Jamiro dos
Santos Filho:
“Ninguém faz
nada sozinho”
O conhecido
palestrante
conta como
surgiu o Centro
Espírita Nosso
Lar, de
Araguari-MG, que
integra Escola e
Centro
Espírita em um
mesmo espaço,
por orientação
do
saudoso médium
Chico Xavier
|
Jamiro dos
Santos Filho (foto),
nosso
entrevistado, é
conhecido
nacionalmente.
Natural de
Anápolis-GO e
radicado em
Araguari-MG há
muitos anos,
Jamiro é
escritor com
vários livros
publicados e
palestrante que
tem levado sua
palavra a quase
todos os Estados
brasileiros.
Integrante da
equipe de
trabalhadores do
Centro Espírita
Nosso Lar, que
completou 25
anos, relata sua
experiência –
inspirada pelo
médium Chico
Xavier – de
fundar em sua
cidade uma
instituição que
integra Escola e
Centro Espírita
em um mesmo
espaço.
*
Quando surgiu o
Centro Espírita
|
Nosso Lar e como
foi? |
Em 1985 eu e
minha esposa
Luci
realizávamos
semanalmente o
Evangelho no
lar. Aos poucos
a minha família
começou a
participar, e em
pouco tempo o
espaço já estava
totalmente
ocupado. Surgiu,
então, a
sugestão de
fundação de uma
Casa. No início
de 1986,
mensagens dos
Amigos
Espirituais
afirmavam que a
família, antes
de
reencarnar, havia
assumido o
compromisso de
abrir uma Casa
Espírita. Assim,
diante da
revelação, em
fevereiro de
1986 foi fundado
o Centro
Espírita Nosso
Lar.
Ele sempre
funcionou no
mesmo endereço,
desde que
surgiu?
Sim. Quando
fundamos a Casa,
não tínhamos nem
mesmo o terreno,
apenas o sonho.
Em setembro do
mesmo ano a
prefeitura doou
o terreno e
começamos a
construção. Em
janeiro de 1987
inauguramos a
Casa com uma
festa para os
nossos corações.
O endereço é Rua
Padre Gusmão,
140, no bairro
Paraíso, em
Araguari, MG.
Como surgiu a
ideia de ter um
departamento
como escola?
Por misericórdia
de Jesus, tive
uma convivência
regular com
Chico Xavier.
Com alguns
amigos sempre o
visitávamos,
pelo
menos quatro a
seis vezes por
ano. Era comum
ficarmos até
alta madrugada.
Em 1994 eu
contei ao Chico
que havíamos
ganhado o
terreno ao lado
do Centro e que
minha intenção
era abrir ali um
albergue. Ele
olhou
carinhosamente
em meus olhos,
pegou minha mão
e disse que o
nosso
compromisso era
abrir uma Escola
dentro do
Centro. Fiquei
surpreso, e ele
insistiu
afirmando que a
Escola deveria
ser no mesmo
espaço físico do
Centro, e assim,
além de ensinar,
a Escola
quebraria os
preconceitos que
as pessoas
tinham do
Espiritismo.
Então, no dia 3
de outubro de
1994, em
homenagem a
Kardec, fundamos
o que é hoje o
Colégio Dom
Bosco.
É uma Escola
comum?
Sim, é uma
Escola como as
outras. Temos o
Ensino Infantil,
Ensino
Fundamental I e
II e o Ensino
Médio. Estamos,
hoje, com 280
alunos, e, como
disse Chico
Xavier, a Escola
deve amparar a
criança carente
sempre que for
possível. Então,
temos hoje
alunos que
recebem bolsas,
alguns até com
bolsa total.
Nossa finalidade
é ampliar nossa
atuação em
outras áreas da
educação e
promoção
humanas. A
caminhada é
longa, pois já
se foram 17
anos, e sabemos
que ainda muito
temos a
realizar.
Há atividade
espírita na
Escola?
Não temos
necessariamente
aulas espíritas.
Chico Xavier
também disse que
a função da
Escola não é
ensinar
Espiritismo.
Mas, conforme
suas palavras,
as crianças que
passarem pela
Escola talvez
nem se tornem
espíritas, mas
não serão contra
o Espiritismo.
Os pais também
passariam a ver
o Espiritismo de
uma forma
diferente, sem
preconceitos, e
assim tem
acontecido. Aos
poucos, pais e
alunos vão
observando que
ali se realizam
outras
atividades que
acabam
despertando o
interesse deles.
