“A tarefa mediúnica com
Jesus, de esclarecimento
aos Espíritos infelizes,
é dos mais enobrecidos
cometimentos com que a
Doutrina Espírita
ora
nos honra o processo
evolutivo.”
Joanna de
Ângelis/Divaldo -
Histórias que os
Espíritos Contaram1,
p. 15.
Reuniões mediúnicas com
sonâmbulos são mais
produtivas quando
dirigentes e demais
integrantes conhecem um
pouco dessa faculdade –
valiosa no socorro a
entidades sofredoras que
se ocupam de vinganças
ou perseguem seguidores
do Cristo. Vivenciamos
experiências com o
sonambulismo natural.
Dele nos ocuparemos.
Vejamos:
1 – Em O Livro dos
Espíritos2
– vide questões 425 a
455:
“Os fenômenos do
sonambulismo natural se
produzem espontaneamente
e independem de qualquer
causa exterior
conhecida. Mas, em
certas pessoas dotadas
de organização especial,
podem ser provocados
artificialmente, pela
ação do agente
magnético. O estado
designado pelo nome de
sonambulismo
magnético só difere
do sonambulismo natural
pelo fato de ser
provocado, enquanto o
outro é espontâneo”. –
Q. 455.
No sonambulismo, o
estado de independência
da alma é mais completo
do que no sono. Nesse
estado, a alma tem
percepções de que não
dispõe no sonho. – Q.
425 (resumo).
2 – Em O Livro dos
Médiuns3
– ver itens 172 a 174.
(Importantíssimos, mas
extensos para
transcrição integral.)
No fim do item 173,
Kardec conclui: “(...)
Quando só, era apenas um
sonâmbulo;
assistido por aquele a
quem chamava seu anjo
doutor, era
sonâmbulo-médium”.
(Grifamos).
Senões na utilização de
sonâmbulos
3 - Nos Domínios da
Mediunidade4
(Ler capítulos 3; 8 e
11):
André Luiz indica que há
senões na utilização de
sonâmbulos, enquanto
eles não estão
suficientemente
familiarizados com o
desdobramento. Contudo,
Aulus refere-se a
Antônio Castro: “Será,
porém, valioso auxiliar
em nossos estudos”.
Importante: Antônio
Castro é sonâmbulo, mas
atua também como médium
“quando empresta o
veículo a entidades
dementes ou sofredoras
(...)” (Cap. 3, p. 30).
{O mentor volta a se
referir a esse médium no
Cap. 11 (Desdobramento
em serviço), à página
103: “(...) Castro (...)
será treinado para a
prestação de valioso
concurso aos enfermos de
qualquer posição”.}
No mesmo Cap. 3, p. 30 e
31, refere-se à “(...)
nossa irmã Celina. (...)
A clarividência e a
clariaudiência, a
incorporação sonambúlica
e o desdobramento da
personalidade são
estados em que ingressa,
na mesma espontaneidade
com que respira,
guardando noção de suas
responsabilidades e
representando, por isso,
valiosa colaboradora de
nossas realizações”.
No Cap. 8 (Psicofonia
sonambúlica), à p. 72,
Aulus diz a André Luiz,
apreensivo quanto ao
fato de ser ela a
socorrer fazendeiro
desumano:
“(...) E,
compreendendo-se que
mais ajuda aquele que
mais pode, nossa irmã
Celina é a companheira
ideal para o auxílio
nesta hora”.
“A médium
desvencilhou-se do corpo
físico, como alguém que
se entregava a sono
profundo (...).”
O que pode produzir o
sonambulismo puro
“– Celina é sonâmbula
perfeita. A psicofonia,
em seu caso, se processa
sem necessidade de
ligação da corrente
nervosa do cérebro
mediúnico à mente do
hóspede que o ocupa. A
espontaneidade dela é
tamanha na cessão de
seus recursos às
entidades necessitadas
de socorro e carinho,
que não tem qualquer
dificuldade para
desligar-se de maneira
automática do campo
sensório, perdendo
provisoriamente o
contato com os centros
motores da vida
cerebral. Sua posição
medianímica é de extrema
passividade.” (P. 74)
“(...) O sonambulismo
puro, quando em mãos
desavisadas, pode
produzir belos
fenômenos, mas é menos
útil na construção
espiritual do bem. A
psicofonia inconsciente,
naqueles que não possuem
méritos morais
suficientes à própria
defesa, pode levar à
possessão, sempre
nociva, e que, por isso,
apenas se evidencia
integral nos obsessos
que se renderam às
forças vampirizantes.”
