quando esse fato ocorre sem que nenhum Espírito disto se aproveite para ocupar o lugar, há a catalepsia. Quando um Espírito deseja ali se colocar para agir, toma um instante a sua parte na encarnação, une o seu perispírito ao corpo adormecido, desperta-o por esse contato e restitui o movimento à máquina; mas os movimentos, a voz não são mais os mesmos, porque os fluidos perispirituais não afetam mais o sistema nervoso do mesmo modo que o verdadeiro ocupante. Essa ocupação jamais pode ser definitiva; seria preciso, para isso, a desagregação absoluta do primeiro perispírito, o que levaria forçosamente à morte. Ela não pode mesmo ser de longa duração, pela razão de que o novo perispírito, não tendo sido unido a esse corpo desde a sua formação, não tem nele raízes, não estando modelado sobre esse corpo, não está apropriado ao desempenho dos órgãos; o Espírito intruso não está numa posição normal; ele é embaraçado em seus movimentos e é porque deixa essa veste emprestada desde que dela não tenha mais necessidade. (KARDEC, 2001, p. 48-49.)

Aqui, então, diante do assunto incluído num dos livros das obras básicas, não há mais como contestar não ser tema constitutivo da Doutrina, embora, como já o dissemos, já o aceitássemos por estar tão objetivamente na Revista Espírita, e como resposta à experiência pessoal que tivemos, inicialmente relatada. A novidade é que Kardec afirma que até um Espírito bom poderá possuir o corpo de um encarnado, desde que as condições o exijam, conforme abordado no tópico anterior. 

Opiniões sobre o assunto 

No capítulo XIX – Transes e Incorporações do livro No Invisível, Léon Denis fala justamente daquilo que estamos presentemente estudando. Vamos ver, então, o que disse aquele que é considerado o sucessor de Kardec:

O estado de transe é esse grau de sono magnético que permite ao corpo fluídico exteriorizar-se, desprender-se do corpo carnal, e à alma tornar a viver por um instante sua vida livre e independente. A separação, todavia, nunca é completa; a separação absoluta seria a morte... No transe, o médium fala, move-se, escreve automaticamente; desses atos, porém, nenhuma lembrança conserva ao despertar.

O estado de transe pode ser provocado, quer pela ação de um magnetizador, quer pela de um Espírito. Sob o influxo magnético, os laços que unem os dois corpos se afrouxam. A alma, com seu corpo sutil, vai-se emancipando pouco a pouco; recobra o uso de seus poderes ocultos, comprimidos pela matéria. Quanto mais profundo é o sono, mais completo vem a ser o desprendimento. [...]

No corpo do médium, momentaneamente abandonado, pode dar-se uma substituição de Espírito. É o fenômeno das incorporações. A alma de um desencarnado, mesmo a alma de um vivo adormecido, pode tomar o lugar do médium e servir-se de seu organismo material, para se comunicar pela palavra e pelo gesto com as pessoas presentes. (DENIS, 1987, p. 249.)

Nesse ponto Léon Denis cita Dr. Oliver Lodge e o professor Myers como testemunhas da realidade desses fatos. E continuando, lemos: Indagam certos experimentadores: o Espírito do manifestante se incorpora efetivamente no organismo do médium? Ou opera ele antes, a distância, pela sugestão mental e pela transmissão de pensamento, como o pode fazer o Espírito exteriorizado do sensitivo?

Um exame atento dos fatos nos leva a crer que essas duas explicações são igualmente admissíveis, conforme os casos. As citações que acabamos de fazer provam que a incorporação pode ser real e completa. É mesmo algumas vezes inconsciente, quando, por exemplo, certos Espíritos pouco adiantados são conduzidos por uma vontade superior ao corpo do médium e postos em comunicação conosco, a fim de serem esclarecidos sobre sua verdadeira situação. Esses Espíritos, perturbados pela morte, acreditam ainda, muito tempo depois, pertencerem à vida terrestre. Não lhes permitindo seus fluidos grosseiros o entrarem em relação com os Espíritos mais adiantados, são levados aos grupos de estudo, para serem instruídos acerca de sua nova condição. É difícil às vezes fazer-lhes compreender que abandonaram a vida carnal, e sua estupefação atinge o cômico, quando, convidados a comparar o organismo que momentaneamente animam com o que possuíam na Terra, são obrigados a reconhecer o seu engano. Não se poderia duvidar, em tal caso, na incorporação completa do Espírito.

Noutras circunstâncias, a teoria da transmissão a distância parece melhor explicar os fatos. As impressões oriundas de fora são mais ou menos fielmente percebidas e transmitidas pelos órgãos. Ao lado de provas de identidade, que nenhuma hesitação permitem sobre a autenticidade do fenômeno e intervenção dos Espíritos, verificam-se, na linguagem do sensitivo em transe, expressões, construções de frases, um modo de pronunciar que lhe são habituais. O Espírito parece projetar o pensamento no cérebro do médium, onde adquire, de passagem, formas de linguagem familiares a este. A transmissão se efetua em tal caso no limite dos conhecimentos e aptidões do sensitivo, em termos vulgares ou escolhidos, conforme o seu grau de instrução.

