Introdução
A
pergunta
que dá
título a
este
texto é
uma
questão
que vem
tomando
os meios
espíritas
e este
artigo
visa a
mostrar
que não
existe
motivo
para
perdemos
tempo
com
isso.
Antes de
apresentar
as
razões,
vamos
conceituar
como
será
usada a
palavra
Deus
neste
artigo.
Deus,
com "D"
maiúsculo
para
significar
Inteligência
Suprema
do
Universo,
causa
primária
de todas
as
coisas.
Deus,
com "d"
minúsculo
para
significar,
mentor,
guia ou
santo
etc., ou
seja, um
Espírito.
No
primeiro
mandamento
do
Decálogo
recebido
por
Moisés
está
escrito:
"Eu sou
o
senhor,
vosso
deus,
que vos
tirei do
Egito,
da casa
da
servidão.
Não
tereis,
diante
de mim,
outros
deuses
estrangeiros.
Não
fareis
imagem
esculpida,
nem
figura
alguma
do que
está em
cima do
céu, nem
embaixo
na
Terra,
nem do
que quer
que
esteja
nas
águas
sob a
terra.
Não os
adorareis
e não
lhes
prestareis
culto
soberano,
porque
eu, o
senhor
vosso
deus,
sou deus
zeloso,
que puno
a
iniquidade
dos pais
nos
filhos,
na
terceira
e na
quarta
gerações
daqueles
que me
aborrecem,
e uso de
misericórdia
até mil
gerações
daqueles
que me
amam e
guardam
os meus
mandamentos".
O
próprio
deus de
Moisés
diz
explicitamente
que
existem
outros
deuses.
Como o
Velho
Testamento
se
incorporou
ao
Cristianismo
Não se
tem
notícia
de Jesus
fazendo
referência
às leis
contidas
nos
cinco
livros
de
Moisés:
Gênese,
Êxodo,
Levítico,
Números
e
Deuteronômio.
Estes
livros
são a
base do
Velho
Testamento.
Há
várias
passagens
no
Evangelho
em que
os
doutores
da lei
(sacerdotes)
tentam,
sem
sucesso,
fazer
Jesus
contradizer
estas
leis.
Também
sabemos
que
Jesus
foi
preso,
flagelado
e
crucificado
por ação
desses
mesmos
doutores
da lei.
Eles
temiam
perder
seus
privilégios
de serem
os
representantes
do deus
de
Israel.
A
pergunta
é: Como
esses
cinco
livros
vieram e
permearam
o
Cristianismo,
sendo
que para
algumas
religiões
cristãs
são eles
considerados
mais
importantes
do que
os
ensinamentos
de
Jesus?
Resposta:
Tais
livros
foram
incorporados
ao
Cristianismo,
dando
origem
ao
Catolicismo,
por
influência
de Santo
Agostinho,
incentivado
por
santo
Ambrósio,
bispo de
Milão,
no
século
V. O
argumento
utilizado
foi:
"Para
pregar o
novo
Evangelho,
é
indispensável
conhecer
a fundo
as
Escrituras,
que só
podem
ser bem
interpretadas
através
da fé,
pois
apenas
esta
sabe ver
ali a
revelação
de
verdades
divinas".
Nascia
aí a fé
não
raciocinada.
Interpretando
alguns
trechos
do Velho
Testamento
Os
mencionados
livros
ensinam
um culto
a um
deus
pessoal
que quer
ser
venerado
em troca
de não
castigar
e ainda
ser
"fiel"
ao
crente,
ajudando-o
com
milagres
a
resolver
casos
amorosos,
curar
doenças
e ainda
dirimir
problemas
financeiros.
Em
alguns
trechos
dos
cinco
livros
não há
interpretação
que os
conserte.
Vejamos:
Deuteronômio,
cap. 20,
v. 10 a
16:
- Quando
te
aproximares
para
combater
uma
cidade,
oferecer-lhe-ás
primeiramente
a paz.
- Se ela
concordar
e te
abrir as
portas,
toda a
população
te
pagará
tributo
e te
servirá.
- Se ela
te
recusar
a paz e
começar
a guerra
contra
ti, tu a
cercarás,
e quando
o
senhor,
teu
deus, te
houver
entregado
nas
mãos,
passará
a fio de
espada
todos os
varões
que nela
houver.
- Só
tomarás
para ti
as
mulheres,
as
crianças,
os
rebanhos
e tudo o
que se
encontrar
na
cidade,
e
comerás
os
despojos
dos teus
inimigos
que o
senhor,
teu
deus, te
tiver
dado.
- Farás
assim a
todas as
cidades
muito
afastadas,
que não
são do
número
destas
nações.
- Quanto
às
cidades
daqueles
povos
cuja
possessão
te há de
dar o
senhor,
teu
deus,
não
deixarás
nelas
alma
viva.
Observação:
A única
interpretação
possível
para
isto é
crime e,
ainda
por
cima,
hediondo.
Êxodo:
- Cobrou
impostos
em
dinheiro
como
condição
para que
o fiel
não
sofra
flagelo
(Êxodo,
cap. 30,
v. 11 a
16).
-
Determinou
que todo
ouro,
prata,
objetos
de
bronze e
ferro
saqueados
na
tomada
de
Jericó
passassem
a
integrar
seu
"tesouro
sagrado"
(Josué -
Tomada
de
Jericó,
cap. 6,
v. 19).