(P. 75/76)
Dessa obra, eis
observações que
sublinhamos em parte:
– Clementino aplicou-lhe
– ao médium Castro –
“(...) passes de longo
circuito”. “(...) que
adormeceu devagarinho
(...).” - P. 97
– “O diretor espiritual
da casa (Clementino)
submetia o medianeiro a
delicada intervenção
magnética (...).” Não
menciona qualquer
participação de Raul
Silva (dirigente
encarnado da reunião)
nesse processo de
magnetização do médium
Castro. (P. 98).
[Conclui-se que, no
sonambulismo natural, o
médium entra e sai do
transe por iniciativa
dos mentores
espirituais. Essa é a
característica essencial
desse fenômeno.]
Não se deve tocar no
médium em transe
– Antes da ‘viagem’,
aplicaram-lhe um
capacete. P. 101
– Raul (dirigente
encarnado) elevou o
padrão vibratório do
conjunto ao orar. P. 102
– Ora atua como
sonâmbulo, com
manifestações anímicas
(Ele, em desdobramento,
agradece as preces;
dialoga com Oliveira,
ex-integrante da reunião
mediúnica,
recém-desencarnado, ao
encontro do qual foi
nessa ‘viagem’), ora
como médium do amigo, o
qual, por psicofonia
sonambúlica, saúda aos
integrantes da reunião
mediúnica.
4 – Sonambulismo
Prático5
(Eliane Crêspo – médium
sonâmbula):
“Só o magnetizador deve
ficar em contato com o
médium”. (p. 78)
Não se deve tocar no
médium, pois o toque
aprofunda o transe ou
provoca choque anímico.
(P. 79)
Obs.: Ver em
Magnetismo Espiritual
8
informações detalhadas
(p. 191).
“Quantas vezes, em
reunião mediúnica, o
médium pende a cabeça
pesadamente e parece
adormecido e é
repreendido pelo
dirigente, que
desconhece que um
sonâmbulo dorme
para que seu Espírito
possa, em desdobramento,
libertar-se para
trabalhos da própria
reunião (...); o médium
não é culpado, apenas
tem uma mediunidade
pouco conhecida ou quase
nunca estudada. (...)
Quantas vezes o passista
levanta-lhe a cabeça,
sem o conhecimento de
que o toque no sonâmbulo
aprofunda o transe.” (P.
100)
Que fazer para o médium
voltar do transe?
No estado de transe
sonambúlico, nota-se:
– Liberdade para servir
ao intercâmbio
mediúnico;
– Clarividência e
Clariaudiência no tempo
e no espaço;
– Facilidade de visão
interior do corpo;
– Identificação de
obsessores;
– Possibilidade de
regressão (para o
médium, ou para outros
Espíritos). (P. 81)
“(...) O sensitivo é,
por sua natureza, médium
de psicofonia, de
desdobramento,
psicógrafo, vidente ou
apresenta outras
qualificações.” (p. 81)
Necessário dar tempo ao
médium em transe, para
habituar-se ao novo
estado. Não deve haver
pressa: conserva-se em
estado de torpor, num
aniquilamento corporal
em que se compraz. Se
ele dá sinal de que ouve
o magnetizador e começa
a responder, o estado
sonambúlico está
completo. (P. 96)
Para voltar do transe
magnético, aplicam-se
passes dispersivos da
cabeça aos pés,
energicamente; chamar
pelo nome, brandamente;
mandar respirar fundo;
abrir os olhos, mexer as
extremidades do corpo
(pés e mãos).
Se apresentar
entorpecimento, a
dispersão corrigirá
facilmente. (P. 82)
Não há desgaste no
desdobramento (P. 71):
“Mesmo não devendo fazer
mais que cinco
atendimentos de cada
vez, normalmente não
apresenta cansaço
físico”. (P. 78)
Há médiuns que resistem
a sair do transe
Se, ao voltar do transe,
sentir mal-estar, deve
respirar forte algumas
vezes. Se se sentir mal
ajustado ao corpo, deve
voltar a desdobrar e
voltar vagarosamente. É
natural o médium
sentir-se como uma bola
ou ter a sensação de
flutuar. Em caso de
tonturas, formigamento
nas extremidades,
sensação de sono, abrir
e fechar as mãos,
respirar regularmente e
flexionar as pernas e
relaxar. (P. 71)
Se o sensitivo resistir
à volta, aplicar sopro
frio a distância (atua
como choque anímico).
Adotar essa conduta
procedimento apenas se
resistir aos passes
dispersivos. Outro
método (não é o ideal),
como último recurso, é
levantar-lhe a pálpebra.
A luz, na retina,
provoca choque anímico.
(P. 83)
NOTAS:
- No livro Magnetismo
Espiritual (p. 194),
recomenda-se que
esse sopro (insuflações
frias) se dê a “(...)
distância sobre a testa
e sobre os olhos,
tocando vivamente os
supercílios, desde a sua
origem até as têmporas.
É importante dispersar
bem, a fim de evitar o
peso da cabeça e a
dormência das pernas,
que poderiam persistir”.
Estes são processos
idealizados antes da
educação de médiuns, à
luz da Codificação
Espírita.
Enfermos, sem
experiências com a
mediunidade, eram
levados ao transe
sonambúlico (quando
possível) e, em muitos
casos, resistiam para
sair do transe. Com
médiuns educados, a
resistência não chega a
esse extremo,
dispensando-se a
utilização de tais
recursos.
Ocorrências relativas à
regressão da memória
Com a regressão de
memória, “normalmente
dá-se a visão no tempo,
onde o sensitivo vai
descrevendo, com riqueza
de detalhes, a época e o
objetivo da vidência a
que se propõe no caso.
Outra forma é o
sensitivo sentir-se no
local, como mero
espectador ou
observador. Tudo vê,
sente a temperatura, as
emoções, não interfere
em nada e não é visto.
Ou poderá passar a ser o
personagem regredido,
vivendo não só a época,
mas sentindo a
personalidade como se o
fosse. Neste
trabalho, o mentor do
sensitivo e os mentores
do trabalho
encarregam-se do que
será revisado na
regressão”. (P. 138)
5 - A Memória e o
Tempo6:
O autor resume, à p.
172, experiências com
médium sonâmbula:
“(...) ela se estendeu
num sofá e começamos o
trabalho. (...) Recorri
aos passes
longitudinais. Em poucos
minutos ela estava
mergulhada em transe,
olhos fechados,
respirando profunda e
serenamente. Não houve
grande dificuldade de
fazê-la falar.
Realizamos muitas
experiências
interessantes e
instrutivas. Ela era
capaz de deslocar-se com
relativa facilidade no
tempo e no espaço, assim
que desdobrada do corpo
físico em repouso. Podia
visitar locais
distantes, que
descrevia. Ao observar
as pessoas, do seu
privilegiado ponto de
vista da invisibilidade,
era capaz de localizar
regiões do corpo de tais
pessoas afetadas por
distúrbios mais ou menos
graves: via ali sombras
escuras, manchas, áreas
desarmonizadas, enfim,
com relação às que lhe
pareciam normais”.
Finalidade da faculdade
sonambúlica
“Recusamo-nos a fazer
diagnósticos ou propor
tratamentos, que não
eram da nossa
competência. Não era
esse nosso objetivo
(...)”.
“Também não nos atiramos
sofregamente à pesquisa
indiscriminada, com a
finalidade de
identificar
reencarnações anteriores
dela, ou as de outro
qualquer componente do
grupo. (...)
O território das
lembranças sempre foi
para nós região que não
se deve jamais tomar de
assalto, mesmo porque o
sensitivo terá condições
de opor tenaz
resistência, se não for
de seu desejo expô-lo à
curiosidade alheia ou
enfrentá-lo quando ainda
não está preparado para
fazê-lo. (...).”
NOTAS:
– O autor utilizou o
sonambulismo magnético
para levar a única
sonâmbula com que
trabalhou ao transe,
aplicando-lhe passes
longitudinais.
– Percebe-se o zelo em
observar o contido na
parte final da resposta
dos Espíritos à questão
430, de O Livro dos
Espíritos: “(...)
Deus outorgou ao homem a
faculdade sonambúlica
para fim útil e sério,
não para que se informe
do que não deva saber.
(...)”.
(Continua no próximo
número.)
Referências:
1 – MIRANDA, Hermínio C.
Histórias que os
Espíritos Contaram.
Salvador: LEAL, 1980. p.
15.
2 – KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos.
Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 1ª edição.
Comemorativa do
Sesquicentenário. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Q.
455 e 425.
3 – KARDEC, Allan. O
Livro dos Médiuns.
Tradução Evandro Noleto
Bezerra. 1. Reimpressão.
Rio de Janeiro: FEB,
2009. Segunda parte,
Cap. XIV, Itens 172 a
174.
4 – XAVIER, Francisco C.
Nos Domínios da
Mediunidade. Pelo
Espírito André Luiz. 9.
ed. Rio de Janeiro: FEB,
1979. Cap. 3, 8 e 11.
5 – CRÊSPO, Eliane.
Sonambulismo Prático.
2. ed. Goiânia (GO),
1997.
6 – MIRANDA, Hermínio C.
A Memória e o Tempo.
3. Ed. Niterói: Editora
Arte & Cultura, 1991.
Cap. VI – Experiências e
observações pessoais.