Daí também certas incoerências que se devem atribuir à imperfeição do instrumento. Ao despertar, o Espírito do médium perde toda consciência das impressões recebidas no sentido de liberdade, do mesmo modo que não guardará o menor conhecimento do papel que seu corpo tenha desempenhado durante o transe. Os sentidos psíquicos, de que por um momento haviam readquirido a posse, se extinguem de novo; a matéria estende o seu manto; a noite se produz; toda recordação se desvanece. O médium desperta num estado de perturbação, que lentamente se dissipa. (DENIS, 1987, p. 252-254.)

As colocações de Léon Denis vêm corroborar o que o próprio Kardec disse sobre a possessão. Agora, mais do que nunca, ficamos convictos dessa realidade, uma vez que todas as colocações que citamos estão coerentes entre si, não havendo, portanto, algo que demonstre qualquer contradição entre elas.

Poderemos ainda acrescentar, apenas para reforçar essa ideia, algumas coisas que encontramos no livro Nos Domínios da Mediunidade, Chico Xavier, ditado por André Luiz.

Vejamos os trechos nos quais, falando a respeito de determinado médium, está dito:

[...] Quando empresta o veículo a entidades dementes ou sofredoras, reclama-nos cautela, porquanto quase sempre deixa o corpo à mercê dos comunicantes, quando lhe compete o dever de ajudar-nos na contenção deles, a fim de que o nosso tentame de fraternidade não lhe traga prejuízo à organização física. (XAVIER, 1987, p. 30.)

Segundo pensamos, se o médium “empresta o veículo a entidades” é porque os Espíritos tomam posse do corpo físico dele ou, no linguajar popular, incorpora-se no médium.

[…] Entretanto, adaptando-se ao organismo da mulher amada que passou a obsidiar, nela encontrou novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca e vitalizando-se com os alimentos comuns por ela utilizados. Nessa simbiose vivem ambos, há quase cinco anos sucessivos, contudo, agora, a moça subnutrida e perturbada acusa desequilíbrios orgânicos de vulto. […] (XAVIER, 1987, p. 54.)

É praticamente o que diz Kardec ao final do item 47, na passagem comentada no item 4 acima de A Gênese. A única divergência é que o codificador falou de posse momentânea, e aqui descreve uma com, provavelmente, cinco anos de duração.

Notamos que Eugênia-alma afastou-se do corpo, mantendo-se junto dele, a distância de alguns centímetros, enquanto que, amparado pelos amigos que o assistiam, o visitante sentava-se rente, inclinando-se sobre o equipamento mediúnico ao qual se justapunha, à maneira de alguém a debruçar-se numa janela. (XAVIER, 1987, p. 54-55.)

[…] nesses trabalhos, o médium nunca se mantém a longa distância do corpo... (XAVIER, 1987, p. 56.)

Impressionante como esse trecho se assemelha à fala do Espírito que explicava como possuía o corpo físico da Senhora A..., na possessão citada na Revista Espírita. E, para quem assistiu ao filme Ghost, essa descrição faz-nos lembrar do que acontecia com a personagem vivida por Whoopi Goldberg, que antes brincava de “receber” Espíritos, e depois passou a “recebê-los” de fato.

Vejam bem: tudo isso se ajusta ao que está dito em A Gênese; mas, mesmo que no livro do autor espiritual André Luiz fatos extremamente idênticos sejam relatados, lemos nessa obra - Nos domínios da mediunidade -, o seguinte: “Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer que sejam os característicos em que se expressem...” (XAVIER, 1987, p. 18.)

Isso vem justamente contradizer, salvo melhor juízo, o que está descrito nesse mesmo livro de André Luiz, quando dos casos de incorporação e dos de obsessão, uma vez que, por eles fica caracterizada a posse do corpo do médium ou, conforme o caso, do obsidiado. Assim, acreditamos que poderia estar havendo certo exagero em se dizer de forma absoluta que a mente está na base de todas as manifestações mediúnicas, como se afirma no mencionado livro, a não ser que estejamos entendendo de maneira errada o que quer colocar o autor espiritual. Poderia, quem sabe, estar mesmo querendo dizer que essa base é a mente do desencarnado, não como sendo a ligação mental entre os envolvidos no fenômeno mediúnico.

Podemos ainda citar o Dr. Hernani Guimarães Andrade que utilizou quase das mesmas passagens que citamos de André Luiz, quando estudou a questão das incorporações mediúnicas, obsessões e possessões. A certa altura diz-nos esse saudoso mestre: A “incorporação mediúnica” pode, também, distinguir-se por diversas modalidades de comunicação: psicofonia, psicografia, possessão parcial ou total das manifestações de habilidades não aprendidas, tais como nos casos de psicopictografia, psicocirurgia, psicoescultura, psicomúsica, escrita automática incontrolável com xenografia, xenoglossia, múltipla personalidade, transfiguração (esta última pertencendo também ao capítulo das ectoplasmias) etc.

