Pesquisa: casos sugestivos de
reencarnação em adultos
Purnima Ekanayake, uma menina do Sri Lanka, nasceu com
marcas mais claras na pele do lado esquerdo do tronco.
Essa questão não seria relevante se não se relacionasse
com o facto de ela insistir que se recordava de ter
morrido na vida anterior por causa do acidente que
tivera com “um carro grande”. Adiantava que, nesse
evento traumático, “um monte de ferro estava no meu
corpo”.
Este caso foi investigado por um psicólogo islandês
muito conhecido no meio científico, Erlendur Haraldsson,
e integra a tese de Sandra Maciel, da Universidade
Federal de Juiz de Fora, Brasil, que desenvolve um
“Inquérito Nacional de Casos Sugestivos de Reencarnação
na População Brasileira Adulta”, trabalho divulgado no
passado mês de dezembro de 2023.
O caso de Purnima encontra-se incluído na parte inicial
da tese, onde a autora resume com vasta competência a
investigação científica já publicada sobre crianças que
garantem recordar-se de vidas passadas.
Estes casos têm sido muito pesquisados e são
frequentemente relatados em todo o mundo. Envolvem
crianças que descrevem detalhes das suas vidas passadas,
incluindo nomes, datas, locais e eventos. Em alguns
casos, as crianças podem até reconhecer parentes ou
lugares que nunca conheceram na sua vida atual, com a
revelação de pormenores muito interessantes e com
frequência confirmáveis.
Nesta pesquisa, Sandra Maciel investigou a ocorrência de
casos sugestivos de reencarnação em pessoas adultas a
partir das suas reminiscências, algo menos trabalhado
pelos profissionais da ciência oficial.
Voltando ao caso de Purnima, deve ser referido que há
detalhes assaz curiosos. Entre outras informações, a
menina, além de explicar dois processos diferentes de
fabricar incenso com base nas suas memórias, chegou a
pedir satisfações aos atuais proprietários da empresa
pelo facto de as embalagens terem, entretanto, sido
modificadas.
Durante a meticulosa pesquisa de Haraldsson ambas as
famílias – a da vida passada e a atual – ficaram
convencidas que se tratava da reencarnação de Jinadasa
Perera, um homem efetivamente morto por um autocarro
quando se deslocava de bicicleta para vender incenso.
Durante a pesquisa documental, o psicólogo teve acesso
ao documento da autópsia do corpo de Jinadasa. O
documento oficial datilografado, ou seja, escrito em
máquina de escrever, descreve a fratura das costelas,
rotura do fígado e do baço e perfurações causadas por
costelas fraturadas.
O artigo de Erlendur Haraldsson que inclui o caso de
Purnima é apenas um dos 78 publicados acerca de alegadas
memórias de vidas passadas entre as décadas de 1950 e
2010, segundo bases de dados científicas, explica a
tese. A maior parte deles versa sobre crianças (84%),
sendo 74% de países asiáticos.
Já existe muito trabalho científico realizado com foco
nas crianças que afirmam lembrar-se de vida passada.
Investigadores que deixaram marca indelével nesse sector
foram o brilhante psiquiatra Ian Stevenson (EUA), o
psicólogo Erlendur Haraldsson (Islândia) e Jim Tucker
(EUA), entre outros. Nesta data, destes três apenas o
pedopsiquiatra Jim Tucker se encontra entre nós.
Na tese encontramos também uma lista de características
que se destacam nos casos de crianças que se recordam de
vidas passadas, que é interessante partilhar consigo.
Eis alguns exemplos: essas crianças narram mortes
violentas originadas por acidente, homicídio e suicídio,
com frequência; são mais de 78% no Líbano e na Síria; há
casos de crianças que mencionam, além do suposto modo de
morte, o facto de terem acompanhado o que teria sido o
seu próprio velório ou funeral; algumas fazem relatos
sobre o chamado período de intermissão, aquele
compreendido entre a alegada vida anterior e a atual,
isto é, para nós a chamada erraticidade; tendem a
mencionar o modo de morte, nomes relacionados com a
suposta vida passada e declarações verificadas como
corretas; as memórias tendem a desaparecer quando muitas
destas crianças deixam de falar sobre as suas alegadas
vidas passadas, mais ou menos pelos sete anos de idade.
Sobre este último ponto, recordamos que André Luiz
(Espírito) considera em Missionários da Luz (1.ª
edição, FEB, 1945), livro psicografado pelo médium
Francisco Cândido Xavier, que a reencarnação só se
completa verdadeiramente por volta dos sete anos de
idade.
Este trabalho de Sandra Maciel foi realizado com uma
amostragem de tamanho significativo, o que fortalece os
resultados. A autora da tese utilizou um método de
investigação rigoroso, que incluiu entrevistas e análise
de documentos. Além disso, deve sublinhar-se que os
resultados da pesquisa são consistentes com os
resultados de pesquisas anteriores sobre casos de
reencarnação em crianças.
As vidas sucessivas são uma das leis da natureza a que a
doutrina espírita oferece muita atenção nos seus
estudos. Além dos factos pesquisados, a reencarnação
abre ângulos filosóficos e éticos – a ética é a ciência
do bem – representando um vector importante para anular
o racismo, os nacionalismos exacerbados e outras as
formas de egoísmo, imperfeição esta que tarda a
abandonar de modo significativo a maior parte da
população humana.
O próprio Jesus de Nazaré, há 2 mil anos, falava dela a
Nicodemos, sem que ele e outros percebessem, assim como
Elias, o profeta antigo, que nas suas palavras era João
Baptista reencarnado.
Por toda a parte surgem os convites para uma vida mais
esclarecida e mais fraterna. “Água mole em pedra dura”:
um dia, todos teremos ouvidos para ouvir.
Jorge Gomes, escritor e estudioso
espírita, reside na cidade do Porto, Portugal.
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