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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 5 - N° 211 - 29 de Maio de 2011
WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)

 
Roosevelt Andolphato Tiago:

“O sucesso é sempre o resultado de um esforço inteligente”

O escritor e palestrante paulista entende que o Espiritismo vive
um momento mágico, em que as barreiras do preconceito são ínfimas em proporção à projeção que ele alcançou

 

Roosevelt Andolphato Tiago (foto), nosso entrevistado da semana, nasceu na cidade paulista de Jaú e atualmente reside em Barra Bonita-SP, às margens do rio Tietê. Sua participação no movimento espírita é ativa, seja como orador, escritor ou dirigente. Roosevelt vem percorrendo todo o Brasil com cursos, seminários e palestras espíritas que abordam interessantes temas, tais como formação de equipes, liderança e comportamento humano. Profissionalmente é consultor empresarial e palestrante há mais de 20 anos. Conhecedor das obras de Kardec, nosso entrevistado foi enfático em afirmar que um dos grandes desafios dos espíritas é ser fiel aos postulados  

doutrinários. E foi para falar desse e de outros assuntos que ele gentilmente nos concedeu a entrevista que segue abaixo. 

Como conheceu o Espiritismo?

Por mais que pareça estranho, comecei a fazer palestras aos 14 anos sobre temas variados, que sempre enfatizavam o comportamento da criatura humana e apenas conheci o Espiritismo aos 17 anos, iniciando daí os meus estudos e estabelecendo uma aproximação maior com o Espiritismo. Minha vida dentro da Doutrina me impulsiona a realizar muitas palestras por ano por todo o país e, ao mesmo tempo, a edição de cinco obras, além de seminários, e formando diversos grupos a serviço da causa espírita, concluindo na fundação da Solidum Editora. 

Você vem realizando quantas palestras por ano?

No ano passado (2010) concluí 232 palestras e seminários em variadas regiões de nosso país.

Como concilia seu trabalho na edição de livros espíritas e de consultor empresarial. É uma rotina bem dinâmica esta, não?

Realmente administrar estas atividades todas necessita de muita organização. Muitas vezes temos palestras empresariais durante o dia e espíritas à noite. Por temos a Solidum Editora para divulgar, as palestras também oferecem oportunidade para fazer contatos com livrarias de centros espíritas, captar e-mails de interessados em receber notícias de lançamentos de obras espíritas e muito mais. Somente uma agenda bem dividida pode proporcionar um grande fluxo de atividades juntamente com os demais compromissos e a família.

Pelas cidades visitadas nos diversos Estados brasileiros, quais são as suas percepções do movimento espírita?

É visível o progresso do movimento espírita, que está cada vez mais organizado, no que o intercâmbio de palestrantes é ponto fundamental para que possamos ver as mesmas questões dentro de pontos de vista diferentes. Hoje as casas chegaram a uma estrutura física cada vez mais adequada e comportando trabalhos e palestras com mais eficiência. Entretanto, ainda vejo com muita delicadeza nosso maior obstáculo: manter fidelidade aos apontamentos de Kardec. Muitas casas dirigidas por companheiros dedicados podem oscilar em suas atividades se elas se descuidarem das bases geradoras de segurança doutrinária. São louváveis as obras sociais mantidas pelos centros espíritas, mas nada deve suplantar a divulgação libertadora dos Espíritos. 

Em sua resposta você fez alusão à falta de fidelidade a Kardec. Será este o grande desafio dos espíritas, ou seja, sermos mais fiéis a Kardec? 

Não tenho a menor dúvida! O Espiritismo é para os espíritas ainda um grande desconhecido, sabemos a superficialidade e cremos que temos o conhecimento de algo tão grande e profundo. Como reação deste desconhecimento, acabamos por admitir para o meio espírita modismos desnecessários importados de outras filosofias, ciências ou das crendices populares, acreditando serem atualizações dos apontamentos de Kardec. Mesmo movidos por boa intenção, uma casa espírita que se preze deve cultivar em seus integrantes a importância do estudo do Espiritismo, o que só pode acontecer com a atenção voltada às obras do Codificador. Ora, não pode estar superado aquilo que nem sequer conseguimos compreender em sua amplitude e grandeza. Diferente do que podemos pensar, a fidelidade a Kardec não representa fanatismo ou inflexibilidade, mesmo por que Allan Kardec definiu o espírita como um livre pensador, com liberdade de pensar e de agir. Fidelidade é apenas nos mantermos nas bases da Doutrina e aceitar tudo que evidentemente couber na base. 

Você dirige uma instituição espírita na bela cidade de Barra Bonita-SP. Como está o movimento espírita por lá?

Existem em Barra Bonita hoje três casas espíritas, estrategicamente distribuídas em regiões variadas da cidade e creio que o movimento atende à necessidade dos diferentes frequentadores e suas diferentes buscas. O que poderia apontar como alvo de melhoria seria a união destas casas para eventos comuns, pois a fraternidade que pregamos deve estar primeiramente presente nas instituições espíritas. Mas vejo, claramente, um movimento crescente.

Fale-nos sobre seu novo livro: “Se não tiver vento, reme...”.

Esta obra tem sido fonte de muita felicidade, primeiro pela aceitação dos espíritas nas instituições, o que garantiu uma segunda edição em sessenta dias de divulgação. Sem contar, pela avaliação recebida pelos estudiosos do Espiritismo, apontando para esta obra como sendo um trabalho que guarda profunda fidelidade aos preceitos de Allan Kardec, sendo este o maior elogio que uma obra espírita pode receber. Dentro desta obra, levamos à reflexão as propriedades do Espírito: inteligência, vontade e pensamento, tornando de fácil entendimento o que seria um campo de estudos para os que já possuem uma relativa bagagem de estudos. Enfim, é nosso quinto trabalho e vejo ainda que esta obra ainda tenha muito a realizar.

