Vivemos o
expressivo ano
dos 150 anos de
O Livro dos
Médiuns, a
incomparável
obra que é
considerada o
maior tratado
sobre a
mediunidade já
publicado no
planeta. A
mediunidade,
como se sabe, é
faculdade
humana. Não é
invenção do
Espiritismo, nem
tampouco de seu
uso exclusivo,
como igualmente
não é privilégio
de ninguém, de
qualquer grupo,
religião, raça,
sexo ou condição
social, uma vez
que, sendo de
origem orgânica,
apresenta-se em
todas as classes
sociais,
independente da
cultura, crença,
nacionalidade e
mesmo em
diferentes
idades e, claro,
em variados
estágios de
percepção.
Essa variação
nos estágios de
percepção e
atuação dos
médiuns é
característica
própria na
citada
faculdade,
propiciando
resultados
diferentes em
razão das
bagagens,
experiências
vivenciadas,
moralidade,
ambiente onde
atuam e, claro,
conhecimento
sobre o assunto.
Referido
conhecimento
convida à
disciplina, ao
uso adequado e
responsável para
que ela cumpra
sua função de
ponte entre o
mundo dos
encarnados e o
plano da pátria
verdadeira, o
mundo dos
Espíritos.
É aí que surge,
pois, O Livro
dos Médiuns,
obra magistral
de Allan Kardec,
cujo texto
integral e
conteúdo dos
capítulos
norteiam no
sentido do bom
uso da faculdade
para atender à
sua finalidade.
É natural,
portanto, o
júbilo nesses
150 anos da obra
e a importância
do estímulo para
seu estudo e
divulgação. Os
capítulos,
questões, temas,
reflexões e a
orientação clara
oferecida pela
obra não podem
ser
desconsiderados
diante do estudo
que o tema
requer, por si
só inesgotável.
Seria o caso de
perguntar: o que
pensamos sobre
médiuns?
Encaramos seus
portadores como
adivinhos,
reveladores,
pessoas a quem
podemos recorrer
a qualquer hora
para fazer
perguntas,
resolver
problemas do
cotidiano?
Seriam eles
aqueles que
detêm respostas?
Seriam, ainda
melhor, os
solucionadores
de nossas
angústias?
Não, nada
disso!
A faculdade
mediúnica é
variável e
depende
naturalmente do
estágio em que
se situa o
médium
Os médiuns são
homens e
mulheres comuns
que, devido a
uma faculdade
orgânica e
mental, são
instrumentos de
comunicação com
o Mundo
Espiritual,
morada dos seres
extracorpóreos
ou Mundo dos
Espíritos. Essa
faculdade é
conhecida pelo
nome de
mediunidade. Ela
só existe quando
há a permuta de
experiências ou
uso do
intercâmbio
entre os
Espíritos e os
chamados
médiuns. Pode
ser acionada
pelos Espíritos
ou por
iniciativa dos
médiuns que os
buscam.
Como já se sabe,
Espíritos são
igualmente
homens e
mulheres
habitantes da
Pátria
Espiritual,
mundo normal
primitivo (no
sentido de
origem) de onde
viemos e para
onde voltaremos
num processo
contínuo de
aperfeiçoamento
intelecto-moral,
através das
existências
sucessivas, até
atingirmos um
estágio que nos
dispensará a
necessidade da
encarnação em
corpos físicos.
Essa faculdade,
no entanto, é
tão imensamente
variável – a
depender
naturalmente do
estágio
intelecto-moral
em que se situa
o médium – que
inevitavelmente
produzirá uma
imensa variedade
de fenômenos que
conhecemos com o
nome de
fenômenos
mediúnicos.
Alguns a trazem
espontânea –
podendo
manifestar-se
desde a infância
ou mais adiante
–, outros a
educam
devidamente na
madureza e
muitos a detêm
de maneira
intuitiva,
consciente ou
inconscientemente.
Recomenda-se,
para
conhecimento
dessa variedade
com que se
apresenta, o
estudo dos
capítulos XIV,
XV e XVI de O
Livro dos
Médiuns, em
sua segunda
parte, em que o
Codificador
Allan Kardec
aborda a questão
dos médiuns
mecânicos,
semimecânicos,
intuitivos,
inspirados ou
involuntários,
além de um
Quadro sinótico
das diferentes
variedades de
médiuns,
trazendo ainda
abordagens sobre
médiuns
audientes,
videntes, entre
outros.
