Denise Lino:
“O que me
encanta na
doutrina
espírita é seu
perene caráter
de atualidade”
A professora e
palestrante
paraibana,
radicada na
cidade de
Campina Grande,
fala sobre o
atual momento da
divulgação
espírita em
nosso País
|
Formada em
Letras, doutora
em Educação pela
USP, professora
da UFCG,
espírita desde a
infância, Denise
Lino (foto)
vincula-se à
Sociedade
Espírita Joanna
de Ângelis, de
Campina
Grande-PB, onde
reside. Na casa
espírita, além
de proferir
palestras e
seminários,
exerce também o
cargo de
diretora do DIJ
– Departamento
de Infância e
Juventude. Numa
rápida e
compacta visão,
como estudiosa
do Espiritismo,
ela nos oferece,
na entrevista a
seguir, pontos
importantes para
todos os que
atuam na área de
divulgação da
doutrina
espírita.
Como você
prepara seus
seminários e
palestras e qual
o critério de
escolha dos
temas e
motivação de
pesquisa?
|
Geralmente sigo
um tema por ano.
Isto tem a ver
com as minhas
experiências
pessoais,
necessidade de
leitura e
aprendizado da
Doutrina
Espírita. Por
exemplo, em
2007, durante as
comemorações dos
150 anos de O
Livro dos
Espíritos,
organizei uma
série de
palestras sobre
as Leis Morais.
E durante o ano
fui analisando,
mês a mês, nas
palestras da
casa a que estou
filiada, cada
uma das leis.
Mas também
ocorre de estar
com tema pronto
e surgir, no dia
da palestra, uma
intuição para
outro tema. Isto
ocorreu em
janeiro deste
ano. Eu iria
falar sobre o
tema do evento
espírita do
nosso estado,
mas diante das
chuvas que se
abateram sobre o
Rio de Janeiro,
mudei o tema e
falei sobre
Os flagelos
destruidores,
e tive a
oportunidade de
estudar o tema e
de ter a
convivência com
uma presença
espiritual muito
sensível. |
Que temas em
especial têm
ocupado sua
atenção para
elaboração das
apresentações?
De modo geral,
tenho estudado o
evangelho, tanto
na sua
apresentação
sinótica quanto
na versão
segundo o
Espiritismo. Também
tenho certa
predileção por
O Livro dos
Espíritos.
Neste ano, meu
foco vai se
voltar para O
Livro do Médiuns,
em função dos
150 anos de sua
publicação.
Como você avalia
a contribuição
espírita no
momento atual da
humanidade?
De suma
importância. Sem
o Espiritismo
não podemos
compreender a
complexidade do
momento
histórico em que
vivemos. Como
professora de
Metodologia da
Pesquisa, vejo
que o
Espiritismo
inaugurou um
paradigma de
Ciência
Espiritualizada
e de
consequências
éticas ainda não
abarcadas pela
Ciência Oficial.
E como religião
inaugurou um
modelo que nos
leva a uma
compreensão
profunda de quem
somos e qual a
nossa ligação
com Deus. Esses
eixos são
fundamentais
para compreender
o momento de
transformações
morais e
geológicas por
que passamos.
Nas viagens para
divulgação
espírita, como
você tem sentido
o movimento
espírita?
Não tenho
viajado tanto
assim, porque
tenho uma vida
profissional
ainda intensa,
mas os lugares
aonde tenho ido
têm-me permitido
perceber
particularidades
locais, aliadas,
porém, a um
profundo
sentimento de
identidade e de
pertencimento
a uma filosofia
maior. Isso é
muito bom. Há,
evidentemente,
locais com maior
integração entre
os grupos,
outros ainda
muito vinculados
a um determinado
médium, outros
com vigoroso
trabalho social.
Como tem sido a
receptividade
das pessoas
quanto aos temas
apresentados?
Os amigos
espíritas têm
sido muito
caridosos e
têm-me recebido
muito bem.
Vivemos um
momento especial
de ampla
penetração da
mensagem
espírita na
sociedade. A
receptividade
não poderia ser
diferente porque
as evidências
das teses
espíritas estão
por todos os
lugares. Então,
as pessoas estão
ávidas para
ouvir falar
sobre elas.
Qual é sua
percepção do
amparo dos
Espíritos em
favor da
divulgação
espírita?
Total. Temos
vencido
dificuldades
antes
inimagináveis.
Isso é resultado
do amparo dos
bons Espíritos,
que certamente
prepararam um
plano muito
bem elaborado
para que a
mensagem do
Consolador
chegasse a um
número cada vez
maior de
pessoas. Poderia
exemplificar com
a realização do
38º MIEP
(Movimento de
Integração do
Espírita
Paraibano),
ocorrido neste
ano. Durante a
realização desse
evento, cujo
tema foi Jesus
no Lar, amor em
família,
organizamos
divulgação na
imprensa e nas
casas espíritas,
e naturalmente
surgiram
oportunidades
para 5 horas de
programa
radiofônico,
numa rádio
regional, e
transmissão pela
TV CEI. Não
tínhamos pensado
nessas duas
frentes, mas
elas sugiram,
certamente, como
parte desse
plano maior. E
não as deixamos
passar. No fim,
falamos não só
para quem esteve
no local, mas
para quem nos
ouviu no rádio e
nos acompanhou
pela internet.
Foi fantástico!
Você considera
que nossas
instituições
espíritas têm-se
preparado bem
para esse avanço
da ideia
espírita?
Não podemos
generalizar, mas
parte de nossas
instituições,
que vem de uma
história de
dificuldades,
com poucos
colaboradores ou
vinculadas ao
trabalho social,
na versão
assistencialismo,
ainda está sem
conseguir
entender essa
avalanche de
pessoas que
chega à casa
espírita e não
precisa de
assistencialismo
material e sim
de assistência
espiritual.
Essas casas
estão em
dificuldades,
mas creio que
estão se
ajustando. Outra
parte das
instituições, se
não havia se
preparado, pelo
menos, está
aproveitando o
momento e
ampliando seus
trabalhos. Nossa
casa é prova
disso. A sede
própria foi
inaugurada em
2008. Nosso
público era de
80 pessoas por
reunião. Hoje, 3
anos depois,
nosso público é
de 200 pessoas
por reunião. Há
dias que chega a
300 pessoas.
Mesmo assim, não
temos
colaboradores na
quantidade
necessária,
porque o novo
público ainda
vai demorar a se
vincular em
definitivo e
atuar como
colaborador da
tarefa espírita.
O que mais lhe
chama a atenção
no conteúdo
doutrinário do
Espiritismo?
Seu perene
caráter de
atualidade. Leio
os fatos atuais
e encontro
explicação no
Espiritismo.
Estudo fatos da
história da
Humanidade e
encontro
explicação no
Espiritismo. Não
há fronteira não
explicada, nem
assunto que não
seja possível de
estudar. Isso me
encanta.
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Gostaria de
dizer que a
ampla aceitação
das teses
espíritas, hoje,
dá-se tanto
pelas teses em
si, que são
sólidas o
suficiente para
convencer mesmo
os mais
reticentes, mas
também pelo
caráter nobre e
reto dos homens
e mulheres de
bem que nos
antecederam. O
movimento
espírita
brasileiro goza
de apreço
público graças a
eles. Nossa
principal
responsabilidade,
creio, está em
imitá-los,
atendendo à
recomendação de
Kardec:
“Conhece-se o
verdadeiro
espírita pela
sua
transformação
moral e pelo
esforço que faz
em domar suas
más
inclinações”.
Suas palavras
finais.
Agradeço
sinceramente
este espaço,
pois expor
minhas ideias
para o público
deste periódico
foi, para mim,
um importante
momento de
reflexão.