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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 7 - N° 307 - 14 de Abril de 2013

 
 



O valor de um livro

 

Certo dia chegou à Casa Espírita uma senhora muito distinta, que desejava fazer a doação de livros para a biblioteca da entidade.

Recebida com gentileza por Lúcia, uma das colaboradoras, a senhora apresentou-se e explicou:
 

— Muito prazer, Lúcia. Os livros eram de meu pai, que tinha muito apreço por eles. No entanto, meu pai faleceu recentemente e, como moro longe e não tenho espaço suficiente em meu apartamento, julguei que nada melhor do que doá-los a quem possa fazer bom uso desse tesouro. Como poderá verificar, Lúcia, são livros raríssimos, obras de muito valor que meu pai guardava com extremo cuidado.

Depois de apresentar seus sentimentos pela partida para o Mundo Espiritual do pai da visitante, Lúcia disse:

— Ficamos gratos com sua lembrança de nos doar a biblioteca de seu pai. Pode ter certeza de que cuidaremos muito bem dos livros dele.

— Alguns estão precisando colar a capa, outros estão com algumas folhas soltas... Mas, como afirmei, existem no meio deles verdadeiras raridades.

— Não se preocupe. Temos uma pessoa que é especialista em restaurar livros. Fique descansada.

Assim combinaram que a doadora, em virtude de ter urgência em retornar para sua cidade, mandaria, o mais rápido possível, um portador trazer os livros.

No dia seguinte, um furgão chegou lotado de livros. Lúcia, que estava aguardando, mandou que os livros fossem colocados sobre uma mesa em uma sala de pouco uso, para que pudessem verificar a condição das obras e fazer o serviço de restauração naquelas em que fosse necessário.

Lúcia, encantada, verificou que realmente eram todos livros espíritas e de grande valor, pois muitos não eram mais editados.

Ela voltou contente para casa. Certamente os participantes e frequentadores da Casa Espírita ficariam maravilhados com aqueles tesouros.

No dia seguinte, chegando ao Centro Espírita, Lúcia foi logo até o local onde colocara as obras. No entanto, entrando na sala levou um susto.
 

— Oh!... Onde estão os livros?!...

Correu pelas salas procurando alguém que pudesse lhe explicar o que tinha acontecido. Encontrou um rapaz, muito prestativo, que gostava de ajudar executando pequenas tarefas.

— Bernardo, você sabe onde puseram os livros

que estavam sobre uma mesa na última sala do corredor?

Satisfeito com sua presteza em ajudar, o rapaz respondeu:

— Sei, sim, Lúcia. Como eram muito velhos, julguei que fossem para jogar fora. Então, coloquei tudo em grandes sacos de lixo e os deixei na rua para o lixeiro levar! — informou com expressão satisfeita, achando que fizera um benefício para a instituição.

Lúcia empalideceu. Levando as mãos à cabeça, com voz trêmula disse:

— Será que o lixeiro já passou?!... — ao mesmo tempo em que corria para fora do prédio a ver se salvava os livros.

O rapaz corria atrás dela, sem entender o que estava acontecendo e por que ela parecia tão assustada.

— Eu fiz alguma coisa errada, Lúcia?

Chegando à calçada a senhora viu, com grande alívio, que os sacos de lixo continuavam lá. Porém, o caminhão de coleta de lixo já estava esperando, enquanto um dos lixeiros se aproximava para pegar os sacos. Elisa gritou:

— Não, por favor! Não leve estes sacos!
 

O lixeiro ficou surpreso, mas atendeu ao pedido dela. Depois, a senhora pediu:

— Bernardo, ajude-me. Vamos levar tudo de volta para dentro.

Após a providência, Lúcia abriu os sacos e tirando os livros, colocou-os novamente sobre a mesa.
 

O rapaz, que observava o cuidado da companheira no trato com aqueles livros velhos, considerou:

— Desculpe-me, Lúcia. Julguei que estes livros não tivessem qualquer valor! Afinal, são tão velhos!

A senhora olhou para ele e informou:

— Bernardo, o valor de um livro não se mede pela beleza da capa, por serem novos ou pelas cores primorosas. É o interior que vale. O livro espírita é como luz que ilumina a quem os lê. A capa pode estar velha, desgastada pelo uso, mas os ensinamentos que ele contém continuam a ajudar, socorrer, acalmar, orientar e iluminar a todos os interessados.

O rapazinho pegou um daqueles livros na mão, agora com outros olhos, e acariciou a capa, tomado de verdadeira compreensão de quanto ele significava. Depois, levou-o aos lábios e beijou-o com respeito.

Duas semanas depois, após um mutirão, as obras já estavam restauradas e colocadas na estante da biblioteca junto com os outros livros, para satisfação de todos.  

                                                                           MEIMEI


(Recebida por Célia X. de Camargo, em Rolândia-PR, aos 18/03/2013.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita