Roosevelt
Andolphato
Tiago:
“O sucesso é
sempre o
resultado de um
esforço
inteligente”
O escritor e
palestrante
paulista entende
que o
Espiritismo vive
um momento
mágico, em que
as barreiras do
preconceito são
ínfimas em
proporção à
projeção que ele
alcançou
|
Roosevelt
Andolphato Tiago
(foto),
nosso
entrevistado da
semana, nasceu
na cidade
paulista de Jaú
e atualmente
reside em Barra
Bonita-SP, às
margens do rio
Tietê. Sua
participação no
movimento
espírita é
ativa, seja como
orador, escritor
ou dirigente.
Roosevelt vem
percorrendo todo
o Brasil com
cursos,
seminários e
palestras
espíritas que
abordam
interessantes
temas, tais como
formação de
equipes,
liderança e
comportamento
humano.
Profissionalmente
é consultor
empresarial e
palestrante há
mais de 20 anos.
Conhecedor das
obras de Kardec,
nosso
entrevistado foi
enfático em
afirmar que um
dos grandes
desafios dos
espíritas é ser
fiel aos
postulados
|
doutrinários. E
foi para falar
desse e de
outros assuntos
que ele
gentilmente nos
concedeu a
entrevista que
segue abaixo.
Como conheceu o
Espiritismo?
|
Por mais que
pareça estranho,
comecei a fazer
palestras aos 14
anos sobre temas
variados, que
sempre
enfatizavam o
comportamento da
criatura humana
e apenas conheci
o Espiritismo
aos 17 anos,
iniciando daí os
meus estudos e
estabelecendo
uma aproximação
maior com o
Espiritismo.
Minha vida
dentro da
Doutrina me
impulsiona a
realizar muitas
palestras por
ano por todo o
país e, ao mesmo
tempo, a edição
de cinco obras,
além de
seminários, e
formando
diversos grupos
a serviço da
causa espírita,
concluindo na
fundação da
Solidum
Editora.
Você vem
realizando
quantas
palestras por
ano?
No ano passado
(2010) concluí
232 palestras e
seminários em
variadas regiões
de nosso país.
Como concilia
seu trabalho na
edição de livros
espíritas e de
consultor
empresarial. É
uma rotina bem
dinâmica esta,
não?
Realmente
administrar
estas atividades
todas necessita
de muita
organização.
Muitas vezes
temos palestras
empresariais
durante o dia e
espíritas à
noite. Por temos
a Solidum
Editora para
divulgar, as
palestras também
oferecem
oportunidade
para fazer
contatos com
livrarias de
centros
espíritas,
captar e-mails
de interessados
em receber
notícias de
lançamentos de
obras espíritas
e muito mais.
Somente uma
agenda bem
dividida pode
proporcionar um
grande fluxo de
atividades
juntamente com
os demais
compromissos e a
família.
Pelas cidades
visitadas nos
diversos Estados
brasileiros,
quais são as
suas percepções
do movimento
espírita?
É visível o
progresso do
movimento
espírita, que
está cada vez
mais organizado,
no que o
intercâmbio de
palestrantes é
ponto
fundamental para
que possamos ver
as mesmas
questões dentro
de pontos de
vista
diferentes. Hoje
as casas
chegaram a uma
estrutura física
cada vez mais
adequada e
comportando
trabalhos e
palestras com
mais eficiência.
Entretanto,
ainda vejo com
muita delicadeza
nosso maior
obstáculo:
manter
fidelidade aos
apontamentos de
Kardec. Muitas
casas dirigidas
por companheiros
dedicados podem
oscilar em suas
atividades se
elas se
descuidarem das
bases geradoras
de segurança
doutrinária. São
louváveis as
obras sociais
mantidas pelos
centros
espíritas, mas
nada deve
suplantar a
divulgação
libertadora dos
Espíritos.
Em sua resposta
você fez alusão
à falta de
fidelidade a
Kardec. Será
este o grande
desafio dos
espíritas, ou
seja, sermos
mais fiéis a
Kardec?
Não tenho a
menor dúvida! O
Espiritismo é
para os
espíritas ainda
um grande
desconhecido,
sabemos a
superficialidade
e cremos que
temos o
conhecimento de
algo tão grande
e profundo. Como
reação deste
desconhecimento,
acabamos por
admitir para o
meio espírita
modismos
desnecessários
importados de
outras
filosofias,
ciências ou das
crendices
populares,
acreditando
serem
atualizações dos
apontamentos de
Kardec. Mesmo
movidos por boa
intenção, uma
casa espírita
que se preze
deve cultivar em
seus integrantes
a importância do
estudo do
Espiritismo, o
que só pode
acontecer com a
atenção voltada
às obras do
Codificador.
Ora, não pode
estar superado
aquilo que nem
sequer
conseguimos
compreender em
sua amplitude e
grandeza.
Diferente do que
podemos pensar,
a fidelidade a
Kardec não
representa
fanatismo ou
inflexibilidade,
mesmo por que
Allan Kardec
definiu o
espírita como um
livre pensador,
com liberdade de
pensar e de
agir. Fidelidade
é apenas nos
mantermos nas
bases da
Doutrina e
aceitar tudo que
evidentemente
couber na base.
Você dirige uma
instituição
espírita na bela
cidade de Barra
Bonita-SP. Como
está o movimento
espírita por lá?
Existem em Barra
Bonita hoje três
casas espíritas,
estrategicamente
distribuídas em
regiões variadas
da cidade e
creio que o
movimento atende
à necessidade
dos diferentes
frequentadores e
suas diferentes
buscas. O que
poderia apontar
como alvo de
melhoria seria a
união destas
casas para
eventos comuns,
pois a
fraternidade que
pregamos deve
estar
primeiramente
presente nas
instituições
espíritas. Mas
vejo,
claramente, um
movimento
crescente.
Fale-nos sobre
seu novo livro:
“Se não tiver
vento, reme...”.
Esta obra tem
sido fonte de
muita
felicidade,
primeiro pela
aceitação dos
espíritas nas
instituições, o
que garantiu uma
segunda edição
em sessenta dias
de divulgação.
Sem contar, pela
avaliação
recebida pelos
estudiosos do
Espiritismo,
apontando para
esta obra como
sendo um
trabalho que
guarda profunda
fidelidade aos
preceitos de
Allan Kardec,
sendo este o
maior elogio que
uma obra
espírita pode
receber. Dentro
desta obra,
levamos à
reflexão as
propriedades do
Espírito:
inteligência,
vontade e
pensamento,
tornando de
fácil
entendimento o
que seria um
campo de estudos
para os que já
possuem uma
relativa bagagem
de estudos.
Enfim, é nosso
quinto trabalho
e vejo ainda que
esta obra ainda
tenha muito a
realizar.
Com vasta
experiência na
área de
treinamento de
pessoas, você
pode nos indicar
- se isto for
possível - um
caminho para
obtermos o
sucesso nas mais
diversas áreas e
papéis que
desempenhamos na
vida?
O sucesso é
sempre o
resultado de um
esforço
inteligente.
Aprender sempre
– seria este o
primeiro item
para o sucesso,
porque
geralmente
aprendemos pouco
e nos julgamos
sabedores de um
conhecimento que
em realidade não
possuímos. O
segundo item
seria aplicar o
que se sabe ou
aprende, pois um
conhecimento não
aplicado é tão
inútil como a
ignorância. E
por fim, a
perseverança,
pois o sucesso
sempre aparece,
com mais ou
menos tempo,
para os que
trabalham
seriamente e com
determinação. A
maior parte das
vezes que
ficamos sem o
sucesso é porque
desistimos e não
porque
fracassamos.
Lembremos ainda
que as
definições de
SUCESSO variam
muito.
As empresas hoje
vivem a época da
qualidade total.
Diga-nos se há
alguma relação
entre a
qualidade total
que buscam as
empresas e
melhoria íntima
do indivíduo.
Sem dúvida! O
homem é um ser
indivisível, ou
seja, não dá
para melhorar o
homem
PROFISSIONAL,
sem melhorar o
homem PESSOAL,
pois são a mesma
pessoa. Tanto
que muitas
empresas
oferecem a seus
colaboradores
palestras não
somente de
aspectos
profissionais,
mas também sobre
convivência,
drogas, trabalho
em equipe,
valorização da
vida e muito
mais. Na
realidade, o
objetivo da
qualidade total
é a busca da
excelência, ou
seja, melhorar
sempre, e, se
este é o que
querem as
empresas,
podemos perceber
que, da mesma
forma, esta
sempre foi a
proposta da
Doutrina
Espírita. Toda a
vida tem esta
única função:
promover a
melhora contínua
– afinal, só
seremos felizes
quando formos
bons!
Nesses anos
todos de
atividade
profissional e
doutrinária,
entrando
constantemente
em contato com
os dramas,
vitórias e
dificuldades das
pessoas,
responda-nos:
Quais os maiores
desafios do ser
humano e como a
Doutrina
Espírita pode
ajudar?
Os desafios da
vida são
particulares;
afinal, eles nos
tocam em
aspectos
específicos que
nos machucam
especialmente em
determinados
pontos. Em boa
definição, o que
pode ser um
desafio para um
pode não
representar nada
para outro.
Contudo, se
fôssemos apontar
um desafio comum
a todos nós,
certamente seria
manter uma vida
reta, sem ceder
às facilidades
que
periodicamente
visitam nossa
vida com ofertas
ilusórias ou de
soluções
mágicas. A
Doutrina
Espírita, acima
de qualquer
outra filosofia,
pode auxiliar o
homem na
condução da
própria vida,
oferecendo a ele
uma visão real
de sua natureza,
evidenciando que
somos seres
espirituais numa
experiência
material,
portanto
passageira. Com
a consciência da
fragilidade da
vida atual, ele
passa a se
interessar pela
vida espiritual,
portanto
verdadeira.
Como editor,
quais são suas
percepções a
respeito do
leitor espírita
e do
não-espírita. Há
diferença?
Para os que
estão no meio
espírita, fica a
impressão de que
os espíritas
leem muito,
contudo ainda
não atingimos o
ideal. O que
existe é a
realidade de que
os poucos que
leem o fazem
constantemente,
mas o número dos
que nada leem
ainda é muito
grande. Em
parâmetros
gerais, perdemos
em leitura para
os europeus de
longe e até para
os argentinos,
lembrando ainda
que somos
portadores da
literatura mais
bela do planeta.
Já os leitores
não-espíritas,
mesmo diante da
grande variação
de gêneros
disponíveis no
mercado, leem
muitas obras
espíritas, hoje
sem maiores
preconceitos,
salvo situações
isoladas. Mas a
exigência por
obras bem
elaboradas é a
mesma, o que
garante o
crescimento e a
profissionalização
do mercado
literário.
Como uma pessoa
diretamente
ligada aos
livros, que tem
achado da
literatura
espírita atual?
Ela está num
processo de
crescimento em
que a qualidade
gráfica das
obras tem se
ampliado;
contudo, no que
tange ao mercado
editorial
espírita, está
ele permeado de
obras que não
são espíritas,
são apenas
mediúnicas e,
como nem todos
os Espíritos são
espíritas, o
fato de ser
mediúnica não
garante que seja
espírita. A
falta desta
compreensão faz
com que muitos
autores, mesmo
com nomes
respeitados,
apresentem ao
meio espírita
situações e
histórias
destituídas de
razão e que são
facilmente
aceitas porque
supostamente são
originárias de
Espíritos ou
autores
experientes.
Como já relatei,
a Doutrina
Espírita é
portadora da
literatura mais
bela do planeta,
mas cuidado e
análise de
qualquer
conteúdo é
recomendação do
Codificador,
tenha a origem
que tiver. A
responsabilidade
de grande parte
deste movimento
está nos
responsáveis
pelas livrarias
dos centros e
avaliadores dos
Clubes de
Livros, que
devem fazer uma
análise séria
dos livros
oferecidos, sem
se deixar abalar
por uma promoção
financeira;
afinal, essa
postura
evidencia nossa
fraqueza de
entendimento com
o compromisso
que abraçamos.
Mas vejo,
evidentemente,
um caminho
promissor e
cheio de
oportunidades
para a
disseminação de
ideias e
valores.
Suas palavras
finais.
O Espiritismo
vive um momento
mágico, em que
as barreiras do
preconceito são
ínfimas em
proporção à
projeção que ele
alcançou, seja
na mídia ou no
crescimento de
centros de
orientação e
estudos. Mas é
necessário que
tenhamos
responsabilidade
na orientação
dos novatos que
essa projeção
vai trazer ao
movimento
espírita, para
que possam
usufruir
verdadeiramente
dos mananciais
de beleza que
conhecemos,
entendendo que
os meios
utilizados pelo
Espiritismo são
naturais e devem
ser vistos e
estudados desta
forma, com
naturalidade.
Toda imagem de
misticismo,
ocultismo ou
sobrenatural é
fruto da falta
de estudos,
afinal o
Espiritismo tem
bases sólidas o
bastante para
fornecer, aos
que querem
conhecê-lo, uma
condição de
segurança, se
for estudado com
coerência e
dedicação.