Convivendo com os psicopatas
Diante dos inúmeros casos de violência, que tem tirado o
sossego da sociedade organizada no Brasil e no mundo, é
um dever profissional informar ao leitor dessa coluna
sobre uma faceta do comportamento humano capaz de causar
questionamentos e conclusões equivocadas. Trata-se do
transtorno da personalidade antissocial, mais conhecida
como psicopatia.
Dez sinais que caracterizam esse comportamento:
incapacidade de adequar-se às normas sociais;
impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
desrespeito e irresponsabilidade pela segurança própria
ou alheia; ausência de remorso, indicada por indiferença
ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado
alguém; crueldade física para com pessoas ou animais;
provocações, ameaças e intimidações frequentes;
utilização de arma capaz de infligir graves lesões
corporais – uso de faca, revolver, bastão, garrafa
quebrada, tijolo, etc.; coação para que alguém tenha
relação sexual com ele; mentiras frequentes para obter
bens ou favores ou para esquivar-se de obrigações legais
e ludibriar pessoas; irritabilidade e agressividade,
indicadas por repetidas lutas corporais ou agressão
física. Esses e outros critérios diagnósticos
encontram-se no DSM-IV – (301.7), DSM-IV TR (312.8) e
CID 10-(F60.2).
Estudos recentes, realizados nos Estados Unidos, na
Universidade de Wisconsin Madison, com 40 presidiários
que cometeram crimes semelhantes, nos quais 20 tiveram
diagnóstico de psicopatia, observaram que estes
apresentavam menos conexão entre o córtex pré-frontal
(sentimento de culpa e empatia) e a amígdala (medo e
ansiedade). Esses dois campos, na visão dos
neurocientistas, deveriam regular as emoções e o
comportamento social. A não comunicação adequada pode
ajudar a explicar a razão das reações dos psicopatas na
vida de relação. O acompanhamento terapêutico deverá ser
aplicado com adequado treinamento por parte dos
especialistas, psiquiatras e psicólogos com a devida
experiência nessa psicopatologia. Desconheço até o
momento ter sido encontrado recurso clínico ou cirúrgico
para reversão desse quadro. Até aqui, parece que teremos
que conviver com esse desafio.
Antes que pareça uma aprovação aos crimes perversos e
hediondos, sugiro uma reflexão trazida por Allan Kardec
em O Livro dos Espíritos: Pergunta 736 - O
assassinato é um crime aos olhos de Deus? Resposta: Sim,
um grande crime; porque aquele que tira a vida de seu
semelhante corta uma vida de expiação ou de missão, e aí
está o mal. E na pergunta 737: O assassinato tem sempre
o mesmo grau de culpabilidade? Resposta: Já o dissemos:
Deus é justo, julga mais a intenção do que o fato.
Antes de fecharmos a questão, julgando e ou polarizando
opiniões e decisões expostas no calor das emoções,
parece ser mais coerente considerar o que nos foi
trazido pelo codificador, orientado pelos espíritos
superiores, que na natureza não há acasos; e tudo que
nos acontece tem uma razão de ser. Embora tenhamos todos
sido criados com a simplicidade e ignorância (sem
conhecimento), temos todos uma eternidade de
oportunidades de construirmos a nossa história enquanto
seres humanos que somos. Os aparentes “defeitos” que
apresentamos na vida atual não representam nossa
identidade real. Ao longo do percurso reencarnatório os
ajustes que se fizerem necessário estarão sempre se
adequando em conformidade com a frequência vibracional
alcançada pelo ser viajor que somos, com reflexos no
corpo físico ou somático, aproximando cada vez mais da
representatividade dos seres de luz. Viemos da luz e
para a luz voltaremos para prosseguir iluminando os
caminhos obscuros que se apresentarem diante de nós. E
juntos, seguiremos na jornada de amor.
Lembrando uma estória Sufi:
Um mestre do Oriente viu quando um escorpião estava se
afogando e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez o
escorpião o picou. Pela reação de dor, o mestre o soltou
e o animal caiu de novo na água e estava se afogando de
novo. O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o
animal o picou. Alguém que estava observando se
aproximou do mestre e lhe disse: "Desculpe-me, mas você
é teimoso! Não entende que todas às vezes que tentar
tirá-lo da água ele irá picá-lo?” O mestre respondeu:
"A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a
minha, que é ajudar". Então, com a ajuda de uma folha o
mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida.
Não mude sua natureza se alguém lhe faz algum mal;
apenas tome precauções. Alguns perseguem a felicidade,
outros a criam.
Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua
reputação.
Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é
o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam
é problema deles.
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