WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 9 - N° 410 - 19 de Abril de 2015
ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)
 

 
Cátia Sirlene Gonçalves Hahn: 

“Cada ser humano traz em si potencialidades a serem desenvolvidas”

A presidente da Casa da Fraternidade, de Araranguá (SC), duas vezes premiada pelo projeto Criança Esperança, da Rede Globo, fala sobre o trabalho educativo realizado pela instituição
 
 

Espírita desde 1985 e atuando no movimento desde 1996, Cátia Sirlene (foto) é natural da capital paulista, mas reside em Araranguá (SC), onde atua na Casa da Fraternidade, da qual é a atual presidente. Produtora cultural e formada em Arte-Educação, ela nos concedeu a presente entrevista que nos permite ter uma  dimensão  do  trabalho

educativo promocional que a instituição, duas vezes premiada pelo Criança Esperança, da Rede Globo, tem realizado. 


Situe, para os nossos leitores, o município de Araranguá no aspecto demográfico, social e econômico.

Araranguá é uma cidade com aproximadamente 65.000 habitantes. Localizada no extremo sul de Santa Catarina, a 10 km do litoral, conta com belas paisagens naturais e largas avenidas. A maioria da população sobrevive da confecção e do comércio de roupas e, no verão, do turismo. Não possui grandes indústrias, o que gera desemprego para os jovens, o que faz com que muitos deixem a cidade. Nas redondezas da Casa da Fraternidade, no bairro Lagoão, se localizava a população mais carente, um quadro que vem mudando de alguns anos pra cá, devido ao trabalho da Casa da Fraternidade. 

Quando e como surgiu a Casa da Fraternidade e com que objetivo?

Como a necessidade material do bairro Lagoão era grande, a Casa da Fraternidade foi fundada em 1987, a princípio atendendo a primeira infância através da Creche Meimei. Trabalhadores do movimento espírita da região, o casal Rosangela Justino Soares e Aurelio Soldatelli, ela professora e ele engenheiro mecânico, alimentavam um velho sonho de oferecer um pouco do alimento material para os famintos do corpo, mas também alimentar o espírito. Nas noites de quinta-feira, a sala de aula se transformava em sala de palestras doutrinárias. Ambos administraram a Creche até 1993, quando se mudaram para o Rio Grande do Sul. Após a saída dos fundadores, a Casa passou por muitas dificuldades de manutenção. Até que, passados os primeiros anos, iniciamos um novo trabalho e o objetivo se definiu como um Centro de Convivência e Fortalecimento de vínculos para crianças, adolescentes e famílias, sintonizado com a proposta espírita de promoção social através da educação integral. 

Quantas pessoas a Casa da Fraternidade já atendeu?

Já passaram pela Casa mais de 5 mil crianças.

Como são realizadas as atividades nesta nova fase?

Em meados de 1997, quando cheguei para estudar a Doutrina Espírita, havia no entorno da Casa muita pobreza e o tráfico de drogas era intenso. Às vezes tínhamos que pedir licença para entrar na Casa. Com poucos frequentadores, pois o bairro assustava a quem chegava, a estrutura material da Casa estava péssima, a Creche era mantida pela Prefeitura, e o movimento espírita realizava apenas algumas ações assistencialistas de entrega de cestas básicas. Havia um jovem – Alex, hoje meu esposo – que ensaiava uma peça de teatro espírita (Julinho, o engraxate) com um grupo de jovens nos finais de semana. No ano de 2000 a Prefeitura decidiu construir uma nova creche no bairro. Foi quando decidimos reformar o antigo prédio e iniciar um novo trabalho para os meninos e meninas em idade escolar. Surgiu então o Projeto Juventude Luzes do Amanhã, com o Alex no teatro, a Zizi ministrando música, a Luciani e eu nos revezando na limpeza, na cozinha e nas aulas de valores humanos, nos pedidos de doações. Como éramos poucos, fazíamos quase tudo sozinhos e tínhamos inúmeras dificuldades, pela falta de apoio técnico, falta de recursos financeiros, falta de materiais. Aos poucos foram surgindo novos voluntários para as atividades de artesanato, enxoval de bebê e recreação, e o projeto foi tomando forma. Fomos nos capacitando, conseguimos angariar parcerias, contratar pessoal e delegar tarefas.

O que eram as aulas de valores humanos?

Sempre tivemos como princípio que a religião não deve ser imposta, mas os princípios de espiritualidade devem estar presentes na vida dos atendidos de uma forma autônoma. A professora Zizi, antes de vir para Araranguá, havia lecionado música na Mansão do Caminho (Bahia) e contou que lá o Divaldo aplicava a pedagogia dos valores humanos antes de cada atividade. Ficamos muito interessados e decidimos então fazer um teste. Passamos a debater uma mensagem por semana através de painéis e dinâmicas de grupo. E as crianças adoraram as aulas. A partir daí vimos que precisávamos de uma proposta pedagógica e fomos pesquisar Pestalozzi. Até hoje o método é aplicado. 

Qual o público-alvo e quantas pessoas são atendidas diariamente? É em regime de internato ou semi-internato?

Hoje atendemos 205 crianças e adolescentes entre 6 a 14 anos, e 20 adolescentes entre 15 e 18 anos em diversas oficinas culturais em horário oposto ao escolar, em aulas de canto, balé clássico, teatro, violão, percussão, informática, artesanato, artes visuais, xadrez, capoeira e outras. As crianças fazem reforço escolar, aulas de ética e cidadania e atividades literárias, almoçam e tomam café na entidade, recebem orientação psicológica, apoio psicopedagógico e suas famílias são acompanhadas pelo serviço de assistência social. 

Qual foi a premiação recebida pelo trabalho? E o que significou a premiação para a instituição?

Em 2010 o Projeto também ganhou a chancela de “Ponto de Cultura” do Ministério da Cultura e Secretaria de Cultura do Estado. Além do reconhecimento governamental, isso fez com que novos públicos viessem também a participar das atividades. Com os recursos conseguimos manter uma equipe de trabalho, que hoje conta com 21 profissionais contratados, ampliar nossas instalações e adquirir novos equipamentos. Em 2012 ganhamos o Criança Esperança. Em 2013 fomos classificados como semifinalistas do prêmio Itaú-Unicef e em 2014 ganhamos novamente o Criança Esperança e um prêmio da Fundação Biblioteca Nacional. 

Como foi a premiação pelo Criança Esperança? O que levaram em conta?

São quase dois mil projetos inscritos a cada ano no Edital, e uma seleção rigorosa. Fomos um entre os três projetos de Santa Catarina contemplados. Penso que para a seleção foram levados em conta os aspectos inovadores do projeto, a proposta pedagógica, a transformação da comunidade, o empenho da equipe de trabalho, a missão da instituição, além dos aspectos legais. Percebemos que após o Criança Esperança passamos por uma nova fase, pois se tivemos maior visibilidade, também mais responsabilidades, pois o trabalho se desenvolveu, o número de crianças e famílias praticamente dobrou, a equipe teve que se capacitar e correr atrás de mais recursos.   

Fale-nos sobre o Projeto Juventude. Em que consiste?

Após 13 anos, o Projeto Ponto de Cultura Juventude Luzes do amanhã se transformou num espaço alternativo de produção de arte e cultura para toda a cidade. Ele realiza ações culturais, educacionais e assistenciais. Suas ações são realizadas de forma interligada, gerando assim um resultado de promoção social para seus atendidos. O projeto vem favorecendo a integração, a formação e desenvolvimento das potencialidades na comunidade, com o lema: "Admitir a hipótese de que cada ser humano traz em si potencialidades a serem desenvolvidas é admitir a ideia de permanente transformação". Tem ele como proposta educativa uma abordagem através da Educação em Valores Humanos, usando como ferramentas a arte-educação. O projeto também oferece informática, reforço escolar, oficina de ética e cidadania, apoio assistencial, psicológico, psicopedagógico e sociofamiliar, refeições, e também atividades culturais e eventos comunitários que favorecem a integração comunitária. Ao longo dos anos o Projeto Juventude se transformou numa grande arvore com muitos galhos e cada um gerando seus frutos. Abriga em seu interior outros projetos, que estão ganhando autonomia, como a Cia. Teatral Bocarela das Palavras, o Projeto Mulheres Solidárias Renascer, o Projeto Cinema na Comunidade, o Projeto Almoço com Jesus, o Projeto Amor aos nossos Filhos, e o Projeto Biblioteca Comunitária Semeadores do Futuro, que até ganhou no ano passado um Prêmio da Fundação Biblioteca Nacional e neste ano irá contar com sede própria. 

Algo marcante a citar nesses anos todos de trabalho?

Acho que foi marcante a gravação da equipe da Rede Globo para o Criança Esperança.  Foi num dia muito especial para todos. Pessoalmente, eu e o Alex estávamos bem desanimados, com os problemas de saúde do Alex, que passou por uma cirurgia gravíssima no início do ano. Foi uma época muito difícil e eu estava me questionando se tudo isso valeria a pena. Fomos pegos de surpresa e a jornalista Kiria começou a entrevistar as crianças e as famílias dos atendidos. Todos nos emocionamos, principalmente com o depoimento do menino Vilásio, que começou na Casa aos seis anos e hoje está com 17 anos. Foi muito legal ver o nosso projeto e nossa Casa na televisão. Ligaram várias pessoas até dos Estados Unidos, dizendo que assistiram à matéria. E de certa forma acordou muita gente, principalmente do Movimento Espírita de Santa Catarina, que passou a se interessar e querer saber quem éramos. 

Em sua memória, o que lhe vem à mente imediatamente?

Vêm à memória os encontros do Projeto Almoço com Jesus, realizados no primeiro domingo de cada mês, quando reunimos o Movimento Espírita e a comunidade atendida com várias ações durante o dia. É muito bom depois do trabalho perceber a alegria de toda aquela gente sendo amparada e também ver a alegria nos rostos dos voluntários que serviram em nome de Jesus.  

Quais os contatos para quem desejar auxiliar ou visitar?

A Casa da Fraternidade fica na Rua Pedro Gomes, 740 - Bairro Lagoão – Araranguá-SC. Telefone: 48.3527.0214 – e-mail: casa.fraternidade@gmail.com/ Site: www.projetojuventude.com.br / Quem quiser contribuir financeiramente pode fazer um depósito na conta Banco do Brasil – agência 5280-9 – C/C 9752-7

Suas palavras finais.

Gostaria de apenas agradecer a Jesus a oportunidade de servir em seu nome, e também agradecer àqueles que confiaram e nos apoiaram com suas palavras e atos para que este trabalho continuasse existindo.   


 
 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita