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Ano 8 - N° 401 - 15 de Fevereiro de 2015

ADILSON LORENTE
adilsonlorente@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 
 

Depressão, uma visão espiritual não ortodoxa

Parte 1

A quantos afeta

Segundo pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde, (OMS), em 2013, estima-se que 400 milhões de pessoas, cerca de 7% da população mundial, sofriam de depressão a cada ano.  Verificavam-se à época mais de 850 mil suicídios por ano em decorrência de depressão. Esses dados foram revelados pelo ex-secretário geral das Nações Unidas, na abertura do seminário “A crise Global de Depressão” promovido pela revista britânica “The Economist”.                                                                                                

No Brasil, a estimativa muito otimista era que cerca de 10% da população sofria de depressão. Otimista por basear-se em dados de pessoas já diagnosticadas. Deve-se observar que a maioria dos deprimidos não foi diagnosticada ou sequer sabe que sofre ou sofreu por depressão. A consequência para elas é, geralmente, a falta de tratamento ou terapia pouco adaptada.

Esse índice, no entanto, sobe para 18% da população brasileira, segundo um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo que avaliou a prevalência de distúrbios psiquiátricos na região metropolitana da cidade, baseado em 5.037 entrevistas, com perguntas capazes de revelar se o entrevistado passa ou já passou por essa condição. 

O fato é que “a depressão grave revela-se um problema de saúde pública em todas as regiões do mundo”, conforme concluiu o último relatório sobre esse transtorno feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 18 países, de alta e de baixa renda, incluindo o Brasil, ao final de 2011.

Segundo o relatório, aproximadamente 14,6% da população dos países com alta renda já teve depressão em algum momento da vida. Já entre o grupo de renda baixa e média, 11,1% das pessoas apresentou o distúrbio em algum momento.

Se projetarmos para o Brasil os dados da pesquisa Megacity, portanto, temos mais de 36 milhões de pessoas afetadas em diferentes graus, em algum momento da vida. Muitas delas ficaram incapacitadas para a vida produtiva e com sérias dificuldades nas relações familiares.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) projetava que em 2030 a depressão seria a primeira maior causa de incapacitação no mundo. Mas reviu suas conclusões e estima que em 2030 poderá ser a primeira.

Além disso, os pesquisadores observaram que, nos países mais ricos, a idade média de início dos episódios de depressão é 25,7 anos, contra os 24 anos dos menos desenvolvidos, onde o Brasil se inclui. Nos países com alta renda os jovens são o grupo mais vulnerável. Já nos outros lugares os idosos mostraram maior probabilidade de ficar deprimidos.

Nos dois grupos – jovens e idosos -  a separação de um parceiro foi o fator mais importante. A ocorrência foi duas vezes maior em mulheres e a incapacitação funcional mostrou-se associada a manifestações recentes de depressão.   

Como saber se alguém ou nós mesmos estamos deprimidos?  

Podemos saber se alguém está efetivamente deprimido e necessitando de tratamento para superar essa patologia, quando observamos, por mais de duas semanas, que a pessoa:
 

·                    Sente-se triste a maior parte do dia, quase todos os dias;


·                   
Culpa-se em demasia pela própria doença e até mesmo pelos problemas dos outros e por problemas do passado;


·                   
Sente-se sem vontade (ânimo) para fazer as tarefas habituais, seja trabalhar fora ou cuidar dos filhos e realizar tarefas essenciais - coisas que normalmente faria sem dificuldades e até com prazer;


·                   
Apresenta o desejo de fuga da vida, querendo ficar sozinha o máximo possível. Evita o convívio social;


·                   
Quando acorda não tem vontade de sair da cama;


·                   
Tem insônia ou hipersonia (vontade excessiva de dormir);


·                   
Sente-se fracassada, sem valor, inútil, e despreza seu valor como pessoa;


·                   
perda do desejo sexual;


·                   
Não tem esperança de que a situação melhore.

A pessoa com depressão também pode ter crises de choro injustificadas, desejo de morte, irritabilidade, dificuldade de tomar decisões, de começar e/ou de terminar tarefas iniciadas.


Aqueles que estão deprimidos sentem-se muito tristes e envoltos por pensamentos negativos sobre si mesmo e a vida de forma geral. Podem ainda sentir palpitação (desconforto cardíaco), constipação, dores de cabeça e dificuldades digestivas. Sentem-se sem energia para fazer o que precisam, têm dificuldade de concentração, alterações no apetite, sentem-se lentas para a realização de atividades físicas e mentais.  Pode ser que a pessoa não tenha todos esses sintomas e, se tiver a maioria deles, eles podem não ocorrer simultaneamente.


