Sorte e milagre
Ao analisarmos
superficialmente
estes
substantivos
abstratos,
imediatamente
nos remetemos à
educação
religiosa que
desde a infância
nos foi
ministrada, ora
no lar, ora na
igreja à qual
toda a família e
grande parcela
da sociedade
rendiam culto.
Sem deixarmos de
ser gratos pela
formação que
tivemos, hoje,
com a maturidade
do pensamento
filosófico/religioso
que construímos
em nosso
caráter,
passamos a
questionar e,
sem
preconceitos,
pesquisar outras
filosofias para,
comparativamente,
chegarmos a uma
conclusão mais
lógica daquilo
no qual
embasamos nossa
efêmera
existência.
Esbarramos, ao
longo de 74
anos, em pessoas
e situações que
nos levavam a
raciocinar e,
sedentos de
respostas
lógicas
convincentes,
resultaram
alguns
apontamentos.
Vejamos: - Qual
é a lógica na
postura de um
Pai Eterno, que
a alguns dos
seus filhos
distribui
benesses,
riquezas, saúde,
meios de viver
com
tranquilidade,
beleza física,
linhagem
familial de
educação e
cultura
refinadas,
possibilidades
mil de
frequentarem
boas escolas e
universidades,
clubes sociais
prestigiados,
viagens? A
outros, os
“milagres” da
cura, de uma
pepita de ouro
ou um belo
diamante, de um
príncipe que
surgiu do nada e
salvou a bela
donzela das
garras da bruxa
má, de uma
proteção
individualizada
à frente de
perigos
variados, do
arrefecimento da
ira da natureza
em função de
proteger alguns
em detrimento de
outros filhos de
Deus, esse Pai
tão mencionado
em livros
sagrados e nas
vozes dos
pregadores da
dita “Palavra”.
Esse raciocínio
lógico clama por
resposta lógica
que condiga com
a Bondade do
Pai.
Sorte, milagres,
azar... Há o que
se pensar.
Quando algumas
vezes questionei
um sacerdote da
igreja onde
participava de
grupos de
estudos juvenis,
CJC – Comunidade
de Jovens
Cristãos e JUC –
Juventude
Universitária
Católica, ouvia
a resposta: São
mistérios de
Deus que não
devem ser
questionados!
Ora, ora, somos
proibidos de
questionar e
atravessarmos
toda uma vida
duvidando da
Perfeição, da
Misericórdia, da
Bondade daquele
que deveria ser
nosso Pai
Eterno?
E qual a razão
das diferenças?
Não temos a
liberdade de
pensar e
questionar por
sermos proibidos
de querer
penetrar nos
“mistérios
divinos”, por
estarmos
cometendo uma
heresia?
Curiosa e
destemida,
desafiei a mim
mesma, a
sociedade da
qual faço parte,
a família que me
olha como uma
ovelha
desgarrada, e
fui atrás de
respostas
esclarecedoras,
lógicas,
elucidativas,
pois até então
me sentia no
escuro.
Não fui movida
pela rebeldia!
Mas sim pela
motivação do
raciocínio
lógico e da fé
que gostaria ser
esclarecida.
Li os
pensamentos de
Sócrates,
Platão,
Rousseau,
Pestalozzi,
Lobsang Rampa;
li Allan Kardec
e finalmente
minha mente
explodiu. Fez-se
a Luz!
Li novamente O
Livro dos
Espíritos, O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
as obras de Léon
Denis, Yvonne do
Amaral Pereira,
Hermínio C. de
Miranda, Jorge
Andréa dos
Santos, André
Luiz e Emmanuel.
Não parei e
então concluí: -
Meu Deus! É
neste Deus que
eu acredito! É
Ele que me abre
a mente, dia a
dia, para captar
a luz da verdade
libertadora!
Agora entendo
que o Universo é
governado por
Leis embasadas
na Lei Maior: a
Lei de Amor!
Se a Lei de Amor
não for
respeitada em
sua totalidade,
a outra, a Lei
de Causa e
Efeito, cumprirá
o papel de
reequilibrar o
que foi
desajustado
pelas criaturas.
Não existem
Sorte, Azar,
Milagre!
Existem sim o
“Esforço” e o
“Mérito” e, para
que haja
condições de
todos os filhos
de Deus
alcançarem a
perfeição
relativa, aos
filhos o Pai
concede o tempo,
o espaço, o
infinito dos
mundos onde
nascem,
renascem,
crescem e
progridem...
Ninguém jamais
fica ao
desamparo da Lei
de Amor, que
convoca toda
criatura de Boa
Vontade a
servir. E todo
aquele que serve
através da
renúncia ao que
não faz Bem à
alma e contribui
para o progresso
geral será
aquinhoado com
mais bênçãos,
mais
oportunidades,
maior proteção.
A verdade
libertadora me
abriu um
panorama real do
Universo
exibindo os
infinitos mundos
habitados, cada
qual com seus
avanços morais,
tecnológicos,
científicos,
artísticos, numa
ordem crescente
de beleza e
harmonia. A
verdade das
“criações
mentais” que o
sentimento
deteriorado ou
sublimado pode
realizar no
entorno do
indivíduo, da
família, da
sociedade, dos
mundos... Do
trabalho dos
Arcanjos
guardiões, dos
tarefeiros e
aprendizes de
toda ordem,
constituindo a
“grande família
do Pai”. A
Verdade que
revela o
potencial
energético
vibracional de
cada ser criado
por Deus, em
franco movimento
de
aperfeiçoamento
eterno.
Se me analisar
sob o ponto de
vista da Sorte
ou do Milagre,
digo que meu
esforço, minha
curiosidade e
uma sintonia
mais fina com os
Espíritos guias
me conduziram à
busca das
questões que
realizei e hoje,
numa enxurrada
de livros e
oportunidades,
me vejo, já
idosa,
rejuvenescida,
forte, corajosa
para continuar
abrindo as
portas das
revelações dos
“Mistérios do
Pai”, sem medo.
Não tenho medo
da opinião dos
que preferem a
cegueira, o
estacionamento
filosófico, a
escuridão do
dogma, a
autoridade
efêmera da
Terra.
Não tenho medo
da Verdade, não
tenho medo da
morte, pois ela
não existe.
Não tenho medo
do meu próximo,
não tenho medo
de mim.
Professora
esperantista,
evangelizadora e
palestrante
espírita, Maria
Imaculada Aria
Kfouri reside em
Botucatu (SP).