- Fez
aliança,
exigindo
uma arca
de ouro
(Êxodo,
cap. 24,
v. 10 a
23); é
fiel,
castiga,
premia e
exige
fidelidade
proibindo
alianças
com
outros
deuses
(Êxodo,
várias
passagens).
Observação:
Isto não
seria a
base
para os
representantes
de deus
tornarem
seu
negócio
lucrativo?
Os
Espíritos
superiores,
na
tarefa
de
codificação
da
doutrina
espírita
realizada
por
Kardec,
tampouco
tentaram
interpretar
estes
livros.
E, em O
Evangelho
segundo
o
Espiritismo,
Kardec
apresenta-nos
Sócrates
como
precursor
de Jesus
e não os
profetas.
É certo
que o
Velho
Testamento
menciona
comunicações
entre os
homens e
os
Espíritos.
Mas
outros
livros
ditos
sagrados
de
outras
religiões
também o
fazem.
Os
espíritas,
sabendo
que esta
comunicação
existe,
devem se
ater em
estudá-las
para
fazer
melhor
uso
delas.
Isto é
muito
mais
útil.
Sem
nenhum
desrespeito,
é pura
perda de
tempo
ficar
fazendo
estes
estudos
bíblicos
que não
fazem
parte
dos
livros
espíritas.
O
Espiritismo
se
propõe a
ser uma
religião
cristã
pura
baseando-se,
quanto
ao
ensino
moral,
nos
ensinamentos
de
Jesus.
A Bíblia
é o
único
livro
"sagrado"?
Não é! A
Bíblia
só
alcança
as
religiões
abraâmicas,
tais
como o
judaísmo
e as
cristãs
modificadas.
Como
cristãs
modificadas
estão os
católicos,
os
protestantes
tradicionais,
os
ortodoxos,
os
evangélicos
etc. Não
se
inclui
aí o
Espiritismo.
Elas são
modificadas
porque a
Bíblia
que elas
adotam
acrescentou
ao
Evangelho
de Jesus
os
textos
do Velho
Testamento.
Estes
textos,
até
então
chamados
lei dos
profetas,
contêm
muita
coisa
que nada
tem a
ver com
o
Cristianismo
e deram
origem a
dogmas
inúmeros
a ponto
de, em
algumas
delas,
se dar a
eles um
valor
maior do
que os
ensinamentos
do
próprio
Jesus.
Outros
povos
têm
também
seus
livros
ditos
sagrados.
Um
exemplo
disto é
o
Hinduísmo
com o
livro
dos
Vedas.
Como a
Bíblia,
é dito
que o
livro
dos
Vedas
também
foi
inspirado
por
deus.
Em sendo
Deus
único,
seria
natural
que
ambos -
Bíblia e
Vedas -
contivessem
ensinamentos
convergentes.
Ao
compará-los,
no que
diz
respeito
à gênese
do
Universo
e do
homem,
temos:
Gênese
do
Universo:
Segundo
a
Bíblia:
Dia 1
- Manhã:
Criou
terra e
o céu
vazio e
escuro.
-Tarde:
Criou a
luz.
Separou
luz de
trevas.
Dia 2
- Manhã:
Criou um
firmamento
no meio
das
águas,
tendo
água do
céu e
águas de
baixo.
- Tarde:
Entre as
águas de
baixo
criou o
elemento
seco: a
Terra.
Dia 3
- Criou
árvores
e
plantas
que
passaram
a
produzir.
Observação:
Como as
árvores
puderam
produzir
sem a
fotossíntese,
visto
que o
Sol só
foi
criado
na etapa
seguinte?
Dia 4
- Criou
lumiares
no Céu.
Sol para
o dia.
Lua para
a noite.
As
estrelas
para o
céu.
Dia 5
- Criou
peixes
nas
águas e
aves no
céu.
Dia 6
- Criou
animais
domésticos,
répteis,
animais
selvagens.
- Criou
o homem
e a
mulher,
à sua
imagem.
Dia 7
-
Descansou.
Segundo
os
Vedas:
(1)
- O
universo
é um
sonho de
Deus
(Brama
ou
Brahma).
- Após
um
século
de Brama
(314
trilhões
de anos)
o
universo
se
dissolve
num
sonho
sem
sonhos.
Aí
recomeça.
Ele
recompõe-se
num novo
sonho.
- É o
sonho
cósmico
de Deus
que é um
ciclo
sem fim
de
renascimentos
e
mortes.
- São
muitos
os
deuses
hindus
que
cooperam
(intermediários
que
trabalham
sob a
coordenação
de
Brama).
- Shiva
e Vishnu
principais
auxiliares
de
Brahma.
Shiva na
criação
do
Universo
e Vishnu
na do
homem.
- Nosso
universo
é o
sonho
cósmico
de Shiva.
-
Enquanto
isso, em
outro
lugar,
há um
número
infinito
de
outros
universos,
cada um
com seu
próprio
deus
(outros
Shivas?)
sonhando
o sonho
cósmico.
(1)
Referência:
blog de
Abhilash
Rajendran.
(Este
artigo
será
concluído
na
próxima
edição
desta
revista.)