Normalmente, as pessoas deprimidas acham que trata-se de uma dificuldade passageira e custam a admitir que estão doentes e procurar ajuda especializada de um psiquiatra ou de um psicólogo.


Períodos de melhora e de piora são frequentes e, muitas vezes, servem para adiar a procura por tratamento. A decisão só vem quando os sintomas ficam graves e as questões de convívio se tornam quase insuportáveis.

 

Causas da depressão

 

Para facilitar o entendimento das causas da depressão, podemos classificá-la em três grupos, de acordo com as suas causas:


No primeiro grupo (depressão de causa exógena), estariam aquelas desencadeadas por fatores externos: separação de casais, perda de entes queridos, perda do emprego e dificuldade de reempregar-se, viver situações de extremo estresse por um período relativamente longo (cuidar de pessoas enfermas e dependentes, relações conjugais violentas), frustrações em objetivos que elegeu como fundamentais para a própria realização. Podemos incluir aqui um tipo de depressão que se associa à menopausa na mulher e outro que afeta principalmente os homens quando se aposentam. Ocorre especialmente quando ambos olham à frente e não veem uma perspectiva existencial satisfatória, seja por razões materiais, efetivas ou por se sentirem inúteis, e sentem insegurança/medo em relação ao futuro.


No segundo grupo, visualizamos as depressões desencadeadas por doenças que incapacitam o indivíduo parcial ou totalmente, como AVC, câncer, doenças autoimunes, perda de membros, de visão ou audição, dependência química, hipotireoidismo.


Num terceiro grupo, que coloco aqui como uma visão pessoal, incluirei as depressões de natureza espiritual que podem estar relacionadas a esta vida ou a vidas passadas. São eles:


1)                Ex-suicidas de outras vidas que, quando chegam próximo da idade em que deram fim à existência anterior, emerge em suas consciências o quadro de sofrimento do passado, causando forte depressão que pode levá-los a repetir o ato.


2)                Espíritos que sentem no fundo da alma que traíram os objetivos para o qual vieram nesta existência, optando por caminhos mais ligados ao sucesso material, algumas vezes por meios pouco éticos ou ilícitos mesmo. A maioria deles vivem angustiados e alimentam forte sentimento de culpa e remorsos por atitudes em relação às criaturas cuja confiança traíram ou abandonaram ao longo da existência.


3)                Espíritos que consideram a existência terrestre um palco de sofrimento apresentam muita dificuldade de adaptar-se à vida, de escolher uma carreira profissional e de lutar pelo sucesso profissional de manter relação afetiva por tempo razoável. São extremamente pessimistas sobre a vida e suas próprias possibilidades e isso os afasta de amigos e de afetos, levando-os a uma extrema solidão. Muitos dos jovens deprimidos se enquadram nesta condição.


4)                Espíritos que trazem, no inconsciente, sentimento de culpa e remorsos por atos cometidos em vidas pretéritas, que são explorados por suas vítimas do passado, hoje cruéis verdugos sedentos de vingança. Esses obsessores impõem às suas vítimas a sua vontade férrea, ressuscitando no campo do inconsciente profundo lembranças amortecidas pelo cérebro, descortinando tristes acontecimentos que os fazem delirar, debatendo-se ante o assalto de recordações antigas e as ocorrências atuais. Esse quadro, que pode resultar em esquizofrenias gravíssimas, nos é relatado pelo Espírito de Victor Hugo através da mediunidade fidedigna de Divaldo Franco, no livro Árdua Ascensão.        


Em todos os grupos, a medicina detecta deficiência de alguns neurotransmissores cerebrais, como a serotonina, a dopamina e outros. Pessoalmente, não vejo essa deficiência de neurotransmissores como causa da depressão, mas como consequência.
 

Como obter ajuda para enfrentar a depressão

 

Os males da mente são os mais prejudiciais e limitantes entre todos os grupos de doenças. No grupo das doenças mentais a depressão é hoje a mais incapacitante das doenças, segundo os últimos dados divulgados pela OMS, apresentados pelo diretor do Instituto de Psicologia Clínica e Psicoterapia da Technische Universitaet de Dresden, na Alemanha, Dr. Hans Ulrich Wittchen.


Portanto, se a depressão é grave, precisamos ser fortes o suficiente para reconhecer que precisamos de ajuda de um médico especializado, seja um psiquiatra ou um psicólogo para complementar o tratamento. Depressão pode levar à incapacidade funcional, comprometer relações familiares de forma irremediável e até levar ao suicídio. Quanto mais rápido reconhecermos e tratarmos a doença, menos sofreremos e mais rapidamente poderemos sair dela.
(Continua no próximo número desta revista.)


 


 
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