Natural de Fortaleza (CE) e atualmente residente
em Toronto, no Canadá, Sérgio Ricardo de Sousa
Bezerra (foto) tem formação em engenharia
e atua como professor em sua área. Vincula-se ao
GEAE – Grupo de Estudos Avançados Espíritas,
atuando no grupo como Editor/Gestor/Suplente.
Referido grupo é o primeiro na Internet,
iniciado em 1992, e pode ser acessado pelo
portal www.geae.net.br
Como e quando se tornou espírita?
Em 1987. Venho de uma família com fortes raízes
na Igreja Católica. Antes de 1987 um amigo
invisível me levava para (re)conhecer várias
vertentes espiritualistas, filosóficas e
religiosas. Veja você que encontrei uma
sinagoga, frequentei estudos esotéricos,
teosóficos e religiosos. Porém nada destas
ideias me parecia a mais adequada. Em um final
de semana este amigo invisível me conduziu ao
Centro Espírita Auxiliar dos Pobres (hoje Grupo
Espírita Auxiliadores dos Pobres). Caminhava e
quando, de repente, na frente da instituição uma
voz me disse: Isto é bom. Então falei: sim,
porém não é o tempo ainda. Logo mais viria a
frequentar e trabalhar nessa casa.
Quais dos aspectos mais lhe chama atenção?
Gosto de todos, Porém tenho uma queda pelo
filosófico.
Qual o foco de sua dedicação ao ideal
espírita?
Atualmente, pesquisa. Algumas palestras
(on-line) e o Grupo de Estudos
Avançados Espírita (GeaE). Fora do Doutrina
dedico um pequeno tempo para a Society for
Psychical Research (SPR) e International
Centre for Reincarnation Research (ICRR).
Em termos de pesquisa e estudo espírita, qual
sua preferência? Por quê?
Todos são importantes (porém o filosófico chama
minha atenção). Tenho preferência pelos
clássicos. Penso que devemos começar por Kardec
(todas as obras incluindo a tão esquecida
Revista Espírita). Como entender a Doutrina se
não a estudamos? Não podemos esquecer as obras
de Léon Denis, Gabriel Delanne, Camille
Flammarion, Ernesto Bozzano, entre outros. Não
poderia deixar de mencionar José Herculano
Pires, Hermínio C. Miranda, Carlos Toledo
Rizzini, Deolindo Amorim, Leopoldo Machado e meu
conterrâneo Luciano Klein Filho (que faz um
ótimo trabalho resgatando a história).
E sua experiência no Canadá, em termos de
vivência espírita?
O Espiritismo no Brasil é único. Não se copia.
Em cada país têm que ser feitas as modificações
necessárias (não digo modificações nos
postulados, apenas no modus operandi -
cada país tem suas próprias leis e devemos
conhecê-las para não criar nenhum problema
jurídico. Acompanho a Doutrina em várias partes
do mundo (um trabalho de bandeirantes).
Da vivência no Brasil, o que gostaria de
relatar? O contato com o Espiritismo ocorreu no
Brasil ou no Canadá?
O Brasil sem dúvida alguma é um celeiro e meu
contato com a Doutrina se deu no Brasil. São
vários os relatos. Um em especial (mostra a
presença dos Espíritos em nossa vida). Em
Fortaleza (Ceará) o presidente da União Espírita
Cearense na época havia pedido para que eu desse
uma palestra de inauguração em uma casa Espírita
na cidade de Mulungu (fica localizado no Maciço
de Baturité, a 120 Km de Fortaleza). Ainda não
existia GPS nem telefone celular. Recebi o
convite e fui à Rodoviária pegar o ônibus até a
localidade de Mulungu (na praça do relógio teria
alguém à minha espera). Pedi para o motorista
avisar quando chegasse na dita praça. Desci em
uma praça (com relógio), porém em outra
localidade. Ninguém à minha espera, fui a um
pequeno bar e perguntei aos proprietários (um
jovem casal) se ali era a Praça do relógio da
cidade de Mulungu. A resposta veio clara.
Mulungu ficava a algumas horas dali e o próximo
ônibus só haveria no dia seguinte, de manhã. Não
tinha outra escolha, perguntei qual o caminho a
seguir, pois tinha que falar na localidade. Ele
disse: Pegue a estrada e vá reto (e fui). Pedi
ajuda aos amigos espirituais (não deu 4 minutos
e apareceu uma Variant (o rapaz disse: entra no
carro vamos pegar o ônibus). Nunca corremos
tanto. Eu, dentro do carro, saltava (estrada
ruim) e pensei: Hoje eu desencarno. Finalmente
encontramos o ônibus e cheguei à cidade. Foi uma
palestra a céu aberto, pois a casa espírita
ainda não estava pronta.
Livros publicados? Há projetos em andamento
para essa
finalidade?
Fui coautor de um livro (não espírita) de poesia
lançado em Minas Gerais. Venho pensando há um
certo tempo em uma obra sobre a História do
Espiritismo (com foco nos acontecimentos antes
do seu aparecimento até os anos de 1930). Estou
coletando obras da época (bibliografia). Tenho
como foco o período de 1800 até 1930.
Sobre a experiência dos intercâmbios
virtuais, o que gostaria de relatar?
Devemos utilizar todos os recursos necessários e
disponíveis para a divulgação da Doutrina
Espírita. Vejo a internet e outras ferramentas
com positividade.
Como enxerga o atual estágio de expansão do
pensamento espírita no Brasil e em seu país de
moradia?
Com otimismo. A doutrina se expande. Existem sim
algumas pedras no caminho que serão removidas
com o tempo.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Que devemos estudar, compreender e praticar os
postulados espíritas (vivenciando os aspectos
morais deixados pelo doce Nazareno).
Suas palavras finais.
Usarei as palavras do Espírito de Verdade:
“Espíritas! amai-vos, eis o primeiro
ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. Todas
as verdades são encontradas no Cristianismo; os
erros que nele criaram raiz são de origem
humana. E eis que, além do túmulo, em que
acreditáveis o nada, vozes vêm clamar-vos:
Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor
do mal, sede os vencedores da impiedade!”
(Espírito de Verdade. Paris, 1860.)
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