Sendo os prédios
conjugados e no
mesmo espaço,
como é
conciliada a
atividade
espírita com a
atividade de
escola?
Durante o dia as
atividades da
Escola ocupam
todo o espaço,
até mesmo o
salão onde são
realizadas
reuniões com
pais,
professores e
acontecem também
aulas com vídeo
aos alunos. À
noite, as
reuniões do
Centro ocorrem
normalmente,
todas as
segundas, terças
e
quintas-feiras.
O consultório
odontológico
está no mesmo
espaço, e atende
aos carentes.
Temos 4
dentistas que
doam
voluntariamente
seus serviços, e
nós oferecemos o
material para
socorrer aos
mais carentes.
Atendemos em
média 100
pessoas por mês.
E tanto alunos
quanto os pais
observam essa
atividade
assistencial, e
aos poucos eles
se inteiram de
que ali também
se presta
auxílio àqueles
que sofrem. O
pátio e o
refeitório, que
durante os dias
da semana são
usados pelos
alunos, aos
sábados servem
de local onde é
servida a sopa
fraterna com
frequência média
de 200 pessoas.
Enfim, Escola e
Centro
"convivem" muito
bem.
Comemorar os 25
anos foi uma
grande
conquista.
Comente esse
fato.
Sem dúvida
nenhuma,
completar 25
anos de trabalho
foi uma alegria
para os nossos
corações. Somos
conscientes de
que realizamos
algo muito
singelo, no
entanto, mesmo
assim nos
sentimos felizes
em olhar que nos
últimos 25 anos
estivemos
envolvidos com
uma obra de amor
ao próximo. E
nessa
oportunidade
alguns amigos
estiveram em
Araguari para
nos abraçar e
assim fortalecer
nossos corações
para que
possamos
prosseguir
tentando servir.
Foi uma festa
singela regada
de alegria e
fraternidade.
Qual a
influência de
Chico Xavier em
toda a história
da instituição?
Não há como
negar a grande
influência de
Chico Xavier,
não somente na
fundação da
Escola, mas
também no seu
direcionamento,
manutenção e
incentivo.
Depois, por mais
duas vezes lá
estivemos, e,
diante das
dificuldades da
época, dissemos
que fecharíamos
a Escola, mas o
Chico nas duas
vezes disse: –
Vai mais um
pouco, tente
mais um
pouquinho. E
completou: Nós,
espíritas, temos
que provar que
somos capazes de
contribuir com a
educação no
mundo, pois
outras religiões
já possuem até
faculdades. E
assim
prosseguimos. A
influência do
Chico também se
deu e muito em
nossas
atividades do
Centro, pois
tentamos
assimilar o
"jeitinho
mineiro" do
Chico de
realizar as
atividades de
uma Casa
Espírita.
Como é a
atividade
promocional
humana na
conciliação
Escola e Centro
Espírita?
A promoção
humana do Centro
é feita como em
outras Casas
espalhadas por
todo o Brasil.
Nossas
atividades são
simples, ou
seja, a parte
doutrinária com
reuniões
públicas de
estudos,
evangelho e
passes. Temos
também cursos da
Doutrina,
evangelização
infantil e
mocidade. A
assistência e
promoção humana
também são
realizadas
dentro de nossas
possibilidades
de recursos, com
a sopa fraterna
e a
distribuição,
sempre que
possível, de
cestas, roupas e
cobertores no
inverno. A
Escola dedica
uma parte de
seus recursos
para a
distribuição de
bolsas, pois o
Chico também
disse: – Os
recursos da
Escola devem ser
aplicados na
Escola, e quando
puder usem os
recursos
excedentes para
amparar crianças
carentes. E
assim temos
feito, muito
embora ainda não
seja possível
fazer tudo que a
gente gostaria,
mas estamos
caminhando
fazendo o
possível.
Algo mais a
acrescentar?
Quero dizer que
completar 25
anos de
atividades do
Centro e 17 anos
do Colégio Dom
Bosco foi ao
mesmo tempo
alegria que fez
brilhar nossos
olhos, mas
também refletir
que ninguém faz
nada sozinho.
Quantos corações
se fizeram
presentes ali
para que tudo
estivesse como
está? E quantos
ali continuam
colaborando com
seus bondosos
corações para
que a obra de
Jesus prossiga
por mais longos
anos? Não temos
como enumerar
quanto fomos
ajudados para
chegar até aqui.
Minhas palavras
são de gratidão
a todos do Grupo
Nosso Lar e a
eles repasso os
frutos dessa
pequena obra de
amor.