O mecanismo da “incorporação mediúnica” é fácil de compreender. Ela pode principiar pela aproximação da entidade que deseja comunicar-se. Esta poderá eventualmente influenciar o “médium”, facilitando-lhe o “transe”. O médium passa então a sofrer um desdobramento astral (OBE) e sua cúpula juntamente com o corpo astral deslocam-se parcial ou totalmente de maneira a permitir que a cúpula e o corpo astral do Espírito comunicante ocupem parcial ou totalmente o campo livre deixado pelo “corpo astral” do médium. A incorporação é tanto mais perfeita quanto maior o espaço cedido pelo astral do médium ao afastar-se do seu corpo físico, deixando lugar para a cúpula com o corpo astral do comunicador. Este – o Espírito comunicante – deverá sofrer um processo semelhante ao desdobramento astral, para permitir que sua cúpula e corpo astral possam justapor-se ao espaço livre deixado pelo médium. Há casos em que a parte astral do médium se desloca só parcialmente, permitindo que apenas uma fração do astral do Espírito comunicador entre em contacto com a zona anímico-perispirítica daquele.

Mesmo nestas condições pode haver comunicação, a qual poderá ser em parte direta e em parte telepática. Em semelhante circunstância há sempre possibilidade de controle das comunicações, por parte do médium. Este poderá interferir no processo, ainda mesmo que totalmente afastado, pois a ligação com a sua zona anímico-perispirítica não cessa. Há sempre a presença do “cordão prateado” garantindo o domínio do próprio equipamento somático. (ANDRADE, 2002, p. 122-124.) 

Conclusão 

O que aprendemos, como uma oportuna lição, é que sempre devemos fazer nossas pesquisas em todos os livros de Kardec; até que tenhamos a opinião final, não podemos ficar com a primeira opinião que, por ventura, venhamos encontrar. Conforme ficou demonstrado neste estudo, Kardec mudou de opinião sobre a possessão; daí poderemos concluir que não colocou nada como verdade absoluta, mas, como sempre, passível de novos entendimentos. Vai mais longe ao dizer, em relação à progressividade evolutiva do Espiritismo: “Se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revela, ele a aceita”. (KARDEC, 2007c, p. 40.)

Devemos, pois, reformular nossos conceitos sobre a possessão, tendo em vista que deverá prevalecer, segundo acreditamos, a última opinião de Kardec; e é ela que vem dizer da possibilidade real da possessão, por um Espírito, do corpo de um encarnado. Poderemos dizer que na subjugação o encarnado não quer fazer, mas é constrangido a fazer aquilo que o Espírito obsessor deseja que o subjugado faça. A atuação do Espírito é por envolvimento. Nessa hipótese o encarnado está consciente da situação, mas nada pode fazer para evitá-la. Já na possessão o encarnado não tem a mínima ideia do que está lhe acontecendo; faz, sem tomar consciência, a vontade do Espírito, conforme percebemos, senão em todos, pelo menos na maioria dos casos de que tomamos conhecimento. Nessa situação está completamente inconsciente, não oferecendo a mínima resistência à vontade do obsessor, que faz do obsidiado uma marionete, se assim podemos nos expressar.

Diante do exposto, podemos aceitar, sem medo de errar, que, em alguns casos, existe mesmo uma real incorporação, no sentido exato da palavra, aplicado a esse fenômeno mediúnico, conclusão a que chegamos por este nosso estudo.

 

Referências bibliográficas: 

ANDRADE, H.G., Espírito, Perispírito e Alma, São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2002.

DENIS, L., No Invisível, Rio de Janeiro: FEB, 1987.

KARDEC, A. A Gênese. Rio de Janeiro: FEB, 2007c.

_________ O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2007a.

_________ O Livro dos Médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2007b.

_________ Revista Espírita, tomo VI, 1863, Araras – SP: IDE, 2000.

_________ Revista Espírita, tomo XII, 1869, Araras – SP: IDE, 2001.

XAVIER, F. C. Nos Domínios da Mediunidade, Rio de Janeiro: FEB, 1987.

_______________________


(1)
Casos de cura de obsessões e de possessões: Revue Spirite, dezembro de 1863, pág. 373; - janeiro de 1864, pág. 11; - junho de 1864, pág. 168; - janeiro de 1865, pág. 5; - junho de 1865, pág. 172; - fevereiro de 1868, pág. 38; - junho de 1867, pág. 174.

(2) Foi exatamente desse gênero a epidemia que, faz alguns anos, atacou a aldeia de Morzine na Saboia. Veja-se o relato completo dessa epidemia na Revue Spirite de dezembro de 1862, pág. 353; janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863, págs. 1, 33, 101 e 133. (KARDEC, 2007c, p. 347-351.) (Grifo nosso.)

 

 


 

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