Questões para debate
A. Qual é o objetivo do trabalho?
B. No tocante ao trabalho, existe algum limite?
C. O homem tem o direito de repousar na velhice?
D. Segundo alguns, como Malthus, a população humana na Terra cresce muito mais rapidamente do que os recursos de subsistência. Chegará um tempo em que então a população na Terra será excessiva?
E. Se a reprodução dos seres vivos constitui uma lei natural, como entender os costumes humanos que têm por fim criar obstáculos à reprodução?
Texto para leitura
381. Tudo em a Natureza trabalha e os animais também trabalham, embora o trabalho deles, de acordo com a inteligência que possuem, se limite a cuidar da própria conservação. É por isso que o trabalho não lhes propicia qualquer progresso, enquanto o trabalho humano tem duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar. (L.E., 677)
382. A natureza do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. Quanto menos materiais estas são, menos material é o trabalho. O homem, contudo, jamais se conserva inativo e inútil, qualquer que seja o mundo onde viva. A ociosidade seria um suplício. (L.E., 678)
383. O homem abastado pode ficar isento da necessidade do trabalho material, não, porém, da obrigação de tornar-se útil, na medida de suas possibilidades, nem de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que é também um trabalho. Tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona o quinhão que Deus lhe adiantou. (L.E., 679)
384. Deus quer que cada um seja útil, de acordo com as suas faculdades; por isso é que condena aquele que voluntariamente tornou inútil a sua existência na Terra, porquanto ele vive a expensas do trabalho alheio. (L.E., 680)
385. A lei natural determina que os filhos trabalhem para seus pais, do mesmo modo que estes têm que trabalhar para seus filhos. Foi por isso que Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural. (L.E., 681)
386. Todo aquele que trabalha tem direito ao repouso, que serve para a reparação das forças do corpo e é, também, necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, para que esta se eleve acima da matéria. (L.E., 682)
387. O limite do trabalho é o das forças. Deus deixa a esse respeito inteiramente livre o homem. (L.E., 683)
388. Os que abusam de sua autoridade, impondo a seus inferiores excessivo trabalho, praticam uma das piores ações e tornam-se responsáveis pelo excesso de labor imposto a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgridem a lei de Deus. (L.E., 684)
389. Há um elemento que não se costuma pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria: é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não a moral livresca, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, a que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. (L.E., 685-A, comentário de Allan Kardec)
390. Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse, o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos. (L.E., 685-A, comentário de Kardec)
391. Os homens que formam a raça atual são os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoarem em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição. Assim, a atual raça humana terá também sua fase de decrescimento e de desaparição, sendo substituída por raças mais aperfeiçoadas, que dela descenderão, da mesma forma que os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos. (L.E., 689)
392. O caráter dominante das raças primitivas era o desenvolvimento da força bruta. Agora dá-se o contrário: o homem faz mais pela inteligência do que pela força do corpo, e faz cem vezes mais, porque sabe tirar proveito das forças da Natureza. (L.E., 691)
393. Sendo a perfeição a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição com o auxílio da Ciência é corresponder às vistas de Deus. (L.E., 692)
Respostas às questões propostas
A. Qual é o objetivo do trabalho?
O objetivo do trabalho é, para o homem, o aperfeiçoamento de sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria - no tocante à inteligência - indefinidamente na infância. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. (O Livro dos Espíritos, questões 674 a 676.)
B. No tocante ao trabalho, existe algum limite?
Sim. O limite do trabalho é o das forças, o que implica dizer que o homem, enquanto puder, deve trabalhar. Na hipótese em que não mais possa trabalhar, como no caso das pessoas de idade avançada, o forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade. (Obra citada, questões 683 a 685.)
C. O homem tem o direito de repousar na velhice?
Sim, porque a nada é obrigado, senão de acordo com as suas forças. (Obra citada, questões 682, 683, 685 e 685-A e comentário de Kardec.)
D. Segundo alguns, como Malthus, a população humana na Terra cresce muito mais rapidamente do que os recursos de subsistência. Chegará um tempo em que então a população na Terra será excessiva?
Não, pois Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. (Obra citada, questões 686 e 687.)
E. Se a reprodução dos seres vivos constitui uma lei natural, como entender os costumes humanos que têm por fim criar obstáculos à reprodução?
Segundo o Espiritismo, tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral. No tocante às espécies de seres vivos, animais e plantas, cuja reprodução indefinida seria nociva a outras espécies e das quais o próprio homem acabaria por ser vítima, Deus concedeu ao homem um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois, regular a reprodução, de acordo com as necessidades, mas não deve opor-se-lhe sem necessidade. A ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. (Obra citada, questões 693 e 694.)