Capacitar para melhor evangelizar
Sendo o Espiritismo doutrina que revive o Evangelho
através da imortalidade e da reencarnação, esclarecendo
os ensinos morais de Jesus, portanto, sendo uma doutrina
cristã e universal, temos que o serviço de evangelização
desenvolvido normalmente nos centros espíritas, é da
maior importância para a formação das novas gerações e
equilíbrio da família, no propósito maior de realizar a
transformação moral da humanidade. Contudo, nem sempre
dirigentes e evangelizadores compreendem essa
importância que, nas palavras do educador espírita
Walter Oliveira Alves significa “tarefa das mais
importantes na casa espírita”, pois “a casa
espírita, como um todo, necessita preparar-se para o
grandioso compromisso que lhe cabe: a imensa tarefa de
educar os Espíritos que renascem entre nós. Para isso é
preciso reconhecer que também somos Espíritos
necessitados de nos educarmos, de sintonizarmo-nos com o
Cristo para que o sentimento cristão vibre em nossos
corações e possamos assumir a postura de espírita
evangelizado” (Educação do Espírito, 1ª
parte, capítulo 1).
Perguntemos: como nos evangelizar para evangelizar os
Espíritos que reencarnam? Só existe um caminho:
educação! Educação de nós mesmos, através do processo de
autoconhecimento e autoeducação, e do processo de
desenvolvimento das virtudes, combatendo as más
tendências do caráter, ou como dizem os Espíritos em O
Livro dos Espíritos, desenvolvendo o senso moral.
Estamos falando de educar no seu sentido pleno e
profundo, permitindo ao Espírito o desabrochar e
desenvolver de suas potencialidades divinas, levando sua
inteligência para a promoção do bem. Isso não se faz de
qualquer modo, pois trata-se de ter visão pedagógica
sobre a vida eterna, requerendo dos dirigentes dos
centros espíritas, e também dos evangelizadores
espíritas, estudo, muito estudo, feito pessoalmente e em
grupo, e não nos referimos apenas ao estudo do
Espiritismo, naturalmente imprescindível, mas também ao
estudo de noções da pedagogia, que é a ciência da
educação, e da psicologia do desenvolvimento, que
significa uma abordagem para a compreensão da criança e
do adolescente e seu desenvolvimento.
Esse estudo, com a ampliação dos conhecimentos e melhor
preparação para educar/evangelizar, nem sempre é fácil
de realizar individualmente, e como somos seres de
relação, onde a troca de aprendizados e experiências
garantem uma melhor formação e qualificação, é muito
importante que no centro espírita tenhamos grupos de
estudo sobre a educação espírita, assim como encontros
periódicos de avaliação e planejamento do serviço de
evangelização desenvolvido com as crianças, os jovens e
os adultos.
Reconhecemos que muitos centros espíritas não possuem
elementos humanos suficientes para essas realizações,
carecendo de pessoas com a devida formação para
implementar os grupos de estudo, as avaliações e os
planejamentos na área educacional, mas para isso existe
uma solução: participar do movimento espírita
organizado, reunindo esforços com outros centros
espíritas do bairro, da cidade e da região, pois é a
união que faz a força.
Nesse esforço conjunto, devem entender os órgãos
regionais de unificação espírita, que existem graças à
reunião dos dirigentes dos centros espíritas, a
necessidade urgente e contínua, da realização de
encontros e cursos voltados para a melhor capacitação,
qualificação, formação dos evangelizadores espíritas, o
que temos visto bem pouco acontecer. Não basta à pessoa
se voluntariar de boa vontade para o serviço de
evangelização, que é serviço muito diferente daquele
realizado nas escolas. É necessário entender a ampla e
profunda visão do Espiritismo sobre a vida e o ser
humano, Espírito reencarnado, assim como compreender o
alcance dos ensinos morais de Jesus, além de saber, pelo
menos nos seus fundamentos, tanto de pedagogia quanto de
psicologia.
Ninguém precisa se assustar como isso, pois não é um
bicho de sete cabeças. Temos no movimento espírita
excelentes educadores, como José Herculano Pires, Ney
Lobo, Lucia Moysés, Walter Oliveira Alves, Sandra Borba
Pereira, Heloísa Pires, Pedro de Camargo, entre outros,
e já nos desculpando por não citar todos, com obras
publicadas, e alguns ainda entre nós, que podem
perfeitamente orientar esses encontros, seminários e
cursos. Não falta material orientativo para melhor
educarmos, para melhor realizarmos o serviço de
evangelização espírita. Se juntarmos a boa vontade e a
união de esforços a esse conteúdo maravilhoso, teremos,
com o tempo, um salto de qualidade na Educação do
Espírito (que todos somos).
Precisamos dar formação aos evangelizadores, e também
aos pais, pois o centro espírita não pode e não deve
trabalhar divorciado da família. Estamos com muita falta
de Jesus nos corações, ou seja, estamos assistindo
muitas e muitas pessoas indiferentes e insensíveis,
deixando-se levar pelas ideias materialistas, pelas
ideologias de plantão, e é a evangelização espírita o
antídoto eficaz, pois representa a educação moral
trazida por Allan Kardec nas obras da Codificação
Espírita e, em última análise, a Educação do Espírito,
para que o futuro da humanidade seja de paz e
fraternidade.
Evangelizemos, se queremos um mundo melhor. Capacitemos
os evangelizadores espíritas, se queremos uma
evangelização de qualidade.
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