O que se
encontra,
todavia, no
estudo dos
fundamentos do
Espiritismo é
que não há nada
de
extraordinário
ou misterioso na
faculdade
mediúnica. Ela é
inerente ao ser
humano, pois que
também somos
Espíritos (com a
diferença de
estarmos
encarnados).
Estamos muito
ligados uns aos
outros e o que
varia é apenas o
grau de
intensidade da
citada faculdade
humana.
Os médiuns são
instrumentos da
faculdade humana
de comunicação
com os Espíritos
No opúsculo
Resumo da Lei
dos Fenômenos
Espíritas
(IDE, 2ª edição,
1988, página 24,
tradução de
Salvador Gentile),
Allan Kardec faz
importante
consideração que
deverá nortear
nosso raciocínio
no entendimento
da velha
questão. Está no
item 33: O
médium não
possui senão a
faculdade de se
comunicar; a
comunicação
efetiva depende
da vontade dos
Espíritos. Se os
Espíritos não
querem se
manifestar, o
médium nada
obtém; é como um
instrumento sem
músico.
Note o leitor
que essa frase
curta responde à
pergunta-título
do capítulo,
numa
simplicidade
admirável. Os
médiuns são
pessoas que
possuem a
faculdade de se
comunicar com os
Espíritos. Essa
faculdade é
fruto do estágio
em que se
encontra o
médium e
resultado de
suas
experiências
acumuladas. A
comunicação, ou
o fenômeno
mediúnico,
depende, porém,
da vontade do
Espírito, que
pode acioná-lo
em sua
faculdade, ou
responder a uma
iniciativa do
médium. Contudo,
diante da
ausência de
iniciativa dos
Espíritos ou de
respostas a um
estímulo
originário do
médium, nada se
obtém.
Os médiuns são,
pois,
instrumentos da
faculdade humana
de comunicação
com os
Espíritos.
Sabendo disso,
não há razão
para posturas
chamadas de
sobrenaturais,
endeusamentos ou
dependência.
Situados, pois,
nessa
compreensão,
outros
desdobramentos e
perspectivas
surgem para
nossa reflexão e
que também podem
ser encontradas
na magistral
obra. Qual a
finalidade da
mediunidade?
Qual a razão de
sua existência?
Como pode
apresentar-se
tão variada?
Como administrar
tão variados
graus de
percepção,
educar seu uso e
usá-la para o
próprio bem e o
da coletividade?
Tudo isso pode
ser respondido
através do
estudo e da
reflexão.
Tais
questionamentos
desdobram-se
numa infinidade
de outros
subtemas, todos
muito atuais e
pertinentes,
como por
exemplo:
mediunidade na
infância,
sintonia,
concentração,
grupos
mediúnicos,
interrupções na
atividade,
prece,
diretrizes
morais, método
nas tarefas,
curas, fraudes,
mistificações,
aptidões,
análise das
comunicações,
entre outros...
É um mundo
inesgotável de
cogitações,
debates e
estudos.
Os livros de
Yvonne A.
Pereira, ricos
em conteúdo
doutrinário,
merecem ser
conhecidos e
divulgados
Para bem situar
tudo isso, será
interessante
observar o que
se encontra em
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
capítulo XXVI.
Na transcrição
parcial do item
7 do citado
capítulo,
podemos ler:
Os médiuns
modernos –
porque os
apóstolos também
tinham
mediunidade –
igualmente
receberam de
Deus um dom
gratuito: o de
serem
intérpretes dos
Espíritos para a
instrução dos
homens, para
mostrar-lhes o
caminho do bem e
conduzi-los à
fé. (...) Deus
quer que a luz
alcance a todos
(...).
A rápida
transcrição
traduz todo um
programa de
entendimento e
trabalho, não
deixando dúvidas
quanto à
finalidade e
importância da
faculdade. Os
três itens devem
estar
permanentemente
em nossas
cogitações:
a)
Instrução dos
homens;
b)
Mostrar-lhes o
caminho do bem;
c)
Conduzi-los à
fé.
Note-se, pois, a
abrangência
envolvendo
trabalho,
renovação moral
– inclusive do
próprio médium –
e construção
racional da fé,
onde se inclui,
claro, a
caridade em toda
a sua extensão.
Tais
considerações,
saturadas de
gratidão ao
trabalho do
Codificador,
levam-nos a
lembrar
numerosos
estudiosos,
encarnados e
desencarnados,
que se
debruçaram sobre
a citada obra
básica –
referencial no
estudo da
mediunidade e
que estamos
homenageando em
2011 – para
estudá-la,
ampliá-la para o
entendimento
popular,
desdobrando seus
conceitos e
estudos.
Valiosas obras
estão publicadas
nesse sentido,
vindas de vários
autores
encarnados e
principalmente
pela mediunidade
de Chico Xavier,
Yvonne do Amaral
Pereira, Raul
Teixeira e
Divaldo Franco.
Yvonne, para nos
referir a apenas
um dos médiuns
citados, traduz
especial
significação no
estudo
específico. Seus
livros, ricos em
conteúdo
doutrinário e na
experiência
pessoal da
médium, merecem
ser conhecidos e
divulgados
amplamente entre
os médiuns.
“O primeiro
inimigo do
médium – ensina
Emmanuel –
reside dentro
dele mesmo.”
Igualmente a
escritora Lucy
Dias Ramos, de
Juiz de Fora-MG,
conhecida
articulista da
revista
Reformador,
da Federação
Espírita
Brasileira, e
autora de outros
livros,
apresenta agora
valiosa obra:
A mediunidade e
nós,
publicada pela
Editora Solidum.
São depoimentos
de sua
experiência
pessoal como
médium – desde
as primeiras
percepções na
infância até as
décadas de
atuação espírita
no mesmo grupo
–, em primorosa
obra que tivemos
a satisfação de
prefaciar.
Entusiasmamo-nos
com o conteúdo
da obra, seja
pelas
experiências,
seja pelo
referencial
doutrinário
apresentado. O
texto de Lucy é
norteador para
médiuns
veteranos e
novatos e
significa
valiosa
homenagem aos
150 anos de O
Livro dos
Médiuns,
como aqui também
comentado.
No exato
instante que
grafamos as
presentes linhas
a obra ainda se
encontra no
prelo e agora
que o leitor
está de posse da
presente edição
desta revista, a
citada obra deve
estar muito
próxima de sua
disponibilidade
para o público,
se ela já não
estiver.
Contatos com a
editora podem
ser feitos pelo
0800 770 2200 ou
pelo site
www.solidumeditora.com.br
O fato final é
que a obra é
preciosa. Quase
no final da
obra, a autora
teve a
felicidade de
construir
notável
descrição sobre
o significado do
atendimento nas
reuniões
mediúnicas no
socorro aos
Espíritos em
dificuldades.
Que imagem
perfeita
construiu a
autora!
Em face disso,
vale relembrar
aqui o que nos
disse o sábio
Espírito
Emmanuel no
livro O
Consolador,
edição FEB,
questão 410: “O
primeiro inimigo
do médium reside
dentro dele
mesmo.
Frequentemente é
o personalismo,
é a ambição, a
ignorância ou a
rebeldia no
voluntário
desconhecimento
dos seus deveres
à luz do
Evangelho,
fatores de
inferioridade
moral, que não
raro o conduzem
à invigilância
(...). O segundo
inimigo mais
poderoso do
apostolado
mediúnico não
reside no campo
das atividades
contrárias à
expansão da
Doutrina, mas no
próprio seio das
organizações
espíritas,
constituindo-se
daquele que se
convenceu quanto
aos fenômenos,
sem se converter
ao Evangelho
pelo coração.”
Estudemos, pois,
a mediunidade.
Sua existência
tem nobre
finalidade.
Cabe-nos o dever
de educá-la e
direcioná-la
para o bem.
Nossa gratidão,
pois, a Allan
Kardec. Nosso
louvor ao O
Livro dos
Médiuns!
Orson Peter
Carrara é
editor,
palestrante e escritor
espírita. Possui
dez livros
publicados. Seu
trabalho pode
ser conhecido
por meio do site:
www.orsonpcarrara.com.br
e do blog
orsonpetercarrara.blogspot.com