Em certa região
distante, nas
proximidades de
uma pequena
aldeia, em um
sítio florido
moravam um
lavrador e sua
filhinha de
apenas cinco
anos de idade.
O bom homem
possuía um
burrinho de
carga que vivia
sempre infeliz
por se
considerar
desprezado por
todos.
Considerava-se
feio, era de
pequena estatura
e sem nenhuma
elegância, e
além disso era
lerdo no
caminhar, para
seu desespero, e
por isso andava
sempre
cabisbaixo e
desanimado da
vida.
Como ele tinha
péssima opinião
de si mesmo,
achava que os
outros pensavam
da mesma
maneira.
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Executava suas
tarefas diárias
puxando o arado
e levando
legumes para
vender na aldeia
e depois ficava
pelos cantos a
suspirar
tristemente,
sonhando em ser
alguém
importante e
amado por todos.
Aconteceu que
naquela época
começou a se
espalhar uma
febre
desconhecida e
muitos
habitantes da
região caíram
doentes.
Sem recursos e
sem assistência
médica, os
moradores da
aldeia não
sabiam o que
fazer.
A filhinha do
lavrador também
um dia amanheceu
doente, e seu
pai, preocupado,
percebeu que, se
não fizesse
alguma coisa
rápido, ela
morreria.
Resolveu
enfrentar a
estrada perigosa
que o conduziria
até uma outra
cidade, maior e
com mais
recursos, onde
por certo não
faltaria o
socorro
necessário.
Para tanto,
porém, ele
precisaria
atravessar
montanhas com
pontos perigosos
sobre
precipícios
enormes.
Como fazer isso?
Ele também não
estava bem e
tinha receio de
ter contraído a
enfermidade
estranha; não
teria forças
para levar a
filhinha.
Lembrou-se do
burrinho de
carga e não teve
dúvidas. Cheio
de confiança em
Deus, ele disse
ao burrinho:
– Meu valente
burrinho, só
você poderá
executar essa
tarefa. Com a
ajuda de Deus,
tenho fé que
conseguiremos
chegar até a
cidade – disse
acariciando o
animal humilde.
Improvisou uma
cesta de vime,
colocou a menina
dentro dela
sobre o lombo do
animal, e
partiram.
O trajeto foi
longo e difícil.
Tiveram que
enfrentar
perigos,
atravessar
pontes frágeis e
caminhos
estreitos à
borda de
precipícios
enormes.
Afinal, depois
de muitos
esforços,
exaustos e
famintos,
chegaram à
cidade do outro
lado das
montanhas onde
foram recebidos
com alegria.
Atendida pelo
médico, a menina
logo ficou boa,
assim como seu
pai. Informados
sobre a situação
dos habitantes
da pequena
aldeia, foram
enviados homens
com medicamentos
para curá-los.
E, para
satisfação do
burrinho, todos
o fitavam com
admiração e
respeito,
afirmando:
– Graças à
coragem e
valentia do
burrinho de
carga os doentes
puderam ser
auxiliados,
recebendo o
socorro de que
tanto
precisavam.
Um belo dia,
quando todos já
estavam
recuperados e a
alegria voltara
ao vilarejo,
cheio de justo
orgulho, o
valente burrinho
de carga recebeu
uma homenagem
agradecida dos
moradores da
aldeia, que o
condecoraram,
colocando-lhe ao
pescoço uma bela
guirlanda de
flores.
E a partir desse
dia, o burrinho
nunca mais se
sentiu
desprezado por
todos.
Compreendeu
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que tudo estava
na sua cabeça e
que na verdade
nunca ninguém o
desprezara. Ele
é que não se
amava e por isso
pensava que as
outras pessoas
também não
gostavam dele.
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Quando teve
oportunidade de
mostrar que
poderia realizar
algo de bom e de
útil e se sentiu
satisfeito
consigo mesmo,
percebeu que a
reação das
pessoas também
foi diferente.
Também assim
acontece conosco
na vida. À
medida que
doamos amor,
recebemos amor
de volta.
Tia Célia
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