Com vasta experiência na área de treinamento de pessoas, você pode nos indicar - se isto for possível - um caminho para obtermos o sucesso nas mais diversas áreas e papéis que desempenhamos na vida?

O sucesso é sempre o resultado de um esforço inteligente. Aprender sempre – seria este o primeiro item para o sucesso, porque geralmente aprendemos pouco e nos julgamos sabedores de um conhecimento que em realidade não possuímos. O segundo item seria aplicar o que se sabe ou aprende, pois um conhecimento não aplicado é tão inútil como a ignorância. E por fim, a perseverança, pois o sucesso sempre aparece, com mais ou menos tempo, para os que trabalham seriamente e com determinação. A maior parte das vezes que ficamos sem o sucesso é porque desistimos e não porque fracassamos. Lembremos ainda que as definições de SUCESSO variam muito.

As empresas hoje vivem a época da qualidade total. Diga-nos se há alguma relação entre a qualidade total que buscam as empresas e melhoria íntima do indivíduo.

Sem dúvida! O homem é um ser indivisível, ou seja, não dá para melhorar o homem PROFISSIONAL, sem melhorar o homem PESSOAL, pois são a mesma pessoa. Tanto que muitas empresas oferecem a seus colaboradores palestras não somente de aspectos profissionais, mas também sobre convivência, drogas, trabalho em equipe, valorização da vida e muito mais. Na realidade, o objetivo da qualidade total é a busca da excelência, ou seja, melhorar sempre, e, se este é o que querem as empresas, podemos perceber que, da mesma forma, esta sempre foi a proposta da Doutrina Espírita. Toda a vida tem esta única função: promover a melhora contínua – afinal, só seremos felizes quando formos bons!

Nesses anos todos de atividade profissional e doutrinária, entrando constantemente em contato com os dramas, vitórias e dificuldades das pessoas, responda-nos: Quais os maiores desafios do ser humano e como a Doutrina Espírita pode ajudar? 

Os desafios da vida são particulares; afinal, eles nos tocam em aspectos específicos que nos machucam especialmente em determinados pontos. Em boa definição, o que pode ser um desafio para um pode não representar nada para outro. Contudo, se fôssemos apontar um desafio comum a todos nós, certamente seria manter uma vida reta, sem ceder às facilidades que periodicamente visitam nossa vida com ofertas ilusórias ou de soluções mágicas. A Doutrina Espírita, acima de qualquer outra filosofia, pode auxiliar o homem na condução da própria vida, oferecendo a ele uma visão real de sua natureza, evidenciando que somos seres espirituais numa experiência material, portanto passageira. Com a consciência da fragilidade da vida atual, ele passa a se interessar pela vida espiritual, portanto verdadeira.  

Como editor, quais são suas percepções a respeito do leitor espírita e do não-espírita. Há diferença? 

Para os que estão no meio espírita, fica a impressão de que os espíritas leem muito, contudo ainda não atingimos o ideal. O que existe é a realidade de que os poucos que leem o fazem constantemente, mas o número dos que nada leem ainda é muito grande. Em parâmetros gerais, perdemos em leitura para os europeus de longe e até para os argentinos, lembrando ainda que somos portadores da literatura mais bela do planeta. Já os leitores não-espíritas, mesmo diante da grande variação de gêneros disponíveis no mercado, leem muitas obras espíritas, hoje sem maiores preconceitos, salvo situações isoladas. Mas a exigência por obras bem elaboradas é a mesma, o que garante o crescimento e a profissionalização do mercado literário. 

Como uma pessoa diretamente ligada aos livros, que tem achado da literatura espírita atual? 

Ela está num processo de crescimento em que a qualidade gráfica das obras tem se ampliado; contudo, no que tange ao mercado editorial espírita, está ele permeado de obras que não são espíritas, são apenas mediúnicas e, como nem todos os Espíritos são espíritas, o fato de ser mediúnica não garante que seja espírita. A falta desta compreensão faz com que muitos autores, mesmo com nomes respeitados, apresentem ao meio espírita situações e histórias destituídas de razão e que são facilmente aceitas porque supostamente são originárias de Espíritos ou autores experientes. Como já relatei, a Doutrina Espírita é portadora da literatura mais bela do planeta, mas cuidado e análise de qualquer conteúdo é recomendação do Codificador, tenha a origem que tiver. A responsabilidade de grande parte deste movimento está nos responsáveis pelas livrarias dos centros e avaliadores dos Clubes de Livros, que devem fazer uma análise séria dos livros oferecidos, sem se deixar abalar por uma promoção financeira; afinal, essa postura evidencia nossa fraqueza de entendimento com o compromisso que abraçamos. Mas vejo, evidentemente, um caminho promissor e cheio de oportunidades para a disseminação de ideias e valores.  

Suas palavras finais. 

O Espiritismo vive um momento mágico, em que as barreiras do preconceito são ínfimas em proporção à projeção que ele alcançou, seja na mídia ou no crescimento de centros de orientação e estudos. Mas é necessário que tenhamos responsabilidade na orientação dos novatos que essa projeção vai trazer ao movimento espírita, para que possam usufruir verdadeiramente dos mananciais de beleza que conhecemos, entendendo que os meios utilizados pelo Espiritismo são naturais e devem ser vistos e estudados desta forma, com naturalidade. Toda imagem de misticismo, ocultismo ou sobrenatural é fruto da falta de estudos, afinal o Espiritismo tem bases sólidas o bastante para fornecer, aos que querem conhecê-lo, uma condição de segurança, se for estudado com coerência e dedicação.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita