Antônio da Cruz
Leal:
“O Espiritismo é
a luz do meu
caminho”
Radicado em
Londres, o
confrade fala
sobre sua
iniciação no
Espiritismo e o
trabalho que vem
desenvolvendo na
capital inglesa
|
Antônio da Cruz
Leal (foto),
ou simplesmente
Antônio Leal,
como é
conhecido,
nasceu em
Aveiro,
Portugal, mas
reside em
Londres desde
1991. Há 18 anos
é trabalhador
espírita, sendo
membro fundador
do Solidarity
Spiritist
Society e também
um dos
colaboradores da
British Union
Spiritist
Societies (BUSS),
que coordena o
|
movimento
espírita
britânico.
Ao longo de
todos esses
anos, com muita
dedicação, vem
desenvolvendo
importante
trabalho, seja
no departamento
de estudos, na
área de
audiovisuais,
seja na campanha
de Natal,
chamada
Operation
Christmas Child,
sobre a qual ele
fala com muito
carinho e
entusiasmo nesta
entrevista.
|
Tendo nascido em
Portugal,
conte-nos como
veio para a
Inglaterra.
Foi todo um
processo que se
iniciou em 1987,
depois de ter
ficado isento de
prestar serviço
militar, o qual
ainda era
obrigatório em
Portugal. No
seguimento de
várias estadas
em alguns países
europeus, as
quais sempre
foram por mais
de um mês e pelo
interesse que a
cultura
britânica
despertou em
mim, em 1991
decidi tentar
residir em
Londres, sendo
este um plano a
longo prazo. Foi
uma opção com
equilíbrio, pois
em Aveiro e
Portugal em
geral
deparava-me com
uma certa falta
de horizontes.
Por outro lado,
o mundo abriu-se
e, como já era
fluente em
língua inglesa,
as
possibilidades
foram grandes e
tudo deu certo
logo de início.
Qual a sua
formação
escolar?
Sou formado em
Gestão de
Turismo e
concluí também
alguns cursos
profissionalizantes
em gestão de
recursos humanos
e empresas.
Fale-nos dos
cargos ou
funções que você
já exerceu no
movimento
espírita.
Desde cedo os
convites ao
trabalho vieram
na minha
direção. Sou
membro fundador
do Solidarity
Spiritist Group,
que completou 15
anos de
existência, no
qual já fui
vice-presidente
e integrei
comissões de
trabalho em
vários projetos.
Na BUSS, que é o
nosso órgão
federativo, já
fui tesoureiro e
conselheiro.
Atualmente qual
é a sua
atividade?
No Solidarity
Spiritist Group,
atuo na
coordenação de
estudos e de um
projeto voltado
à prática de
caridade, bem
como no
atendimento
fraterno. Na
BUSS tenho
coordenado
audiovisuais em
eventos públicos
de larga escala
e coordeno o
projeto de
caridade em
auxilio à
campanha
Operation
Christmas Child.
Quando você teve
seu primeiro
contacto com o
Espiritismo?
Foi há cerca de
18 anos. Devo
dizer, contudo,
que em Portugal
e por intermédio
da família desde
cedo conheci
variantes do
espiritualismo,
as quais nesses
tempos eram
conhecidas como
“Espiritismo”, o
que, com os
estudos,
reconheci ser um
erro.
Houve algum fato
ou circunstância
especial que
haja propiciado
esse contacto?
A maior razão
foi decorrente
das dúvidas em
relação à
interpretação da
vida em geral
que ficaram com
todo o contato
com o
espiritualismo
em Portugal.
Acreditava em
fatalidade e
mistificava
muitos fatos da
vida. Era como
que se um elo de
ligação faltasse
para poder
caminhar com
segurança. Posso
dizer que foi
através da dor e
pela mão de uma
boa amiga que
conheci o
Espiritismo.
Senti em mim que
havia todo um
espaço preparado
para receber o
aprendizado. Foi
então que as
dúvidas do
passado foram
esclarecidas e a
“verdade
libertou-me”.
Qual foi a
reação de sua
família?
Foi boa e
favorável, mas
na verdade
ninguém entendeu
verdadeiramente
o passo à frente
que eu estava
dando.
Dos três
aspectos do
Espiritismo -
ciência,
filosofia,
religião - qual
o que mais o
atrai?
É com certeza a
religião, embora
o aspecto
científico tenha
sido o grande
objeto do meu
estudo e de
exposições.
Pode citar um
livro espírita
que seja para
você
inesquecível.
Por quê?
“50 Anos
Depois”, de
autoria do
Espírito
Emmanuel, porque
foi a primeira
obra espírita da
minha vida e
sensibilizou-me
profundamente.
Você é o
coordenador da
campanha
Operation
Christmas Child
2012, organizada
mundialmente
pelos
Samaritanos.
Como essa
campanha
funciona?
A proposta da
Operation
Christmas Child
(O.C.C.) é de
uma pessoa
transformar uma
caixa de sapatos
em um presente
para uma
criança. No
Reino Unido,
muitas igrejas,
escolas
organizações e o
público em geral
aderem a essa
campanha. Várias
dessas
organizações
funcionam também
como centros de
coleta das
caixinhas e dos
presentes, as
quais, tendo o
prazo de entrega
expirado, são
recolhidas pela
rede dos
Samaritans Purse
para os centros
de processamento
nacionais.
Depois de toda
uma verificação
do conteúdo ser
feita, as caixas
passam então
para a logística
feita pelos
próprios
Samaritans Purse.
Na ano passado o
Reino Unido
contribuiu com
1,1 milhão de
caixinhas, as
quais se
destinaram ao
Leste da Europa,
Ásia Central e
África.
Há quantos anos
os grupos
espíritas do
Reino Unido vêm
participando da
Campanha?
Este é o sétimo
ano em que
levamos adiante
essa iniciativa
e gradativamente
foi aumentando a
aderência por
parte dos
Centros
Espíritas.
Como aconteceu
essa aproximação
com os
Samaritanos?
No ano de 2005
dois amigos
espíritas aqui
em Londres
apresentaram e
conseguiram
envolver alguns
confrades na
O.C.C. No ano
seguinte notamos
que isso não
estava
acontecendo e
decidimos no
Solidarity
Spiritist Group
fazer a
campanha,
envolvendo
também outro
Centro Espírita
em que nossos
filhos
frequentavam a
Evangelização
Infantil aos
domingos. Desde
então a campanha
cresceu bastante
e hoje contam-se
mais de 2.500
crianças que já
receberam um
presente de
Natal preparado
pelos confrades
espíritas
residentes no
Reino Unido.
Dois grandes
fatores que nos
encorajaram a
seguir com esta
campanha são a
grande
competência
organizacional e
a forte
credibilidade
internacional
que os
Samaritans Purse
International
Relief possuem.
Ao longo dos
anos a campanha
cresceu? E qual
é a expectativa
para o Natal
deste ano?
Não obstante os
desafios que
cada ano trouxe,
até hoje a
campanha tem
crescido sempre
e em ritmo
franco. Todos os
anos
questionamo-nos
se vamos
conseguir fazer
mais e melhor.
No auge da crise
econômica
tememos que a
taxa de
crescimento
baixasse, mas
foi mesmo uma
questão de fé e
conseguimos
subir bastante o
número de
crianças que
ajudamos. Devo,
contudo, dizer
que o número de
caixinhas que
fazemos é
bastante
importante, mas
o número de
espíritas que
participam da
campanha é
igualmente um
dos grandes
objetivos desse
trabalho, pois
trata-se da
prática da
caridade na vida
dos
participantes.
Se os números
subirem de novo
este ano, isto
é, se passarmos
a barreira dos
setecentos,
mostraremos que,
mais uma vez,
quando trabalhos
juntos, o Amor
torna-se mais
forte e consegue
mover
barreiras.
De todos estes
anos de
campanha, o que
ficou de mais
importante para
você?
Este trabalho é
muito importante
na minha vida.
Demos-lhe
estrutura e
identidade e
hoje ele caminha
pelas suas
próprias pernas.
Sempre fomos
muito bem
recebidos em
todos os Centros
Espíritas que
aderem à
campanha e para
todos o nosso
obrigado. Muitas
amizades foram
feitas e outras
cresceram. Sei
que temos
valiosos (as)
colaboradores
(as), o que é o
resultado de
dividir as
experiências e o
trabalho. O
carinho e
confiança de
todos têm sido
para mim muito
gratificante,
mas também um
termo de
responsabilidade
à qual tento
corresponder. O
mais importante
e inspirador é
ver o sorriso
das crianças ao
receberem o seu
presentinho, o
qual, para
muitas delas, é
o primeiro de
suas vidas.
Para finalizar
nossa
entrevista,
diga-nos: o que
é o Espiritismo
pra você? Qual é
a importância
que ele tem em
sua vida?
O Espiritismo é
a luz do meu
caminho. Com a
Doutrina vieram
valores
renovados e a Fé
que me mantém de
pé. Não existe
caminho de
volta, pois tudo
passou a ser
progresso e
conquistas. O
que mais
agradeço a Deus
é de ter
construído a
família dentro
da Casa Espírita
e ver os filhos
crescerem já com
a Doutrina no
coração. A
Jesus, o meu
grande obrigado
pelo chamamento.
Agradecemos à
revista O
Consolador
pela atenção e
carinho, e
fazemos votos
para que a voz
da compaixão que
grita dentro de
nós nos conduza
no caminho da
prática da
caridade e do
amor.