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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 6 - N° 298 - 10 de Fevereiro de 2013

 
 


O Tatu descontente

 

Andando pela mata, um pequeno Tatu reclamava da vida, considerando-se um ser muito infeliz.

Enquanto os pássaros voavam pelos ares, viajando longas distâncias e conhecendo terras diferentes, ele era obrigado a nunca se afastar do solo.

Ao ver os animais ágeis que corriam pela mata, como os veados, por exemplo, ele suspirava desalentado. Suas pernas eram pequenas e mal podiam caminhar alguns metros!
 

Ele resmungava assim, quando ouviu uma voz conhecida que dizia:

— Olá, amigo Tatu! O que aconteceu para estar tão triste?

Era um pequeno Lagarto, seu amigo, que vivia num lago próximo. Diante da pergunta, o Tatu desabafou:
 

— Sou muito infeliz!... Enquanto outros animais correm e brincam pela mata, eu vivo enfiado no meu buraco. Isso lá é vida?!... Gostaria de poder correr como o Coelho ou o Veado, mas não posso. Ou voar como os pássaros... ou viver naquele lindo lago, como você, Lagarto. Mas estou fadado a viver dentro da terra. Ai!Ai! Como sou infeliz!...

O Lagarto arregalou os olhos, deu uma rabanada, e abriu a grande boca para responder:

— Amigo Tatu, cada um nasce conforme o Pai nos fez. Ele sabe o que os seus filhos precisam. Eu vivo dentro d´água e, quando canso, rastejo pelo solo. É a vida que recebi de Deus e estou feliz com ela.

— É! Mas eu tenho essa carapaça pesada que me incomoda. Gostaria de livrar-me dela, trocando-a por uma bela pelagem colorida, como a da onça, ou por lindas penas como os pássaros!

Uma ave que ouvia a conversa, pousada em um galho próximo, interrompeu a conversa, dando

também sua opinião:

— Senhor Tatu, não sabe o que está dizendo! Preferia estar na sua situação. Nós, os pássaros, somos muito frágeis e qualquer ave maior, como a Águia ou o Falcão, facilmente nos caça. No seu caso, o senhor se esconde em sua toca e eles não podem alcançá-lo. Além disso, tem a carapaça que o protege!

Porém o Tatu, inconformado com sua situação, não aceitava opinião diferente e afastou-se desiludido, resmungando:

— Você diz isso porque não sabe como me sinto.

Algum tempo depois, o céu cobriu-se de escuras e pesadas nuvens. Uma grande tempestade se avizinhava. Cada ser vivo da mata correu para sua casa, assustado, permanecendo escondido, aguardando.

As nuvens, arrastadas por rajadas de vento forte, chegaram rápidas e a tempestade caiu com violência sobre a região. Em seus refúgios, os animais tremiam de medo.

Quando tudo passou e o Sol voltou a brilhar no céu, tirando o focinho da toca, o Tatu saiu curioso para ver o que tinha acontecido. Assustou-se ao ver os estragos que a tempestade fizera. Muitas árvores tinham sido derrubadas, pedras e sujeiras se espalhavam por todos os lugares.

Aliviado por ter escapado com vida, o Tatu procurou seus amigos e não os encontrou. Ficou sabendo que o lago transbordara e o Lagarto forra arrastado pelas águas; as aves tiveram seus ninhos arrancados e muitas morreram.

Diante de tudo isso, o Tatu agradeceu a Deus pela toca que lhe dera. Como ficara dentro da terra escondido e tinha reservas de comida, não passara necessidade e continuava vivo, assim como sua família.

Logo os pássaros foram chegando, voltaram a fazer seus ninhos, a cantar e a voar pelo espaço; o Lagarto retornou para seu lago e o Tatu nunca mais reclamou das condições de vida que Deus lhe dera, certo de que Ele sabia o que era melhor para cada filho seu.        
 

                                                        MEIMEI 
 

(Recebida por Célia Xavier de Camargo em Rolândia-PR, em 21/01/2013.)                

 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita