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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 5 - N° 225 - 4 de Setembro de 2011

 

O burrinho valente
 

Em certa região distante, nas proximidades de uma pequena aldeia, em um sítio florido moravam um lavrador e sua filhinha de apenas cinco anos de idade.

O bom homem possuía um burrinho de carga que vivia sempre infeliz por se considerar desprezado por todos. Considerava-se feio, era de pequena estatura e sem nenhuma elegância, e além disso era lerdo no caminhar, para seu desespero, e por isso andava sempre cabisbaixo e desanimado da vida.

Como ele tinha péssima opinião de si mesmo, achava que os outros pensavam da mesma maneira.

Executava suas tarefas diárias puxando o arado e levando legumes para vender na aldeia e depois ficava pelos cantos a suspirar tristemente, sonhando em ser alguém importante e amado por todos.

Aconteceu que naquela época começou a se espalhar uma febre desconhecida e muitos habitantes da região caíram doentes.

Sem recursos e sem assistência médica, os moradores da aldeia não sabiam o que fazer.

A filhinha do lavrador também um dia amanheceu doente, e seu pai, preocupado, percebeu que, se não fizesse alguma coisa rápido, ela morreria.

Resolveu enfrentar a estrada perigosa que o conduziria até uma outra cidade, maior e com mais recursos, onde por certo não faltaria o socorro necessário.

Para tanto, porém, ele precisaria atravessar montanhas com pontos perigosos sobre precipícios enormes.

Como fazer isso? Ele também não estava bem e tinha receio de ter contraído a enfermidade estranha; não teria forças para levar a filhinha.

Lembrou-se do burrinho de carga e não teve dúvidas. Cheio de confiança em Deus, ele disse ao burrinho:

– Meu valente burrinho, só você poderá executar essa tarefa. Com a ajuda de Deus, tenho fé que conseguiremos chegar até a cidade – disse acariciando o animal humilde.

Improvisou uma cesta de vime, colocou a menina dentro dela sobre o lombo do animal, e partiram.

O trajeto foi longo e difícil. Tiveram que enfrentar perigos, atravessar pontes frágeis e caminhos estreitos à borda de precipícios enormes.

Afinal, depois de muitos esforços, exaustos e famintos, chegaram à cidade do outro lado das montanhas onde foram recebidos com alegria.

Atendida pelo médico, a menina logo ficou boa, assim como seu pai. Informados sobre a situação dos habitantes da pequena aldeia, foram enviados homens com medicamentos para curá-los.

E, para satisfação do burrinho, todos o fitavam com admiração e respeito, afirmando:

– Graças à coragem e valentia do burrinho de carga os doentes puderam ser auxiliados, recebendo o socorro de que tanto precisavam.   

Um belo dia, quando todos já estavam recuperados e a alegria voltara ao vilarejo, cheio de justo orgulho, o valente burrinho de carga recebeu uma homenagem agradecida dos moradores da aldeia, que o condecoraram, colocando-lhe ao pescoço uma bela guirlanda de flores.          

E a partir desse dia, o burrinho nunca mais se sentiu desprezado por todos.  Compreendeu

que tudo estava na sua cabeça e que na verdade nunca ninguém o desprezara. Ele é que não se amava e por isso pensava que as outras pessoas também não gostavam dele.

Quando teve oportunidade de mostrar que poderia realizar algo de bom e de útil e se sentiu satisfeito consigo mesmo, percebeu que a reação das pessoas também foi diferente.

Também assim acontece conosco na vida. À medida que doamos amor, recebemos amor de volta.

Tia Célia



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita